ADULADORES DE JES PREPARAM RUIDOSAS MANIFESTAÇÕES
O Movimento Nacional Espontâneo, a Amangola, a Ajapraz e similares, que constituem a sociedade civil de apoio ao presidente e ao MPLA, com estatuto de organizações de utilidade pública, estão a preparar ruidosas manifestações pelo país inteiro, para convencerem o presidente da República a desistir da sua já conhecida decisão de não ir a votos em Agosto de 2017 e retirar-se definitivamente da vida política em 2018.
Aos mais chegados, José Eduardo dos Santos tem evocado a sua debilitada saúde como factor determinante para não concorrer a um novo mandato presidencial, depois de 38 anos no poder. Mas ele nunca desencorajou a sua legião de apoiantes de actos de idolatria à sua pessoa.
No ano passado, por exemplo, o Movimento Nacional dito Espontâneo, encabeçado por Justino Fernandes, e a Amangola, de Job Capapinha, promoveram pelo país, com ostensivo apoio de entidades públicas, numerosos actos de idolatria a José Eduardo dos Santos.
É do mais elementar bom senso que Justino Fernandes, Capapinha, Bento Kangamba e todos os que acreditam que devem a sua existência política e o seu bem-estar a José Eduardo dos Santos não se aventurariam em empreitadas dessa dimensão sem o prévio conhecimento do comandante-chefe.
Segundo fontes bem colocadas do Maka Angola, José Eduardo dos Santos ainda não declarou publicamente que não se candidatará em 2017 porque está à espera dos resultados dessas manifestações para tomar uma decisão.
Se as manifestações de solidariedade à sua candidatura se traduzirem numa enorme corrente de apoio, JES poderá sempre evocar o “pedido das massas” para, mais uma vez, roer a corda como fez em 2001: dar o dito pelo não dito e manter-se no poder. Mas se, pelo contrário, constatar que “as massas não saíram à rua”, evocará problemas de saúde e a necessidade de renovação para, finalmente, deixar a chefia do Estado.
As ruidosas manifestações ainda não têm data prevista, visto que ocorrerão apenas quando José Eduardo dos Santos concluir a visita privada a Espanha, que interrompeu em Novembro passado para participar das exéquias fúnebres do seu irmão Avelino dos Santos.
Contudo, não se conhece ainda a data do regresso de José dos Santos àquele país, a qual depende de um outro regresso: o do vice-presidente Manuel Vicente.
Manuel Vicente deixou Angola em Dezembro passado, alegadamente para se submeter a tratamento médico em Singapura. Concluído o tratamento, o vice-presidente, segundo apurou o Maka Angola, andará em viagem pela Austrália. Parece não ter pressa alguma em regressar ao país, onde é agora alvo de uma furiosa cruzada liderada por Isabel dos Santos, a primogénita de José Eduardo dos Santos que preside à Sonangol.
Fontes familiares admitem que o prolongamento da sua estadia por mais alguns dias é um exercício bem calculado. Permanecendo fora, evitou o funeral de Mário Soares em Portugal, país onde é alvo de um processo judicial e a respeito do qual não sentiu a esperada solidariedade institucional.
Sem o vice-presidente no país, José Eduardo dos Santos não se pode ausentar, e com isso deixa os idealizadores das manifestações em seu apoio sem saber quando sairão às ruas.
A realização dessas manifestações será um teste à maturidade do próprio MPLA. Se, como é mais do que previsível, a maioria dos seus militantes aderir a essa iniciativa, ficará demonstrado que o partido que governa Angola é uma força com a qual não se pode contar para nada, uma vez que depende totalmente de uma só pessoa.
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