quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

LUANDA: Rei Manda Os Sipaios Portugueses Preparar Visita do Bajulador-Mor de Portugal, Antonio Costa

REI MANDATA OS SIPAIOS


silvinha

Paralelamente ao facto de, como fez a troika, a Europa ter decidido, e bem, acabar com os intermediários, o que a leva a debater com Isabel dos Santos a resolução dos problemas de Portugal, os ministros lusos vêm regularmente a despacho (“resolução de autoridade superior sobre pretensões ou negócios”) com sua majestade o rei José de Eduardo dos Santos.

Por Orlando Castro
Foi isso que o sipaio servil e bajulador ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, veio fazer a Angola. E, sem meias palavras, o perito dos peritos lusos disse: “O presidente José Eduardo dos Santos mandatou-nos a nós para acertarmos a data da visita do primeiro-ministro português a Luanda”.
Ora aí está. O ministro Santos Silva foi, finalmente, mandatado por quem manda (também) no seu país para tratar da agenda do bajulador-mor, o primeiro-ministro António Costa.
Embora estas vindas a despacho não sejam novidade, pelo contrário, é a primeira vez que um ministro português reconhece que foi mandatado pelo presidente de um outro país. O respeitinho (e a subserviência) é muito bonito e sua majestade o rei José Eduardo dos Santos gosta.
Recorde-se que Augusto Santos Silva gosta, ao mesmo tempo que aumenta os decibéis da sua bajulação a Eduardo dos Santos, de passar atestado de menoridade intelectual aos angolanos. É, sabemos, uma forma de agradar ao rei, mas se calhar deveria ao menos fingir que tem coluna vertebral. Além disso não deve esquecer-se que os angolanos (até mesmo os 20 milhões que são pobres) têm memória.
No passado dia 3, Augusto Santos Silva considerou que a decisão do Presidente José Eduardo dos Santos de não se recandidatar nas próximas eleições “é mais um sinal de que Angola (leia-se regime) segue os melhores padrões internacionais”.
Estar há 38 anos no poder sem nunca ter sido nominalmente eleito é também “mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”? Para Augusto Santos Silva é.
Dirigir um país rico que não soube gerar riquezas mas apenas ricos, estando no top dos mais corruptos do mundo é também “mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”? Para Augusto Santos Silva é.
Ser o país que, segundo a Organização Mundial de Saúde, tem a maior taxa de mortalidade infantil do mundo é também “mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”? Para Augusto Santos Silva é.
A Freedom House demonstra regular e recorrentemente preocupação pela a influência de Angola (leia-se e entenda-se influência do regime angolano) nos meios de comunicação social portugueses. É também “mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”? Para Augusto Santos Silva é.
A Freedom House diz também que Angola é considerado um “país não livre”, denunciando perseguições a jornalistas, activistas políticos e líderes religiosos angolanos. É também “mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”? Para Augusto Santos Silva é.
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O ministro Augusto Santos Silva, um dos mais emblemáticos perito dos peritos de toda a mixórdia política gerada nas mais putrefactas latinas de Portugal, afirmou também que “já era conhecida a vontade do Presidente de se afastar da vida política mais activa”, reiterando que “esse é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”.
É de crer, fazendo fé na bajulação do ministro português, que o facto de 68% da população angolana ser afectada pela pobreza, “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”.
Também é de crer que quando apenas 38% da população angolana tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico, isso “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”.
Também “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”, quando se sabe que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade.
Também “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”, quando se constata que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos.
Também “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”, verificar-se que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.
Também “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”, saber-se que, em Angola, a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos.
Também “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”, saber-se que, em Angola, o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.
Augusto Santos Silva é o chefe de posto em Portugal e sipaio em Angola que sabe de tudo, que fala de tudo, que conhece tudo, que sabe mais do que todos os outros, quer fale como cidadão, quer opine enquanto ministro.
“Não tenho o mínimo de consideração nem de respeito intelectual pelo saloio que detém no Governo a pasta da Comunicação Social…; pelas baboseiras e falta de rigor que punha nas crónicas do ‘Público’, pela arrogância e pesporrência que exibia quando era ministro da Educação e logo a seguir da Cultura, sem ter feito nada, mesmo nada, nem pela educação nem pela cultura, porque o considero um dos ministros mais incompetentes do Governo de José Sócrates…”, escreveu – há já uns anos – o saudoso Emídio Rangel, referindo-se a Augusto Santos Silva.
Que Augusto Santos Silva nos passe um atestado de menoridade e assuma que, ao contrário do comum dos mortais, é catedrático em tudo, seja na comunicação social, na educação, na cultura, na economia, nas finanças, no desporto, na defesa, nas negociatas… é lá com ele.
Hoje como ontem, Santos Silva debita regularmente eruditas pérolas, fazendo lembrar o tempo em que tinha a pasta, entre outras, de dono da comunicação social portuguesa.
Talvez por saber disso, de vez em quando ele aparece – mesmo sendo ministro – para malhar em todos aqueles que têm a ousadia de pensar de forma diferente da dele e da dos seus amigos.
No seu período áureo, dizia Augusto Santos Silva, certamente respaldado na cartilha do até então também perito dos peritos, José Sócrates, que a oposição “sucumbia à demagogia”. Demagogia que, como todos sabem, é uma característica atávica de todos os portugueses de segunda, ou seja, de todos aqueles que não são deste PS… nem deste MPLA.
“A direita falha em critérios essenciais na resposta à actual crise, começando logo por falhar no requisito da iniciativa”, sustentava o maior (a seguir a José Sócrates) perito dos peritos portugueses, considerando que a oposição não assumia uma defesa do princípio da “equidade social”.
Será com certeza por isso que, em Portugal como em Angola, os poucos que têm milhões, mais milhões continuam a ter, e que os milhões que têm pouco ou nada… ainda têm menos, se é que isso é possível.
Embora hoje oculte essa faceta, quando se virava para a esquerda, Santos Silva também batia forte e feio. Em relação ao PCP gostava de atirar a matar, tal como fazia quanto ao Bloco de Esquerda. Eram todos da “esquerda extremista” que “propõe o regresso ao paradigma colectivista”.
“Estão cegos por preconceitos ideológicos que os impediram de perceber o quanto foi essencial estabilizar o sistema financeiro para responder à crise”, disse em tempos, entre outras sábias alusões, Augusto Santos Silva.
Ora aí está. Bons só mesmo os socialistas, sejam do PS ou do MPLA. Nem todos, mas sobretudo os que, por terem coluna vertebral amovível, veneram o líder… Todos os outros são uma escumalha que não merece sequer ser considerada como portuguesa… ou angolana.
Para finalizar, recordam-se que Augusto Santos Silva disse que que havia professores em Portugal (não socialistas, obviamente) que não sabiam distinguir entre Salazar e os democratas? Também há ministros que não sabem distinguir entre ditadores e democratas.

LUANDA: Joãozinho Tu Mandas Mas, Eu Decido...

Joãozinho TU MANDAS MAS, EU DECIDO...


dono

João Lourenço é o cabeça-de-lista do MPLA às eleições previstas para Agosto. Se o partido ganhar ele será o Presidente da República. No entanto, o Presidente do MPLA, até 2021, será José Eduardo dos Santos. Afinal quem mandará no reino?


Por Orlando Castro
Compete, em especial, ao Presidente do MPLA dirigir a execução da política e da estratégia geral do Partido; fazer observar o cumprimento das leis e dos princípios e das resoluções do Partido, dirigir as relações internacionais do Partido; propor, ao Bureau Político (do qual é presidente), os candidatos ao cargo de Presidente do Grupo Parlamentar do MPLA e propor a composição orgânica e nominal do Executivo; preparar e apresentar, ao Comité Central e aos eleitores, o programa e o manifesto eleitorais.
Ou seja, em caso da vitória já pré-estabelecida, quem vai ser (não o sendo formalmente) Presidente da República e Titular do Poder Executivo é José Eduardo dos Santos.
Vejamos, para além do óbvio, se for possível (se não for o óbvio também é interessante) o que sua majestade o rei, na qualidade de presidente do partido que domina o país desde 1975, durante o VII congresso do MPLA.
“Mostrar que este MPLA é o grande partido da família angolana. Ele está assim preparado para o combate político, para ganhar as próximas eleições e para continuar a governar a República de Angola, correspondendo aos anseios das populações”, disse sua majestade, acrescentando que “não devemos permitir que as nossas diferenças políticas sejam aproveitadas por forças externas para dividir e pôr em causa a paz duramente conquistada. Temos de ser capazes de prevenir eventuais acções subversivas, para manter a nossa soberania, a paz e a estabilidade, reforçar a nossa democracia e trabalhando no sentido de fazer prosperar a nação angolana”.
O “querido líder”, na sua versão de “escolhido de Deus”, disse ainda que “há que apoiar mais os empresários com provas dadas em eficácia, responsabilidade e mais comprometidos com o futuro do país. Portanto, bons patriotas. Apoiar também os empresários que sabem realizar licitamente os seus negócios no mercado interno e externo, para conquistarem riqueza e contribuíram para aumentar o emprego e fazer crescer a economia”. Foi pena não ter dado publicamente o exemplo mais paradigmático: Isabel dos Santos. Tê-lo-á dado com certeza, em privado, a João Lourenço.
Num discurso hilariante e digno de figurar emblematicamente nos maiores anedotários internacionais, José Eduardo dos Santos esclareceu, com reconhecido conhecimento de causa, que “não devemos confundir estes empresários com os supostos empresários que constituem ilicitamente as suas riquezas, recebendo comissões a troco de serviços que prestam ilegalmente a empresários estrangeiros desonestos, ou que façam essas fortunas à custa de bens desviados do Estado ou mesmo roubados”.
“Angola não precisa destes falsos empresários, que só contribuem para a sua dependência económica e política de círculos externos”, acrescentou o dono disto tudo, mostrando que sabe muito bem como é que o seu clã familiar e afins enriqueceram.
A eleição (esta palavra é só por si, no contexto do MPLA, uma anedota) de José Eduardo dos Santos para a presidência do MPLA mostrou que o único candidato continua a ter sob o chicote uma manada fiel de castrados, acéfalos e invertebrados sipaios, chamem-se eles João Lourenço ou Bornito de Sousa. Mas não é o único que controla todos esses escravos.
Diz sua majestade que o MPLA quer reforçar a democracia. Basta tomar o exemplo do próprio José Eduardo dos Santos para se ver o que é a democracia para o regime. O Presidente da República, no poder há 38 anos, nunca foi eleito nominalmente.
Ah! Ah! Ah! “Reforço da democracia”? Vá lá, pessoal. É mesmo para rir. Mesmo com a barriga vazia, com a família doente ou a morrer por falta de assistência médica, rir é um bom remédio. Mas não digam do que é que estão a rir. Se eles descobrem… os jacarés agradecem.
Antes, a 11 de Março, na abertura da 11.ª reunião ordinária do Comité Central do MPLA, convocada para preparar o congresso do partido, que serviu também para preparar as candidaturas às eleições gerais de 2017, José Eduardo dos Santos anunciou que pretendia deixar a vida política activa. Basta-lhe ser Presidente do MPLA… até 2021.
“Em 2012, em eleições gerais (não nominais, diga-se), fui eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política activa em 2018″, anunciou José Eduardo dos Santos.
A decisão do Presidente José Eduardo dos Santos de abandonar a vida política activa em 2018 é daqueles acontecimentos da dimensão dos grandes criminosos mundiais. São importantes porque têm um grande significado e um efeito transformador na lavagem da sua conspurcada imagem. Além disso, em termos práticos, deixa de pagar o ónus de ser o executor mas mantém o poder de mandar executar.
Tudo leva a crer (mesmo que votando em força nos partidos da oposição), que de nada serve lamentar os efeitos óbvios dessa opção ditatorial. Tal como funciona parte importante dos nossos tribunais que, por ordem superior, determinam a sentença e só depois fazem o julgamento, nas eleições irá passar-se o mesmo. Determina-se o resultado e depois contam-se os votos de modo a tudo bater certo.

LUANDA: Serviço de Mortologia da República do MPLA

O SERVIÇO DE “MORTOLOGIA” DA “REIPÚBLICA” DO MPLA


subnutricao

O Serviço de “mortologia da reipública” de Angola acaba de fazer mais uma previsão do estado do tempo: a esperança média de vida na “reipública” subiu para os 61 anos.

Por Domingos Kambunji
Quer isto dizer que Zédu já deveria estar, há muito tempo, a fazer companhia ao Fidel Castro? Ou será que quem recebe tratamento médico em Barcelona consegue viver para além dos 61 anos? Os que recebem acompanhamento médico (ou não) nos serviços hospitalares do Sistema Nacional de Saúde da “reipublicana monarquia” de Angola desaparecem das estatísticas, como que por milagre?
Que credibilidade merecem as estatísticas manipuladas pelo governo da “reipública”? Ainda não há muito tempo o MPLA obrigou os órgãos oficiais de informação e propaganda a vomitar a notícia de que a malária estava em vias de extinção. Depois dessa aberração alguns milhares de angolanos morreram devido à malária. Mais recentemente a população foi informada, pelos mesmos chicos-espertos, de que a febre Amarela estava controlada. Infelizmente, não foi com grande admiração que soubemos que surgiram mais casos dessa doença. Poderíamos discutir os números camuflados de lepra, raiva, tuberculose, subnutrição… Não vale a pena porque, infelizmente as estatísticas oficiais, para além de manipuladas, são exageradamente boçais.
Não nos cansamos de relembrar uma notícia/reportagem, publicada há alguns anos no Jornal de Angola, sobre o Hospital (?) de Icolo e Bengo. Dizia o “journalista” que os serviços eram de elevada qualidade. A única contrariedade era a de que o Hospital (?) não tinha medicamentos para tratar os doentes. Os doentes, que não morriam, melhoravam graças ao carinho e à atenção dos enfermeiros.
(No século XXI os “jornalistas” do Jornal de Angola ainda acreditam na teoria da geração espontânea e nos poderes milagrosos do presidente da “reipública” para resolverem todos os males)
Estas são as estatísticas de um governo que, quando aconteceu o abaixamento drástico no preço do petróleo, dizia que o país não iria entrar em crise porque o Presidente Zédu, atempadamente, diversificou a economia. Depois, quando o sofisma começou a ser desmascarado, dizia que a exportação de diamantes iria compensar a perda nas receitas com a exportação do petróleo. Essa falácia caiu por terra. Então, o mesmo governo, que publica estas estatísticas, disse que iria diversificar a economia (que dizia inicialmente já estar diversificada) para combater a crise.
Agora a desculpa é a de que a falta de crescimento em Angola é provocada pela “crise internacional”, como se Angola fosse um país altamente industrializado e se encontrasse impossibilitado de exportar os seus produtos tecnológicos.
Que credibilidade tem um governo que está mais orientado para matar do que para educar e tratar? O Ministério da Guerra (erradamente designado da Defesa) recebe uma fatia muito maior do orçamento nacional do que os da Saúde e Educação, em tempo de “paz”. O Ministério da Guerra não necessita da solidariedade internacional para poder esbanjar dinheiro, satisfazendo a megalomania e a “kapercentagem” dos generais. O Ministério da Saúde, muitíssimo doente, necessita da solidariedade internacional para combater as epidemias. Quando as dádivas internacionais chegam, elas são vendidas nos mercados paralelos, enriquecendo assim os “generais” da Saúde.
Em Angola tudo se mede em ostentação do novo riquismo e em dinheiro. Usando esses padrões, se fosse verdade que o nível médio de vida subiu para 61 anos, quanto é que o MPLA deve, por danos morais e por impedimento de atingirem o nível médio de vida, aos familiares de Cassule, Camolingue, Ganga, Rufino António e tantos outros milhares de angolanos que morreram durante a guerra civil iniciada pelo MPLA?
Haja um mínimo de decência! Não brinquem com o respeito que os cidadãos angolanos merecem. Não tentem inventar mais falácias para encobrirem a vossa incompetência.
As culturas e as civilizações não melhoram as sociedades obedecendo aos patrulheiros pistoleiros e aos seus trinta-dinheiros.
A esperança media de vida subiu para 61 anos, onde? No Comité Central do MPLA?

LUANDA: Corrupção do Regime Mata as Nossas Crianças

CORRUPÇÃO DO REGIME MATA AS NOSSAS CRIANÇAS


nicki-minaj

Dados oficiais, triados obviamente por essa mítica entidade que dá pelo nome de “ordens superiores”, revelam que 150 pessoas morreram na província angolana do Bié devido à má nutrição. Mesmo que esse número fosse exacto (basta conhecer a região, ou o país, para saber que peca por enorme defeito) seria alarmante. Mas não é. Nem esse nem o que revela que 20 milhões de angolanos são pobres.

Segundo o director provincial de Saúde no Bié, João Cacungula, as mortes foram registadas entre os 2.020 novos casos notificados no ano passado.
O responsável, citado pela agência noticiosa angolana, Angop, avançou que estes números, quer de casos, quer de mortes, indicam uma redução, comparativamente a 2015, ano em que foram registadas menos 22 mortes e menos 99 casos de má nutrição.
João Cacungula frisou que 729 doentes registaram melhorias, 150 abandonaram o tratamento, enquanto 56 foram transferidos para unidades de saúde de referência.
O director provincial de Saúde do Bié avançou que os nove municípios dispõem de unidades especializadas para atendimento de casos de má nutrição, salientando que a formação de quadros de vigilância nutricional em todas as comunidades, acções de sensibilização e aconselhamento, sobretudo às mães que amamentam, têm contribuído para a redução do número de casos e da mortalidade.
Por muito que isso custe às “ordens superiores” (mais exactamente ao regime de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos), a verdade é que em Angola existem mais de seis milhões de pessoas subnutridas.

O eterno benefício da bajulação

Apesar desta triste e dramática realidade, essa coisa parasitária chamada Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) não se cansa de elogiar as autoridades esclavagistas do regime, indo mesmo ao ponto de (como faz servilmente Portugal) de elogiar o caso angolano que, afirma, desde o fim da guerra (2002) tem “demonstrado progresso” na evolução da sua situação económica e social e “assinaláveis melhorias na situação de fome e pobreza”. Vinte milhões de pobres são, certamente, a prova provada dessas assinaláveis melhorias.
Diz a CPLP que Angola registou progressos no ensino primário universal, redução da mortalidade infantil e saúde materna, graças a “investimentos assinaláveis nas infra-estruturas de saúde e da educação”.
Se com essas progressos Angola é o país do mundo com o maior índice de mortalidade infantil, onde estaria se não tivesse feito progressos?
Por alguma razão Angola é dos países mais corruptos do mundo e que regista o maior índice de mortalidade infantil.
Por alguma razão Angola é dos países mais corruptos do mundo e que regista o maior índice de mortalidade infantil.
Também é verdade, reconhecemos, que a CPLP refere que existe um “longo caminho a percorrer”, pois – diz – 37% da população vive abaixo da linha de pobreza, condição que afecta sobretudo o meio rural, onde estão 60% dos pobres.
Num índice sobre fome e nutrição, um total de 45 países foram analisados no contexto de 22 indicadores que procuram medir a actuação dos governos nas áreas de combate à fome e à subnutrição, tendo Angola ficado em 42º, apenas três lugares acima da Guiné Bissau, que contabiliza os piores resultados.
Apesar da enorme fortuna da família presidencial, Angola um dos países mais corruptos do mundo, é um dos países com piores práticas democráticas, é um país com enormes assimetrias sociais, é o país do mundo com o maior índice de mortalidade infantil do mundo.

Um caso paradigmático

No dia 16 de Março de 2016 a directora clínica do Hospital Pediátrico de Luanda David Bernardino classificou como preocupante a situação naquela unidade sanitária, que estava a observar uma média diária de mais de 500 crianças e mais de 100 internamentos.
Elsa Gomes comentava assim a situação resultante do aumento da afluência de pacientes àquela unidade hospitalar, devido a várias doenças, maioritariamente malária, acompanhada de anemia severa, que estava a causar uma média por dia de 15 óbitos.
“Não sabemos bem o que é que se passa na rede periférica, nós em média observamos uma média de 500 e tal crianças por dia e estamos a internar mais de 100. O que nos dizem é que já foram a vários hospitais e que não encontraram médicos e por isso vêm a esta instituição, não sei qual é a veracidade da situação, mas a verdade é que nós temos uma quantidade muito grande de pacientes”, disse Elsa Gomes.
Segundo a responsável, o hospital tinha, como continua a ter, também um número exíguo de enfermeiros para atender à procura.
“Nós temos um número muito limitado de enfermeiros, isso é de conhecimento de toda a gente que já há uns anos que não há concurso público, saíram principalmente enfermeiros por transferência, porque chegou a altura das pessoas pedirem aposentadoria e nós temos um número muito exíguo de enfermeiros e daí a grande dificuldade que nós temos em atender todos os doentes que nos chegam”, salientou a médica.
Elsa Gomes sublinhou que para a alteração do actual quadro, só uma melhoria na rede do saneamento básico poderá fazer mudar as estatísticas daquela unidade sanitária.
Também em declarações à imprensa, o presidente da Associação de Pediatria de Angola, César Freitas, admitiu que são “elevadíssimos” os números de crianças doentes e de óbitos em todo o país.
“É uma situação que é difícil de gerir neste momento, temos muitas crianças, muitos óbitos, na realidade estas situações são previsíveis. Todos os anos, no princípio do ano, já sabemos que isso vai acontecer, porque é cíclico, é preciso que as autoridades possam ver, que os profissionais possam sentar, para ver e analisar o que se está a passar, porque mesmo nos anos anteriores é um período de muitos óbitos, mas este ano é demais”, disse o médico.
O Ministério da Saúde reconheceu que a situação era preocupante e disse, como diz sempre, estar a tomar medidas para alterar o quadro, tendo na altura já cedido ao hospital pelo menos mais 30 camas, material descartável e medicamentos.
A situação é bem antiga, quase tão antiga como a negligência do regime.

Uma vergonha de todo o tamanho

Em Junho de 2015, por exemplo, o jornal “The New York Times” mostrava a dura realidade dos serviços de saúde de Angola, o país do mundo com o maior índice de óbitos entre crianças, e ligou-os aos números devastadores da corrupção do regime.
Tudo começava, na reportagem, com uma mãe e uma avó que viam morrer em frente aos seus olhos o seu menino. É José. O hospital é impecável, pelo menos nas infra-estruturas e limpeza. Mas, como em tantos outros que aparecem na reportagem, faltam médicos e enfermeiros.
Há 60 mil crianças que morrem todos os dias no mundo. Mas em nenhum país morrem mais crianças do que em Angola. “Ainda assim o governo decidiu cortar os custos com a saúde em 30%”, alertava o jornalista Nicholas Kristof que, juntamente com Adam B. Ellick, assinam o trabalho do jornal norte-americano.
Os jornalistas do “The New York Times” apontavam, e bem, a corrupção como o factor que espoleta esta tragédia humanitária em Angola e mostraram imagens das festas do centro da capital Luanda em que Porsche e Jaguar são meio de transporte habituais e o champanhe é rei nos balcões dos bares.
O clã Eduardo dos Santos não deixa os seus créditos por convidados alheios. O Povo morre de forme, mas o que é que isso interessa?
O clã Eduardo dos Santos não deixa os seus créditos por convidados alheios. O Povo morre de forme, mas o que é que isso interessa?
O jornal norte-americano descrevia Angola como um país de muitas e profundas desigualdades, em que o petróleo e os diamantes deviam ser mais do que suficientes para evitar a morte de crianças.
Nicholas Kristof diz que a maior parte dos casos de morte de menores eram possíveis de prevenir e no texto introdutório da reportagem afirma que nunca mais poderá fazer outro trabalho igual em Angola.
“Angola naturalmente não recebe bem os jornalistas. Demorei cinco anos até conseguir um visto para entrar em Angola, e depois desta reportagem duvido que mais alguma vez consiga entrar no país enquanto este regime estiver no poder”, avança o jornalista.

Só mesmo a… tiro

Recordam-se que, entre outros, a rapper norte-americana Nicki Minaj não ligou aos apelos e veio actuar em Angola, o país onde uma em cada seis crianças morre antes de completar cinco anos?
Recordam-se que a anfitriã, Isabel dos Santos, compensou-a com o módico cachet de cerca de 2 milhões de dólares?
Segundo a Unicef, para além dos números preocupantes relativos à mortalidade infantil, os dados indicam ainda que mais de um quarto das nossas crianças está fisicamente afectado pela subnutrição e que os casos de morte materna durante o parto são de 1 em 35.
Os pais destas crianças que, ao contrário do que pensa o paizinho da rainha santa Isabel, são angolanas, ficaram felizes porque – segundo o regime – a presença de Nicki Minaj ajudou a alimentar muita gente. E é verdade. O clã presidencial alimenta-se muito bem.
Thor Halvorssen, presidente da Human Rights Foundation, bem disse que a corrupção e nepotismo do regime angolano são uma realidade há 40 anos. Mas não adianta.
As crianças morrem à fome? Morrem. Mas o que é que isso interessa? Se os governos europeus e norte-americano idolatram José Eduardo dos Santos, considerando-o um ditador… bom, porque carga de chuva Nicki Minaj não poderia ir sacar uma massas, indiferente ao sofrimento dos angolanos?
A história nem sequer é nova. Há quatro anos já a Human Rights Foundation (HRF), organização de defesa dos direitos humanos sediada em Nova Iorque, acusou a cantora norte-americana Mariah Carey de ter aceitado um cachet de um milhão de dólares para dar um concerto para a “cleptocracia de pai e filha” no poder em Angola.
Na altura, a HRF argumentou que, ao actuar num espectáculo de beneficência para a Cruz Vermelha de Angola, a cantora estava a aceitar “dinheiro da ditadura”.
Thor Halvorssen também divulgou na altura um comunicado no qual descreveu a actuação de Mariah Carey em Angola como “o triste espectáculo de uma artista internacional contratada por um implacável estado policial para entreter e branquear uma cleptocracia de pai e filha que acumulou biliões em rendimentos ilícitos”.
Recorde-se que, em 2011, Mariah Carey confessou publicamente o seu embaraço por ter cantado, em 2008, para o ditador líbio Muammar Khadafi e respectiva família. “Fui ingénua e não sabia por quem estava a ser contratada” afirmou então a artista, acrescentando que “a lição” a tirar do episódio é a de que os artistas “têm de ser mais conscientes e responsáveis”.
Nick Minaj fez-se fotografar embrulhada numa bandeira angolana (“Angola, amo-te”, escreveu), ou ao lado de uma Isabel dos Santos em pose informal. “Nada de especial… Ela é apenas a oitava mulher mais rica do mundo”, escreveu a cantora.

Um mangueiral de crimes

Da parte do regime, vemos o ministro da justiça, Rui Mangueira, a dizer que Angola goza de credibilidade das instituições internacionais sérias em matéria de direitos humanos, por isso não consta da lista de países vistoriados pelas Nações Unidas neste segmento.
Mangueira, que certamente não leva nenhuma criança da sua família ao Hospital Pediátrico de Luanda, lembra que a avaliação que foi feita sobre Angola recentemente pelas Nações Unidas ao nível dos direitos humanos é “extremamente” positiva, “portanto, não há ao nível da comunidade internacional nenhuma condenação em relação Angola neste domínio”.
Rui Mangueira realçou que Angola não consta de nenhuma lista de países que têm que ser supervisionados em matéria de direitos humanos, as contribuições e os conselhos que têm dado ao nível do Conselho dos direitos humanos são fruto dos progressos que país tem estado a fazer.
Tem razão. As nossas crianças não são, segundo o regime, seres humanos e, por isso, não se lhes aplica a questão de terem direitos.