Sargento das FAA Desaparecido do Quartel
Desde Fevereiro deste ano que se desconhece o paradeiro do sargento “Kolokota”, carpinteiro de cofragem da Unidade de Construção de Quartéis UBM System e destacado em missão de trabalho na 20.ª Brigada de Infantaria.
Depois de um telefonema em tom de pânico ao cunhado, desapareceu sem deixar rasto. As Forças Armadas Angolanas (FAA), ao serviços das quais o sargento se encontrava no momento em que desapareceu, não tomaram até ao presente quaisquer medidas de investigação ou de auxílio à família.
Um desaparecimento misterioso
Às 8h00 de 10 de Fevereiro deste ano, os efectivos da 20ª Brigada de Infantaria, estacionada a sete quilómetros a norte da barragem hidroeléctrica de Capanda (província de Malanje), procederam à formatura no quartel, cumpriram o ritual de disciplina militar e dispersaram passado meia hora. O sargento Ferreira Filipe “Kolokota” dirigiu-se à caserna, trocou a farda pela roupa de trabalho e seguiu para a zona de construção do armazém, sempre acompanhado de outros colegas.
Minutos depois, informou os seus colegas de que ia regressar à caserna para guardar a pasta de dentes que trouxera consigo por engano.
Por volta das 9h00, o sargento “Kolokota” telefonou ao seu cunhado Noé da Costa em estado de aflição, dizendo-lhe: “Noé, seu eu desaparecer conta que me mataram.”
“Eu perguntei-lhe, mano, porquê? Estás doente, fizeste algo? O que se passa? Ele respondeu que estava a ser perseguido naquele momento e desligou o telefone”, conta Noé da Costa.
Noé da Costa, guarda de uma empresa privada de segurança, não estabeleceu nova chamada de imediato porque não tinha crédito no telefone. Encontrava-se a caminho de casa, regressando do turno da noite.
Por volta das 10h00, o cunhado restabeleceu contacto com o sargento “Kolokota”. “O mano disse apenas ‘desliga o telefone! Estou na mata, Estou a fugir’. Ele próprio desligou o telefone”, relata Noé da Costa.
“Pensei que fosse brincadeira”, confessa a esposa do sargento, Neusa Costa, ao tomar conhecimento do episódio através do seu irmão Noé.
Desde o dia 10 de Fevereiro passado, o sargento é dado como desaparecido. A reacção das Forças Armadas Angolanas (FAA) é alarmante, como o Maka Angola demonstra a seguir.
Desaparecido não, boa vida sim
No dia 11 de Fevereiro, perto das 11h00, o sargento Bissala, colega, amigo e vizinho da porta ao lado, telefonou de Capanda a comunicar à sua esposa o desaparecimento do sargento “Kolokota”, que, por sua vez, informou Neusa Costa.
A 16 de Fevereiro, Miguel Dinis, sobrinho do desaparecido e agente da Polícia Nacional, dirigiu-se à 20ª Brigada e contactou o tenente-coronel Oliveira, chefe da missão e segundo-comandante da Unidade de Construção de Quartéis.
Segundo Miguel Dinis, “o tenente-coronel Oliveira indicou-me o sargento Bissala, amigo e vizinho do meu tio, para que eu lhe pedisse explicações”.
O agente contrariou o tenente-coronel: “Eu respondi que não. E disse-lhe: ‘você é o comandante, é o responsável máximo aqui por esses homens, como é que me pede para falar com um sargento igual?’ Isso é que me mete confusão até hoje.”
O sargento Bissala juntou-se à conversa e referiu apenas, segundo o interlocutor, que o sargento “Kolokota” desapareceu quando levava a pasta de dentes para a caserna, como acima descrito.
Frustrada com a falta de informação por parte da Unidade que o enviara em missão de serviço, Neusa Costa deslocou-se à Malanje a 17 de Fevereiro, bem como à referida Unidade. O sargento Bissala reiterou a narrativa dos acontecimentos anteriores ao desaparecimento. Explicou à esposa do seu amigo e vizinho que naquele dia tomaram o pequeno-almoço e dirigiram-se juntos à formatura, regressaram à caserna para trocar as fardas pelas roupas de serviço juntos e caminharam juntos para o local da construção do armazém. Separaram-se apenas quando “Kolokota” decidiu guardar a pasta de dentes na caserna. Disse ter notado que o colega estava a ser seguido por alguns soldados, mas que não ligou ao assunto.
Para além de relatar este encontro, Neusa Costa refere que alguns oficiais e soldados procuraram desinformá-la com alegações contraditórias de que o seu marido teria ido à região diamantífera das Lundas fazer negócio. “Kolokota” tem um irmão nas Lundas, a quem Neusa Costa ligou imediatamente. O irmão desconhecia a informação e asseverou que o sargento o teria contactado se tivesse realizado tal viagem. Outro sugeriu que o marido tinha desaparecido como resultado de uma dívida de 10,000 kwanzas (US $100). Também lhe disseram que o marido tinha problemas de loucura e que, de vez em quando, desaparecia. Um oficial apresentou uma versão mais rocambolesca à família, segundo a qual o sargento “Kolokota” tinha sido acusado de feitiçaria na aldeia vizinha, após uma altercação com um aldeão, e estava a ser procurado para ajuste de contas.
Durante os quatros dias que passou naquela localidade, Neusa Costa não obteve quaisquer informações fiáveis sobre o que terá sucedido ao marido.
De regresso à Luanda, Neusa Costa dirigiu-se logo ao comando da referida Unidade, ao Quilómetro 30, no município de Viana, em Luanda, defronte do Porto Seco. Neusa Costa falou com o comandante da unidade que lhe terá dito, diante de outros oficiais, “’o teu marido viajou, foi fazer negócio, não se preocupe’”. A esposa refere que, em seis anos de vida conjugal, “nunca vi o meu marido a fazer negócio. Ele também não passava noites fora de casa que não fosse em serviço, e telefonava sempre.”
Em Capanda, a 20 de Fevereiro, Miguel Dinis contactou a Polícia Judiciária Militar, que referiu ter aberto um inquérito sobre o caso, sob instrução do capitão Jone. No entanto, “esse oficial alegou que precisava de um despacho do procurador militar de Malanje, para que o inquérito avançasse”, explica. O capitão informou-a também de que já tinha falado com o tenente-coronel Oliveira, o sargento Bissala e um outro sargento que supostamente concedera um empréstimo de 10,000 kwanzas ao marido. O sargento “Kolokota” aufere 165,000 kwanzas mensais (US $1650).
Durante os meses de Março e Abril, a família continuou a contactar as autoridades relevantes, sem que obtivessem qualquer informação adicional.
A 5 de Maio, Miguel Dinis dirigiu-se à Unidade do desaparecido, onde manteve um breve contacto com o tenente-coronel Yamba-Yamba, chefe de Pessoal e Quadros, na presença do capitão Regresso, chefe da secção de Auditoria.
“O tenente-coronel Yamba-Yamba perguntou-me como estavam a decorrer as investigações e se a família tinha apurado mais alguma coisa sobre o desaparecimento”, revela Miguel Dinis.
Nas palavras do entrevistado: “Eu respondi, ao [tenente-coronel] que a família não abriu um inquérito e não tem investigadores. Disse-lhe que o sargento “Kolokota! não saiu de sua casa para ir passear. Ele foi em missão de serviço do exército e desapareceu dentro de uma unidade militar. Cabe ao exército investigar”.
Persistente, a 9 de Maio, Miguel Dinis contactou um oficial de piquete no Estado Maior General das FAA, que, escusando-se a revelar o seu nome, o aconselhou a divulgar o caso na comunicação social.
Minutos depois, Miguel Dinis dirigiu-se à PJM do Estado Maior do Exército, onde abordou o major Mukongo. Este soube logo de que caso se tratava e facilitou o contacto com o chefe de Instrução Processual da PJM do Estado Maior do Exército, coronel Lourenço. “O coronel disse-me que já há um expediente sobre o caso, na secretaria [da PJM]. Pedi para ter a referência do processo, mas informaram-me de que o mesmo já tinha sido enviado à Capanda.”
Já em Capanda, Miguel Dinis dirigiu-se à PJM, onde conversou com o chefe dessa unidade, major Kimbamba, a 12 de Maio. Este garantiu-lhe não ter recebido qualquer expediente de Luanda.
Fonte das FAA que acompanha o caso, falando sob anonimato, explica que o mesmo se mantém como “uma incógnita” para o exército. A mesma fonte cita a narrativa da pasta de dentes, precedente ao desaparecimento, e exorta as qualidades do sargento Kolokota como “um homem calmo, pontual e cumpridor”.
Depois de um telefonema em tom de pânico ao cunhado, desapareceu sem deixar rasto. As Forças Armadas Angolanas (FAA), ao serviços das quais o sargento se encontrava no momento em que desapareceu, não tomaram até ao presente quaisquer medidas de investigação ou de auxílio à família.
Um desaparecimento misterioso
Às 8h00 de 10 de Fevereiro deste ano, os efectivos da 20ª Brigada de Infantaria, estacionada a sete quilómetros a norte da barragem hidroeléctrica de Capanda (província de Malanje), procederam à formatura no quartel, cumpriram o ritual de disciplina militar e dispersaram passado meia hora. O sargento Ferreira Filipe “Kolokota” dirigiu-se à caserna, trocou a farda pela roupa de trabalho e seguiu para a zona de construção do armazém, sempre acompanhado de outros colegas.
Minutos depois, informou os seus colegas de que ia regressar à caserna para guardar a pasta de dentes que trouxera consigo por engano.
Por volta das 9h00, o sargento “Kolokota” telefonou ao seu cunhado Noé da Costa em estado de aflição, dizendo-lhe: “Noé, seu eu desaparecer conta que me mataram.”
“Eu perguntei-lhe, mano, porquê? Estás doente, fizeste algo? O que se passa? Ele respondeu que estava a ser perseguido naquele momento e desligou o telefone”, conta Noé da Costa.
Noé da Costa, guarda de uma empresa privada de segurança, não estabeleceu nova chamada de imediato porque não tinha crédito no telefone. Encontrava-se a caminho de casa, regressando do turno da noite.
Por volta das 10h00, o cunhado restabeleceu contacto com o sargento “Kolokota”. “O mano disse apenas ‘desliga o telefone! Estou na mata, Estou a fugir’. Ele próprio desligou o telefone”, relata Noé da Costa.
“Pensei que fosse brincadeira”, confessa a esposa do sargento, Neusa Costa, ao tomar conhecimento do episódio através do seu irmão Noé.
Desde o dia 10 de Fevereiro passado, o sargento é dado como desaparecido. A reacção das Forças Armadas Angolanas (FAA) é alarmante, como o Maka Angola demonstra a seguir.
Desaparecido não, boa vida sim
No dia 11 de Fevereiro, perto das 11h00, o sargento Bissala, colega, amigo e vizinho da porta ao lado, telefonou de Capanda a comunicar à sua esposa o desaparecimento do sargento “Kolokota”, que, por sua vez, informou Neusa Costa.
A 16 de Fevereiro, Miguel Dinis, sobrinho do desaparecido e agente da Polícia Nacional, dirigiu-se à 20ª Brigada e contactou o tenente-coronel Oliveira, chefe da missão e segundo-comandante da Unidade de Construção de Quartéis.
Segundo Miguel Dinis, “o tenente-coronel Oliveira indicou-me o sargento Bissala, amigo e vizinho do meu tio, para que eu lhe pedisse explicações”.
O agente contrariou o tenente-coronel: “Eu respondi que não. E disse-lhe: ‘você é o comandante, é o responsável máximo aqui por esses homens, como é que me pede para falar com um sargento igual?’ Isso é que me mete confusão até hoje.”
O sargento Bissala juntou-se à conversa e referiu apenas, segundo o interlocutor, que o sargento “Kolokota” desapareceu quando levava a pasta de dentes para a caserna, como acima descrito.
Frustrada com a falta de informação por parte da Unidade que o enviara em missão de serviço, Neusa Costa deslocou-se à Malanje a 17 de Fevereiro, bem como à referida Unidade. O sargento Bissala reiterou a narrativa dos acontecimentos anteriores ao desaparecimento. Explicou à esposa do seu amigo e vizinho que naquele dia tomaram o pequeno-almoço e dirigiram-se juntos à formatura, regressaram à caserna para trocar as fardas pelas roupas de serviço juntos e caminharam juntos para o local da construção do armazém. Separaram-se apenas quando “Kolokota” decidiu guardar a pasta de dentes na caserna. Disse ter notado que o colega estava a ser seguido por alguns soldados, mas que não ligou ao assunto.
Para além de relatar este encontro, Neusa Costa refere que alguns oficiais e soldados procuraram desinformá-la com alegações contraditórias de que o seu marido teria ido à região diamantífera das Lundas fazer negócio. “Kolokota” tem um irmão nas Lundas, a quem Neusa Costa ligou imediatamente. O irmão desconhecia a informação e asseverou que o sargento o teria contactado se tivesse realizado tal viagem. Outro sugeriu que o marido tinha desaparecido como resultado de uma dívida de 10,000 kwanzas (US $100). Também lhe disseram que o marido tinha problemas de loucura e que, de vez em quando, desaparecia. Um oficial apresentou uma versão mais rocambolesca à família, segundo a qual o sargento “Kolokota” tinha sido acusado de feitiçaria na aldeia vizinha, após uma altercação com um aldeão, e estava a ser procurado para ajuste de contas.
Durante os quatros dias que passou naquela localidade, Neusa Costa não obteve quaisquer informações fiáveis sobre o que terá sucedido ao marido.
De regresso à Luanda, Neusa Costa dirigiu-se logo ao comando da referida Unidade, ao Quilómetro 30, no município de Viana, em Luanda, defronte do Porto Seco. Neusa Costa falou com o comandante da unidade que lhe terá dito, diante de outros oficiais, “’o teu marido viajou, foi fazer negócio, não se preocupe’”. A esposa refere que, em seis anos de vida conjugal, “nunca vi o meu marido a fazer negócio. Ele também não passava noites fora de casa que não fosse em serviço, e telefonava sempre.”
Em Capanda, a 20 de Fevereiro, Miguel Dinis contactou a Polícia Judiciária Militar, que referiu ter aberto um inquérito sobre o caso, sob instrução do capitão Jone. No entanto, “esse oficial alegou que precisava de um despacho do procurador militar de Malanje, para que o inquérito avançasse”, explica. O capitão informou-a também de que já tinha falado com o tenente-coronel Oliveira, o sargento Bissala e um outro sargento que supostamente concedera um empréstimo de 10,000 kwanzas ao marido. O sargento “Kolokota” aufere 165,000 kwanzas mensais (US $1650).
Durante os meses de Março e Abril, a família continuou a contactar as autoridades relevantes, sem que obtivessem qualquer informação adicional.
A 5 de Maio, Miguel Dinis dirigiu-se à Unidade do desaparecido, onde manteve um breve contacto com o tenente-coronel Yamba-Yamba, chefe de Pessoal e Quadros, na presença do capitão Regresso, chefe da secção de Auditoria.
“O tenente-coronel Yamba-Yamba perguntou-me como estavam a decorrer as investigações e se a família tinha apurado mais alguma coisa sobre o desaparecimento”, revela Miguel Dinis.
Nas palavras do entrevistado: “Eu respondi, ao [tenente-coronel] que a família não abriu um inquérito e não tem investigadores. Disse-lhe que o sargento “Kolokota! não saiu de sua casa para ir passear. Ele foi em missão de serviço do exército e desapareceu dentro de uma unidade militar. Cabe ao exército investigar”.
Persistente, a 9 de Maio, Miguel Dinis contactou um oficial de piquete no Estado Maior General das FAA, que, escusando-se a revelar o seu nome, o aconselhou a divulgar o caso na comunicação social.
Minutos depois, Miguel Dinis dirigiu-se à PJM do Estado Maior do Exército, onde abordou o major Mukongo. Este soube logo de que caso se tratava e facilitou o contacto com o chefe de Instrução Processual da PJM do Estado Maior do Exército, coronel Lourenço. “O coronel disse-me que já há um expediente sobre o caso, na secretaria [da PJM]. Pedi para ter a referência do processo, mas informaram-me de que o mesmo já tinha sido enviado à Capanda.”
Já em Capanda, Miguel Dinis dirigiu-se à PJM, onde conversou com o chefe dessa unidade, major Kimbamba, a 12 de Maio. Este garantiu-lhe não ter recebido qualquer expediente de Luanda.
Fonte das FAA que acompanha o caso, falando sob anonimato, explica que o mesmo se mantém como “uma incógnita” para o exército. A mesma fonte cita a narrativa da pasta de dentes, precedente ao desaparecimento, e exorta as qualidades do sargento Kolokota como “um homem calmo, pontual e cumpridor”.
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