quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

FRANKFURT: Em Entrevista DW África, O Escritor Jornalista Angolano José Eduardo Agualusa Afirma, que o Presidente Angolano José Eduardo dos Santos terá com a maior urgência negociar a sua saída do poder


José Eduardo dos Santos tem de negociar a sua própria saída do poder, diz Agualusa

Fonte: DW África

27/01/2016

José Eduardo dos Santos tem de negociar a sua própria saída do poder, diz Agualusa
No último sábado, o escritor angolano José Eduardo Agualusa esteve em Frankfurt, aqui na Alemanha, num encontro literário. A DW África aproveitou a oportunidade para entrevistá-lo também sobre a atual crise político-social e económica que Angola atravessa.
DW África: Várias correntes, não só em Angola, acreditam que a queda vertiginosa da economia angolana pode acelerar o descontentamento social e com isso a revolta social. O Agualusa tem a mesma perceção?
José Agualusa (JA): Isso tem sido afirmado por instituições em todo o mundo. Também em Angola vários partidos políticos da oposição chamaram a atenção para isso. O velho Marx dizia "as condições objetivas estão reunidas, faltam as condições subjetivas". No fundo falta haver uma liderança que dirija esse descontentamento, porque ele está lá, porque as pessoas estão muito revoltadas e com todos os bons motivos para isso, porque, por um lado, a boa esmagadora maioria dos angolanos vive na miséria com extrema dificuldade e, ao mesmo tempo, olhando para quem controla o país percebem que essas pessoas vivem no luxo e é um luxo visível, que se faz questão de mostrar. Porque podia ser ocultado, mas os novos ricos angolanos fazem questão de exibir as suas riquezas, criaram revistas de modo a exibirem a sua riqueza. Portanto, é quase impossível não haver uma revolta, o estranho é não ter havido antes. Todos nós estamos a espera que aconteça alguma coisa nos próximos meses, porque é difícil que não aconteça. No primeiro dia do ano aumenta-se o preço dos combustíveis sabendo que há uma série de serviços que dependem desse preço e, que portanto, a vida das pessoas comuns vai piorar muito, é uma loucura, não faz o menos sentido. Ao invés de se abrir politicamente, de se tentar falar, estou a falar do Presidente da República [José Eduardo dos Santos], que podia abrir o país a democracia, encetando negociações com as forças políticas da oposição, ouvindo os jovens, as igrejas, todas as forças sociais, em vez disso está-se a prender jovens sob acusação de golpe de Estado? Uma acusação na qual ninguém acredita? Em vez disso está-se a perseguir jornalistas? Não faz o menor sentido, é tudo errado. Do ponto de vista estratégico de sobrevivência, parece tudo errado.
DW África: Falou agora nos jovens ativistas que foram detidos, que estão a responder a um processo. E não são só eles, há o caso Mavungo em Cabinda, o caso Kalupeteka, há vários casos que estão a criar grande tensão em Angola. Com essa repressão e demonstração de força por parte do Governo, pode interpretar-se que ele se sente acuado?
JA: É difícil tentar explicar o inexplicável. Mesmo falando com dirigentes do partido no poder, na intimidade, depois de se desligar os microfones, todos eles, todos, dizem-me "gerimos mal esta situação", o caso dos jovens presos. Parece óbvio que sim, porque a imagem do Presidente foi muito afetada ao longos desses últimos seis meses por uma ação absolutamente disparatada e que só projetou a imagem dos próprios jovens internacionalmente. O Luaty era uma figura quase desconhecida fora de Angola até ser preso e hoje não é, é uma figura muito conhecida, e além do mais, esse é um ponto positivo de todo este processo, que ele deu origem a um movimento grande de solidariedade que começou em Angola nas redes sociais e que juntou artistas plásticos, escritores, cantores, enfim, produtores de cultura, muitos dos quais ligados a famílias próximas do poder, famílias próximas do próprio Presidente José Eduardo dos Santos. Ou seja, levou a discussão da democracia para o interior do próprio partido, o que é muito interessante. Eu acredito que se houver mudança dentro dos próximos dois meses, continuo a acreditar que elas têm de vir de dentro, do próprio partido, de personalidades de dentro do partido. Evidentemente não é o Luaty Beirão que consegue dar um golpe de Estado. O Luaty não tem se quer a pretensão de o fazer, ele sabe qual é a sua dimensão, mas há gente do partido MPLA que pode, que está em condições, e dentro do exército que está em condições de operar mudanças. O que eu espero é que essas mudanças partam de dentro do partido e sejam feitas de forma pacífica juntamente com as forças sociais e os partidos da oposição de forma a não termos em Angola um quadro semelhante àquele que aconteceu, e isso é uma coisa que o MPLA tem estado a chamar à atenção, a primavera árabe. Foi um desastre, vejam o que aconteceu na Líbia. Nenhum de nós quer que aconteça em Angola o que aconteceu na Líbia. Já não seria mau se acontecesse o que aconteceu na Tunísia. Este país é fruto da primavera árabe, incialmente esses elementos do MPLA falavam na Tunísia, felizmente já deixaram de o fazer. Eu não ficaria nada incomodado se acontecesse em Angola o que aconteceu na Tunísia. Mas não quero o que aconteceu na Líbia, evidentemente. Mas na Líbia o que aconteceu foi devido ao seu próprio Presidente Kadafi que partiu para a violência, para a guerra, quando teve tempo suficiente para abandonar o poder de forma pacífica e negociando uma democratização do país. É sempre bom, o importante é dizer a todas forças políticas em Angola neste momento que a solução passa sempre pela negociação, inclusive para o Presidente da República. Ele ainda vai a tempo de abandonar o poder de forma pacífica, com dignidade, mantendo inclusive a sua fortuna pessoal, ainda vai a tempo. Mas a cada dia que passa a porta vai ficado mais estreita.
DW África: Nos últimos tempos o Governo tem dado a cara, tem se defendido, como aconteceu por exemplo com o embaixador itinerante António Luvualo de Carvalho quando foi do debate em que o Agualusa também participou, e de outros membros do MPLA que vem a público defender-se, o que não acontecia. O MPLA mantinha-se em cima sem contacto com as massas. Na sua opinião, a que se deve esta viragem?
JA: O que acontece é que o Presidente da República tentou sair desta situação da forma mais superficial possível através de uma operação de cosmética, ou seja, tentando criar um grupo, não foi só o embaixador Luvualu, que a meu ver é uma pessoa extremamente inteligente e competente, mas ao qual foi dado um trabalho muito difícil. A questão já não é dar uma melhor imagem, já não passa por aí. Aliás, viu-se, essa operação não resultou, a imagem do Presidente nos últimos meses ficou extremamente degradada, não melhorou com essa situação e nem vai melhorar porque já não se trata de operações de cosméticas. Neste momento só melhorará com ações concretas, o Presidente tem de dar sinais claros, evidentes de que quer a democratização do país, de que quer a pacificação do país. E só conseguirá isso negociando com as forças da oposição, marcando eleições, não apenas legislativas, mas autárquicas. É bom dizer que Angola nunca teve eleições para o poder local, e não há democracia sem poder local, portanto, não há democracia em Angola. E negociando o seu próprio afastamento, porque não é possível continuar a acreditar que o regime mudou tendo o mesmo Presidente há 36 anos. Portanto, o Presidente tem de negociar a sua própria saída.
DW África: O ano começou há relativamente pouco tempo. Quais são as suas perspetivas para 2016 para Angola, tomando em conta toda esta conjuntura, a crise económica, a tensão político-social, com os julgamentos em curso?
JA: A verdade é que este ano vai ser o ano de todos os sobressaltos. Eu acho que o partido no poder está a preparar a tempestade perfeita. Agora, vamos ver o que vai acontecer... Eu acho que vai ser um ano muito tenso e provavelmente com grandes surpresas.
DW África: Terá falado sobre a era pós-petróleo numa da suas obras...
JA: Sim, sim... já sei o que é, uma crónica sobre isso. Escrevi um livro "Barroco Tropical" que foi publicado na Alemanha também. Ação do livro acontece em 2020 e é assustador porque ainda há pouco falava com o meu tradutor e ele dizia que aquilo que se passa no livro parece que está acontecer. Quando se escreve um livro deste, quando alguém escreve uma distopia, é para chamar à atenção sobre os problemas. Não é com a intenção de profetizar acontecimentos, é com a intenção de chamar à atenção para problemas esperando que eles sejam resolvidos. A questão é que não foram. E aquilo que já era evidente na época, que uma economia exclusivamente assente no petróleo poderia ter problemas no futuro está realemente a acontecer.
DW África: E vê algum esforço do Governo angolano em diversificar a economia, algum resultado visível? Porque esse discurso já é antigo...
JA: A falta de resultados está na situação atual. A Noruega não tem nenhum problema, o petróleo está em baixa, está a atingir muitos países, mas a gente ouve dizer que a Noruega está em crise? A Noruega não está em crise, preparou-se para esta situação. O país investiu dinheiro do petróleo seriamente no desenvolvimento global do país de forma a poder sobreviver sem petróleo, tão simples como isso.
DW África

LUANDA: Reeleição de Samakuva foi um Tiro no Próprio Pé - Fonte: Club-k.net/Raul Diniz

REELEIÇÃO DE SAMAKUVA FOI UM TIRO NO PRÓPRIO PÉ
Todos quantos ansiosamente esperaram da parte de Isaías Samakuva um gesto de puro altruísmo e de desapego pelo poder, ficaram atônitos com o anuncio da sua recandidatura e consecutiva reeleição.  Acredito até, que os menos atentos tenham ficado perplexos com o jogo de cartas marcadas, utilizadas pelo líder da UNITA para manter-se incólume na presidência do partido do galo negro por mais 5 anos.
Fonte: Club-k.net/Raul Diniz
27/01/2016
 A UNITA esta ofuscada, enfraquecida e totalmente descompensada na sua essência. Os militantes e simpatizantes podem tirar o cavalinho da chuva, pois, o presidente vitalício da UNITA Isaías Samakuva, não conseguirá jamais desatar o nó de convivência promiscua de conjunção carnal que existe entre sua organização politica, e o partido da situação, comandado pelo também presidente vitalício da república.
A UNITA com Samakuva não tem força nem capacidade para lutar e vencer os desafios políticos da atualidade em Angola, num momento crítico em que as movimentações sociais exigem a requalificação imediata da democracia. O partido do galo negro está irreconhecível, ninguém mais acredita nela, porque em nada se diferencia do modus operandi do partido MPLA no poder a 40 anos.
Quando um presidente partidário afirma não estar preparado para deixar o poder, e ainda se considera útil para conduzir a agremiação politica que dirige há 14 ininterruptos anos sem nunca ter ganhado um único pleito, é porque esse dirigente é de todo fraco, frágil e insignificante perante a grandeza do que já foi a UNITA num passado recente. Nenhum líder verdadeiramente democrata pode adjudicar a si a responsabilidade de ser o fator unidade no interior de uma organização político-partidária.
A UNITA vai quebrar ainda mais, e então tudo virá à tona, e será visto a olho nu o inegável motivo do seu descarrilamento. O motivo desse inefável abismo que se aproxima a passos largos enegrecendo de sobremaneira o futuro da UNITA tem um rosto e um nome, o rosto e o nome pertencem à mesma pessoa, Isaías Samakuva. Espero sinceramente não vir a ter razão.
Isaías Samakuva ao não retirar-se de cena antes da realização do passado congresso, condenou automaticamente o seu partido a um imediato fracasso demolidor de notáveis proporções. A UNITA irá em breve pagar um preço alto por não ter aceitado realizar mudanças significativas no seu interior, que ajudassem a alterar o cenário político-partidário, que de certa maneira ajudou a degradar.
A UNITA não somente está fraca, como também se encontra totalmente desconjuntada. A sua efervescente militância e os simpatizantes conhecem bem dessa verdade indescritível.
Isaías Samakuva decepcionou uma grande fatia da sociedade que aguardava melhorias no interior da UNITA com o anuncio do congresso sem a sua participação, infelizmente erraram nas suas avaliações. Pois, na verdade, esperam demasiado em alguém que nada tinha para dar e nem para acrescentar a um país inteiro esfomeado por mais cidadania e maior empenho democrático das lideranças em prol de uma democracia representativa com significativos valores enobrecidos.
Isaías Samakuva não acredita que a democracia também pode e deve vingar em Angola. O presidente vitalício da única é daqueles profetas que professam a mentira como dogma da doutrina partidária arregimentada.
Profetas da estirpe do presidente da UNITA apresentam-se sempre com a mente preenchida de extremosas doutrinas enganadoras. Afirmam com altivez induzindo os apoiantes a aceitar a aceitar o dito pelo não dito. Os apoiantes da UNITA segundo o pensamento de Samakuva, precisam apenas fazer o que eles ele diz e não o que ele faz. Quer dizer, o que vale para Samakuva não vale para a democracia pluralista, ambicionada pela maioria dos angolanos. O velho Same age de uma maneira declaradamente antidemocrática, e antirrepublicana.
Desde o assassinato do grande líder angolano e fundador da UNITA dr Jonas Malheiro Savimbi, os maninhos continuam infelizmente a sentir-se politicamente órfãos. O excesso de zelo decadente de Samakuva de fazer-se passar por insubstituível na manobra de realizar politica no interior da UNITA, demonstrou uma enfática falta de caráter social patriótica.
Infelizmente para nós membros do MPLA, que não nos revemos na atual direção antipopular do MPLA/JES, de maneira nenhuma conviveriam pacificamente com os ideais defendidos pelo presidente reeleito da UNITA, nem nos confortaria apoiar no próximo pleito eleitoral essa degradada direção decadente UNITA de hoje. Não há respaldo acolhedor algum na mensagem deixada por Isaías Samakuva no ardor temporal, que marcou a sua quarta reeleição a presidência do partido.
Não existe motivação nenhuma que leve a militância insatisfeita com “M” de JES, a aderir o partido controlado por Samakuva. Isaías Samakuva decidiu seguir o mesmo caminho que o seu insigne professor José Eduardo dos Santos. O presidente da UNITA prefere seguir em igualdade de circunstancias as pegadas do ditador. A preferencia de Samakuva é a de apoiar ousadamente à doutrina maniqueísta e impopular introduzida no país através do MPLA.
Se se fizer uma corajosa inflexão realística, e o mais possível equidistante perceber-se-á, que na UNITA, após o congresso vive momentos de invulgar conflitualidade interna, que demonstra existir um quadro politico de insano derrotismo. Essa é uma realidade a todos os níveis inquestionável, pois tanto a UNITA como Isaías Samakuva presidente da organização, ambos veem de derrotas em derrotas consecutivas. Essa situação produz duvidas quanto ao futuro do partido, e abre feridas profundas difíceis de cicatrizar. Porém, Samakuva não soube gerir a situação, e acabou por afundar ainda mais o partido dos maninhos no profundo oceano de incertezas.
O dr Isaías Samakuva esta demasiado distante de algum dia ser aceite pela maioria dos angolanos para se tornar líder para ajudar a mudar os caminhos disformes de Angola.
O dirigente máximo do galo negro confundiu a militância da UNITA como sendo o todo dos angolanos. Para ganhar eleições em Angola, a UNITA teria de reinventar-se e deixar de confundir Angola com a pequenez da UNITA de hoje que não passa de uma organização anã regionalista.  O presidente da UNITA tem passado a ideia que não vive no planeta terra, até parece não morar em Luanda!
Como pode o presidente vitalício da UNITA não ter percebido que no atual quadro institucional vigente, a UNITA jamais será poder em Angola.
 É preciso ser demasiado cego para não entender que, com discursos evasivos e cheios de nebulosidade não se chega nem próximo da cidade alta. Qualquer que seja o candidato do MPLA que o líder lírico da UNITA enfrentar em 2017, esse o derrotará facilmente. Mesmo que o candidato a inquilino da cidade alta provenha da prole de Dos Santos, ainda que seja o imprestável filho gatuno do pai presidente ditador, Filomeno dos Santos Zenú, Isaías Samakuva, o candidato confirmado da UNITA sairia facilmente derrotado no próximo pleito eleitoral já terminantemente fraudulento de 2017.
O presidente da UNITA é de facto uma piada ridícula, felizmente Samakuva não é um enigma difícil de decifrar para maioria dos angolanos. 
As constantes reeleições de Isaías Samakuva que somam já 14 anos afrente do partido transformaram-se numa inevitável piada ridícula com contornos maquiavélicos. É inviável e praticamente impossível para a militância partido do galo negro ver nos próximos anos o sonho de ser poder em Angola. Samakuva é um visionário retrogrado a sua desmedida ambição transformou-o num tremendo fracasso devocional no xadrez politico nacional. Na verdade a natureza do pensamento político do dr Isaías Samakuva, acerca da socialização político-partidária angolana, não é de elevada honestidade intelectual, e muito menos seus pensamentos têm o pendor da inteligência e humildade necessária para um dirigente democrata.
O presidente Isaías Samakuva, é um inusitado blefe desesperante para a futura geração de militantes da UNITA.
Se considerar-se a apetência atipicamente obsessiva do apego desmedido de Samakuva pelo poder, fica explicada a sua peregrinação sistemática em busca do poder pelo poder. Só assim entender-se-á a razão existencialista de Samakuva, que é a responsável debilitadora do estado emocional do presidente do partido do galo negro, que em outra vertente percebe-se que prejudica a dinâmica inexistente, que se tornou no passado a marca registrada da politica original determinista, que marcou no passado a UNITA de sempre colocar-se do lado mais fraco da barricada, ao lado da maioria da população sofrida.
Essa inigualável diferença marcou a ideologia da UNITA de Savimbi, enquanto o veterano dirigente angolano foi presidente do partido. A situação de Samakuva é cada vez mais insustentavelmente decadente, e afeta em demasia a constância do pensamento intelectual da classe inteligente dos seus militantes de poderem pensar por si mesmo sem medo em desafiar os rumos escolhido por Samakuva sobre o futuro que Angola levará.