sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

CABO: Desmond Tutu, aliado de Mandela, não foi convidado para o enterro, diz jornal

Desmond Tutu, aliado de Mandela, não foi convidado para enterro, diz jornal

O partido governista da África do Sul, Congresso Nacional Africano (CNA), recebeu críticas por não ter convidado o ex-arcebispo e aliado de Nelson Mandela na luta anti-apartheid, Desmond Tutu, ao enterro do líder em Qunu, no domingo.

Fonte: MSN
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
13.12.2013
Tutu, que se tornou um crítico do governo, foi uma figura importante na campanha pela libertação de Mandela da prisão.
O fato de não ter sido convidado foi visto como uma atitude mesquinha e política do partido, segundo o "Guardian".
Cerca de cinco mil pessoas vão participar do funeral na vila onde Mandela cresceu.
A filha de Tutu, chefe da sua Fundação, afirmou que "o arcebispo não foi credenciado para o evento e, portanto, não vai estar presente". A Fundação não quis fazer mais comentários.
Bantu Holomisa, um ex-político do CNA, disse que "deve haver um erro". "Ele deveria ser a primeira pessoa convidada", comentou.
Um porta voz da família de Mandela comentou que a família não está envolvida em quem atenderá ou não ao enterro. "É o Estado que está incentivando as pessoas a participar ou não participar. Eu não estou ciente de qualquer exclusão", disse.
O CNA não respondeu a pedidos para comentar o caso.

COLORADO/USA: Aluno mata dois colegas e de seguida se suicida num colégio doColorado

Aluno mata dois colegas e se suicida num colégio do Colorado

Imagem da televisão mostra estudantes da escola Arapahoe High School, em Centennial, em 13 de dezembro de 2013
Imagem da televisão mostra estudantes da escola Arapahoe High School, em Centennial,
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
13.12.2013

O aluno de um colégio do Colorado, no oeste dos Estados Unidos, feriu dois colegas a tiros e cometeu suicídio nesta sexta-feira, informaram as autoridades.
"O suspeito foi encontrado no interior do colégio e claramente se matou com um tiro", disse Grayson Robinson, xerife do condado de Arapahoe.
O incidente ocorreu na Arapahoe High School, em Centennial, nos arredores de Denver, que foi isolada pela polícia, assim como outras escolas da região.
Centennial está situada na mesma região de Aurora, cidade onde no ano passado um jovem matou 12 pessoas em um cinema durante a pré-estreia do filme "Batman, o Cavaleiro das Trevas Ressurge".
A Arapahoe High School tem cerca de 2.200 alunos.

CABO: Alegado interprete de língua gestual no funeral de Mandela já tinha sido acusado de vários crimes

Alegado intérprete de língua gestual no funeral de Mandela já tinha sido acusado de vários crimes

Não foi a primeira vez que Thamsanqa Jantjie fez de tradutor no funeral de um activista anti-apartheid. Homem insiste que é um intérprete certificado por uma universidade que não existe.
Thamsanqa Jantjie ao lado de Obama
Fonte: Kevin Lamarque/Reuters
Divulgação: Planalto De malanje Rio Capôpa
 13.12.2013
Homicídio, violação, assaltos a residências e sequestros. O alegado intérprete de língua gestual que acompanhou as cerimónias fúnebres de Nelson Mandela na terça-feira enfrentou no passado uma mão cheia de acusações criminais. E esta foi a segunda vez que inventou gestos no funeral de uma importante figura da luta anti-apartheid na África do Sul.Segundo avança nesta sexta-feira o canal de televisão sul-africano eNCA, que teve acesso a documentos judiciais, Thamsanqa Jantjie, de 34 anos, foi acusado de homicídio, tentativa de homicídio e sequestro em 2003, juntamente com outras pessoas. O processo foi remetido para o Tribunal Superior de Gauteng em 2004 e concluído em Novembro de 2006, mas desconhece-se o resultado.
Já antes tinha sido acusado de violação, em 1994, crime do qual foi absolvido. Em 1995 e 1997 foi acusado de roubos e assaltos a residências, pelo que foi condenado a três anos de prisão. Não se sabe se cumpriu a sentença.
O suposto intérprete, que a Federação de Surdos Sul-africana diz ser “falso”, disse nesta quinta-feira ao jornal Star de Joanesburgo que sofre de esquizofrenia e que teve um ataque durante o evento. Jantjie disse que começou a ouvir vozes e a alucinar enquanto estava em palco, ao lado de figuras como o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que esteve presente no funeral de Mandela – o líder histórico da África do Sul morreu a 5 de Dezembro. Foi por isso, garante, que os gestos que fez não correspondiam ao discurso dos oradores.
Segundo a eNCA, muitas das acusações criminais contra Jantjie foram retiradas precisamente devido aos problemas mentais que o homem diz ter e que o impediam de ser julgado. Jantjie recusou comentar estas acusações e as autoridades não confirmaram nem negaram a existência das mesmas, indica a televisão sul-africana.
Homem já tinha sido denunciado
Esta não foi a primeira vez que a comunidade surda viu Thamsanqa Jantjie no lugar de intérprete num funeral oficial: foi também ele quem traduziu os discursos de homenagem a Albertina Sisulo, que morreu a 2 de Junho de 2011, conhecida como “Mama Sisulu”, activista sul-africana contra o regime do apartheid e viúva de Walter Sisulu, ex-secretário-geral do Congresso Nacional Africano (ANC).
Nessa altura, um assistente gravou o alegado intérprete, escreve o El País. No vídeo pode ver-se o homem a fazer gestos que também parecem não fazer sentido. Segundo este jornal espanhol, a Federação de Surdos da África do Sul denunciou a situação ao ANC, mas não obteve resposta.
O homem garantiu ao Star que é intérprete de língua gestual qualificado por uma universidade britânica, a Universidade de Tecturers, a qual frequentou durante dois anos. No entanto, numa busca na Internet, não existe qualquer referência a esta instituição.
O jornalista pediu-lhe que mostrasse os seus certificados de habilitação, mas Jantjie alegou ter deixado os documentos numa pasta dentro de um carro desde que recebeu um telefonema do gabinete da presidência da África do Sul, a questioná-lo sobre as suas habilitações e detalhes sobre quem procurou os seus serviços. O carro não estava em casa no momento da entrevista, acrescentou.
Jantjie disse ainda que no dia da cerimónia tinha uma consulta marcada no Hospital Psiquiátrico de Sterkfontein para receber tratamento para a esquizofrenia. No entanto, adiou a consulta para poder estar presente naquele momento histórico.
Empresa não existe
O Star acrescenta que teve acesso a documentos que atestam que Jantjie trabalha para uma empresa chamada SA Interpreters e que já prestou vários serviços ao ANC no passado – um deles em Junho passado, pelo qual o ANC terá pago 6000 rands (439 euros). Mas, tal como a universidade, também a empresa parece não existir.
Khusela Sangoni, do ANC, argumentou que Jantjie foi escolhido para acompanhar as cerimónias fúnebres de Mandela porque se ofereceu como voluntário, dizendo que era um intérprete habilitado e com acreditações. Nestas condições, a organização nem sequer confirmou se a empresa na qual ele trabalha existe ou não. “Quando uma pessoa chega e oferece os seus serviços como voluntário, não acho que nesse processo tenhamos de verificar se a empresa é falsa ou não”, afirmou.
O caso levantou questões sobre como é que Jantjie, que esteve lado a lado com Obama e com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, entre outros líderes mundiais, conseguiu passar em todos os procedimentos de segurança. O Governo diz que a segurança nunca esteve em causa, mas está a averiguar como é que o homem obteve autorização para participar na cerimónia.
Já nesta sexta-feira, o ministro de Arte e Cultura sul-africano, Paul Mashatile, disse que o Governo vai regular a profissão de intérprete com uma nova lei, a aprovar no próximo ano. "Pedimos desculpa aos surdos e a todos os sul-africanos por qualquer ofensa que tenham sofrido", disse o Governo, em comunicado. "Esperamos começar a regular a profissão no início de 2014, através da lei do conselho de intérpretes da África do Sul, para que este incidente nunca mais se repita", acrescentou.
 

MAPUTO: EUA e Moçambique não renovam segundo compacto de MCA

Moçambique: EUA não renovam segundo compacto do MCA

A decisão foi baseada no desempenho moçambicano durante o primeiro compacto, nos acontecimentos políticos em curso e no empenho em completar e sustentar os investimentos iniciais.
Fonte: Redacção VOA
Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa
O governo americano não vai contemplar Moçambique com o segundo compacto do “Millennium Challenge Account” (MCA), destinado a financiar infra-estruturas socioeconómicas em países em desenvolvimento.

Contactado pela VOA, um porta-voz do MCC, a agência que gere os comptactos, afirmou que a decisão tinha a ver com a escassez de verbas devido à crise económica dos últimos anos e ao facto de haver novos países candidatos que se inseriram nos padrões necessários para a inclusão no programa.

Moçambique e outros três países candidatavam-se a um segundo pacote.

A mesma fonte acrescentou que a decisão agora tomada não significa que no futuro Moçambique não possa ser de novo incluído se continuar a inserir-se nos padrões estabelecidos.

Por agora a decisão foi baseada no desempenho moçambicano durante o primeiro compacto, nos acontecimentos políticos em curso e no empenhamento em completar e sustentar os investimentos iniciais dos projectos do primeiro compacto.

A este propósito contactamos o ministro moçambicano da Planificação e Desenvolvimento, Auba Cuereneia, para obter a reacção do governo moçambicano.

SÃO TOMÉ: Policia em greve sentem-se coagidos pelo governo

São Tomé: Polícias em greve sentem-se coagidos pelo Governo

Há 24 dias que os agentes da polícia de investigação criminal estão em greve e sem prestação dos serviços mínimos.
Fonte: VOA - Óscar Medeiros
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
Em São Tomé, a comissão dos grevistas da polícia de investigação criminal acusa o governo de coagir os agentes em greve.

Há mais de três semanas que a PIC paralisou as suas actividades para exigir o pagamento dos subsídios de risco e de piquete. É a mais longa greve da história da função pública santomense.

Tony Leal porta-voz da comissão dos grevistas acusa o governo de coacção aos agentes em greve.

A comissão dos grevistas denuncia ainda outras manobras do governo para tentar fracassar a paralisação, entre elas a nomeação de um dos membros da comissão da greve para o cargo de vice-director da instituição.

Os agentes da PIC aproveitaram o debate do OGE para 2014 e enviaram à Assembleia Nacional uma petição exigindo o cumprimento da lei que estabelece o pagamento dos subsídios de risco e de piquete aos polícias de investigação criminal.

O primeiro-ministro Gabriel Costa diz não ter condições financeiras para satisfazer as reivindicações dos agentes mas o Secretário-Geral da UGT-STP (União Geral dos Trabalhadores de São Tomé e Príncipe) Costa Carlos desvaloriza os fundamentos do primeiro-ministro e acusa o governo de falta de interesse em encontrar uma solução para a greve.

BISSAU: Ministro dos Negócios Estrangeiros demite-se

Guiné-Bissau: Ministro dos Negócios Estrangeiros demite-se

Na carta, o ministro responsabilizou "gente ligada à imigração e segurança" e avisou que o caso dos sírios não foi o único motivo que o levou a tomar a decisão.
Presidente Serifo NhamadjoPresidente Serifo NhamadjoFonte: VOA Lassana CassamáDivulgação: Planalto De malanje Rio Capôpa13.12.2013
TAMANHO DAS LETRAS 
O ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional da Guiné-Bissau apresentou ao presidente do Governo de Transição Serifo Nhamadjo o seu pedido de demissão, na sequência do caso dos 74 sírios levados que viajaram na TAP para Lisboa no passado 10 de Dezembro.

Entretanto, Fernando Delfim da Silva explica que o incidente da TAP não foi a única coisa que o levou a tomar esta decisão, mas que foi o final para ele: "Foi provocar um dano enorme à diplomacia guineense e não posso ficar calado, como se nada tivesse acontecido", revela.
 
O ministro responsabilizou "gente ligada à imigração e segurança, estão relacionados com isto".

"Para aquela gente passar aqui uns dias e depois ir para Lisboa como foi, é porque houve cumplicidade entre pessoas que tinham a obrigação de proteger o país e não protegeram", acrescenta.

Delfim da Silva afirma ainda que o incidente arruinou os esforços feitos para o país reconquistar a confiança internacional.

"Estávamos menos mal, estava tudo bem encaminhado e provocaram um dano grande na diplomacia guineense", reforçou.
 

LUANDA: UNITA quer coligação eleitoral da oposição - Disse Isaías Samakuva

Angola Fala Só - UNITA quer coligação eleitoral da oposição - Isaías Samakuva

AFS
Fonte: AFSDivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa

A UNITA quer alargar a cooperação com outros partidos da oposição a uma possível coligação eleitoral, disse o líder da UNITA Isaías Samakuva.

O presidente do maior partido da oposição angolana  comentava no  programa Angola Fala Só o recente anuncio de uma plataforma política da oposição que  inicialmente vai incidir sobre aspectos pontuais

Samakuva disse que a UNITA tem trabalhado “ no sentido de alcançar essa plataforma” eleitoral.

“Até aqui só temos conseguido faze-lo quando temos um propósito comum a defender mas nós queremos definitivamente avançar para uma plataforma do tipo que temos procurado constituir,” acrescentou o dirigente da UNITA.

“Portanto o que foi alcançado foi um bom passo, um passo positivo e vamos continuar para ver se conseguimos alcançar o nosso objectivo,” disse.

Num programa muito concorrido pelo ouvintes da Voz da América as perguntas feitas ao líder da UNITA cobriram uma vasta gama de assuntos desde o estado da democracia em Angola, ao direito á manifestação e à situação em Cabinda.

Isaías Samakuva abordou também em resposta a vários ouvintes recentes declarações do deputado do MPLA João Pinto recordando alegados crimes cometidos pela UNITA durante a guerra.

O presidente da UNITA disse que no passado todos os lados cometeram erros e abusos.

“Não nos devemos preocupar com aqueles que se preocupam com o passado,” disse o dirigente da UNITA.

“Aqueles que se preocupam com o passado não tem planos para o futuro,” acrescentou Samakuva para quem o passado “ é de todos os angolanos”, sendo agora  importante perspectivar o futuro.

Interrogado sobre os casos do desaparecimento e morte dos activistas Isaías Cassule e Alves Kamulingue, o líder da UNITA disse que os casos foram investigados devido ás pressões sobre o governo.

“Não há duvidas que foi preciso uma pressão a nível interno e internacional  para que a procuradoria se pronunciasse,” disse Isaías Samakuva que acrescentou contudo que “há outros casos que não estão a ser investigados”.

O líder da UNITA mencionou o assassinato de dois activistas de base da UNITA em Luanda em que a família viu os assassinos mas cujo caso não foi investigado pela polícia.

Para Samakuva “ vai ser preciso mais pressão” para que outros casos de assassinatos de natureza política sejam investigados.

Vários ouvintes abordaram também a questão dos ex militares que continuam sem receber pensões afirmando que de momento “não vimos nenhuma luz ao fundo do túnel”.

Samakuva disse que a responsabilidade desta situação “lamentável” é do governo.

“É responsabilidade do governo aplicar os acordos de paz,” disse Samakuva.

“É também o seu dever governar,” acrescentou o dirigente da UNITA que afirmou que há urgência em resolver esta questão que “ se pode transformar numa questão explosiva”.

Interrogado por um ouvinte de Cabinda sobre a situação nessa província o dirigente da UNITA disse que para se alcançar a verdadeira paz no território  é preciso negociar “com todas sensibilidades”.

“É preciso escutar aqueles mais representativos,” disse
 

WASHINGTON: EUA E Coreia do Sul condenam execução de tio do ditador Kim Jong-Un

EUA e Coreia do Sul condenam execução de tio de Kim Jong-un

Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
TAMANHO DAS LETRAS 
Os Estados Unidos e a Coreia do Sul condenaram veementemente a execução de tio do líder norte-coreano Kim Jong-un, enquanto a China, aliada de Pyongyang, demonstrou que a medida não iria afectar as relações entre os dois países.

Jang Song-thaek, o número dois do regime comunista, foi acusado de traição e chamado de “pior do que um cão”, segundo a agência de notícias estatal KCNA.

“Se confirmado, este é mais um exemplo da brutalidade extrema do regime norte-coreano. Estamos acompanhando de perto os acontecimentos na Coreia do Norte e consultando os nossos aliados e parceiros na região”, disse a Casa Branca.

O governo sul-coreano, por sua vez, expressou “profunda preocupação”. Um porta-voz do governo disse que o país está “preparado para todas as possibilidades”, numa aparente referência à possível instabilidade na região que poderia resultar com a sentença de morte de Jang Song-thaek.

LISBOA: Regime norte coreano executa tio de líder Kim Jong-Un

Regime norte-coreano executa tio do líder Kim Jong-Un 

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=0FiuTJuFJf8#t=0

Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa

O tio do número um da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, foi executado hoje, depois de ter sido condenado à morte por um tribunal militar especial, anunciou a agência noticiosa norte-coreana KCNA, que o qualifica de «traidor».
A Coreia do Norte tinha confirmado oficialmente na segunda-feira a demissão, por praticar «atos criminosos» e dirigir «uma fação contrarrevolucionária», do influente Jang Song-Thaek, tio de Kim Jong-Un e considerado até há pouco como a segunda figura do regime.

LISBOA: Os guerrilheiros não são terroristas, referência a delapidação e transferência do erário publico angolano para ajudar Portugal a sair da crise em detrimento do bem estar dos angolanos

Os guerrilheiros não são terroristas

Esclareceu o Presidente português que “as autoridades de Angola estão informadas e sabem que, nos termos da Constituição Portuguesa, os nossos tribunais gozam de independência. Agora não podemos é permitir que as instituições portuguesas possam ser usadas como instrumentos da luta política em Angola”.
O recado à Procuradoria-Geral da República, embora não assumido, parece claro: devem ser desconsideradas as denúncias criminais contra dirigentes angolanos, quando a sua promoção tenha origem em cidadãos angolanos, para não permitir que a Justiça portuguesa seja instrumentalizada ao serviço de qualquer dos intervenientes na luta politica interna de Angola. Qualquer pessoa, minimamente informada sobre estas realidades, não pode deixar de pensar imediatamente em Rafael Marques, o jornalista e activista dos direitos humanos que tão incómodo se tem revelado para o poder politico em Angola.
Rafael Marques ainda há pouco mais de um mês recebeu, em Berlim, o Prémio Integrity, atribuído pela Transparency International, justificado pelo "trabalho incansável e corajoso na investigação e denúncia de casos de corrupção em Angola", tarefa que, recorde-se, já lhe valeu diversas estadias nas prisões angolanas.
É evidente que, ao apresentar ou acompanhar queixas criminais em Portugal contra actuações de dirigentes angolanos, Rafael Marques está a travar o seu combate político angolano. Mas também parece evidente que tal facto deve ser irrelevante para as autoridades portuguesas, que só têm de decidir se são competentes ou não para investigar os crimes denunciados e, em caso afirmativo, de obedecer a critérios de objectividade e de legalidade na condução das investigações e na análise das provas apuradas.
Sucede que, nesta complexa sociedade globalizada em que vivemos, as fronteiras entre os países são, cada vez mais, ficções, ao mesmo tempo que se assiste a um brutal reforço do poder dos Estados, em detrimento dos direitos dos cidadãos. A actuação de pessoas como Rafael Marques ou Edward Snowden ou, ainda, Julian Assange é, assim, cada vez mais essencial para garantir espaços de liberdade, para além daqueles que os omnipotentes e omniscientes Estados entendem dever conceder aos cidadãos.
Estas personagens são verdadeiros guerrilheiros globais, mas não podem ser confundidos com terroristas. Não utilizam tácticas de destruição, mas de desocultação. Permitem-nos conhecer aquilo que nos é vedado saber, nacional ou internacionalmente. E mesmo quando, perante a evidência da importância e gravidade daquilo que revelam, os Estados se vêem obrigados a reconhecer as ilegalidades e arbitrariedade praticadas, nem por isso deixam de perseguir e de tentar silenciar estes cavaleiros andantes da nossa época digital.
Em Inglaterra, o comportamento do primeiro-ministro, David Cameron, tentando silenciar o jornal The Guardian, que tem vindo a revelar as informações coligidas por Edward Snowden, a que se veio somar um intimidatório inquérito parlamentar, permite-nos perceber que o facto de um regime ser democrático não garante o respeito dos direitos dos seus cidadãos ou de cidadãos estrangeiros, nomeadamente no que concerne ao direito à privacidade ou à informação quando confrontados com os interesses do Estado definidos de uma forma secreta e, quantas vezes, ilegítima, por meia dúzia de pessoas que dirigem o poder politico executivo em cada Estado ou mesmo um mero departamento ou organização estatal.
Vivemos numa época em que por causa da necessidade da luta contra o terrorismo, as possibilidades tecnológicas, a complexidade e falta de transparência do poder, os pantagruélicos interesses económicos e a inevitável natureza humana levam os Estados, democráticos ou não, a assumir comportamentos profundamente violadores dos direitos humanos, quando não terroristas.
Acresce que, a par e passo com estes novos domínios onde o poder do Estado passou a ser exercido de forma desmesurada, continuam a existir as mesmas práticas de há séculos no que respeita à definição e defesa de interesses vitais dos Estados, nomeadamente territoriais, independentemente da vontade ou desejos dos cidadãos.
No Egipto, a realidade veio demonstrar o acerto das posições radicais: aos partidos islâmicos, não vale a pena jogar no terreno da democracia porque, mesmo que democraticamente eleitos, serão afastados manu militari do poder, com a conivência dos Estados democráticos. E na Ucrânia, por maiores que sejam as manifestações, é evidente que a Rússia não permitirá grandes veleidades.
Abençoados sejam, assim, os Assanges, os Snowdens, os Marques.



 

LISBOA: A Boca de Cavaco Silva Sobre Angola



A Boca de Cavaco sobre Angola
Por Rafael Marques de Morais 
Fonte: Maka Angola
Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa
Reedição: Radz Balumuca
 12 de Dezembro, 2013
O presidente português, Aníbal Cavaco Silva, prestou ontem declarações públicas sobre Angola que são, ao mesmo tempo, animadoras e alarmantes.
 
Segundo a imprensa portuguesa, após um breve encontro com o vice-presidente angolano, Manuel Vicente, à margem do memorial de Mandela em Joanesburgo, África do Sul, Cavaco Silva disse que a “luta política em Angola é feita entre os angolanos e deve ser feita em Angola”.
 
Essas declarações visavam repudiar as denúncias de corrupção e branqueamento de capitais feitas por cidadãos angolanos contra dirigentes angolanos, mas que envolvem empresas portuguesas e o uso de Portugal como lavandaria para o branqueamento de capitais saqueados em Angola. Na sequência dessas denúncias, a justiça portuguesa abriu vários inquéritos preliminares contra dirigentes angolanos e seus familiares suspeitos de branqueamento de capitais, fraude e outros crimes financeiros.
 
Segundo Cavaco Silva, citado pela imprensa portuguesa, os tribunais portugueses não podem ser usados como “instrumentos de luta política em Angola”.
 
As declarações do presidente português, seguindo a lógica cavaquista, são animadoras porque contêm uma fórmula de solução política e económica para as relações entre Portugal e Angola, marcadas por tensões constantes.
 
Os angolanos devem resolver os seus problemas políticos no seu país. Os angolanos também devem usufruir das suas riquezas no seu país. Assim, Portugal deve repatriar os fundos saqueados ao Estado angolano e depositados em bancos portugueses, investidos em empresas portuguesas e em propriedades nesse país. A Angola o que é dos angolanos!
 
Por conseguinte, as riquezas e os investimentos em nome de Manuel Vicente, Isabel dos Santos, general Kopelipa e outros agentes nefários do Estado angolano, que se acham em Portugal, devem imediatamente ser retornados a Angola, para que as suspeitas de branqueamentos de capitais sejam um problema exclusivo da justiça angolana.
 
Seguindo ainda a lógica cavaquista, a situação de crise económica em que actualmente se encontram os portugueses deve ser resolvida pelos portugueses em Portugal. Não devem ir para Angola em busca de emprego, oportunidades de negócios e dinheiro. A crise económica em Portugal não diz respeito aos angolanos e, por isso mesmo, devem procurar emprego em Aljubarrota.
 
No entanto, a visão bizarra de Cavaco Silva sobre o que é a justiça e sobre Angola é mais paternalista do que tacanha.
 
As primeiras investigações a dirigentes angolanos em Portugal, geradoras da polémica actual, resultaram de uma matéria escrita por mim, em 2010, intitulada Presidência da República: O Epicentro da Corrupção em Angola. O referido texto investigativo revelava, entre outros casos, que Manuel Vicente e os generais Kopelipa e Leopoldino Fragoso do Nascimento, então proprietários da Portmill, transferiram a titularidade da empresa para oficiais da guarda presidencial de José Eduardo dos Santos. Estes, por sua vez, surgiram como os compradores de 25 porcento das acções do Banco Espírito Santo Angola (BESA), por US $375 milhões, ao Banco Espírito Santo, um banco português. Publiquei o texto no meu website Maka Angola. Meses depois, recebi uma notificação da polícia judiciária portuguesa para prestar depoimentos e desloquei-me a Portugal para o efeito.
 
É preciso lembrar a Cavaco Silva que eu apresentei queixa em Angola, sobre os casos expostos no referido artigo. A justiça portuguesa cuidou da parte que lhe coube, ao investigar, de acordo com a legislação portuguesa, o envolvimento de uma instituição financeira portuguesa listada na bolsa de valores, numa operação de vulto e sob suspeita. A mim, como cidadão angolano de pleno direito, coube a responsabilidade de intervir junto da justiça angolana.
 
As declarações de Cavaco Silva são alarmantes porque deliberadamente procuram misturar questões de foro judicial, como são as suspeitas de branqueamento de capitais, com as de natureza meramente política.
 
No seu discurso, a 19 de Julho de 2010, na Assembleia Nacional de Angola, o presidente Cavaco Silva disse: “Os valores em que acreditamos — a liberdade, o respeito pela dignidade da pessoa humana, o primado do direito, a justiça, a igualdade de oportunidades — são um factor de progresso e de aproximação e de reforço da cooperação entre os nossos países”.
 
O saque das riquezas de Angola, pelo regime do presidente José Eduardo dos Santos, com a cumplicidade também de sectores políticos e económicos portugueses, têm violado os valores que Cavaco Silva diz acreditar e constituírem os pilares das relações entre Portugal e Angola.
 
Por isso, as declarações de Cavaco Silva são mais alarmantes ainda pela sua falta de memória. Não é preciso recordar que, em 1991, Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro, foi o mentor dos Acordos de Paz de Bicesse, um processo puramente político sobre a paz em Angola. Também não é preciso lembrar que o mesmo Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro, apoiou o MPLA, com a sua participação num comício partidário realizado no Moxico, em Setembro de 1991. Três meses antes Portugal assumira o papel, juntamente com a Rússia e os Estados Unidos, de mediador no processo de paz angolano. Cavaco Silva quebrou assim o princípio de imparcialidade de Portugal. Porque é que Cavaco tinha de se envolver em questões políticas que só aos angolanos dizia respeito, segundo o seu princípio?
 
Cavaco Silva demonstra a sua indiferença face à realidade angolana, procurando apenas manter-se atinado ao que o regime angolano pode proporcionar para o resgate da economia portuguesa e para os negócios portugueses. É uma mentalidade ainda mais deprimente que a de Salazar que, ao menos, presidia também à gestão do quotidiano dos angolanos. Cavaco só quer o dinheiro e a amizade dos corruptos.
 
O presidente de Portugal pode ter a certeza de que o seu amigo Manuel Vicente, tarde ou cedo, sentar-se-á no banco dos réus, em Angola, para responder por crimes de lesa-pátria. Enquanto presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Manuel Vicente dirigiu um esquema de saque, sem precedentes, de biliões de dólares dos fundos de petróleo através da China-Sonangol e de Portugal.
 
Nesse dia, o senhor presidente Cavaco Silva, tenha muita saúde, mudará o seu posicionamento porque a sua memória política sobre Angola é movida pelo vento.