sexta-feira, 16 de maio de 2014

CARTUM: Sudanesa condenada á morte e mais á mais 100 chicotadas por converter-se ao cristianismo

Sudanesa condenada à morte e a 100 chicotadas

Fonte: Voanews
Divulgação: Planalto De Malanje rio capôpa
15.05.2014
TAMANHO DAS LETRAS 
Um tribunal de Cartum condenou hoje, 15, uma mulher de 27 anos por enforcamento, tendo sido acusada de apostasia (renúncia à anterior religião) e adultério.

Mariam Yahya Ibrahim Ishag, nasceu muçulmana, mas decidiu trocar o Islão pelo Cristianismo. Casada com um cristão, encara agora a pena de morte e cem chicotadas por se ter casado com um homem não muçulmano.

A Amnistia Internacional e as embaixadas dos Estados Unidos, Holanda, Canadá e Reino Unido apelaram à libertação de Mariam, mas sem efeito.

Segundo o tribunal, foi dado um prazo de três dias para que Mariam, grávida de oito meses e com um bebé de colo, voltasse ao Islão, mas a jovem não aceitou.

O regime islamita sudanês introduziu a lei islâmica ('sharia') em 1983,  mas os castigos extremos, além da aplicação de chicotadas, são raros.

Falando à AFP, o ministro da Informação sudanês, Ahmed Bilal Osman, diz que este não é um caso exclusivo do Sudão: "Na Arábia Saudita, em todos os países muçulmanos, é proibido mudar de religião".

PARIS: Somos raparigas, somos negras!, diz Celine Sciamma, que é branca

Somos raparigas, somos negras!, diz Céline Sciamma, que é branca

Abertura eufórica da Quinzena dos Realizadores com Bande de Filles. O corpo delas a falar pela banlieue.
Céline não é negra, mas as personagens do seu filme, Bande de Filles, e as suas exuberantes actrizes, que subiram com ela ao palco na sessão de abertura da secção Quinzena dos Realizadores, são. Mas Céline faz corpo com o bando, tudo nos seus filmes participa de uma forma de ligação sensual ao grupo, quer seja em La Naissance des Pieuvres (2009), em que o desejo homossexual irrompia no seio de uma equipa de natação sincronizada, ou em Tomboy(2013), história de uma menina que se fazia passar por rapaz durante um Verão para pertencer ao bando de miúdos do bairro.
Tem sido assim na vida de Céline, das manifestações à forma como participa como consultora dos argumentos dos amigos realizadores passando pela equipa de futebol feminino que criou com as amigas (e em que participa Marie Amachoukeli, uma das realizadoras de Party Girl, o filme que abriu a secção Un Certain Regard).
Céline diz sentir um élan forte por “essa forma de encarnação muito física do político”. Se há élan em Bande de Filles está aí, precisamente, na evidência dos corpos, na forma como falam. Esta é a história do desabrochar de uma adolescente de um bairro da periferia parisiense - pai ausente, mãe afogada pela necessidade de trazer dinheiro para casa, irmã mais pequena para cuidar, irmão com a missão de velar pela respeitabilidade familiar, o que o torna às vezes alguém activo em tornar o ambiente caseiro disfuncional. Até que Marieme encontra três bad girls vestidas pelo rock’n’roll e desfrisadas pelo R’n’B e que lhe propõem uma viagem até ao centro, Paris. A viagem vai mudar tudo, até o nome de Marieme, que se passará a chamar Vic, de Victory.
E assim é como se La Haine, de Mathieu Kassovitz, filme que explodiu aqui em Cannes há quase duas décadas, fosse actualizado pelo romantismo que engrandece as mulheres dos filmes de Jane Campion. Num cenário, a banlieueparisiense, que participa da realidade mas que a ultrapassa, fazendo dele uma tela em branco onde é possível investir com uma arquitectura de cores e sensualidade. Um pós-qualquer coisa também, depois dos filmes sobre abanlieue com rapazes, um filme na banlieue com raparigas. Não é só o género que muda, há qualquer coisa da ordem da superação na forma de juntar os temas do costume para falar da banlieue: o corpo delas a tomar posse de Diamonds, de Rihanna, é assim que o filme fala.
Diz-se que Céline Sciamma é das mais enérgicas realizadoras da sua geração, começa a estar em todo o lado e neste momento está a escrever o argumento do próximo filme de André Téchiné. A recepção a Bande de Filles na abertura da Quinzena foi empática e física. Estes devem ser momentos intensos para um cineasta. Mas a experiência da euforia é sempre triste, porque traz consigo um sabor a fim. Apesar da exuberância à flor da pele (ou se calhar por causa dela), Bande de Filles é um filme que não consegue prometer que vai ficar connosco para todo o sempre.
Essa foi uma experiência de empatia, de euforia – condenadas que possam estar. Captive, de Atom Egoyan (concurso), é qualquer coisa próxima do grotesco. Alguém diz no filme, uma personagem a outra, quando esta desenvolve uma teoria qualquer sobre um rapto, que ela andou a ver muitos filmes. Atom Egoyan andou a ver muitas séries de televisão, dessas que normalizam o vírus Twin Peaks dentro delas.
No papel, um projecto que promete: examinar como o passado (um rapto) marca ao longo de vários anos a vida de várias personagens, dos pais da vítima ao casal de investigadores encarregues do caso, passando pela própria vítima e pelo seu raptor. O passado e o trauma é um tema de Egoyan, como a violação da privacidade, como o voyeurismo… Tudo isto está aqui, mas com a velocidade das rotinas, com a convicção apenas do plot e de como levá-lo até ao fim – e o fim, em que o filme parece apodrecer a sua própria rotina, é mesmo a desagregação de todas as hipóteses de poder ser convencido (experiência, pelo menos, este espectador).
                                

MOXICO: Tribunal da província do Moxico condenou assassinos do soba Chimbidi

Tribunal do Moxico condena assassinos do soba Chimbidi

Fonte: Maka AngolaDivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa15 Maio, 2014
O Tribunal Provincial do Moxico condenou, ontem, o primeiro-secretário do MPLA, Alberto Tchinongue Catolo, e o soba Cangamba, António Kanguia Candimbo, a seis anos de prisão pela autoria moral do assassinato do soba Augusto Chimbidi.
Por sua vez, os irmãos Masseca, Arão e Eliseu, foram condenados a 14 anos cada, em penas cumulativas, como executores do homicídio e por terem incendiado a residências da vítima e de um sobrinho seu.
Dois outros réus, Manuel e Diamantino Angelino, receberam penas de sete anos e 14 meses respectivamente, pela sua participação na agressão fatal ao soba.
No seu despacho de sentença, o juiz Pereira da Silva condenou também o comandante municipal da Polícia em Cangamba, Manuel N’doje Ijita Cawina, a dois meses prisão, transformados em multa, pela sua participação na trama da adivinhação que serviu de base para a ordem de assassinato do soba. O juiz concluiu que o comandante da Polícia não ordenou o assassinato, mas proibiu que os agentes policiais interviessem para salvar o soba Chimbidi, que foi linchado em praça pública a 9 de Novembro de 2012. Espancado e esfaqueado múltiplas vezes na cabeça e no corpo, o soba acabou por falecer no dia seguinte.
A ordem de ataque contra o soba  Augusto Chimbidi partiu do primeiro-secretário do MPLA e do soba Cangamba, depois de o terem acusado de feitiçaria. O caso teve origem num triângulo amoroso e acabou como vingança política. O comandante Manuel Cawina era o protagonista desse triângulo amoroso, que envolvia uma sobrinha casada do primeiro-secretário do MPLA. O soba nada tinha que ver com o assunto, mas era inimigo político do responsável local do MPLA e do soba Cangamba, que lhe queria o poder de autoridade tradicional máxima em Cangamba. O Maka Angola conta a história em pormenor aqui:http://bit.ly/1iZh6bF
Na leitura da sentença, o juiz atenuou a pena de prisão aplicada ao político e ao soba, por considerar que ambos têm uma convicção arreigada na feitiçaria. Aduziu a idade avançada de Alberto Catolo, 64 anos, e o facto de ambos terem sido apenas autores morais.
O primeiro-secretário e o soba foram ainda condenados a pagar, cada um, uma indemnização de um milhão de kwanzas (US $10,000) à família da vítima, enquanto aos outros condenados se ordenou que pagassem uma indemnização conjunta de quatro milhões de kwanzas (US $40,000).
Zola Bambi, advogado de acusação, manifestou ao Maka Angola a sua satisfação pelo veredicto.
“O mais importante era transmitir à sociedade, no Moxico, que existem leis e que não se deve fazer justiça por mãos próprias. Foi um grande julgamento contra o obscurantismo e a ignorância”, disse.
O advogado considerou também que a decisão, tomada pelo juiz, de proceder ao julgamento e a consequente condenação constituem uma mensagem forte para os órgãos de investigação criminal no Moxico. “A investigação criminal deve ater-se aos procedimentos legais. A instrução do processo estava eivada de vícios e foi uma luta titânica dos activistas locais contra tais vícios para que o processo avançasse”, afirmou Zola Bambi.
Ernesto Guilherme, representante da Associação Mãos Livres no Moxico, cujo empenho foi instrumental para a prossecução do caso, referiu ao Maka Angolaque a sentença “é um triunfo dos que lutam pelo bem”.
“A maioria que defende o mal pensava que o assassinato do soba seria como a morte de uma galinha, algo banal”, comentou.
O activista dos direitos humanos minimizou a leveza das penas aplicadas, reafirmando que a condenação do dirigente do MPLA foi em si um acto significante contra a impunidade e parabenizando o juiz pela sua coragem.
Na sessão de leitura da sentença, estiveram presentes o governador provincial do Moxico e o comandante provincial da Polícia Nacional, respectivamente João Ernesto dos Santos “Liberdade” e o comissário Filipe Hespanhol.

Correcção:Por lapso, o Maka Angola referiu-se ao soba assassinado, Augusto Chimbidi, pelo nome do seu filho António Catote, que prestou declarações ao Maka Angola. Ambos os filhos, António e Augusto Chimbidi (este último com o mesmo nome que o pai) testemunharam o crime.