sexta-feira, 8 de novembro de 2013

LUANDA: Kangamba e a fogueira da sensura

Kangamba e a Fogueira da Censura
por Maka Angola 
Divulgação: www.planaltodemalanjeriocapopa.com
 05 de Novembro, 2013
É oficial. O general Bento dos Santos “Kangamba” já consta da lista dos procurados pela Polícia Internacional, a Interpol, da qual Angola é membro.
 
Bento Kangamba tem mandado de captura internacional por suspeita de liderar uma quadrilha envolvida no tráfico de mulheres para a prostituição, por associação de malfeitores e cárcere privado.
 
Apesar disso, esta semana houve um facto a provar que o general em causa é, na prática, uma das principais figuras de Angola. Os jornais de fim de semana mantiveram-se silenciosos sobre a denúncia da polícia brasileira.
 
Curiosamente, dois semanários pertencentes ao mesmo grupo e que funcionam no mesmo edifício, o Novo Jornal e o Agora, abordaram o assunto e tiveram sorte diferente. O Novo Jornalnoticiou o caso, incluindo um artigo crítico, aparentemente foi queimado. O Agora saiu em defesa de Bento Kangamba e foi parar às bancas.
 
Gustavo Costa foi o único jornalista que fez uma análise interessante sobre o assunto sem, no entanto, mencionar sequer directamente o nome de Bento Kangamba. Na sua coluna “Horagá”, na página 22 do semanário Novo Jornal, o articulista, refere-se à surdez institucional sobre o caso Kangamba. Insurge-se contra a “obsessão” dos dirigentes angolanos e seus apoiantes que identificam conspirações internacionais contra si, quando expostos a críticas ou investigações no exterior do país.
 
“Não vale a pena entrar na paranoia e ver inimigos onde eles não existem”, afirma Gustavo Costa.
 
O antigo director do Novo Jornal apela ainda, na sua coluna, ao respeito pela separação de poderes, de modo a que a justiça, com independência possa realizar o seu trabalho. Indirectamente, também concita os dirigentes a deixarem de usar o presidente como escudo, quando incapazes de responderem às acusações que pendem contra si.
 
Segundo o articulista, Bento Kangamba deve continuar a merecer da presunção da inocência e responder perante a justiça brasileira. Para si, quem viola e comete actos imorais “não pode esperar que a sociedade, que não pode aparar determinado tipo de golpadas, os acolhe e proteja”.
 
Para além da opinião de Gustavo Costa, o semanário Novo Jornal trazia também outra matéria, na página 8, intitulada Kangamba: PGR e Polícia Não Foram Notificados. Na notícia, o jornal procurou divulgar as versões oficiais sobre o caso Kangamba, tendo citado o segundo comandante-geral da Polícia Nacional, Comissário-chefe Paulo de Almeida.
 
De acordo com as declarações do referido oficial, sobre o general Bento Kangamba: “O que ouviram é o que nós também ouvimos. As polícias no mundo estão organizadas e temos cooperação com alguns países do mundo em termos policiais e somos membros da Interpol. Nenhuma dessas organizações nos forneceu algum dado ou alguma informação, não fomos nem notificados nem informados de nada. Oficialmente não temos nada”.
 
Maka Angola soube que edição impressão do jornal foi confiscada, na gráfica, por conter referências ao caso Kangamba. Porém, à revelia da direcção do jornal, a edição digital nº 302 doNovo Jornal, foi posta a circular via e-mail.
 
Sobre o assunto, o comentarista Reginaldo Silva escreveu, no seu blog, que “curiosamente estas “queimadas” estão a acontecer na imprensa privada que foi comprada por empresas fantasmas e onde actualmente a censura é um facto que tem chegado aos extremo de se mandar tudo para a fogueira, quando o dono já não tem possibilidades de alterar o conteúdo que não lhe agrada”.
 
Novo Jornal faz parte do grupo de comunicação social controlado pelos irmãos Madalenos, que incluí, em Angola, os semanários Agora e Expansão. O Agora publicou uma matéria em defesa do general Bento Kangamba.
 
Num editorial assinado por Ramiro Aleixo, director do Agora, Bento Kangamba é defendido como uma vítima do puritanismo universal. “De repente, o mundo descobriu que os angolanos inventaram a prostituição, que são os maiores prostitutos do mundo e que as prostitutas brasileiras, são as mulheres mais sérias (ingénuas) do planeta”, afirma o director.
 
Para Ramiro Aleixo, “quem pelas mais variadas razões vai ao Brasil, sabe que não é assim tão difícil encontrar uma prostituta”. O director da publicação denuncia a investigação da polícia brasileira e o seu anúncio como uma possível conspiração contra o país com o propósito “de atingir a imagem de Angola, dos seus dirigentes e abrir mais uma brecha na relação com outro parceiro lusófono”.
 
Os Madalenos, liderados pelo antigo gestor do Banco Espírito Santo Angola (BESA) Álvaro Sobrinho, também controlam jornais em Portugal, nomeadamente o Sol e o I. São também accionistas de referência da Cofina (que controla o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios), bem como detentores de mais de três porcento das acções da Impresa, o grupo que detém a SIC e o Expresso.

LISBOA: Atritos entre Angola e Portugal não têm origem no Governo Português

Angola: «Atritos não têm origem no Governo» português

Divulgação: www.planaltodemalanjeriocapopa.com
  • Angola: «Atritos não têm origem no Governo» português
Marques Guedes disse apenas que adiamento da cimeira «tem que ver com uma opção própria das autoridades angolanas».
O ministro da Presidência, Luís Marques Guedes, considerou esta quinta-feira que os «atritos» no relacionamento entre Portugal e Angola não estão relacionados com a ação do Governo português e afirmou que este tudo fará para o «normalizar».
Sobre o adiamento da cimeira Portugal/Angola - que nunca teve data oficialmente marcada - anunciado na terça-feira pelo ministro angolano da Justiça e Direitos Humanos angolano, Luís Marques Guedes disse apenas que «tem que ver com uma opção própria das autoridades angolanas».
Questionado sobre este adiamento, durante a conferência de imprensa sobre as conclusões do Conselho de Ministros, o ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares começou por reiterar que o Governo português considera «muito importantes» as relações com Angola e com os outros países de língua oficial portuguesa.
«O objetivo do Governo é tudo fazer para normalizar e preservar o bom relacionamento, o excelente relacionamento que existe a todos os níveis em todas as áreas com o Estado angolano, com o Governo de Angola», acrescentou.
«Os atritos que existem são conhecidos publicamente», prosseguiu Marques Guedes, «não têm origem no Governo da República, têm que ver com outros eventuais entendimentos diferenciados que existem dos dois Estados e da parte do Governo tudo continuará a ser feito - e seguramente da parte do Governo angolano também - para uma normalização».
Questionado sobre a que «atritos» se estava a referir, o ministro da Presidência respondeu: «São aqueles atritos que foram verbalizados pelo senhor presidente de Angola, não têm que ver diretamente com a ação do Governo».
Marques Guedes escusou-se depois a prestar mais declarações sobre este assunto, relata a Lusa.
LUSA