domingo, 7 de junho de 2015

LISBOA: Governo de Angola reage com violência ás críticas da população-Fonte Lusa

Governo de Angola reage com violência às críticas da população

Fonte: LUSA - 07/06/2015
Governo de Angola reage com violência às críticas da população
A Economist Intelligence Unit (EIU) considera que o Governo de Angola está a reagir às críticas da população aumentando o recurso à violência e alerta que a situação económica é pior do que dizem as autoridades.
"A principal segurança do Governo contra a insurreição é a fadiga geral e a violência", escrevem os analistas da unidade de análise económica da revista britânica, numa nota enviada aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, na qual se afirma que "desde a queda do preço do petróleo, o Governo tem aumentado a repressão".
No texto, intitulado "A música parou", os analistas lembram o caso do jornalista e ativista Rafael Marques, "o mais proeminente crítico interno, e que enfrenta acusações de difamação" e o do ataque aos membros de uma "seita religiosa obscura, que fez dezenas de mortos quando as autoridades tentavam capturar o líder, embora a oposição diga que morreram mais de mil pessoas".
A resposta do Governo liderado por José Eduardo dos Santos à desaceleração da economia, diz a EIU, foi o lançamento da "maior campanha de propaganda desde os tempos coloniais, com a colocação de incontáveis cartazes que celebram o que resta do milagre económico".
Este "milagre económico", acrescentam, foi bem visível nos últimos anos, com Angola a subir nos níveis de desenvolvimento económico, principalmente no Produto Interno Bruto, mascarando as "enormes desigualdades entre a elite que vive à beira do mar, em Luanda, e o resto da população do país, que tem a mais alta taxa de mortalidade infantil do mundo".
Na análise, os peritos da EIU afirmam que "o impacto da descida do preço do petróleo durante o último ano tem sido devastador, mas fio inicialmente disfarçado pela obscuridade de Angola, onde obter um visto pode demorar meses, mas o prejuízo está agora a revelar-se".
Entre os vários exemplos dos impactos da descida do preço do petróleo, a maior fonte de receitas e exportações do país, a EIU salienta que "o Governo deixou de pagar as suas contas depois de cortar 15 mil milhões de dólares às despesas, o equivalente a todo o orçamento para infraestruturas", e acrescenta, citando um diplomata africano não identificado, que o país "está a bater a todas as portas, desde o Banco Mundial ao Goldman Sachs", esperando angariar um total que ronda os 25 mil milhões de dólares.
Os exemplos continuam: "os projetos rodoviários estão suspensos, colocando em perigo os esforços para diversificar a economia; as empresas de construção estão a despedir trabalhadores a um ritmo sem precedentes, os fornecedores de equipamento pesado dizem que as encomendas caíram dois terços, as embaixadas estrangeiras reportam uma queda dramática nas importações, e as empresas públicas receberam instruções para cortar os custos em 30% e os investimentos para metade".
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsariana, tendo recebido 76% das suas receitas fiscais em 2013 deste setor, que é responsável por mais de 95% das exportações do país.
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BENGUELA: O que fazer quando tudo arde por Francisco Rasgado-ChelasPresse



O que fazer quando tudo arde?

Fonte: ChelasPress-Sábado, 06/06/2015

O que fazer quando tudo arde?

Fonte: Jornal ChelaPress



A crise agudiza-se, cresce, estende os seus tentáculos que ainda não se sabe onde chegarão. E não há grandes dúvidas nem sobre as suas causas nem sobre os remédios imediatos para a combater, que o governo de Angola não consegue divisar solução aplicável.
Mas, para além deles, é indispensável, para o presente e para o futuro, criar um clima de resistência e quanto possível de confiança, inclusive nas instituições democráticas. O que exige muito mais ética e justiça: uma política social muito mais decidida no combate à pobreza e no combate às tremendas desigualdades sociais, assim como transparência, combate à impunidade a todos os níveis, em particular o económico e o político.
Percebe-se que José Eduardo dos Santos, presidente da República de Angola e o M.P.L.A, partido no poder há mais de trinta anos, pensem nos próximos actos eleitorais. Mas para conseguir um maciço voto popular deviam ter aprendido, em devido tempo, com os exemplos de outras latitudes. Destruíram todas as expectativas quanto a uma política social, que dentro dos seus padrões devia tirar da miséria mais de 15 milhões de angolanos e favorecer os pobres e remediados, a par com uma política macroeconómica prudente, realista, que respeitasse e estimulasse a iniciativa privada, sem se demitir de regular e intervir quando necessário.
Porém será muito importante para o futuro próximo a forma como vai decorrer e a imagem do partido desgastada que dele vai sair. O M.P.L.A já não tem condições para governar. O país está completamente parado, as esperanças de todo um povo desabaram completamente. Será desastroso para o país e muito pior, para o povo angolano, que os resultados das próximas eleições atribuíssem, mais uma vez, a vitória por maioria ao M.P.L.A.
Nas próximas eleições muitas questões serão colocadas em cima da mesa, tais como: a luz, a água, o salário mínimo, o fundo soberano, corrupção como método do governo, a falência do empresariado nacional e as ordens de saque que viraram papéis sem importância nenhuma, ainda mais do que em outras, o M.P.L.A já não vai poder impor nenhuma disciplina e cada militante ou eleitor vai ter  que votar de acordo com a sua consciência.
É notória a incomodidade dos temas para muitas figuras do partido no poder, que têm receio de, em ano eleitoral, o M.P.L.A vir a ser penalizado por ter enveredado pelo caminho da delapidação do país e ignorar todo um conjunto de sentimentos de um povo.
Francisco Rasgado