A COBIÇA DE ISABEL E A CULPA DO PAI
Com as costas largas que tem, Isabel dos Santos diz o que lhe vai na alma sem temer qualquer represália. É por causa desse conforto nas costas que ela não tem pejo em qualificar os seus antecessores na direcção da Sonangol como autênticos “bananas” em gestão, mas verdadeiros catedráticos em rapinagem.
Na última conferência de imprensa da nova administração da Sonangol, Isabel dos Santos imputou aos seus antecessores práticas que configuram verdadeiros crimes. De acordo com ela, uma avaliação efectuada pela nova administração detectou práticas de gestão questionáveis. Isabel dos Santos falou de “um conjunto de inconsistências entre a informação contabilística e a informação real da empresa, bem como uma falta de controlo sobre várias participações financeiras”. Em linguagem de gente simples, isso quer dizer que Joaquim David, Manuel Vicente – actual vice-presidente da República – e o seu sucessor Francisco de Lemos Maria eram chefes de gangues que se especializaram em dar golpes financeiros à mais importante empresa pública do país.
Se estivéssemos num país sério, onde os cidadãos preservassem a sua honra, os três visados já teriam vindo a público dizer das suas razões. Mudos como estão, dão azo a serem interpretados segundo a velha máxima: quem cala consente. Isabel dos Santos pode não o ter percebido ainda, mas as farpas com que cobre os seus antecessores têm de ser, necessariamente, extensivas ao seu pai. José Eduardo dos Santos é presidente deste país há longevos 37 anos. Joaquim David, Manuel Vicente e Francisco de Lemos Maria, os anteriores presidentes do conselho de administração da Sonangol, que Isabel agora tomou como seus inimigos de estimação, foram nomeados pelo presidente da República.
O facto de o presidente da República nunca ter fiscalizado o trabalho dos seus nomeados torna-o co-responsável por tudo. E Isabel dos Santos foi das principais beneficiárias da “desorganização organizada”, como dizia Samora Machel, propositadamente instalada na Sonangol. Foi a Sonangol que financiou, integralmente, a meteórica ascensão de Isabel dos Santos no mundo dos negócios.
É a Sonangol que abastece os sacos azuis com que a Presidência da República corrompe e alicia opositores, entidades religiosas, jornalistas e por aí adiante. É da Sonangol que saem os sacos azuis que fazem da Casa de Segurança do Presidente da República o maior concorrente dos concessionários nacionais de automóveis.
Portanto, se for honesta consigo própria, Isabel dos Santos concluirá que é uma das principais beneficiárias das “inconsistências entre a informação contabilística e a informação real da empresa”, que agora denuncia. Sem essas inconsistências, não haveria Unitel, BFA, BIC, Nova Cimangola, Imogestin, enfim, essa panóplia de empresas e negócios de que agora se gaba. Sem o dinheiro da Sonangol, obtido generosamente graças a essas “inconsistências”, Isabel dos Santos jamais poderia gabar-se de ter ocupado “cargos de gestão de topo em empresas cujo universo engloba milhares de colaboradores” ou do exercício de “cargos de administração em empresas de telecomunicações, instituições financeiras e empresas cotadas na bolsa europeia”. Ela deve tudo isso ao dinheiro da Sonangol. A absurda história da venda de ovos nem aos fanáticos do MPLA convence.
Também foi graças a essas inconsistências que o pai-presidente transformou Luanda na Meca de África, onde chefes de Estado africanos faziam fila indiana para adular José Eduardo dos Santos, a quem cinicamente atribuíam qualidades ímpares. A idolatria calculista rendia-lhes milhões e milhões de dólares. Desde que a teta do petróleo secou, ou quase, já quase ninguém vem a Luanda gabar a anteriormente cantada experiência de José Eduardo dos Santos na resolução de conflitos.
Por certo, à Princesa não ocorrerá que tenha caído do céu o dinheiro com que o pai-presidente promoveu a acumulação primitiva do capital a favor de meia dúzia de devotos.
Em suma, deixemo-nos de truques: Isabel dos Santos, o pai-presidente, Joaquim David, Manuel Vicente, Francisco de Lemos Maria partilham sérias responsabilidades pelo estado caótico em que se encontra a Sonangol. Em linguagem de gente comum, dir-se-ia que estão todos juntos e misturados. Se alguma vez houver coragem para investigar e apurar responsabilidades sobre as ditas inconsistências, o quinteto tem de responder em conjunto e solidariamente.
A campanha persecutória que Isabel move contra os seus antecessores, nomeadamente Manuel Vicente e Francisco de Lemos Maria, não tem nada que ver com um surto de ética, moralidade, transparência ou preocupação com o bem comum. Nada disso. A Princesa já não vai a tempo de se converter a esses nobres valores. A cruzada de Isabel contra os outros é movida pela cobiça. Isabel dos Santos não consegue conviver com a ideia de que haja outros angolanos com tanto ou mais dinheiro do que ela – e nesse aspecto, ao que se diz, Manuel Vicente não tem par, é o homem mais rico de Angola.
A Princesa foi acostumada à ideia de que o dinheiro de Angola é apenas para ela e para a família. É Essa a verdadeira causa dos constantes amuos de Isabel contra os seus predecessores.
Com as costas largas que tem, Isabel dos Santos diz o que lhe vai na alma sem temer qualquer represália. É por causa desse conforto nas costas que ela não tem pejo em qualificar os seus antecessores na direcção da Sonangol como autênticos “bananas” em gestão, mas verdadeiros catedráticos em rapinagem.
Na última conferência de imprensa da nova administração da Sonangol, Isabel dos Santos imputou aos seus antecessores práticas que configuram verdadeiros crimes. De acordo com ela, uma avaliação efectuada pela nova administração detectou práticas de gestão questionáveis. Isabel dos Santos falou de “um conjunto de inconsistências entre a informação contabilística e a informação real da empresa, bem como uma falta de controlo sobre várias participações financeiras”. Em linguagem de gente simples, isso quer dizer que Joaquim David, Manuel Vicente – actual vice-presidente da República – e o seu sucessor Francisco de Lemos Maria eram chefes de gangues que se especializaram em dar golpes financeiros à mais importante empresa pública do país.
Se estivéssemos num país sério, onde os cidadãos preservassem a sua honra, os três visados já teriam vindo a público dizer das suas razões. Mudos como estão, dão azo a serem interpretados segundo a velha máxima: quem cala consente. Isabel dos Santos pode não o ter percebido ainda, mas as farpas com que cobre os seus antecessores têm de ser, necessariamente, extensivas ao seu pai. José Eduardo dos Santos é presidente deste país há longevos 37 anos. Joaquim David, Manuel Vicente e Francisco de Lemos Maria, os anteriores presidentes do conselho de administração da Sonangol, que Isabel agora tomou como seus inimigos de estimação, foram nomeados pelo presidente da República.
O facto de o presidente da República nunca ter fiscalizado o trabalho dos seus nomeados torna-o co-responsável por tudo. E Isabel dos Santos foi das principais beneficiárias da “desorganização organizada”, como dizia Samora Machel, propositadamente instalada na Sonangol. Foi a Sonangol que financiou, integralmente, a meteórica ascensão de Isabel dos Santos no mundo dos negócios.
É a Sonangol que abastece os sacos azuis com que a Presidência da República corrompe e alicia opositores, entidades religiosas, jornalistas e por aí adiante. É da Sonangol que saem os sacos azuis que fazem da Casa de Segurança do Presidente da República o maior concorrente dos concessionários nacionais de automóveis.
Portanto, se for honesta consigo própria, Isabel dos Santos concluirá que é uma das principais beneficiárias das “inconsistências entre a informação contabilística e a informação real da empresa”, que agora denuncia. Sem essas inconsistências, não haveria Unitel, BFA, BIC, Nova Cimangola, Imogestin, enfim, essa panóplia de empresas e negócios de que agora se gaba. Sem o dinheiro da Sonangol, obtido generosamente graças a essas “inconsistências”, Isabel dos Santos jamais poderia gabar-se de ter ocupado “cargos de gestão de topo em empresas cujo universo engloba milhares de colaboradores” ou do exercício de “cargos de administração em empresas de telecomunicações, instituições financeiras e empresas cotadas na bolsa europeia”. Ela deve tudo isso ao dinheiro da Sonangol. A absurda história da venda de ovos nem aos fanáticos do MPLA convence.
Também foi graças a essas inconsistências que o pai-presidente transformou Luanda na Meca de África, onde chefes de Estado africanos faziam fila indiana para adular José Eduardo dos Santos, a quem cinicamente atribuíam qualidades ímpares. A idolatria calculista rendia-lhes milhões e milhões de dólares. Desde que a teta do petróleo secou, ou quase, já quase ninguém vem a Luanda gabar a anteriormente cantada experiência de José Eduardo dos Santos na resolução de conflitos.
Por certo, à Princesa não ocorrerá que tenha caído do céu o dinheiro com que o pai-presidente promoveu a acumulação primitiva do capital a favor de meia dúzia de devotos.
Em suma, deixemo-nos de truques: Isabel dos Santos, o pai-presidente, Joaquim David, Manuel Vicente, Francisco de Lemos Maria partilham sérias responsabilidades pelo estado caótico em que se encontra a Sonangol. Em linguagem de gente comum, dir-se-ia que estão todos juntos e misturados. Se alguma vez houver coragem para investigar e apurar responsabilidades sobre as ditas inconsistências, o quinteto tem de responder em conjunto e solidariamente.
A campanha persecutória que Isabel move contra os seus antecessores, nomeadamente Manuel Vicente e Francisco de Lemos Maria, não tem nada que ver com um surto de ética, moralidade, transparência ou preocupação com o bem comum. Nada disso. A Princesa já não vai a tempo de se converter a esses nobres valores. A cruzada de Isabel contra os outros é movida pela cobiça. Isabel dos Santos não consegue conviver com a ideia de que haja outros angolanos com tanto ou mais dinheiro do que ela – e nesse aspecto, ao que se diz, Manuel Vicente não tem par, é o homem mais rico de Angola.
A Princesa foi acostumada à ideia de que o dinheiro de Angola é apenas para ela e para a família. É Essa a verdadeira causa dos constantes amuos de Isabel contra os seus predecessores.