domingo, 27 de novembro de 2016

LUANDA: Estou Envergonhado e Indignado Por Wiliam Tonet

ESTOU ENVERGONHADO E INDIGNADO

medrososEstou indignado e envergonhado. A indignação e a vergonha aumentam todos os dias. Nem o facto de todos os dias existirem motivos para estar indignado e envergonhado ajuda a diminuir o volume da minha indignação e vergonha. Pelo contrário. O nosso Povo merece que esteja indignado e envergonhado e que, com todas as letras, o assuma. E que, com todas as forças, lute para que o país mude.
Por William Tonet
Envergonhado, como estes senhores que juraram, formalmente, respeitar e fazer respeitar a Constituição e a lei mas que, objectivamente, se gerem por uma outra “Constituição” – esta parida na maternidade das piores ditaduras do mundo.
A Constituição legal (mas só para estar na prateleira) é um documento evoluído e digno de algo que Angola, esta Angola, não é: um Estado de Direito Democrático. A outra “Constituição”, a que prevalece, a que é praticada, a que é a Bíblia do regime, tem um só artigo. E esse artigo diz: “O Presidente da República quer, pode e manda”.
Os angolanos de bem, que são a esmagadora maioria dos nossos 20 milhões de pobres, interrogam-se baixinho (não vá o regime descobrir o que pensam): Quem pensam que são alguns dos dirigentes deste MPLA, que se tornou perverso e não se coíbe de assassinar até muitos dos seus mais fiéis militantes?
Este MPLA tornou-se numa central de emprego bajulador e acéfalo, perdendo a vertente ideológica. Perdeu, aliás, tudo. De partido marxista passou, do dia para a noite, para partido capitalista selvagem. Mas como se isso não fosse suficiente, o Presidente transformou Angola numa monarquia esclavagista, onde as riquezas nacionais foram privatizadas e estão na mão do seu clã.
O bons patriotas, muitos dos quais pertencem ao MPLA, têm medo de falar e de perder os empregos, apenas o fazem dentro de quatro paredes. É natural. Pensam, e bem, que a única diferença entre Adolf Hitler e José Eduardo dos Santos está na cor da pele.
Como foi, é, possível ter este regime – unipessoal, monárquico, ditatorial, esclavagista – chegado tão baixo, arrastando consigo a esmagadora maioria dos autóctones angolanos que, depois da guerra colonial e da guerra civil apenas querem ser felizes, apenas querem paz, pão e liberdade?
Angola, esta Angola do MPLA, volta a estar – como em 1977 – na fase de “não vamos perder tempo com julgamentos”. Para isso chamam à colação o tal artigo único da sua “Constituição” particular.
Hoje, 41 anos depois da independência do MPLA, que não dos angolanos, o quadro esclavagista do reino (país é outra coisa) continua a desenvolver o roubo desenfreado dos cofres do erário público, peculato e corrupção institucional, por parte da mesma elite governativa, mostrando – perante a apatia internacional – a natureza perversa do regime unipessoal de José Eduardo dos Santos, hoje apenas comparável aos da Coreia do Norte e da Guiné Equatorial.
O MPLA está no poder desde 1975 e José Eduardo dos Santos desde 1979. E onde está o país? Está no lamaçal putrefacto da corrupção e de todas as epidemias fatais que lhe estão associadas. A fome está por todo o lado. A saúde é uma miragem (somos o país do mundo com o maior índice de mortalidade infantil). A liberdade zarpou para parte incerta. A legalidade está no bolso dos dirigentes do regime. Os direitos e a cidadania estão nas catacumbas do poder arbitrário do monarca.
Alguém, no seu juízo perfeito, nesta situação de crise para a maioria e faustosidade para o clã presidencial e seus acólitos, acreditaria ser possível ao Presidente da República nomear a sua filha para Presidente do Conselho de Administração da Sonangol? Se não acreditava passou a acreditar. A monarquia, esta monarquia, funciona mesmo assim. E quem ousar contestar… deve encomendar já o seu funeral.
Mesmo sabendo que andam por aí balas perdidas à minha procura, mesmo sabendo que consto da ementa dos jacarés do Bengo, continua a dizer que estou indignado e envergonhado. Sei, contudo, que não estou sozinho. Há muitos angolanos que estão como eu: envergonhados e indignados.
Tenho vergonha. Estou indignado. Um Povo mudo não muda. É por isso que eu, como outros – felizmente, não me calo. Um dia, como na Alemanha de Hitler, como na Coreia do Norte de Kim Jong-un ou na Guiné Equatorial de Teodoro Obiang, o nosso Povo vai sair à rua para festejar, finalmente, a liberdade, a independência.

LUANDA: Fiasco Total da Manifestação Improvisada do MPLA Para Barrar a Manifestação Promovida por Menbros da Sociedade Civil

FIASCO TOTAL DA MANIF DO MPLA    

fiasco

VEJA O VÍDEO EXCLUSIVO DO FOLHA 8. Manifestação “popular”, supostamente religiosa, convocada pelo regime do MPLA, hoje, 26/11/2016, no Largo de Independência em Luanda, capital de Angola.


Aideia do regime de José Eduardo dos Santos era juntar milhares e milhares de integrantes do Conselho de Igrejas Cristãs (CICA), liderado por Simão Kimbangu, em Angola. Como o Folha 8 documentou, no local, foram apenas algumas, poucas, dezenas que marcaram presença, sendo mais os polícias e outros agentes de segurança presentes.
Nem mesmo o local engalanado, festivo e abençoado pelo “escolhido de Deus” (José Eduardo dos Santos), posto à disposição do CICA, serviu para que estes mercenários da fé, que o regime converte em dólares de sangue, conseguissem dar um ar de manifestação ao ajuntamento de meia dúzia de sipaios.
Não perdendo a oportunidade, o MPLA montou no local uma tenda para angariar filiados, esperando que alguns dos 20 milhões de pobres do país que por ali passavam caíssem na ratoeira. Também não funcionou.
Foi um fiasco total.
Segundo José Sita, comandante provincial de Luanda da Polícia Nacional (do regime), as autoridades esperavam milhares de participantes, razão pela qual até desviaram o trânsito do Largo de Independência.
Esta foi a elucidativa e paradigmática resposta do MPLA e dos seus acólitos, a começar pelo governador provincial de Luanda, general Higino Carneiro, com respaldado nas directrizes supremas do dono do país, para impedir, à revelia da lei e da Constituição, uma manifestação cívica contra a nomeação de Isabel dos Santos pelo seu pai, presidente de Angola há 37 anos sem nunca ter sido nominalmente eleito, para a direcção da petrolífera estatal Sonangol, e que hoje deveria realizar-se no mesmo local.
Simão Kimbangu integra o comité de especialidade dos padres, pastores e bispos do MPLA, que se prestam a todo o trabalho sujo, como este de serem utilizados a troco de uns tostões dado pelo regime aos seus pastores e bispos.
Caricatamente, vimos num dos lado da manifestação, uma tenda do MPLA, onde ao mesmo tempo se procedia à recolha de assinaturas para novos membros, sob protecção policial, num acto inédito. Aqui se demonstra que a encenação estava previamente montada, pois outro partido seria corrido à bastonada e mordedela dos cães polícias.
Esta é a natureza perversa do regime.