sexta-feira, 28 de março de 2014

NOVA IORQUE: A cidade americana onde impera mais a segregação racial nas escolas é Nova Iorque


Nova Iorque é a cidade americana onde há mais segregação racial nas escolas

Nos 32 agrupamentos escolares, 19 não tinham, em 2010, nem 10% de alunos brancos, diz o estudo de investigadores da UCLA.
Uma escola em Queens AFP


Nova Iorque é o estado e a cidade dos EUA onde existe mais segregação racial nas escolas públicas, concluiu o estudo Projecto sobre os Direitos Civis realizado por dois investigadores da Universidade de Los Angeles California (UCLA),"O estado de Nova Iorque reagrupa o maior número de escolas onde reina a segregação", escreveram os investigadores Gary Orfield e John Kucsera, que analisaram a população escolar entre os anos de 1989 e 2010. "E a cidade de Nova Iorque, que tem o mais importante sistema escolar público do país, é um dos pontos negros dessa segregação".
Em Nova Iorque, e de acordo com o mais recente censo, 33% da população é branca, 28,6% é latina, 25,5% é negra e 12,7% é asiática. Nem um dos cinco bairros que constituem a cidade (Manhattan, Brooklyn, Bronx, Queens e Staten Island) escapa a esta análise. "Nos 32 agrupamentos escolares, 19 não tinham, em 2010, nem 10% de alunos brancos", diz o estudo.
Para Gary Orfield e John Kucsera, a imagem cosmopolita da mega metrópole não passa de uma miragem: "As pessoas visitam Manhattan e vêem pessoas de todas as raças, de todas as origens e nacionalidades, vêem Times Square , etc.. Mas não vêem as escolas", disse Gary Orfield. Nenhum dos estados do Sul dos Estados Unidos "chega aos calcanhares de Nova Iorque" em matéria de segregação.
Todas escolas primárias e secundárias que concentram um maior número de alunos negros e latinos estão no grupo das "charter schools", escolas que recebem financiamento público mas que gerem de forma independente o seu orçamento e estão sujeitas a uma avaliação de resultados. Orfield qualificou estas escolas, e sem hesitar, como escolas "apartheid". "As estatísticas mostram uma coisa, mas é preciso ajudar as pessoas a sair desta realidade, ou seja, de um isolamento absoluto para uma grande percentagem de pessoas de cor, à margem da sociedade branca e da classe média".
Quase 73% destas "charter schools" nova-iorquinas não tinham em 2010, nem 1% de alunos brancos e 90% delas não tinham nem 10% de alunos brancos. Só 8% das escolas eram consideradas "multi-raciais" e por terem mais de 14,5% de alunos brancos.
Muitas crianças brancas e de classe média frequentam escolas privadas ou públicas mas sujeitas a concurso de admissão.  
A segregação, diz o estudo, é muita vezes dupla: racial e social. A concentração da população pobre e oriunda da mesma comunidade sobrepõe-se no mapa social da cidade de Nova Iorque. Para os autores do estudo, uma política destinada a promover a diversidade para atenuar os efeitos deste fenómeno permitiria melhorar a educação. "As escolas com grande concentração de pobres e de minorias limitam as oportunidades educativas", diz o estudo, que acrescenta que nestas escolas se concentram muitos problemas adicionais, por exemplo professores mais inexperientes, edifícios em mau estado e material escolar inadequado.
O director das Charter Schools de Nova Iorque (183 escolas), James Merriman, considerou as conclusões do estudo dos investigadores da UCLA como "injustificadas" e criticou a utilização da palavra "apartheid, que disse ser "odiosa" e contrária à missão de insersão das escolas.
As conclusões do estudo "perturbam mas, infelizmente, não surpreendem", disse por seu lado Dennis Tompkins, do departamento de educação do estado de Nova Iorque. "Há muito trabalho por fazer no país, no estado e nos nossos agrupamentos escolares".

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