domingo, 12 de março de 2017

LISBOA: É Só Sacar, É Só Roubar!

É SÓ SACAR, É SÓ ROUBAR!


kopelipa

A denúncia, diz o Expresso, de que o general angolano Hélder Vieira Dias Kopelipa terá desviado 300 milhões de dólares para o Dubai está, supostamente, a preocupar o MPLA que vê assim multiplicarem-se os casos de corrupção, branqueamento de capitais etc. no seio dos seus mais altos dirigentes. Ricardo Salgado já tinha denunciado o envolvimento de figuras do regime de José Eduardo dos Santos no caso BESA.

Opróprio Ricardo Salgado, ex-líder do BES, já tinha avançado ao Ministério Público a hipótese de altas figuras do MPLA terem contribuído para o buraco de mais de 5,7 mil milhões de dólares que foi detectado no BESA.
As transferências alegadamente realizadas pelo general Kopelipa, chefe da Casa Militar do Presidente José Eduardo dos Santos, foram denunciadas na reportagem da SIC “Assalto ao Castelo”.
“Os políticos têm de passar a ter mais cuidado para não se molharem à chuva. Têm de deixar de misturar política com negócios”, disse ao Expresso Mário Pinto de Andrade, membro do Comité Central do MPLA.
Ao mesmo jornal, Amável Fernandes, antigo comissário político das FAPLA, o braço armado do MPLA entre 1974 e 1991, também falou em termos críticos. “Quando não se honram compromissos com os bancos ou se desvia dinheiro de forma massiva, como tem sido feito no nosso país, estamos perante um sério caso de psiquiatria, que remete Angola no estrangeiro para a condição de indígena”, disse ao Expresso.
Ricardo Salgado já tinha denunciado, no interrogatório a que foi sujeito no dia 18 de Janeiro na Operação Marquês depois de ser constituído arguido por alegadamente ter corrompido José Sócrates, a possibilidade das mais altas esferas da classe política do regime do MPLA estarem envolvidas no desaparecimento de 5,7 mil milhões de euros no BESA. Foi a primeira vez que Salgado não responsabilizou exclusivamente Álvaro Sobrinho, ex-presidente do BESA, pelo buraco detectado na sucursal angolana do BES.
Quando foi interrogado no âmbito da Operação Marquês, Ricardo Salgado sugeriu que Álvaro Sobrinho tinha tido cúmplices. Sobre o empresário angolano, disse que ele “devia ter ido logo para a cadeia” e que “devia ter sido preso em Angola”. Porém, “ninguém lhe tocou”. “Portanto, eu só posso concluir que houve mais pessoas em Angola que beneficiaram com o prejuízo do BESA”, concluiu.

De assalto em assalto até ao assalto final

Na semana passada, na reportagem “Assalto ao Castelo” emitida pela SIC, alegou-se que o general Manuel Vieira Dias, chefe da Casa Militar do Presidente José Eduardo dos Santos e também conhecido como Kopelipa, ajudou na fuga de 300 milhões de dólares (281 milhões de euros, à taxa de câmbio actual) do BESA.
Recorde-se que no meio de todo este velho imbróglio, já em 2013, depois da abertura, em Portugal, de investigações criminais por suspeitas de branqueamento de capitais contra João Maria de Sousa, procurador-geral da República, o general ‘Kopelipa’ e o próprio Manuel Vicente, José Eduardo dos Santos anunciou formalmente o fim da “parceria estratégica com Portugal”.
Quando se julga que já está tudo descoberto eis que surge mais um capítulo. A investigação portuguesa do caso BES confirma que o BES Angola terá concedido mais de 6,8 mil milhões de dólares em créditos alegadamente irregulares. Mais mil milhões do que as suspeitas iniciais. Tudo normal, portanto.
Em Agosto de 2015 o Departamento Central de Investigação e Acção Penal de Portugal suspeitava que o empresário angolano, Álvaro Sobrinho branqueara 80 milhões de euros. Por isso cinco apartamentos seus foram arrestados e convertidos em definitivo a favor do Ministério Público.
Segundo o jornal português Correio da Manhã, os cinco apartamentos de luxo situam-se no Estoril Sol Residence, em Cascais. Apenas um deles estava em nome de Álvaro Sobrinho e da mulher, os restantes quatro foram transferidos para os filhos do empresário.
Álvaro Sobrinho fez carreira no mundo dos negócios pela mão de Ricardo Salgado. Começou no BES como director e chegou a presidente executivo do BES Angola, em 2001, onde ficou até Outubro de 2012. Neste cargo, o banqueiro tornou o banco num verdadeiro pipeline por onde passaram milhares de milhões de dólares em créditos obscuros.
“Como é costume nestes casos, as auditorias internas do BES não indicavam problemas na filial angolana, os accionistas locais (generais Kopelipa e Leopoldino do Nascimento, entre outros) não se queixavam de nada e a consultora KPMG nunca soou alarmes. O BESA recebia prémios internacionais”, observou Jorge Costa num artigo publicado na altura no Esquerda.net.
A garantia concedida pelo Estado angolano para salvar o BES Angola ascendeu a cinco mil milhões de dólares, nada menos que o valor equivalente ao do famoso fundo soberano do país, lançado com estrondo e entregue – pois claro! – ao filho de sua majestade o rei de Angola, José Eduardo dos Santos.
A dimensão deste resgate dava uma ideia sobre a dimensão da acumulação privada neste episódio, equivalente a 80% da carteira de crédito do BESA. Alguns “clientes” levantavam numerário que só poderia ser transportado em camiões.
No mesmo artigo referia-se que no centro deste desfalque estiveram os protagonistas centrais da presença africana do grupo Espírito Santo em África ao longo de mais de uma década, “o núcleo duro do BES Angola e da ESCOM (Espírito Santo Commerce), o braço do grupo para Angola, disperso pela mineração e construção de infra-estruturas, aeroportos, estradas, saneamento, habitação.” Também em Portugal, a Escom foi agente financeiro e banco paralelo do grupo Espírito Santo em casos como os dos submarinos ou o Portucale.

Dona Marta… dos Santos

Episódio relevante foi o que envolveu Marta dos Santos, irmã de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos, por “casualidade” Presidente do MPLA, chefe do Governo e Presidente da República, e em que se tentou justificar o injustificável, ou seja, as picadas por onde trilharam os mais de 800 milhões de dólares, sacados do BESA.
Sacados quer dizer, na linguagem do regime, empréstimo sem retorno. Linguagem essa que tem um código que abre todos os cofres e não exige pagamentos: José Eduardo dos Santos.
Mas, é claro, embora tenha sido um empréstimo a fundo perdido, teve de ser rentabilizado. E foi assim que nasceu o elitista Colégio Angolano de Talatona.
E assim, a irmã feita compulsivamente empresária, dá vivas à falência do BESA e à corrupção institucional, que lhe permite ficar com dinheiro de outros a custo zero.

BES vezes BESA igual a roubo

Aquela que muitos consideram, uma especializada quadrilha de larápios, não pára de surpreender pelos tentáculos financeiramente dantescos.
De audição em audição, na Assembleia da República, em Portugal, os ex-homens fortes do BES, surgiram com novas revelações, que nos levam a acreditar, termos andado, durante muito tempo enganados, melhor, copiosamente enganados, por uma espécie de corja endinheirada, que manipulava e manipula com maestria dados financeiros, para se beneficiar, defraudando clientes e o sistema bancário de vários países. Vistos como iluminados financeiros, transitavam com a máxima impunidade e imunidade pelos corredores do poder de diferentes países.
O grupo criou ao longo do percurso a ilusão de ser uma muralha sólida de betão financeiro, mas, afinal, nada mais eram que uma espécie de “santidade” mafiosa. Especialistas na exploração da debilidade bancária de alguns países, cujos líderes precisavam de um “esgoto legal” capaz de desviar dinheiro público, para alimentar contas bancárias privadas de corruptos e corruptores, trafegaram milhões e milhões de dólares e euros, entre Portugal, Angola, Venezuela, Guiné Equatorial, etc.. Em alguns destes países tinham carta branca dos respectivos líderes, eles também, autênticos “desviadores cabriteiros” do dinheiro do erário público dos respectivos Estados.
Em muito pouco tempo, o mundo viu a rápida transformação de proletários em proprietários. Vorazes e insensíveis ao sofrimento dos respectivos povos, escancaram as portas dos cofres bancários e, num toque de mágica, emergem “corruptamente” como milionários, bilionários e afins…
Em nome do pai, do filho e do espírito santo, amém, são autênticos larápios, que não se coíbem de mentir descaradamente, quer como falsos vendedores de ovos ou descendentes de famílias ricas. Invertebrada mentira.
Os angolanos cuja higiene mental ainda está preservada, ficaram estupefactos quando ouviram o ex-presidente do BES Angola (BESA), Álvaro Sobrinho dizer, em sede do Parlamento português, ser oriundo de uma família rica, razão justificativa da proveniência dos milhões e milhões de dólares acumulados nos últimos anos, que lhe permitiram adquirir, milionariamente, um conjunto de empresas, que vão da comunicação social, industrial a clubes de futebol. É pura mentira a proveniência ser familiar, disse ao F8, uma fonte que bem conhece a família.
“Faço parte de uma família angolana com posses. Os meus pais compraram-me uma casa em Cascais e um carro e vim para Portugal estudar”, justificou, acrescentando: “Eu tenho os investimentos que eu tenho, mas não é o âmbito desta comissão. Quando esta comissão colocar estas perguntas a todas as pessoas que aqui vêm, que até podem ter mais do que eu, poderei responder”. Esquisita justificativa, pois se iniciou deveria fundamentar, para não deixar suspeições, porquanto os anos de trabalho não seriam bastantes para aquisição do seu actual património.
“Entre 2002 a 2012 trabalhei como presidente da Comissão Executiva do BESA e vice-presidente do Conselho de Administração do BESA. Saí da ESAF em finais de 2001 para começar com a operação [do BESA] que começou em 2002″, disse Álvaro Sobrinho.
A sua família, na realidade tinha pequenos negócios de sobrevivência, como a maioria dos autóctones angolanos, cuja receita mensal e anual, não dá para comprar a pronto um apartamento em Aveiras de Cima, na grande Lisboa. Nunca teve uma fábrica industrial, uma mina de diamantes, um poço de petróleo, uma empresa de camionagem, uma cadeia hoteleira, nada salvo o mais visível ser uma discoteca.
A ostentação de riqueza deriva do “cabritismo” bancário inspirado na lógica do regime de “roubar ser um dever revolucionário”, daí ser uma política institucional, com base nestes “cabos de guerra” bancários, transformar os dirigentes do regime em milionários, como base em ordens superiores, baixadas em papelinhos.
Em função das facilidades com que era orientado para “transitar” milhões de dólares, muitas vezes, diz-se, com chancela presidencial, para contas particulares de servidores públicos, incluindo militares generais, nada obstava a que pudesse utilizar a máxima de “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”.
Não é por mero acaso e isso, não disse por ser, na sua opinião, segredo bancário, que dois dos potenciais sócios do BESA, foram Manuel Hélder Vieira Dias Júnior Kopelipa e Leopoldino Fragoso do Nascimento, respectivamente chefe da Casa de Segurança do Presidente da República e assessor do chefe da Casa de Segurança, os generais no activo mais ricos do mundo, sem nunca terem inventado uma bala ou arma. Como morre de inveja o russo Kalashinikov, inventor da arma mais famosa do mundo a AKM.
Folha 8 com Observador

LUANDA: O Jornalista Português e ex-correspondente da RTP Paulo Catarro, Semeou e a Recompensa Aí Está

O Português PAULO CATARRO SEMEOU
E A RECOMPENSA AÍ ESTÁ


catarro

Para sua majestade o rei de Angola, José Eduardo dos Santos, “jornalista” bom, e que quer continuar vivo, é aquele que não viu nada, nada ouviu e que faz tudo para agradar ao regime de quem, aliás, recebe benesses. O mais recente paradigma desta tese chama-se Paulo Catarro.

Por Orlando Castro
Paulo Catarro deixou a RTP ao fim de 27 anos ao serviço da estação pública portuguesa. A sua decisão, disse, foi “muito ponderada”. Foi correspondente da RTP em Angola desde 2009. Pouco tempo depois converteu-se profissionalmente ao MPLA, foi-lhe retirada a coluna vertebral e atestada a conta bancária. Hoje é assessor da maior empresa do regime, a Sonangol.
Recordo o que escrevi em 25 de Setembro de 2011. Nesse dia afirmei que o correspondente da televisão pública portuguesa (RTP) em Angola, Paulo Catarro, não colocou no ar as imagens mais expressivas (do ponto de vista jornalístico) da manifestação de hoje na capital do reino de José Eduardo dos Santos.
Tratou-se de um legítimo direito editorial? Com certeza que sim. Pena é que esse direito tenha sido exercido depois de um – presumo que ameno – diálogo com Gonçalves Inhajika, assessor de Eduardo dos Santos.
Embora possa tratar-se, parafraseando um velho amigo português de Eduardo dos Santos, de seu nome José Sócrates, de uma campanha negra contra Paulo Catarro, o correspondente da RTP tem a reputação de ser simpático com a causa do regime angolano. Relembro. Isto foi o que escrevi em Setembro de 2011.
Conta-se em Luanda (continuo a recordar esse escrito de 2011) que Paulo Catarro foi um dos agredidos na manifestação do dia 3 Setembro, embora na reportagem então enviada nada tenha dito sobre isso.
Dias depois circularam em Luanda rumores nunca desmentidos insinuando que teria recebido alguma recompensa por parte das autoridades angolanas. O último capítulo foi agora escrito. Paulo Catarro, enquanto suposto jornalista, nunca foi sério e as suas tentativas para parecer sério foram sempre efémeras.
Seja como for, e é sempre como o regime quer, o MPLA continua a escolher bem, muito bem, quem quer em Angola. Está no poder desde 1975 e, por isso, confunde país com partido, partido com Estado, Estado com a família Eduardo dos Santos.
Quem no dia 7 de Março de 2011, a propósito da (não) manifestação contra o regime de José Eduardo dos Santos (o tal presidente da República que, apesar de nunca ter sido nominalmente eleito, está no poder há 38 anos) viu o noticiário da RTP e da SIC ficou a saber o que é propaganda e o que se aproxima do Jornalismo.
A televisão oficial do regime português (seja ele socialista, social-democrata ou democrata-cristão) fez, e muito bem, um exercício de pura propaganda e de bajulação ao regime angolano. Já a SIC andou muito perto do que é o Jornalismo sério e objectivo.
“A RTP, que é sumptuosamente sustentada pelo dinheiro dos contribuintes portugueses, deverá ter igualado o trabalho da sua congénere angolana, sendo de prever que o seu “jornalista” residente, Paulo Catarro, venha a ser condecorado pelo regime de Eduardo dos Santos”, escrevi nesse longínquo 25 de Setembro de 2011. Não foi ainda condecorado (sê-lo-á, com certeza, em breve), mas teve a choruda recompensa ao entrar para essa máquina de fazer, e roubar, dinheiro do Povo e que dá pelo nome de Sonangol.
O regime angolano, com a cobertura de muitos países da comunidade internacional, incluindo Portugal, dá-se ao luxo de impedir a entrada de jornalistas que não lhe garantam fidelidade, bem como de escolher os que – dentro da fidelidade – mais caninos são. Paulo Catarro, está agora provado o que escrevemos em 2011, é um belo exemplar desses cães de fila.
A RTP esteve, está e estará, aliás, a seguir a sua tradição. Recordo-me que Luís Castro, outro jornalista da televisão pública portuguesa, esteve em Setembro de 2008 como enviado especial em Luanda, e de lá falou como se Angola fosse apenas o que o regime quer que se julgue que é.
Nessa altura, tal como depois Paulo Catarro, descobriu – o que só revela um aturado trabalho jornalístico – que, entre outras pérolas, “Há muito para contar”, que “Angola está em obras”, que os “Maiores bancos portugueses estão em Angola e têm lucros significativos”, que “Milhares de portugueses procuram oportunidades em Angola” e que “Estas são as primeiras eleições em 16 anos”.
Certamente por deficiência minha, nunca vi Luís Castro ou Paulo Catarro dizer ao mundo que mais de 68% da população angolana vive em pobreza extrema e que a taxa estimada de analfabetismo é de 58%.
Certamente por deficiência minha, nunca os vi dizer ao mundo que mais de 90% da riqueza nacional privada foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% da população.
Certamente por deficiência minha, nunca os vi dizer ao mundo que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos.
Certamente por deficiência minha, nunca os vi dizer ao mundo que o silêncio de muitos, ou omissão, se deve à coacção e às ameaças do partido que está no poder desde 1975.
Certamente por deficiência minha, nunca os vi dizer ao mundo que Angola é um dos países maus corruptos do mundo e que tem a maior taxa de mortalidade infantil do mundo.
Certamente por deficiência minha, nunca os vi dizer ao mundo nada de substancialmente diferente do que o apresentado pelo Jornal de Angola, pela TPA ou pela RNA.
“Está portanto na altura de, como certamente fará o regime angolano, Portugal também condecorar estes profissionais pelos altos serviços prestados aos regimes irmãos de Angola e de Portugal”, dizia eu a terminar esse artigo escrito em Setembro de 2011.
Angola já fez 50% do que se esperava. Deu-lhe um tacho na Sonangol pelos altos serviços prestados ao MPLA. Só fica a faltar a condecoração.
Se ainda estivesse Miguel Relvas no governo e Paulo Catarro já teria sido condecorado por Portugal. Mas os serviços prestados à causa pelo ex-correspondente da RTP serão, creio, recompensados em breve.