quarta-feira, 13 de agosto de 2014

LUANDA: Jovens voltam a protestar este sábado em Luanda capital de Angola

Jovens voltam a protestar este sábado em Luanda

Polícia diz que podem manifestar-se se não provocarem distúrbios nem ofenderem o presidente da República.
Fonte; Voanews/Coque Mukuta
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
Os jovens activistas angolanos que se têm notabilizado por protestos contra o Governo angolano vão mais uma vez manifestar-se este sábado no âmbito do projecto denominado Movimento das Manifestações nos Musseques.
Jovens angolanos voltam a protestar este sábado em Luanda 
Depois de Viana, os jovens prometem protestar este sábado no Município do Belas na zona do do Golf II.
Segundo os jovens, as manifestações nos municípios visam sensibilizar as populações para o conhecimento dos seus direitos.
Uma fonte do Comando Provincial de Luanda, da Polícia Nacional, disse que os jovens apenas poderão protestar caso não provoquem desordem nem ofendam o bom nome do presidente da República José Eduardo dos Santos, caso contrário serão mais uma vez levados para fora da cidade de Luanda.
António Caquisse António afirma ter tudo preparado para a realização da manifestação este sábado a partir das 9 horas.
O activista afirma ainda que foram mobilizados todos os munícipes do Belas e não só. 
“Convidamos todos os munícipes do Cazenga e não só, e pensamos que todos os moradores de Luanda podem e devem participar até porque a união faz a força”, disse.
Esta decisão foi tomada apesar de a polícia angolana ter impedido a última manifestação do denominado Movimento das Manifestações nos Musseques (MMM) e preso alguns dos participantes para depois soltá-los a centenas de quilómetros da capital.

LISBOA: Morte do candidato a presidência da republica do Brasil Eduardo Campos suspende campanha para as presidências em terras de Vera Cruz

Morte de Eduardo Campos suspende campanha para as presidenciais no Brasil

O candidato socialista morreu na queda do jacto privado onde seguia. A sua candidata à vice-presidência é o nome mais apontado para o substituir
EVARISTO SA/AFP
A morte de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e candidato à presidência pela coligação “Unidos pelo Brasil”, deixa em suspenso a campanha eleitoral e introduz um enorme grau de incerteza na corrida. Marina Silva, a sua parceira de coligação e candidata à vice-presidência, é o nome mais apontado para o substituir à frente da candidatura.Considerado um dos políticos mais promissores da sua geração, Eduardo Campos, de 49 anos, foi uma das sete vítimas da queda de um jacto privado sobre uma área residencial de Santos, no estado de São Paulo, ao final da manhã de quarta-feira. As causas do acidente, que poderá estar relacionado com o mau tempo, ainda estão a ser apuradas — a Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, sua adversária política na campanha em curso, pediu ao governador de São Paulo para “agilizar” todos os meios necessários para uma investigação célere.
O candidato viajava do Rio de Janeiro, onde segundo os comentadores políticos tinha “brilhado” numa entrevista no Jornal Nacional da rede Globo, para a cidade de Santos, no litoral paulistano, onde tinha presença marcada num evento ligado à exportação. A bordo do Cessna 560 XL, com lugar para dez passageiros, seguiam dois assessores da campanha, Pedro Valadares e Carlos Percol, um fotógrafo, um operador de câmara e dois pilotos. Nenhum dos passageiros sobreviveu ao acidente, que fez pelo menos sete feridos nos edifícios atingidos pelos destroços do avião.
A ex-senadora e antiga candidata presidencial Marina Silva, que se juntou oficialmente à “chapa” liderada por Campos em Abril, também deveria ter seguido no avião que se despenhou, mas acabou por viajar para São Paulo num voo comercial. A candidata ficou em estado de choque com a notícia e recusou fazer qualquer declaração — vários dirigentes políticos brasileiros, e até o irmão de Eduardo Campos, António, consideram que Marina deverá assumir a candidatura e prosseguir o combate iniciado pelo popular político pernambucano.
Segundo o Supremo Tribunal Eleitoral do Brasil, a substituição de nomes nas candidaturas já homologadas está previsto no artigo 61, que prevê a eventualidade de falecimento. A autoridade eleitoral informou que a campanha tem um prazo de dez dias para definir o nome de um novo concorrente, que pode pertencer a qualquer um dos seis partidos inscritos na coligação “Unidos pelo Brasil” — PSB, PPS, PHS, PRP, PPL e PSL.
O PSB, onde Marina Silva se filiou para entrar na candidatura, tem prioridade na indicação do novo candidato. Como escrevia a Folha de São Paulo, Marina “pode assumir a campanha presidencial caso esta seja a vontade da coligação”. A maioria da aliança tem de aprovar a escolha, mas a substituição não exige a realização de uma nova convenção partidária, e pode ser feita “em reunião com maioria absoluta das executivas dos partidos que compõem a coligação”, acrescenta o diário.
Dirigentes da cúpula do PSB disseram a vários jornais que este ainda não é o momento de pensar na substituição. “Estamos tão transtornados com a notícia que ainda ninguém parou para pensar sobre o que vai acontecer. Ainda é cedo para isso”, declarou o deputado federal Júlio Delgado, do PSB de Minas Gerais.
A Presidente Dilma Rousseff decretou um luto nacional de três dias. Candidata à reeleição, e favorita à vitória nas sondagens, Rousseff cancelou toda a sua agenda política e fez saber que iria viajar até ao Recife, acompanhada por Lula da Silva, para participar nas homenagens fúnebres.
O candidato presidencial do PSDB, Aécio Neves, que era amigo de Eduardo Campos, deixou a região do Nordeste, onde se encontrava em campanha e rumou a São Paulo. Neves perdeu a voz ao ser informado do acidente que vitimou o concorrente do PSB: “Meu Deus, nem me consigo levantar da cadeira. Preciso de respirar fundo”, reagiu, quando os jornalistas lhe deram conta da notícia.
Os partidos políticos brasileiros suspenderam todas as suas iniciativas eleitorais. Numa nota oficial, o Partido dos Trabalhadores manifestou o seu “imenso pesar” pelo falecimento do ex-governador do Pernambuco e anunciou o cancelamento “de todas as actividades públicas referentes à campanha eleitoral de 2014 nas esferas nacional, estadual e municipal, em manifestação de luto com duração de três dias”.
Eduardo Campos, economista, deputado estadual e federal, ex-ministro da Ciência e Tecnologia no Governo de Lula da Silva e presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), foi eleito governador do estado de Pernambuco em 2006 — um cargo que também foi exercido pelo seu avô, Miguel Arraes, figura histórica da resistência à ditadura militar (1964-1985) e que também morreu a 13 de Agosto (de 2005).

LUANDA: As prioridades diplomáticas do ditador angolano José Eduardo dos Santos, os negócios e os discursos impróprios para consumo interno e externo.

As Prioridades Diplomáticas do Presidente, os Negócios e os Discursos

Fonte: Maka Angola/Rafael Marques de MoraisDivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa 11 de Agosto de 2014
Desde Dezembro passado, três grandes eventos internacionais vincaram o carácter de estadista do presidente José Eduardo dos Santos: o funeral de Nelson Mandela, a Copa do Mundo de Futebol e a Cimeira de Líderes dos Estados Unidos da América e África. Pessoalmente, o presidente preferiu ir apenas à abertura do Mundial de Futebol. A forma como o presidente estabelece as suas prioridades pessoais e as do cargo que exerce, em nome de todos os angolanos, merece por isso uma breve análise.
Em Dezembro passado, mais de 90 chefes de Estado e de Governo do mundo inteiro convergiram em Joanesburgo, na África do Sul, para prestar a última homenagem a Nelson Mandela. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez-se acompanhar dos seus antecessores George Bush, Bill Clinton e Jimmy Carter. A grande maioria dos líderes africanos juntou-se igualmente à cerimónia histórica. Do lado europeu, Angela Merkel e vários outros líderes de nomeada marcaram presença.
O presidente angolano, que procura chamar a si a liderança e o grande feito de ter derrubado o regime do Apartheid na África do Sul, destacou-se no evento pela sua ausência. De acordo com a narrativa oficial propagada por Dos Santos, o movimento mundial anti-Apartheid, que incluiu sanções económicas, diplomáticas e desportivas contra o regime de Botha, bem como todos os países que prestaram apoio directo ao ANC, pouco ou nada fizeram efectivamente. O grande feito contra o Apartheid, segundo a propaganda oficial angolana, foi a batalha que se travou no Cuito-Canavale, em 1987, onde o exército sul-africano perdeu 31 homens e três tanques. Contudo, na realidade, essa batalha ocorreu na sequência do fracasso da ofensiva militar das então FAPLA contra Mavinga. Na perseguição às tropas governamentais, que se retiravam para a base de apoio do Cuito-Cuanavale, as forças coligadas da UNITA e da África do Sul foram surpreendidas por uma barreira defensiva montada pelos cubanos e debandaram.
Recordemos, contudo, que o presidente marcou presença no Campeonato do Mundo de Futebol, que se realizou em Junho passado, no Brasil. À margem dos jogos, o presidente teve um encontro privado com a presidente do Brasil, Dilma Roussef, e assinou acordos bilaterais.
E, no entanto, José Eduardo dos Santos vincou a sua posição como o grande ausente da Cimeira América-África, promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e que atraiu, neste mês de Agosto, mais de 45 chefes de Estado e de governo africanos.
Em defesa de José Eduardo dos Santos, podem assacar-se três argumentos de peso.
Primeiro, sobre o funeral de Nelson Mandela: a título pessoal, Dos Santos nunca demonstrou simpatia pelo ícone sul-africano e, na altura, apoquentavam-no alguns problemas de saúde. Ademais, com tantos líderes mundiais atraindo os holofotes, o presidente não tinha como retirar quaisquer dividendos políticos ou de imagem com a sua participação nas exéquias fúnebres de Mandela. A sua estatura política teria sido diluída naquele evento.
Segundo, por questões protocolares, a cimeira de Washington não incluía encontros bilaterais entre Obama e os chefes de Estado africanos. O presidente Dos Santos anseia há muito por um encontro privado com Obama, e esta seria a oportunidade perfeita. A administração americana entendeu que tal encontro não seria possível à margem da cimeira, para não discriminar outros estadistas africanos. Aqui assentava a grande jogada: um encontro a sós mostraria que o presidente Dos Santos é muito mais importante do que outros líderes africanos, por junto e atacado.
Todavia, Obama enviou o seu secretário de Estado, John Kerry, a Angola, de modo a realçar a importância regional do presidente José Eduardo dos Santos e, com esse gesto diplomático, convencê-lo a participar na Cimeira. A diplomacia americana foi ao extremo de evitar quaisquer encontros com a oposição, como tem sido hábito, para manifestar o seu empenho em agradar a Dos Santos. Ainda assim, Dos Santos preferiu enviar à Cimeira o seu vice-presidente, Manuel Vicente.
José Eduardo dos Santos é astuto. Aguarda por um convite de Obama para visitar a Casa Branca. Essa visita permitiria relançar a imagem internacional do presidente angolano como um grande estadista mundial. E, para consumo nacional, isso bastaria.
A cimeira dos líderes dos Estados Unidos e África serviu mais para reafirmar a vontade da administração americana em estabelecer um maior engajamento com os países africanos, ao nível dos negócios, assim como alcançar no continente um maior nível de influência.
Dando seguimento à tradição democrática americana, a administração de Barack Obama organizou um evento paralelo para a sociedade civil africana, no Departamento de Estado. Esse fórum serviu para abordar e discutir questões como os direitos humanos, a democracia, a justiça económica e social, a transparência e outros temas acerca dos quais, em boa verdade, grande parte dos líderes africanos prefere não ouvir falar, apesar de serem essenciais para o bem-estar e o desenvolvimento humano dos seus concidadãos. Como prova do seu interesse em promover, concomitantemente, tais valores, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o secretário de Estado, John Kerry, falaram aos activistas africanos. Os presidentes do Ghana e da Tanzânia, por exemplo, participaram nessa sessão e responderam, descontraídos, às perguntas de vários cidadãos africanos.
Já o presidente José Eduardo dos Santos tem uma grande lacuna, a qual apenas sabe gerir por meio de ausências e de silêncios. Dos Santos não se sente à vontade a falar publicamente sobre as questões que preocupam os angolanos, e muito menos sobre África ou o mundo. O presidente precisa sempre de um discurso escrito e, de preferência, simples. O maior exemplo desta lacuna foi a entrevista que deu à estação de televisão SIC, em Junho de 2013. Na entrevista, o presidente demonstrou que domina a mentalidade do povo; no entanto, mesmo na resposta a questões com notas escritas, Dos Santos provou igualmente a sua incapacidade em discorrer sobre os dossiês do país, tal a incoerência e gratuitidade dos seus actos políticos e de gestão.
Em contraste, o presidente é mais espontâneo, descontraído e sorridente quando aparece na televisão a aplaudir, da plateia, os concursos de Miss Angola, nos quais tem marcado presença religiosamente. Ah! os eventos musicais também exercem um efeito tonificante sobre o estado de espírito do presidente.
Porquê? Porque nos eventos de entretenimento o presidente não tem de fazer cerimónias para projectar a sua imagem, não tem de discursar nem de falar ao público. Acima de tudo, não tem de justificar nada. Só tem de sorrir e acenar. E tudo continua na mesma.