terça-feira, 11 de março de 2014

SÃO PAULO: Barbie humana ucraniana

A Barbie ucraniana

Valeria Lukyanova não fala de política, teve barraco com o Ken e sua meta é viver de luz

Fonte: Estadão
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
11.03.2014
Valeria Lukyanova não fala de política, teve barraco com o Ken e sua meta é viver de luz (© Divulgação)
A carreira de Valeria Lukyanova segue numa direção oposta à de Pinóquio. Enquanto o desafio do boneco de Gepeto era se tornar um menino de verdade, o sonho de consumo dessa ucraniana de 23 anos é virar uma Barbie humana.
A avaliar pelo aspecto, ela já tem meio caminho andado. Com 1,63 m, pesa 46 kg e pavoneia uma cintura de 50 cm. A cada segundo, Valeria fica mais parecida com a boneca da Mattel. Ela jura que não fez tantas plásticas quanto Frankenstein – foi só um mísero implante de silicone nos seios. O segredo são umas toneladazinhas de maquiagem diária, lentes de contato turquesa e malhação a granel.
Mas Valeria não quer se confundida com uma loira fútil e burra. Ok, ela concorda com Oscar Wilde, para quem “somente as pessoas superficiais não julgam pelas aparências”. Contudo, se Valeria é a cara da Barbie, não brinca em serviço: a primazia dela é a beleza interior. “A personalidade é mais importante que estrear um casaco de peles ou comprar um carro”, pontifica.
Certo, ela assume que gasta parte da rotina se embonecando (literalmente). Mas nada de exageros: são só 90 minutos por dia para ficar com aquele cabelo cor de champanhe, a pele de cetim e a boca de botãozinho de rosa. “Não acredito em planificação, pois sou uma criativa e deixo rolar. Não escolhi a imagem de Barbie. Claro que me agrada quando apontam as semelhanças.” E ainda dizem que não há coincidências.
Quando Valeria despontou no cenário mundial, teve gente que duvidou até de sua existência tridimensional. Isso apesar do milhão de seguidores que angariou no Facebook e das legiões de visitantes de seus vídeos no YouTube. Daí surgiu o convite para um pulinho a Nova York, para tirar a prova dos nove em programas de TV.
Valeria foi de mala e cuia, nem desconfiando o que os anfitriões haviam descolado para ela: nem mais nem menos que sua alma gêmea, um Ken de carne e osso. Ou seja, o americano Justin Jedlica, que aos 32 anos já torrou US$ 250 mil (cerca de R$ 580 mil) para se transfigurar em avatar humano do boneco topetudo de malares salientes.
Pena que o encontro tenha terminado em barraco. Justin resmungou que Valeria era “uma fraude”, pois se limitava a se vestir e a se maquiar como a Barbie, e mais parecia uma drag queen. Ao passo que ele já fez quase cem cirurgias plásticas e tem botox e silicone espalhados por cada poro do corpo. E acrescentou: “Vou continuar aperfeiçoando meu visual. Não fico por aqui. Seria como pedir a Picasso para parar de pintar”.
Valeria respondeu com luva de pelica: “Nunca escondi que só fiz uma plástica. Justin é bonito, mas acho que no enchimento dos lábios ele surtou um pouquinho”.
Parece incrível, o visual não é a coisa mais estrambólica na ucraniana. Além de modelo, é professora de meditação e viagens. Mas não das viagens manjadas que as agências de turismo apregoam, e sim de jornadas transcendentais no tempo e no espaço. “Já visitei outros planetas e universos, e o passado e o futuro.” E aí começa a cair a ficha: obviamente, Valeria é uma alienígena – embora não necessariamente lunática.
Com ela, as coisas vão ficando sempre cada vez mais estarrecedoras. Como se não bastasse se intitular um ET clone da Barbie, recentemente deu outra pirueta extravagante – e, dessa vez, perigosa. Muito perigosa.
Essa semana, anunciou sua adesão ao respiracionismo, culto que preconiza a sobrevivência humana sem alimentos nem água, apenas através de ar e luz. O ascetismo vai a ponto de os fiéis usarem uma máscara na boca para evitar a ingestão involuntária de germes (não para protegerem a eles, mas os germes). O líder do respiracionismo é o guru Prahlad Jani. Aos 82 anos, garante que passou os últimos 74 sem comer nem beber. Outra ideóloga respiracionista, a australiana Ellen Greve, vai mais longe: até engolir saliva é um pecado abominável. Glup!
Com sua cintura de vespa, cabeleira platinada e olhar vítreo, a Barbie humana sugere mais do que o enésimo sucedâneo do narcisismo contemporâneo. Transparece nela uma síntese icônica do mal-estar das sociedades pós-comunistas, que saíram do totalitarismo para caírem numa espécie de limbo social, morbidamente fascinadas com a cultura pop americana.
Valeria mora em Odessa, Ucrânia, que já foi o mais importante porto comercial da União Soviética e uma relevante base naval. Foi lá que Pushkin, o poeta nacional russo, viveu exilado. E também lá foi rodada uma das cenas mais marcantes da história do cinema, no Encouraçado Potemkin, de Sergei Eisenstein. É a lendária sequência das escadarias, onde marinheiros revoltosos e civis inocentes são massacrados pela guarda do czar. Neste momento, o simbolismo não podia ser mais sensível.
Mas não adianta o Estado cutucar a crise Ucrânia/Rússia: Valeria não fala de política (Caetano Veloso tem muito que aprender com a Barbie humana). Prefere anunciar as novas metas da carreira. Escrever um livro? Plantar uma árvore? Ter um filho? Frio, frio. Até porque já escreveu um livro, sobre seus rolezinhos fora do corpo. A prioridade dela agora é a música, como cantora de um treco que define como “ópera new age”. Já tem “mais de cem” canções compostas.
Assim, Valeria pretende demonstrar que, apesar da aparência de boneca loira e da dieta radical de faquir, não é uma bobinha de miolo mole. Pastel de vento, sim. Cabeça de vento, jamais!
* PAULO NOGUEIRA, ESCRITOR E JORNALISTA, É AUTOR DE O AMOR É UM LUGAR COMUM (INTERMEIOS)
Valeria Lukyanova quer se tornar boneca humana com quilos de maquiagem e lentes de contato - 1 (© Facebook Divulgação)
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LUANDA: Julgamento dos suspeitos no caso Cassule e Kamulingue ainda está longe

Luanda: Julgamento dos suspeitos no caso Cassule/ Kamulingue ainda está longe

Procuradoria disse que o caso já foi entregue a um tribunal.
Kamulingue e Cassule
Kamulingue e CassuleFonte: VOADivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa

TAMANHO DAS LETRAS
 
O advogado David Mendes, líder da Associação Mãos Livres, diz ser muito cedo para se falar em julgamento do processo que envolve nove suspeitos da morte dos activistas Isaías Cassule e Alves Kamulingue em Maio de 2012.

Mendes reagia à declaração da Procuradoria segundo a qual já terminram as investigações sobre o caso tendo o processo já sido entregue a um tribunal.

Em declarações à Voz da América, David Mendes disse que há muitos procedimentos a serem cumpridos antes do processo ir a tribunal. O causídico angolano não revelou a identidade dos nove cidadãos suspeitos.

“O procurador junto do Tribunal provincial vai fazer a acusação e só depois da acusação do Ministério Público é que é aberta a instrução contraditória e só depois do despacho de pronúncia”, disse.

A Procuradoria Geral da República, num comunicado, lido no principal serviço de notícias esclareceu, na última semana, que o processo-crime instruído pela Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP), foi remetido ao Tribunal Provincial de Luanda já no passado dia 31 de Janeiro.

O anúncio foi feito poucos dias depois dos familiares dos activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule se terem queixado mais uma vez de não estarem a ser informados do andamento do processo.

Alves Kamulingue e Isaías Cassule foram raptados na via pública, em Luanda, nos dias 27 e 29 de Maio de 2012, quando tentavam organizar uma manifestação de veteranos e desmobilizados contra o Governo do Presidente José Eduardo dos Santos.

Em Novembro do ano passado,  o Procurador-Geral Adjunto da República, Beato Paulo, identificou os cidadãos, Júnior Maurício, Francisco Pimentel Daniel, Augusto Mota e João Fragoso, que pertencem à Polícia Nacional e aos Serviços de Informação e Segurança (SINSE), como sendo os suspeitos de assassinato dos activistas Isaías Cassule e António Alves Kamulingue.

Na altura, Beato Paulo tinha  garantido que quando fossem concluídos todos os exames periciais, relatórios e outros elementos necessários, o processo seria remetido ao Tribunal Provincial de Luanda.

LUANDA: Três militantes da UNITA mortos no Kwanza Sul

Três militantes da UNITA mortos no Kwanza Sul

Dois outros membros presos pela polícia após confrontos junto à província do Huambo
Bandeiras Unita MPLA
Bandeiras Unita MPLATAMANHO DAS LETRAS
 
Fonte: Redacção VOAFernando Caetano
Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa
Três militantes da UNITA foram mortos na província do Kwanza Sul por militantes do MPLA quando tentavam celebrar a fundação do seu partido.

O incidente ocorreu numa aérea junto à fronteira da província do Huambo.

O Secretário provincial da UNITA para a Informação e Marketing, Celestino Bartolomeu, disse que os dirigentes do seu partido naquela zona tinham seguido todas as normas legais para avisarem as autoridades da intensão da “movimentação” que tencionavam fazer.


Um dos militantes mortos era o secretário do comité local da UNITA.

Bartolomeu disse que os militantes tinham sido mortos “à catanada e pedrada”.

A UNITA tinha contactado o governador provincial sobre o incidente mas este disse tratar-se de uma ocorrência policial.

Segundo o porta-voz da UNITA, a polícia disse que os confrontos se tinham dado devido ao facto dos militantes da UNITA não terem obedecido às ordens da polícia e terem cometidos “desacatos”.

O secretário municipal e o secretário para a organização do partido foram detidos pela polícia, disse Bartolomeu.

“A UNITA considera que 11 anos depois da assinatura dos acordos de paz não há a necessidade de se estarem a perder vidas humanas quando se está realmente preparado para os desafios da reconciliação nacional,” disse

“O que se passou não se justifica”, disse este dirigente que avisou que se o seu partido “não contiver a emoção dos militantes isto pode acabar mal”.