quinta-feira, 5 de abril de 2018

LUANDA: O Exemplo Vem de Cima, Mas João Lourenço Não o Dá

O EXEMPLO VEM DE CIMA, MAS JOÃO LOURENÇO NÃO O DÁ

O tráfico de influências, o conflito de interesses, o favoritismo e os privilégios dos detentores do poder na alienação de bens do Estado a seu favor prosseguem sem vergonha e ao abrigo de toda a impunidade. A conversa contra a corrupção de João Lourenço e as trapalhadas da Procuradoria-Geral da República na constituição de arguidos sonantes parecem apenas manobras de distracção.
A 12 de Fevereiro passado, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, procedeu à alienação de cinco aviões ligeiros, três Beechcraft 1900 e Twin Otter, pertencentes ao Estado angolano.
No seu Despacho n.º 47/18, o ministro Archer Mangueira ordenou ao director-geral do Património de Estado, Valentim Joaquim Manuel, a celebração de contratos de compra e venda dos aviões com as seguintes empresas: SJL – Aeronáutica, EAPA e Air Jet.
A SJL – Aeronáutica foi criada em 2010 pelo general Sequeira João Lourenço, irmão do presidente João Lourenço.
Por sua vez a EAPA – Sociedade Agropecuária de Angola é uma empresa pertencente ao actual vice-presidente da Assembleia Nacional e membro do Bureau Político do MPLA, o general Higino Carneiro.
A Air Jet é do ex-oficial da Força Aérea Nacional de Angola (FANA) António de Jesus Janota Bete.
A grande questão que se coloca é muito simples: porquê estes e não outros? O despacho do ministro não dá resposta a esta questão. E o que temos é o irmão do presidente da República e o vice-presidente da Assembleia Nacional a fazerem negócios com o Estado.
A questão do irmão do presidente da República coloca na berlinda a Lei da Probidade Pública – Lei n.º 3/10, de 5 de Março. De acordo com o artigo 28.º deste normativo, o agente público deve abster-se de intervir em situações em que estejam em causa seus familiares directos. Ora, atendendo às especificidades da Constituição angolana, qualquer assunto tratado com um ministro é-o juridicamente com o presidente da República, pois o ministro é apenas um auxiliar sem poder próprio. Neste caso concreto, é o presidente João Lourenço que delega poderes no ministro Mangueira, que por sua vez delega poderes no director-geral do Património de Estado, Valentim Manuel, para alienar os aviões ao irmão do presidente. Se repararmos, tecnicamente, é o presidente da República quem vende os aviões ao irmão, através de uma cascata de delegações. Isto, obviamente, viola o artigo 28.º da Lei da Probidade Pública.
E, mais do que violar a lei, quer a situação do irmão do presidente, quer a situação do general Higino Carneiro violam a Nova Moral Pública que se esperava que João Lourenço estivesse a implementar. Ficou provado, durante o mandato de José Eduardo dos Santos, que as leis não bastavam. Elas existiam, mas a moral dominante era a do saque. Ninguém cumpria a lei.
Exige-se que João Lourenço vá além dos discursos e comece por praticar uma Nova Moral Pública de civismo, cidadania e cumprimento das normas, de forma exigente e inequívoca.

LUANDA: Bandido Bom Malandro é o Corrupto Protegido Por João Lourenço

BANDIDO BOM MALANDRO É AQUELE CORRUPTO PROTEGIDO POR JOÃO LOURENÇO
Fonte: Planalto de Malanje Rio Capopa-Blog Cidadania
05/04/2018

A sorte em Angola tem bafejado os iluministas usurpadores da verdade real angolana. A exemplo, os sucessivos governos de JES incluindo o de Manuel Lourenço, são a versão menos perfeita da impiedosa imperfeição geral do regime. O governo de JL desestimula o enlace dicotómico que se situa entre a economia real, a subjectiva surrealista, e as politicas públicas sociais inclusivas inexistentes. É inconciliável que se continue a proteger e a estimular os malandros corruptos de estimação e em simultâneo iludir a sociedade com o discurso vazio do combate a corrupção cujo alcance atinge apenas os corruptos sem a protecção presidencial.
Essa lamentável que esse tipo de situação exista, e tem levado o governo de JL a perder espaço politico, que de todo inviabiliza discurso cavernoso do desenvolvimento reformista e de combate a corrupção.
MPLA CONNCTION (IV)
João Lourenço, o líder dos (lourencistas) tem apenas e só uma saída, que passa e essa saída passa pela alteração do seu modus operandi, alem de tudo isso, terá mesmo que modificar a ritualização insidiosa do seu (mindset) mentalidade, adquirida nos tenebrosos idos dos 42 anos de partido único, herança deixada pelos ex-presidentes da república, António Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos.
O presidente João Lourenço tem deixado passar de lado inúmeras oportunidades, que de certa maneira ajudariam a agregar gente desavinda de outros quadrantes políticos da sociedade cível inteligente activa e organizada, que jamais se reviu nos governos de JES.
Dessa lacuna organizacional, deriva as sintomáticas interrogações deveras comprometedoras, das quais, os cidadãos têm colocado em duvida a lucidez politica e competência administrativa do presidente da republica para unir o país. Outros vão mais longe e perguntam se João Lourenço terá algures, uma qualquer agenda politica e económica, que ajude a colocar o país na locomotiva do desenvolvimento célere?
O país está paralisado e não se pode perder mais tempo, a que buscar mecanismos para desenvolver politicas publicas inteligentes que ajudem a criar riqueza distributiva tão necessárias para o empobrecido povo. O grave problema é termos um presidente da republica mais preocupado em praticar a "lowfer" perseguição por meios judiciais dos filhos do seu predecessor!
O PR João Lourenço foi eleito para liderar apenas um dos três poderes, o do executivo e nada mais do que isso.
Torna-se imperioso que o PR dê o exemplo de banir rapidamente essa esteira maligna de perseguições as filhas e filhos do ex-presidente da republica. O PR não pode ocupar cargos incompatíveis com a sua missão publica por estarem-lhe constitucionalmente vedados, mesmo estando no papel de mais alto magistrado do país.
O exercício de perseguidor e acusador mor e o de juiz em causa própria, não cabe ao presidente da república exercer. Definitivamente o angolano não quer ver ressuscitado o espectro das perseguições sistémicas operadas pelo regime ditatorial, na qual o hoje PR representou a contento, enquanto membro do politburo do MPLA e ministro do (terror) da defesa de JES.
É perigosíssimo perseguir um ‘asset’ activo como JES sem esperar dele uma reacção que possa eventualmente perigar a paz institucional por ele implantada.
Por outro lado, não é de bom tom ter um presidente que se dá ao luxo de perder mais de 4 longos meses do seu mandato a defender o indefensável corrupto Manuel Vicente. Note-se, que foi o próprio presidente da republica quem deu o mote para que o corrupto Manuel Vicente seja protegido dentro e fora das fronteiras de Angola.
É importante que se saiba, que a instituição presidência da republica foi emprestada para servir de avalista nessa ridícula protecção a Manuel Vicente.
Os angolanos agora sabem, que em Angola há gatunos seniores como Manuel Vicente, Carlos Feijó dentre outros, tratados como bandidos malandros bons que têm a protecção do PR, enquanto os corruptos familiares e colaboradores do ancião José Eduardo dos Santos, esses são dados como malandros maus, e por isso, são simplesmente perseguidos pelo PR João Lourenço.
Agora fala-se demagogicamente de uma esquisita nova ordem informativa, que mais não é do que uma perigosíssima armadilha muito mal engatilhada.
Os diligentes paladinos utilizam-se de ferramentas medievais e assim iludir as pessoas despreparadas, sem qualquer convivência com sistemas democráticos. Essas interpostas personagens fizeram com que o discurso das prometidas reformas, escrutinado nas eleições de Agosto de 2017 desfalecessem.
A grande imprensa criada em 1975 é de todo disfuncional, aliás, ela está cada vez pior, se mudou foi para pio. A imprensa angolana foi selvaticamente agredida e violentada. Foi transformada numa organização corporativa, a comunicação social de hoje é nociva e alinhada com o consumismo politico enfadonho e alucinogéno.
Esse vector vem impulsionando a população a tomar como sua, a narrativa do discurso da luta contra o crescente crime de colarinho branco e das inexistentes liberdades de expressão e de ir vir constitucionalmente defendidas.
O importante mesmo é que os angolanos mudem de opinião, e protagonizem o inicio da luta que leve o país a alcançar o tão almejado novo rumo pretendido.  Angola precisa de se renovar, o momento é preponderante e atractivo para se introduzir novos instrumentos que alterem os mecanismos indutores que viabilizem mudanças pacificas desejáveis que o país no seu todo carece.
João Lourenço investiu-se da nobre missão de perseguir directamente os filhos corruptos, daquele que o catapultou para a presidência da republica.
Afinal, que diferenças implicativas há entre os crimes de roubos descaradamente praticados contra erário publico por Manel Vicente, e a longa lista de crimes praticado pela filharada JES?  A verdade é que Angola parou, faz-se necessário adoptar medidas dinâmicas funcionais inovadoras que ajude a retirar o país da estagnação paralisante, eleva-lo a um nível credível de maior expressão económica aceitável.




LUANDA: As Prevaricações de João Maria de Sousa

AS PREVARICAÇÕES DE JOÃO MARIA DE SOUSA


João Maria de Sousa, anterior procurador-geral da República, arrasta-se penosamente pelos tribunais a querer punir Rafael Marques por ter dito a verdade. No entanto, João Maria de Sousa, enquanto foi procurador-geral da República, não cumpriu a norma constitucional que lhe exige dedicação exclusiva, e continua a negar esse facto.
São abundantes as provas desse incumprimento. Hoje, apresentamos mais uma.
Em 14 de Junho de 2012, João Maria compareceu, em pessoa, na Assembleia-Geral da sociedade comercial Construtel – Construções e Telecomunicações, Lda, de que é sócio com pelo menos 30% do capital social. A Construtel tem como principal cliente a UNITEL.
Tendo em conta que não podia exercer qualquer outra função pública ou privada, excepto as de docência e de investigação científica de natureza jurídica (artigo 179.º, n.º 5 da Constituição, aplicável por força do artigo 187.º, n.º 4 da mesma Constituição), João Maria de Sousa dificilmente poderia ser sócio de uma empresa de construções e telecomunicações.
Se João Maria de Sousa já o era quando foi nomeado magistrado, deveria ter vendido, ou alienado de outra forma, a sua participação na empresa. Ora, na Assembleia-Geral de 14 de Junho de 2012, João Maria teve a oportunidade de avançar com essa venda, mas afastou expressamente essa ideia, preferindo avançar com um acordo parassocial.
Acresce que João Maria não foi um sócio silencioso, engajando-se activamente nos assuntos da empresa, o que claramente vai contra a lei.
Na referida Assembleia-Geral de 2012, João Maria esteve actuante na vida da sociedade: por exemplo, quis saber o ponto exacto da conta-corrente com a EFACEC (empresa que, como sabemos, uns anos mais tarde foi adquirida por Isabel dos Santos), se existia alguma dívida e o que se pretendia fazer sobre a mesma.
Mais adiante, sugeriu a implementação de reuniões periódicas da sociedade, de carácter informal, o que quer dizer que não ficariam registadas, para haver uma maior interacção entre os sócios e a sociedade.
O panorama é simples: o procurador-geral pretendeu acompanhar de perto a vida da Construtel sem que isso fosse formalmente mencionado, o que lhe permitiria dizer que não estava a exercer qualquer outra função privada, quando na verdade estava.
Como sem dúvida se compreende, a participação nesta empresa, de que a ata  da Assembleia-Geral de 2012 é testemunho evidente, demonstra que João Maria de Sousa não exerceu o seu cargo de magistrado em regime de exclusividade.

LUANDA: O Mito da Misse, A Misse do Mito

O MITO DA MISSE, 
A MISSE DO MITO!


As investigações revelaram, nos Estados Unidos da América, que a empresa Misse Universo de Donald Trump recebeu 12 milhões de dólares para realizar o concurso das jovens mais “belas” em Moscovo, em 2013. Essa iniciativa tinha ainda como objectivo a tentativa, falhada, de Trump conseguir a necessária autorização de Putin para construir um arranha-céus em Moscovo.

Por Domingos Kambunji
As investigações em Angola são o que todos nós sabemos, uma enorme (des)graça. Até para investigar a dívida do Estado angolano o MPLA opõe-se a que tal aconteça. Há poucos dias o Procurador-Geral da República, fiel servidor do MPLA, acusava o facto de o sistema judicial não ter quadros capacitados para poder investigar a rebaldaria da Sonangol e do Fundo Soberano. Todos nós sabemos que a Procuradoria-Geral da República tem sido um apêndice cúmplice do sistema cleptocrático de Angola.
A Procuradoria-Geral da República não tem quadros qualificados para investigar a Sonangol e o Fundo Soberano e teve quadros para investigar e condenar os Revus?
Uma das grandes anedotas a que assistimos recentemente foi a “ruminação” do actual Ministro da Propaganda, João “Gobells Melo, quando defendeu que Angola tem competência para investigar e julgar o caso Manuel Vicente. Outra grande palhaçada!
A investigação/julgamento dos casos Cassule e Camulingue foi uma encenação, bem desmascarada pelo William Tonet. A investigação do 27 de Maio está proibida pelos principais beneficiários desse crime contra a humanidade, os dirigentes do MPLA.
A investigação da “acumulação primária de riqueza”, roubalheira, usando palavras mais objectivas, por parte de generais e “altos” dirigentes do MPLA, incluindo o actual presidente de Angola, nunca se fará.
Enfim, a vigarice e o desrespeito pela Justiça e pelos direitos humanos compensam e compensaram em Angola porque alguém, José Eduardo dos Santos, foi capaz de reunir e proteger-se num grupo de comensais, incluindo o actual presidente, com muitíssima cumplicidade.
A pergunta que pretendemos fazer hoje é a seguinte: quantas mortes custou, por falta de medicamentos e alimentação, e quantas escolas para as crianças e hospitais não foram construídas para que se pudesse realizar o Concurso da Misse Universo em Luanda, em 2011? Nunca ninguém investigou. Fica assim por saber quanto é que Donald Trump beneficiou com a realização do concurso de misse universo em Luanda.
Agora sabe-se que o resultado do concurso de Misse Universo era (é) tendencioso, viciado, porque era Donald Trump que escolhia quem deveria ser eleita Misse, não um júri imparcial. Também se sabe que Trump era um forte opositor a que mulheres de raça negra fossem “eleitas” misses, por “revelarem demasiada etnicidade”.
Quais terão sido as contrapartidas financeiras oferecidas pelo governo para alimentar a vaidade do MPLA, com o objectivo de que o concurso de Misse Universo em Luanda tivesse como vencedora, não uma loira da Eslovénia, da Rússia, da Noruega ou da Austrália, uma africana de Angola? Qual o retorno, em termos de benefício, conseguido por Angola, com a realização desse concurso em Luanda, com resultados, sabe-se agora, totalmente manipulados?
A madrinha destes concursos em Angola, Ana Paula Santos, pelos sinais exteriores de riqueza demonstrados, está bem na vida. A Procuradoria-Geral da República não tem meios para investigar como é que a esta senhora, esposa do “Grande Senhor”, enriqueceu fazendo nada.

LUANDA: O Legado de JES no BNA: Corrupção, Pilhagem e Abuso de Poder

O LEGADO DE JES NO BNA: CORRUPÇÃO, PILHAGEM E ABUSO DE PODER


A presidência de José Eduardo dos Santos foi, e bem, descrita como um antro de corrupção e pilhagem, de tal modo que as instituições do Estado passaram agora a ser um pandemónio. Caso paradigmático é o de um ex-administrador do Banco Nacional de Angola (BNA), que colocou a sua empresa de construção a prestar serviços de consultoria econométrica.
Vejamos. A 11 de Setembro de 2017, Samora Machel Januário e Silva, então administrador para a área das Finanças e do Património, autorizou o pagamento de 52,6 milhões de kwanzas a favor da empresa SPAM – Estudos e Serviços. Essa empresa, segundo as facturas n.º 1211/2017 e n.º 1261/2017, prestou um “estudo e elucidação de técnicas de previsão e hipóteses simultâneas sobre coeficientes”.
O primeiro detalhe importante dessa operação está na diferença entre o logótipo da empresa e o carimbo. O logótipo indica o nome da empresa como SPAM – Estudos e Serviços. Por sua vez, o carimbo indica o nome da empresa como SPAM – Construção Civil e Fiscalização, sendo que ambas têm o mesmo número de identificação fiscal. Quem assina é o administrador Óscar Ribeiro Inglês.
A SPAM é propriedade de quem? A 16 de Novembro de 2016, em pleno exercício das suas funções como administrador executivo do Banco Nacional de Angola, Samora Machel Januário e Silva constituiu a empresa SPAM – Construção Civil e Fiscalização. Dividiu a quota por igual com Sérgio Adão Pascoal Monteiro, e ambos se constituíram como sócios-gerentes da empresa.
No seu objecto social, para abarcar qualquer negócio em que se pudesse envolver, os sócios estabeleceram a SPAM como uma empresa de pesca artesanal, prestação de serviços de cabeleireiro, de infantário, de desinfestação, de venda de gás de cozinha, medicamentos e equipamentos hospitalares, etc.
Samora Machel Januário e Silva assumiu as funções de administrador do BNA a 11 de Maio de 2016, nomeado por José Eduardo dos Santos. Conforme documento oficial consultado pelo Maka Angola, o funcionário fora requisitado ao Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE).
“O Samora há muito que não é quadro do SINSE. Ele é mais ou menos da época do Archer Mangueira [ministro das Finanças] e do Ramos da Cruz [ex-administrador do BNA]”, revela uma fonte do SINSE.
Segundo a mesma fonte, “a ligação destes [agentes] com o SINSE passou a ser quase nula, nalguns casos até passaram a ignorar, ou a dificultar, a colaboração com o SINSE”.
O oficial superior salienta que vários agentes “usam o nome de uma instituição como o SINSE para legitimar actos de ilegalidade flagrante e de abuso de poder”.
“Passaram a ostentar o estatuto de oficiais do SINSE para ganharem a confiança de certos dirigentes e acederem a privilégios para benefício pessoal. Desse modo, “passaram a ser eles próprios [oficiais do SINSE nomeados para cargos públicos] os obstáculos às acções do SINSE nos órgãos que deveriam defender o interesse supremo do Estado”, conclui.
A 7 de Julho de 2016, o Club-K publicou uma matéria a denunciar a acumulação de cargos públicos e privados por parte de Samora Machel e Silva, em contravenção à Lei da Probidade.
Samora Machel e Silva exercia paralelamente as funções de administrador do BNA para as Finanças e de administrador financeiro da empresa Alpetro – Serviços Aduaneiros e Alfandegários, S.A., uma empresa de fachada do MPLA, que detém contratos altamente lucrativos com instituições do Estado.
Uma vez que José Eduardo dos Santos era o padrinho da corrupção, do saque e da desordem na função pública, ignorou a denúncia.
A acumulação de funções descrita deveria ter levado à pronta cessação do exercício das funções de administrador do BNA e à devolução de todos os salários e rendimentos recebidos pelo desempenho dessas funções.
Quando à adjudicação de estudos a uma empresa por si detida, nos termos descritos, afigura-se que preenche a previsão do artigo 33.º da Lei da Probidade Pública. Estamos, portanto, perante um crime de prevaricação, neste caso condução ou intervenção de um processo de adjudicação com o objectivo de obter benefício. Este crime é punido com uma pena de prisão de dois a oito anos.

LUANDA: Festejemos a Paz Irmãos, Mesmo Com a Barriga Vazia

FESTEJEMOS IRMÃOS. MESMO 
COM A BARRIGA SEMPRE VAZIA

O Bureau Político do MPLA, partido no poder desde 1975, enalteceu a importância de José Eduardo dos Santos no alcance da paz em Angola, cujo 16º aniversário se assinala hoje e pela primeira vez sem o antigo chefe de Estado em funções, que ocupou durante 38 anos sem nunca ter sido nominalmente eleito.

“Honra seja dada ao arquitecto da paz, camarada José Eduardo dos Santos, presidente do MPLA, que, nos momentos mais adversos da história recente de Angola, soube manter a serenidade, impondo a vitória do bem sobre o mal e, desta forma, propiciar, com o seu alto sentido patriótico e aglutinador, uma genuína reconciliação entre irmãos, outrora desavindos”, lê-se na mensagem do partido, a propósito da comemoração do 4 de Abril.
As comemorações oficiais do dia da Paz e da Reconciliação Nacional, 16 anos após a assinatura, em Luena, província do Moxico, dos acordos entre as forças governamentais e da UNITA, decorrem hoje em Malanje, com o acto central a ser orientado pelo vice-Presidente da República, Bornito de Sousa.
Ausente do país em viagem privada, João Lourenço, Presidente da República desde 2017, não participa nas comemorações deste ano.
José Eduardo dos Santos, Presidente entre 1979 e 2017, mantém-se na presidência do MPLA, enquanto João Lourenço, chefe de Estado, é seu vice-presidente no partido, situação que alguns militantes descrevem como sendo de bicefalia no poder.
O conflito em Angola terminou após a morte, em combate, no Leste de Angola, a 22 de Fevereiro de 2002, de Jonas Savimbi, líder histórico e fundador da UNITA.
Durante praticamente três décadas, morreram cerca de meio milhão de angolanos, entre militares e civis, devido ao conflito armado.
“Angola é hoje, para bem dos seus filhos, uma Nação em paz e reconciliada, que não pretende voltar a trilhar os caminhos do ódio e da violência, onde cada cidadão deve ser um agente activo da tolerância e do amor ao próximo, para que nela seja construída uma sociedade de bem-estar, de progresso social e de desenvolvimento sustentável”, lê-se na mensagem do MPLA a propósito do dia da Paz.
Acrescenta que a consolidação da paz e da reconciliação nacional “são premissas fundamentais de toda a acção prática do MPLA”, que “continuará a bater-se pelo aprofundamento da inclusão política e social, para que Angola cresça de modo equilibrado, harmonioso e com equidade”.
Na mensagem, o Bureau Político escreve ainda que “reafirma a sua total confiança e encorajamento” a João Lourenço, “a quem o povo angolano depositou, por via do voto, confiança para fortalecer o Estado democrático de direito, diversificar a economia e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos”.

Festejemos irmãos, mesmo de barriga vazia

OMPLA, com o seu brilhantismo habitual, diz que os angolanos são capazes de reconstruir o país, de criar condições para erradicar a pobreza e de promover o desenvolvimento e o bem-estar social.
Os angolanos são, sim senhor, capazes de tudo isso. Pena é que o regime não os ajude. Já lá vão 16 anos de paz total e, feitas as contas, poucos continuam a ter cada vez mais milhões e, é claro, milhões continuam a ter cada vez menos.
A constatação propagandística do MPLA, partido no poder desde 11 de Novembro de 1975, insere-se naquilo a que se convencionou chamar o Dia da Paz e da Reconciliação Nacional e que hoje se assinala.
O MPLA exorta os seus militantes, simpatizantes e amigos e todo os angolanos a transformarem as comemorações do 4 de Abril numa “verdadeira jornada de reflexão e de júbilo”.
Que o regime esteja em júbilo (assinala desde logo a rendição da UNITA) ainda vá que não vá. No entanto, aos angolanos resta eventualmente reflectir… de barriga vazia. E, exactamente por termos 20 milhões de pobres, é que o regime espera que as reflexões dos angolanos não sejam muito profundas.
Reflectir sobre o estado actual de Angola é lembrar que hoje, como ontem e certamente como amanhã, apenas um quarto da população tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade; que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos.
Reflectir sobre o estado actual de Angola é lembrar que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.
Reflectir sobre o estado actual de Angola é lembrar que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolano; que 80% do Produto Interno Bruto é produzido por estrangeiros; que mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população; que 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem em Cabinda.
Reflectir sobre o estado actual de Angola é lembrar que o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.
O MPLA pede aos angolanos que fortifiquem os laços de união em prol da busca de consensos para o futuro do país, a consolidação da unidade nacional e o aprofundamento do processo democrático em curso.
Essa do aprofundamento do processo democrático em curso é mesmo brilhante. Aliás, nem sequer haveria necessidade de o aprofundar. Basta ver que, por exemplo, o presidente da República, José Eduardo dos Santos, esteve no poder há 32 anos sem nunca ter sido eleito e que João Lourenço foi “eleito” devido a carradas de batota que a máquina do MPLA/Estado colocou ao seu serviço.
“A paz tem permitido ao nosso povo o usufruto do direito à segurança, à tranquilidade, à estabilidade e à livre circulação em todo o território nacional e tem facilitado o processo de reconstrução e de criação de infra-estruturas para o desenvolvimento, o que tem sido constatado, de forma entusiasta, por todos os de boa-fé, cientes de que a paz veio para ficar e de que o futuro será infinitamente melhor do que o passado”, lê-se numa das muitas declarações que, ao longo dos últimos 16 anos, a máquina propagandística do regime produziu e divulgou por todos os cantos e esquinas.
Pois é. Tudo isso é visto, sentido, apoiado e reconhecido pelo menos por 70 por cento da população que, recorde-se, continua na miséria.
“O processo de reconciliação nacional, que continua a decorrer de forma sólida, não obstante as inúmeras tentativas de o dificultar, permite que os angolanos acreditem no futuro e tem constituído um factor importante para a consolidação da economia e o seu notado crescimento, viabilizando o processo de reconstrução nacional e a paulatina melhoria das condições de vida do nosso povo”, sublinhava em 2011 o Secretariado do Bureau Político do MPLA.
O MPLA, o regime, José Eduardo dos Santos, João Lourenço (são tudo sinónimos) não diz mas, importa reconhecê-lo, as “inúmeras tentativas de dificultar” todo o processo fazem com que, no mínimo, o MPLA precise aí de mais uns 30 anos para tornar o país num Estado de Direito.

LUANDA: Semear Para Colher? Colher Para Semear?

SEMEAR PARA COLHER?
COLHER PARA SEMEAR?    


Angola vai (ou diz que vai) implementar durante quatro anos um projecto de recuperação agrícola nas províncias do sul afectadas pelas alterações climáticas, com o apoiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), agência especializada das Nações Unidas.

Oprojecto ARP, de acordo com informação do Ministério da Agricultura e Florestas de Angola, está avaliado em 7,6 milhões de dólares (6,2 milhões de euros) e junta-se a um outro, SAMAP, de desenvolvimento da agricultura familiar e comercialização, de 38,8 milhões de dólares (31,6 milhões de euros), a realizar durante cinco anos.
Ambos os projectos têm lançamento previsto para quinta-feira, em Luanda, na presença do presidente do FIDA, Gilbert Houngbo, que inicia nesse dia, e até sexta-feira, uma visita a Angola.
“A ideia é discutir investimentos em comunidades rurais a fim de melhorar a segurança alimentar e proporcionar oportunidades de emprego para jovens rurais”, explicou a fonte do FIDA.
Segundo a informação do FIDA, o projecto ARP destina-se a abordar os problemas de segurança alimentar em Angola, “que foram agravados pelos repetidos eventos climáticos”, como El Niño (secas) e La Niña (inundações), nas áreas visadas, no sul.
Recorda que, em Angola, o sector da agricultura contribui em média com apenas 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, mas emprega 44% da população.
Além disso, “mais de metade dos pobres” de Angola vivem nas áreas rurais e “dependem exclusivamente da agricultura para a sua subsistência”, com os jovens dessas áreas mais remotas a enfrentarem o “duplo desafio” de querer explorar oportunidades alternativas de subsistência além da agricultura e pesca artesanal, tendo, ao mesmo tempo, “pouco treinamento formal para ingressar no mercado de trabalho”.
“A agricultura e a agro-indústria têm grande potencial para proporcionar empregos e meios de subsistência,” afirma o presidente do FIDA.
“Precisamos proporcionar investimento e apoio para ajudar os jovens a encontrar empregos. O empoderamento dos jovens rurais pode ser um catalisador para concretizar a agenda global de desenvolvimento e precisamos da energia, força e criatividade dos jovens para impulsionar a transformação rural e construir sistemas de alimentação sustentáveis”, acrescenta Gilbert Houngbo, que deverá reunir-se em Luanda com o Presidente João Lourenço e outros membros do Governo.
Desde 1991, o FIDA já financiou sete programas e projectos de desenvolvimento rural em Angola, beneficiando directamente 268.600 famílias rurais, num investimento total de 147,3 milhões de dólares (120 milhões de euros), dos quais 82 milhões de dólares (66,8 milhões de euros) garantidos pelo Fundo.
Criado em 1977, o FIDA tem como objectivo da erradicação da fome e da pobreza no mundo.

Teses presidenciais para a agricultura

OPresidente João Lourenço diz que a diversificação da economia passa necessariamente por um maior investimento na agricultura, quer em recursos técnicos, tecnológicos e de infra-estruturas. Não descobriu a pólvora, mas usou-a para fazer fogo-de-artifício.
Pela enésima vez vemos o MPLA (no poder há 42 anos) dizer que “é importante a necessidade de uma contínua oposta na mulher rural, garantindo o seu acesso à terra, à formação, ao crédito e às pequenas tecnologias de produção e transformação das colheitas”.
Segundo o regime, o lançamento do ano agrícola 2017-2018, presidido pelo Presidente da Republica, João Lourenço, mostrou que a agricultura representa uma prova inequívoca da prioridade que esta matéria ocupa na agenda do governo, na perspectiva de contribuir para a melhoria das condições de vida das famílias rurais.
Tal como o seu novo colega das Finanças, também o novo ministro da Agricultura, Marcos Nhunga, descobriu a pólvora que, por sua vez, fora inventada pelo seu antecessor, Afonso Pedro Canga, que por sua vez…
Então, como grande novidade, Marcos Nhunga, apela à participação activa dos intervenientes no sector agrário para o processo de diversificação da economia, tendo em vista melhorar as condições de vida da população.
Originalidade não falta. O ministro da Agricultura, ao falar na cerimónia da sua apresentação, disse que o facto de o país estar a atravessar um momento de crise financeira, precisa-se buscar força e inteligência para concretizar os objectivos que o país se propõe, a criação das melhores condições de vida. Quem diria?
De acordo com o governante, deve-se prestar atenção especial a todos os quadros desta área e moralizá-los, de modo a trabalhar mais para o cumprimento dos objectivos traçados.
Marcos Nhunga diz que deve haver maior motivação a nível dos quadros do Ministério, um diálogo interno e permanente nos órgãos internos, assim como com os empresários, para que todos se revejam nos programas deste sector.
Marcos Nhunga, referiu ainda que o sector da agricultura é chamado para arranjar soluções. Apelou aos membros do Ministério a não se aproveitar das respectivas funções para a resolução dos problemas pessoais. Boa!
“Vamos pautar por uma gestão rigorosa e transparente para que os poucos e parcos recursos que forem arrecadados possam ser aplicados para o alcance dos objectivos traçados”, disse Marcos Nhunga, acrescentando que deve ver união e todos os que trabalham para a mesma causa.
No passado dia 11 de Outubro iniciou-se um novo ano agrícola que foi marcado por um discurso do Presidente João Lourenço, no município do Cachiungo, província do Huambo, perante milhares de pessoas.
Nessa mesma altura, no Cuanza Norte os agricultores manifestaram o seu apoio ao Presidente, lembrando que não tinham catanas, enxadas, limas, ancinhos, machados, sachos etc..
Também os camponeses do município da Cameia, província do Moxico, estão solidários e dizem que vão deixar de produzir arroz na presente campanha agrícola, por falta de máquinas de descasque do cereal.
Acrescentaram que a decisão se devia ao facto de as 23 toneladas produzidas na última época continuarem nos armazéns do município por falta de máquinas…
João Lourenço exortou o sector agrícola a colocar o país a “produzir a comida de que precisa”, estimulando a produção em grande escala, para acabar com a importação de alimentos e produtos agrícolas. Por outras palavras, realçou o fracasso da anterior, e da anterior, e da anterior, governação do MPLA e de José Eduardo dos Santos.
“Vamos fazer tudo que está ao nosso alcance para não importar alimentos, porque temos capacidade de produzir comida, temos de ser nós a produzir a comida que precisamos, bem como exportar e angariar divisas com o excedente”, afirmou João Lourenço.
Na sua intervenção, João Lourenço enfatizou que é chegada a hora de “semear para depois colher” (pelos vistos até agora o regime colhia antes de… semear), de forma a tirar maior proveito da terra, ao ponto de produzir bens alimentares não só para o próprio consumo, mas também para exportação.
João Lourenço garantiu que o Governo vai manter a aposta na agricultura como uma das principais apostas como alternativa ao sector petrolífero no processo de diversificação da economia nacional, apesar de dificuldades como a escassez de sementes, adubo e de instrumentos de trabalho.
Nesse sentido, a prioridade vai para a captação de investimento para o país, que permita a produção nacional de insumos agrícolas, mas também para o aumento da produção de cereais como milho, soja, feijão, de forma a potenciar igualmente a pecuária, com a auto-suficiência alimentar para o gado.
Números governamentais recentes indicam que mais de dois milhões de famílias angolanas vivem da agricultura, sector que emprega no país 2,4 milhões de pessoas e que conta com 13.000 explorações empresariais.
O país tem uma disponibilidade de 35 milhões de hectares de terras aráveis para a prática da agricultura, sobre uma superfície cultivada de cinco milhões de hectares (14%), além de uma faixa irrigável de sete milhões de hectares, metade dos quais ainda de exploração tradicional.
Angola tem uma rede hidrográfica constituída por 47 bacias e com um potencial hídrico estimado em 140 mil milhões de metros cúbicos.
Ou seja, Angola tem tudo o que precisa. Tudo não é bem. Falta-lhe ter políticos que vivam para servir e não para se servir.