quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Ordens superiores: Quem tem medo da camponesa?

Ordens Superiores: Quem Tem Medo da Camponesa?
Por Rafael Marques de Morais 
Fonte: Maka Angola
Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa
 05 de Fevereiro, 2014
Encontro-me no aeroporto prestes a embarcar com destino à Lisboa. Viajo com o Regedor Capenda Camulemba e a camponesa Linda Moisés da Rosa (Deolinda Moisés Bungulo), para participarmos numa audição organizada pela eurodeputada Ana Gomes, com o tema “Diamantes, Milionários, Violência e Pobreza nas Lundas”.

Após o cumprimento das formalidades migratórias, sentámo-nos na sala de embarque a conversar tranquilos. Vários oficiais do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), apressados e diligentes, vieram buscar a camponesa munidos com uma fotocópia do seu bilhete de identidade e levaram-na, de imediato, sem prestar quaisquer explicações. Estavam vestidos com arrogância típica dos funcionários públicos que recebem ordens superiores de alguém que manda com toda a arbitrariedade.

Passada meia hora, telefonei à Rádio Despertar a denunciar a situação. Pouco tempo depois foi libertada. Contou sobre o interrogatório a que foi submetida, sobre a sua viagem à Portugal, e sobre a ordem que receberam para impedir a sua viagem.

Segundo Linda Moisés da Rosa, um dos funcionários disse-lhe que ‘só o chefe sabe a causa do impedimento da sua viagem”.

Na verdade, no dia anterior, alguns indivíduos realizaram um trabalho para corromper a camponesa, no sentido de evitar a sua viagem. De acordo com o seu depoimento, caso desistisse da viagem receberia US $10,000.

Quando cheguei ao aeroporto, recebi um telefonema sobre a desistência da camponesa. Telefonei-lhe e ela prontamente manifestou a seu disposição de viajar e os entraves que havia encontrado para chegar ao aeroporto.

A camponesa vai também prestar o seu depoimento à justiça portuguesa sobre a queixa apresentada contra mim, em Lisboa, pelos generais Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, Carlos Hendrick Vaal da Silva, Adriano Makevela Mackenzie, João Baptista de Matos, Armando da Cruz Neto, António Faceira, Luís Faceira e António dos Santos França “Ndalu”.
Trata-se do caso sobre o livro Diamantes de Sangue: Corrupção e Tortura em Angola, que publiquei em 2011.

Linda Moisés da Rosa perdeu dois filhos no espaço de dois meses. O primeiro foi enterrado vivo com mais 44 garimpeiros, por soldados das FAA, enquanto o segundo foi morto à catanada por um guarda da Teleservice.

Os generais queixosos são sócios na Sociedade Mineira do Cuango, através da Lumanhe, e da Teleservice.

Bom, vamos embarcar.

LUANDA: Constituição angolana cumpriu quatro anos


Constituição angolana cumpriu quatro anos

Autoridades são quem mais viola a lei máxima, diz constitucionalista da UNITA
TAMANHO DAS LETRAS 

Quatro anos após  a adopção da nova constituição, a lei fundamental angolana continua a causar debates.

O Juiz Conselheiro do Tribunal Constitucional  Onofre dos Santos diz considerar a constituição como “boa”.

“Eu entendo que esta constituição é muito boa, é uma constituição que apesar de ter soluções atípicas e muito especificas de Angola ela é boa e foi aprovada por uma maioria significativa," disse.

Esta é uma visão partilhada pelo deputado do MPLA, João Pinto que descreveu a constituição de “sólida”.

A constituição, disse, “atende a nossa historia, a nossa realidade e consagra todos os direitos fundamentais e garantias da pessoa humana"

A constitucionalista Mihaela Webb a UNITA disse que  a lei mais violada nos últimos quatro anos foi a Constituição.

Para Webba os principais violadores da lei constitucional são o Presidente da república, os órgãos de estado e o próprio parlamento

“Isto não é um estado de direito, é uma brincadeira, (pois) temos uma constituição de faz de conta," disse.

A CASA-CE acredita que a Constituição angolana não está ao serviço da maioria dos cidadãos.

O porta-voz deste partido disse que a constituição é “meramente legalista para acomodar os actos da governação”.

“Não é uma constituição ao serviço da maioria dos cidadãos," disse.

O jurista e cientista político Nelson Pestana Bonavena disse que a actual Constituição foi elaborada para atender os caprichos do presidente José Eduardo dos Santos.
...
"Esta nova Constituição foi feita e desenhada para confortar os apetites autoritários de José Eduardo dos Santos, há uma excessiva concentração de poder numa só pessoa que continua a colocar-se acima de todos os órgãos de soberania do país,” disse.

“Esta constituição consagra um sistema autoritário próximo às monarquias absolutas," acrescentou.

MAPUTO: Policia acusada de violar direitos humanos em Moçambique

Polícia acusada de violar direitos humanos em Moçambique

A mais grave de todas as violações é a falta de alimentação, havendo prisões onde há apenas uma refeição por dia.

Fonte: Voanews/Faizal Ibramugy
06.02.2014
TAMANHO DAS LETRAS 

Organizações de defesa dos Direitos Humanos em Moçambique acusam a polícia e as instituições prisionais do país de  violar sistematicamente os direitos dos reclusos. Esta é a principal conclusão de um estudo sobre a situação dos direitos humanos nos estabelecimentos prisionais em Moçambique realizado pelo Centro de Estudos Moçambicanos e Internacionais.

De acordo com Tarcisio Abibo, delegado regional norte da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, os direitos, liberdades e garantias individuais dos reclusos são muitas vezes desrespeitados nas cadeias moçambicanas.

Com base num estudo divulgado recentemente pelo Centro de Estudos Moçambicanos e Internacionais (CEMO), uma outra organização com trabalhos na área dos Direitos Humanos, Tarcisio Abíbo, disse haver insuficiências nos locais de reclusão, sobretudo no que diz respeito aos cuidados médicos, falta e ou deficiente acesso aos processos judiciais, prisão preventiva excessiva e efectiva, para além dos prazos previstos pela lei.

Para Tarcisio Abibo a mais grave de todas as violações é, no entanto, a falta de alimentação. Aliás, segundo ele, muitas vezes, nos locais de reclusão existe apenas uma única refeição por dia.

O delegado da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos no norte do país reiterou que a policia tem de introduzir uma série de melhorias, por forma a respeitar os Direitos humanos. Porém, a fonte não especifica, o tipo de melhorias a serem operadas.

O referido estudo sobre a situação dos Direitos Humanos nas cadeias em Moçambicanas foi realizado na cadeia feminina de Rex e na Penitenciaria Industrial de Nampula, para além do centro de Reclusão Femenina de Ndlavela e cadeia civil de Maputo, e teve por objectivos objectivo avaliar o respeito dos Direitos Humanos nos estabelecimentos pririonais.

Caso Kangamba tem audiência marcada

"Caso Kangamba" tem audiência marcada

A defesa do general tenta, pelo menos, dois habeas corpus que, se concedidos, poderão até anular o processo contra Kangamba.

Fonte: Voanews/Maria Cláudia Santos
Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa
o5.02.2014
Angola  Bento dos Santos KangambaAngola Bento dos Santos Kangamba
TAMANHO DAS LETRAS 

No dia 31 de Março será realizada, em São Paulo, a audiência do processo originário, que acusa o general Kangamba de traficar mulheres do Brasil para Angola e outros países, para fins de prostituição.

Na data, serão ouvidas testemunhas de acusação e defesa de cinco brasileiros acusados de envolvimento com o esquema, que, segundo denúncia do Ministério Público Federal, teria movimentado 45 milhões de dólares em seis anos.

Dos cinco brasileiros presos no fim do ano passado pela Polícia Federal de São Paulo, quatro estão atrás das grades. Jackson Souza de Lima conseguiu a liberdade provisória, depois de pagamento de fiança.

O general angolano não é réu neste processo que foi desmembrado em dois, para que os acusados estrangeiros sejam julgados separadamente. Apesar disso, a defesa de Kangamba - e do também angolano Fernando Vasco Inácio Republicano - está atenta ao que vai acontecer no dia 31 de Março, já que os processos são conexos e as acusações são as mesmas, como explica o atual advogado do general, Paulo José Iasz de Morais: “É lógico que a oitiva das testemunhas, o que dirão as de acusação e as de defesa, é de total interesse do general. Até porque o desejo dele é que a coisa seja esclarecida, já que existe uma confusão com relação aos factos. Todas as pessoas que foram a Angola foram única e exclusivamente para a promoção do time de futebol dele, para realizar shows”.

Questionado sobre porque as pessoas apontadas como vítimas não esclareceram os factos, o advogado alega que duas, das várias mulheres que teriam sido traficadas, fizeram isso dentro do processo.

Sobre o facto de mulheres simples, sem nenhuma ligação com trabalhos artísticos, no Brasil também terem sido apontadas como vítimas do esquema, Paulo Morais garante que ele desconhece qualquer pessoa que não tenha ido a Angola para shows.

A defesa de Kamgamba garante ainda estar preparada para lidar com as provas contundentes que representantes do Ministério Público Federal brasileiro dizem constar no processo, como gravações de conversas telefônicas. “O problema dessas gravações não são as gravações, são as interpratações que são dadas a elas, isso é terrível”, diz Morais.

O processo contra o núcleo brasileiro já está andando. Já o trâmite na justiça do núcleo que envolve os estrangeiros é bem mais lento. Nos próximos dias, o General e Republicano serão citados, em Angola, via Carta Rogatória expedida pela justiça brasileira.

Enquanto o processo contra o general segue no ritmo lento da justiça brasileira, a defesa tenta, pelo menos, dois habeas corpus que, se concedidos pela justiça brasileira, poderão até anular o processo contra o angolano.

Um dos pedidos de habeas corpus alega que a justiça brasileira não pode julgar o general. “Já que a juiza fundamentou a decisão em cima de uma lei que sequer existe em Angola, é oportuno que se diga que os crimes que estão sendo imputados não existem naquele país. Também lembrando que o General nunca esteve no Brasil. Tecnicamente, a justiça brasileira jamais teria competência para analisar o caso. Todo o processo deveria ser remetido àquele país para a análise. Reconhecida essa ilegalidade naturalmente o processo será extinto”, conclui o advogado.    

Ainda não há data para o julgamento dos habeas corpus.  A batalha promete ser longa já que, se negados nesta instância, a defesa promente recorrer a esferas superiores, o que normalmente leva muito tempo no Brasil.