domingo, 26 de janeiro de 2014

CUANGO: População Frustrada desafia sem medo a policia assassina do regime

Cuango: População Frustrada Desafia Polícia
Fonte:  Maka Angola 
Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa
 26 de Janeiro, 2014
Efectivos da Polícia Nacional tomaram ontem, na vila do Cuango, sede do município com o mesmo nome, posições de combate para prevenir uma suposta “invasão” do seu comando municipal por dezenas de populares.

Por volta das 6h00, Henriques Tomás e vários familiares dirigiram-se ao Comando Municipal da Polícia Nacional no Cuango, para exigir a entrega de um caixão para o enterro do seu filho, Carlos Xavier, de 19 anos, morto no dia anterior por um agente policial, Baptista Zovo.

Na véspera, a 24 de Janeiro, o agente policial André Zovo tinha disparado contra Carlos Xavier, depois de tentar extorquir 500 Kwanzas (US $5) a ele e a um outro motociclista, na localidade de Cambala, a 20 quilómetros da vila do Cuango.

Em reacção, segundo apurou o Maka Angola, a população de Cambala marchou nessa altura contra o posto policial daquela localidade, causando a fuga dos agentes policiais. Os jovens de Cambala ocuparam o posto (feito de adobe) e destruíram-no parcialmente, mas os sobas intervieram para garantir a sua retirada pacífica.

Já na vila do Cuango, conta-nos o pai da vítima, “os agentes empunharam as armas, ameaçaram-nos para nos afastarmos dali. Nós não recuámos e mostrámos que não tínhamos medo”.

Por coincidência, a casa de Henriques Tomás, onde ainda decorrem as cerimónias fúnebres, é vizinha do comando e da administração municipais. Os agentes da polícia formaram um cordão de segurança naquela área, com metralhadoras PKM, lança-granadas “Castor”, lança-morteiros RPG-7, segundo várias testemunhas locais contactadas pelo Maka Angola.

“Como sabem que o povo já está muito frustrado, a polícia pensou que a população queria invadir o comando”, referiu Henriques Tomás.

A agravar a situação, por volta das 10h30, os agentes policiais detiveram dois primos de Carlos Xavier ─ Jordão Manuel, de 36 anos, e António Manuel, de 26 anos ─ que foram submetidos a espancamentos no referido comando.

“Parecia guerra. Houve tumultos. Os rapazes estavam exaltados com a morte do seu companheiro e protestavam, exigindo que a polícia entregasse o caixão. Foi nessa altura que os polícias raptaram os primos do meu filho”, disse Henriques Tomás.

Vários sobas, cada um deles acompanhado por dezenas de membros da sua comunidade, marcharam contra o comando municipal para exigir o caixão e a libertação dos familiares detidos. Activistas locais registaram a concentração de mais de 200 pessoas, sob a liderança dos sobas.

“A tensão aumentou quando os polícias nos disseram que a polícia tinha de matar mais, porque o povo não pode brincar com o governo. E não tinham que dar o caixão. Aí houve troca de palavras”, afirmou o pai do defunto.

Por volta das 15h00, a Polícia Nacional finalmente cedeu à pressão e entregou o caixão para o enterro, tenho incluído também a quantia de 10,000 kwanzas(US$ 100) para as despesas do funeral.

A Morte do Mergulhador Congolês

A 24 de Janeiro, o Comando Municipal da PN no Cuango registou o primeiro protesto do ano por causa de um morto.

Por volta das 15h00 vários membros da comunidade congolesa no Cuango, incluindo familiares, depositaram o corpo de Mutunda Matondo, da República Democrática do Congo diante do referido comando. A polícia encarregou-se de enterrar Mutunda Matondo.

O cidadão congolês morreu a 23 de Janeiro, por volta das 14h00, quando realizava o garimpo de mergulho no leito do Rio Cuango, na área de Kissueia.

Segundo declarações prestadas pelo activista local Serafim Muagingo, que acompanhou o caso, “o agente da polícia Novais, mais conhecido por Renova, cortou a mangueira do mergulhador, enquanto este estava no fundo do rio, e deixou-o morrer”.

Segundo Serafim Muagingo, a patrulha de agentes policiais que se encarregou de expulsar os garimpeiros em Kissueia, tinha um acordo de cavalheiros com os congoleses para o garimpo naquela área.

“Os polícias aperceberam-se de que a área estava a render e decidiram expulsar os congoleses, para colocarem outro grupo no local e ganharem mais”, explicou.

O Maka Angola tentou, sem sucesso, obter a versão do comando municipal sobre os casos reportados.

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