quarta-feira, 21 de agosto de 2013

PRETORIA: África Do Sul ajudou Portugal a conter nacionalistas angolanos

África do Sul ajudou Portugal a conter nacionalistas angolanos

Novo livro detalha intervenção que "mudou quadro operacional". General angolano fala à VOA da aliança UNITA/ SWAPO
Exército portugués em Angola
Exército portugués em Angola

TAMANHO DAS LETRAS
 
João Santa Rita: VOA
Radz Balumuka: www.planaltodemalanjeriocapopa.blogspot.com
O envolvimento sul-africano ao lado de Portugal na guerra da independência de Angola permitiu ao governo colonial “conter a guerra dos movimentos de libertação em Angola”, disse o tenente general Miguel Júnior das forças armadas angolanas.

O general falava á Voz da América na sequência da publicação do seu livro “Guerra Colonial – O Envolvimento das Forças de defesa da África do Sul no Sudeste de Angola (1966/1974: um estudo de contra-insurreição”.





Os esforços de guerra de Portugal em Angola sempre foram considerados por especialistas e historiadores os que mais sucesso tiveram entre os três teatros de guerra (os outros sendo a Guiné-Bissau e Moçambique).

Miguel Júnior disse à Voz da América que até agora o envolvimento da África do Sul na guerra colonial em Angola tinha sido abordado de forma superficial e que o seu livro tinha como objectivo aprofundar a questão através de uma investigação mais profunda

“O envolvimento sul-africano (na guerra colonial portuguesa) é significativo,” disse o general Miguel Júnior.

“Esse envolvimento contribuiu sobremaneira para conter a guerra dos movimentos de libertação em Angola,” acrescentou.

O general recordou que de 1966 a 1974 o leste de Angola foi a área geográfica mais crítica em termos da guerra de guerrilha contra Portugal que contava om um problema da falta de meios financeiros e militares.

“ A África do Sul socorreu Portugal com meios …. que tiveram o seu impacto em termos de mudança do quadro operacional. Essa é a realidade,” disse o general.

O autor angolano fez notar que em termos de tropas no terreno a intervenção sul-africana foi “reduzida” mas maior e de grande influência em termos de meios materiais, conselheiros e oficiais de ligação.

“A contra insurreição é das forças armadas portuguesas mas a componente sul-africana é parte integrante disso,” disse o general para quem essas duas componentes  “não se podem separar”.

A intervenção sul-africana “teve um peso porque ajudou a reverter o quadro”.

Na sua entrevista á Voz da América o Tenente General Miguel Júnior disse que uma das intensões da África do Sul ao intervir em Angola era impedir o possível uso do território angolano pelo movimento de libertação da Namíbia, a SWAPO.

O general disse que durante esse período a SWAPO e a UNITA tinham estabelecido uma “parceria”.

“A SWAPO precisava dos préstimo da UNITA para atingir o sudoeste africano (Namíbia),” disse o general.

O livro está actualmente à venda em Angola e poderá em breve ser também vendido em Portugal.

LUANDA: Mãos livres protesta contra contínua detenção de jovem ativista

Angola: Mãos Livres protesta contra contínua detenção de jovem

Detenção ligada a desaparecimento de activistas mas procuradoria diz desconnhecer o caso
 Alberto dos Santos
Alberto dos Santos

TAMANHO DAS LETRAS
 
Coque Mukuta: VOA
Radz Balumuka: www.planaltodemalanjeriocapopa.blogspot.com
Continua detido em Luanda o jovem Alberto António dos Santos que foi companheiro de activistas  desaparecido há quase um ano e seis meses.

A polícia de investigação criminal mantém-no sob detenção como suspeito pelo desaparecimento de Isaías Cassule e Alves Kamulingue, enquanto a Procuradoria Geral da República junta a DNIC desconhece a detenção de algum elemento no processo dos dois activistas.

Segundo o Presidente das Mãos Livres, Advogado Salvador Freire, há mais de dois meses que não lhes é dado a nota de pronúncia para serem constituídos defensores de Alberto dos Santos, companheiro de Alves Kamolingue e de Isaías Cassule, dois activistas desaparecidos quando tentavam organizar uma manifestação em apoio aos ex-militares.

Uma fonte próxima a Procuradoria-Geral da República junto à DNIC disse não existir qualquer elemento preso no processo 180/13 sobre o desaparecimento de Kamolingue e Cassule.

Salvador Freire intitula o acto como negação de justiça ao jovem activista.
“Nós achamos que há aqui uma denegação de justiça porque nós estamos a espera da nota de pronuncia para nos constituirmos advogados do jovem que já está preso a muito tempo” lamentou.

“E a nossa constituição é clara todo cidadão tem direito a defesa,” acrescentou o causídico.

Na Direcção Nacional de Investigação Criminal a nossa fonte disse que o jovem Alberto António dos Santos está preso como suspeito pelo desaparecimento de Isaías Cassule e Alves Kamulingue.

Fernando Alberto, irmão de Alberto dos Santos, preso no dia 27 de Março, pede á DNIC e á Procuradoria que investiguem mais rapidamente  possível para não manterem o seu irmão preso inocentemente:

“O que nós queremos é que resolvam isso o mais rapidamente possível e que não fique a cumprir a prisão de forma injusta” apelou.

LUANDA: Policias e fiscais roubam vendedeiras a mão armada. Esse o registo de situações criadas pelo estado do deixa andar criado a preceito pelo regime de José Eduardo dos Santos!

Polícias e Fiscais Roubam Vendedeiras à Mão Armada
“Três polícias armados e oito fiscais arrombaram a porta da minha casa, entraram e apontaram-me as armas e disseram-me para não me mexer ou falar”, conta Esperança Néné, de 55 anos, residente na Vila de Cacuaco, em Luanda.
 
O caso aconteceu a 14 de Agosto, por volta das 14h00. “Eu tentei reclamar que a polícia não tinha o direito de invadir assim a minha casa e apontar-me armas sem eu ter feito nada. Um deles disse-me: ‘Se te mexeres ou continuares a falar vais parar à cadeia e, ainda por cima, vais pagar uma multa de 150,000 kwanzas (US $1,500)”, explica.
 
Postada à porta de casa, a sua filha Maria Manuel, de 23 anos, tentou impedir a entrada da polícia para a sala. “O chefe da missão, o Sr. Waldemar, agarrou-a e atirou-a violentamente contra a parede. Depois é que me apontaram as armas”, narra a mãe.
 
Esperança Néné dedica-se à venda de fardos e calçados em segunda mão. No seu quintal outras vendedeiras guardam também o seu negócio.
 
“Os polícias roubaram-me seis balões de fardo, oito sacos de calçados usados e oito trouxas de roupa, que algumas senhoras guardavam aqui. Até a minha pasta, com 70,000 kwanzas, que estava no cadeirão da minha sala, os polícias roubaram também”, denuncia a vítima.
 
De acordo com a vendedeira de fardos, os agentes policiais e fiscais da administração municipal do Cacuaco, não exibiram mandado de busca e apreensão ou invocaram qualquer justificação legal para invadir a sua residência e confiscar os seus bens. Usaram três carrinhas da fiscalização para transportar os bens roubados.
 
David Mendes, o conhecido advogado dos pobres, refere que os agentes policiais “incorrem no crime de introdução em casa alheia e de roubo qualificado com violência por terem agido sem um mandado de busca e apreensão”.
 
Segundo o advogado, “o mandado tem de especificar o que os agentes vão buscar ou apreender. A casa tem de estar devidamente identificada no mandado e os objetos, apreendidos têm de ser descritos”.
 
“No final da apreensão, tem de ser feito um auto de apreensão, assinado pelos agentes da Polícia Nacional e pela dona de casa. Doutro modo, é roubo qualificado”, esclarece David Mendes.
 
Maka Angola tentou contactar o Comando Municipal da Polícia Nacional em Cacuaco, assim como o departamento de fiscalização, sem sucesso.
 
Esperança Néné nota que “eles [agentes policiais e fiscais] têm ordens para dar corrida às mulheres que vendem na rua e não para arrombar casas alheias e roubar”.
 
Um grupo de mulheres, afectadas pelo assalto, dirigiu-se ao departamento de fiscalização municipal no dia seguinte, a 15 de Agosto, para reaver os seus bens, depositados na referida instituição.
 
 
O Perfil das Vítimas do Roubo
 
Maka Angola ouviu algumas dessas mulheres e as suas histórias pessoais. Todas elas são, sem excepção, a principal fonte de sustento das suas famílias através do comércio informal que praticam.
 
As mulheres são unânimes em afirmar que, no encontro com o responsável da fiscalização municipal do Cacuaco que comandou o assalto, conhecido apenas por Waldemar, este exigiu a quantia de 55,000 kwanzas (US $550) de cada uma delas para o resgate dos seus bens. O chefe da fiscalização, afirmam, alega que o montante corresponde a uma multa por serem “vendedoras ambulantes”. As mulheres interrogam-se, incrédulas, como lhes pode ser exigido pagar uma multa por bens roubados à mão armada de uma residência.
 
Fátima dos Santos, de 40 anos, viúva com três filhos a seu cargo, revela que as autoridades levaram quatro balões de fardo seus, por si adquiridos a 190,000 kwanzas. “Eu e outras senhoras que perdemos o negócio vendemos no mercado do Pique. Nós não vendemos na rua e cada uma das vendedeiras paga, diariamente, 100 kwanzas à fiscalização municipal de Cacuaco. Então, onde está o nosso crime?” questiona.
 
Ao reclamar “com boas maneiras”, junto do responsável da fiscalização, Fátima Santos conta que o Sr. Waldemar disse-lhe “para nós nos queixarmos onde quisermos porque nada vai acontecer. Perdemos e pronto”.
 
Esperança Néné tem a seu cargo a maioria dos seus nove filhos, e ainda um neto órfão. O marido, motorista de profissão, teve um acidente há 12 anos que o deixou incapacitado para conduzir. Desde então, depende da mulher para o sustento.
 
Madalena Boa tem 72 anos. Vende maboque à porta da sua residência. Tinha uma caixa de maboque e a sua melhor roupa, para a igreja, guardados em casa de Esperança Néné. Madalena Boa é deficiente física. As vizinhas apoiam-na, para superar as suas dificuldades de locomoção. As autoridades levaram a sua fruta e a sua roupa para os actos religiosos. “Como a fiscalização me pede 55 mil kwanzas para devolver a minha fruta e a minha roupa que estava bem dobrada num saco? Eu nem sequer tenho dinheiro para comer hoje. Essa polícia nem pena de uma deficiente tem?”, interroga-se.
 
Joana Manuel, de 34 anos, grávida de oito meses, desmaiou quando soube da perda do seu negócio. Do lote levado pelos fiscais e agentes policiais constavam três caixas de pilhas, lanternas, sabonetes, pasta de dentes e guardanapos no valor de 35,000 kwanzas. O seu marido encontra-se internado há três meses, com diabetes, e tem cinco filhos para sustentar, quatro dos quais são órfãos de pai. “Ficámos sem nada. Era todo o meu negócio para sustentar a família, levar alimentos para o meu marido. Não lhe disse nada para não o matar”, lamenta Joana Manuel.
 
Maria João, de 43 anos, teve de ir à escola socorrer o seu filho que deslocou o braço, durante uma brincadeira no intervalo da escola. Levou-o ao hospital e, no regresso no período da tarde, dirigiu-se à casa de Esperança Néné para cuidar do seu negócio de sapatos usados. Chegou pouco depois dos agentes policiais e fiscais terem realizado a sua operação. Ficou sem quatro sacos de sapatos usados.
 
“Eu sou o pai e a mãe de sete filhos, três dos quais são órfãos do meu irmão. O que faço agora? Aqueles sacos eram o meu investimento para sustentá-los”, desabafa Maria João.
 
Indignada, Maria João conta o que se passou no departamento de fiscalização, para onde se dirigiram a 15 e 17 de Agosto, tendo lá passado o dia todo, até cerca das 20h00. “Nós vimos os agentes da Polícia Nacional e os fiscais a dividirem os nossos bens entre si, quando fomos reclamar à fiscalização. Escolheram o que lhes interessava, o que achavam podre puseram de lado para ir oferecer aos leprosos para fingirem que são caridosos, estes ladrões”, disse.
 
Maria Alberto, 32 anos, é viúva e mãe de seis filhos. Perdeu um saco de calçado em segunda mão, no qual investiu 25,000 kwanzas. “Os nossos bens estavam dentro de uma casa, não estavam na estrada. Qual é o direito da polícia em arrombar uma casa e levar as coisas que encontra lá?”
 
Maria José Famoroso, de 24 anos, também perdeu um saco de calçado em segunda mão. “Nós também fomos à esquadra da polícia da vila de Cacuaco. Os agentes que apontaram as armas à D. Esperança Néné e lhe assaltaram são da esquadra da vila. Deram-nos corrida e mandaram-nos ir ter com a fiscalização. Estamos mesmo mal. A pessoa até já não sabe o que fazer para sobreviver nesse país”, diz Maria José Famoroso.
 
Efectivos do Comando Municipal da Polícia Nacional e do departamento de fiscalização da administração municipal de Cacuaco continuam a realizar operações de assaltos a residências de vendedeiras, segundo soube o Maka Angola pouco antes da publicação desta matéria.Maka Angola retomará o assunto tão logo obtenha mais entrevistas com as novas vítimas.