segunda-feira, 3 de março de 2014

LISBOA: "Angola Connection", o caso "Monte Branco" estendido de Luanda até Lisboa

“Angola Connection”, o caso “Monte Branco” estendido de Luanda até Lisboa

Fonte:CAI/VISÃO/JN
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
03.03.2014
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Ligações perigosas,Governo de Angola,Empresária angolana Isabel dos Santos,empresário israelita Lev Leviev, China Sonangol,empresário francês Pierre Falcone, empresário português Helder Battaglia,tanta coisa encoberta,dinheiros desviados,  parcerias e negócios obscuros,corrupção ao mais alto nível com o pior que há da máfia internacional,e aos angolanos sem qualquer tipo de explicação ou justificação, continuamos a ser enganados , ludibriados, injustiçados e roubados sem nenhuma contestação,pacificamente,e assim vai Angola…
Corrupção com rosto ,com nomes,mas no nosso País como a impunidade anda de mãos dadas com a cumplicidade, “resta-nos esperar que a justiça em Angola seja igual para todos..« O mundo tornou-se muito pequeno para os responsáveis governamentais que pensam que eles podem pilhar, com toda impunidade, os recursos dos seus países ».A corrupção é uma ameaça ao desenvolvimento, à democracia e à estabilidade. Distorce os mercados, trava o crescimento económico e desencoraja o investimento estrangeiro. Corrói os serviços públicos e a confiança nos funcionários.
Bataglia tem Angola aos seus pés
Helder Battaglia, um empresário Português com laços estreitos com o presidente angolano José Eduardo dos Santos, bem como Chávez e Kirchner. Battaglia tem vários investimentos em Angola, Congo e na América Latina
Bataglia tem Angola aos seus pés. Se não é assim, parece. Nascido em Portugal,tinha meses quando foi parar a Baía Farta, no Namibe,Angola. Fez o serviço militar em Cabinda, especializando-se nas ações psicológicas. Estreou-se nos negócios em 1972, em Benguela, a vender produtos alimentares e na seca do bacalhau.
Após aindependência, e durante uma década, foi comerciante no Médio Oriente. Os anos 80 trouxeram-lhe pontes para os mercados de Leste e, em 1992, ligou-se ao banco de Ricardo Salgado, criando a svb-holding Espírito Santo Commerce, em estreita colaboração com Luís Horta e Costa, seu braço direito.
Por uma soma que terá oscilado entre os 400 e os 500 milhões de euros, a Sonangol – acionista de peso do BCP, da GALP e da Amorim Energia – adquiriu a ESCOM ao GES, em 2011. Bataglia ficou com 10% do capital e manteve o comando do grupo. O investimento foi conduzido por Manuel Vicente, o homem que, já este ano, deixou a liderança da petrolífera para se tornar ministro de Estado e da Coordenação Económica e provável sucessor do Presidente José Eduardo dos Santos.

O «n.° 2» do regime foi recentemente associado a suspeitas de peculato e branqueamento de capitais, na sequência de uma investigação do conhecido jornalista angolano Rafael Marques.
A ESCOM mantém especiais interesses nos recursos naturais angolanos. Associada a russos, chineses e parceiros locais (entre os quais o grupo GEMA, de José Leitão, antigo chefe da casa civil da Presidência), gere negócios nos setores do gás, petróleo, agricultura, energia, mineração, imobiliário, diamantes e obras públicas.
Bataglia é ainda administrador executivo do BES Angola, de cuja estrutura acionistafazem parte Isabel dos Santos, a poderosa filha do Presidente, e a Portmill, holding ligada a Hélder Dias Vieira, mais conhecido por Kopelipa, antigo general e chefe da casa militar da Presidência, cujo os investimentos no Douro têm dado brado.
O banco era, até há pouco tempo, presidido por Álvaro Sobrinho, agora suspeito de participação num esquema de lavagem de dinheiro que corre os seus termos em Portugal e ele contesta.
O grupo ESCOM, esse, continua imparável em Angola
O grupo ESCOM, esse, continua imparável. Há três anos, tinha em carteira projetos no valor de 951 milhões de euros e prometia investimentos de 1,4 mil milhões de dólares até 2014. O edifício ESCOM, na colina de Luanda, é o símbolo imponente da grandeza do império. Trata-se de uma torre a rondar os 150 metros, a maior da capital. Custou 92 milhões de euros e quase alcança o domínio dos deuses: nos pisos superiores, existem habitações de luxo e duas penthouses que, em 2007, estavam avaliadas em 3 milhões de euros cada. Na torre, estão instalados, entre outros, os escritórios angolanos da Ongoing e a redação local do semanário Sol.
Hélder Bataglia considera Angola um «país democrático», de «gente séria».
Por isso, os investimentos daquele país em Portugal só podem ser olhados «de cima.
TESTA-DE-FERRO CHINÊS?
As influências e negócios do grupo, com cerca de 2 mil trabalhadores,estendem-se aos EUA, Venezuela, Argentina, Congo,Zimbabuée África do Sul, entre outros países.Mas nem sempre os negócios correram bem: em Angola, a ESCOM escorregou nas pescas, nos aviões da Air Gemini e nas bananas da Chiquita.
Em Portugal, o grupo viu o seu nome referenciado em ilícitos fiscais, na Operação Furacão, nas investigações do caso Portucale e no processo das contrapartidas das aquisições da Defesa, ao tempo do ministro Paulo Portas, cuja compra de submarinos foi sendo associada a suspeitas de financiamento partidário ao CDS. Cônsul honorário do Burkina Faso, membro da associação de cooperação ELO, Bataglia esteve em Angola com Sócrates e Passos Coelho, a quem reconhece méritos na abertura de portas à cooperação bilateral. A ele atribuem-lhe especiais influências na renegociação da dívida de Angola a Portugal. Hélder foi investido comendador pelo Presidente da República, Cavaco Silva, homenagem ao seu papel no estreitar das relações luso-angolanas.
O administrador da ESCOM tem casas em Lisboa, Luanda e na ilha do Mussulo, mas também no seleto bairro da Recoleta, em Buenos Aires. É proprietário de um barco e comenta-se que comprou uma ilha no delta do rio Paraná (Argentina),rumor que ele desmente. «Angola é o meu país, foi lá que vivi, é onde gosto de estar e onde mantenho relações do meu tempo de infância e de escola. A maioria dos meus amigos está lá», referiu, numa entrevista.
«O Hélder é uma das poucas pessoas que conheci que se enquadra nesse perfil de empresário global. É um excelente relações públicas em qualquer parte do mundo», disse dele Ricardo Salgado, dono do Grupo Espírito Santo, à Exame.
Para os EUA, Hélder Bataglia não tem, de facto, um estatuto menor. Bem pelo contrário: o seu peso nos negócios planetários far-se-á sentir em zonas menos transparentes, mesmo não se identificando ilegalidades.
The 88 Queensway Group, A Case Study in Chinese Investor’s Operations

De acordo com um relatório do Congresso norte-americano divulgado em meados de 2009 – The 88 Queensway Group, A Case Study in Chinese Investor’s Operations in Angola and Beyond, no original – Bataglia é um dos três empresários mais influentes do planeta na promoção dos interesses chineses fora das fronteiras do país e nos negócios da China com Angola. O magnata dos diamantes israelita, Lev Leviev, e Pierre Falcone, condenado em 2009 por tráfico de influências e comércio de armas, no processo chamado Angolagate, são os outros dois. O empresário franco-argelino viria, entretanto, a ser absolvido das acusações, em abril último, após recurso.
Os norte-americanos associam Bataglia a investidores com ligações a ministérios e aos serviços de inteligência chineses e angolanos, apesar de algumas demarcações do Governo comunista.
Michel Canals é o cabecilha da rede
Resta saber o que Canals pensa disto e se um dia podera’ comprometer tudo e todos se os seus interesses ficarem desprotegidos…?
“Nas suspeitas da Justiça, Michel Canals é o cabecilha da rede. Canals terá uma lista de clientes cuja existência já pôs meia Lisboa, Cascais inteira e algumas pessoas em Angola em estado de alerta. Até porque há receio justificado de misturar alhos e bugalhos: a gestão de fortunas é uma coisa legal, o planeamento fiscal é outra coisa legal, a fraude e lavagem de dinheiro são crimes. E todas são serviços que podem ser prestados por gente da mesma natureza. Uma beleza.”
Ana Bruno a Dama de Ferro 
Ana Bruno dá a cara por dezenas de empresas que vão do imobiliário ao turismo e a sua sociedade de advogados, na torre 3 das Amoreiras, estará na mira dos investigadores da Operação Monte Branco. Suspeita-se que este e outros escritórios possam ser a fachada legal de negócios relacionados com a Akoya, nos quais estariam envolvidos advogados que funcionariam como correios de dinheiro para Francisco Canas, o «Zé das Medalhas», detido preventivamente sob suspeita de ter feito circular ilegalmente milhões de euros entre Portugal e a Suíça, ao sabor do carrossel idealizado por Canais.
Segundo fontes da investigação, o suíço teria contactos com inúmeras pessoas, sobretudo advogados, a quem proporia a angariação de clientes com dinheiro para abrirem contas em bancos suíços, primeiro via ÜBS e depois através da Akoya. A contrapartida passaria por uma comissão indexada aos montantes que os clientes dos advogados colocavam no estrangeiro.
O esquema obrigava a depositar fortunas no estrangeiro, através de sociedades portuguesas detidas por off-shores e fundações para
esconder o verdadeiro titular.
Ana Bruno é tida como angariadora de clientes angolanos para Canais e, na conta de uma familiar sua, os investigadores terão já identificado valores que passaram pelo processo de branqueamento no exterior. Michel Canais é defendido neste processo por Francisco Mendonça Tavares, advogado do escritório Ana Bruno & Associados e administrador de várias empresas, entre as quais a South Atlantic Capital, SA, também de compra e venda de imóveis, que mantém com outro advogado do escritório de Ana Bruno.
O outro entalhe do caso “Angola Connection”
O outro entalhe do caso. O de uma espécie de “Angola Connection”, uma estrutura de poder que se estende de Luanda até Lisboa, passando pelo BES Angola, um ramo do Grupo Espírito Santo que de Espírito Santo pouco mais tem do que o nome, pois parece ter vida própria e paralela, controlado por accionistas locais. Em Lisboa, essa estrutura angolana está a ganhar um poder grande, que inclui operações imobiliárias, ambições na  comunicação social e relações na política, como conta a “Visão”. Nem todos os  angolanos são iguais, mesmo os ricos. Como nem todos os portugueses são iguais, mesmo os ricos. E se é verdade aquilo de que a Justiça suspeita e os jornais noticiam, esse poder tem de ser questionado. Fazer perguntas não é fazer uma cruzada. “No pasa nada”.
Fonte CAI/Visão/JN