O que fazer quando tudo arde?
Fonte: ChelasPress-Sábado, 06/06/2015
A crise agudiza-se, cresce, estende os seus tentáculos que ainda não se sabe onde chegarão. E não há grandes dúvidas nem sobre as suas causas nem sobre os remédios imediatos para a combater, que o governo de Angola não consegue divisar solução aplicável.
Mas, para além deles, é indispensável, para o presente e para o futuro, criar um clima de resistência e quanto possível de confiança, inclusive nas instituições democráticas. O que exige muito mais ética e justiça: uma política social muito mais decidida no combate à pobreza e no combate às tremendas desigualdades sociais, assim como transparência, combate à impunidade a todos os níveis, em particular o económico e o político.
Percebe-se que José Eduardo dos Santos, presidente da República de Angola e o M.P.L.A, partido no poder há mais de trinta anos, pensem nos próximos actos eleitorais. Mas para conseguir um maciço voto popular deviam ter aprendido, em devido tempo, com os exemplos de outras latitudes. Destruíram todas as expectativas quanto a uma política social, que dentro dos seus padrões devia tirar da miséria mais de 15 milhões de angolanos e favorecer os pobres e remediados, a par com uma política macroeconómica prudente, realista, que respeitasse e estimulasse a iniciativa privada, sem se demitir de regular e intervir quando necessário.
Porém será muito importante para o futuro próximo a forma como vai decorrer e a imagem do partido desgastada que dele vai sair. O M.P.L.A já não tem condições para governar. O país está completamente parado, as esperanças de todo um povo desabaram completamente. Será desastroso para o país e muito pior, para o povo angolano, que os resultados das próximas eleições atribuíssem, mais uma vez, a vitória por maioria ao M.P.L.A.
Nas próximas eleições muitas questões serão colocadas em cima da mesa, tais como: a luz, a água, o salário mínimo, o fundo soberano, corrupção como método do governo, a falência do empresariado nacional e as ordens de saque que viraram papéis sem importância nenhuma, ainda mais do que em outras, o M.P.L.A já não vai poder impor nenhuma disciplina e cada militante ou eleitor vai ter que votar de acordo com a sua consciência.
É notória a incomodidade dos temas para muitas figuras do partido no poder, que têm receio de, em ano eleitoral, o M.P.L.A vir a ser penalizado por ter enveredado pelo caminho da delapidação do país e ignorar todo um conjunto de sentimentos de um povo.
Francisco Rasgado
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