E agora, senhores ‘líderes da oposição’?
- Fonte: AO24/Nuno Dala
- Reedição: Planalto de Malanje Rio Capopa
- 14/09/2017
É oficial: o Tribunal Constitucional (TC), nas vestes de Tribunal Eleitoral, confirmou hoje, 13 de setembro, os resultados das eleições de 23 de agosto. Basicamente, segundo o acórdão do tribunal, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) não violou a Lei Eleitoral nem a Constituição da República. O desempenho da CNE foi uma maravilha! Logo, são improcedentes todas as acções de impugnação levadas a cabo pelos partidos concorrentes. UNITA, PRS, FNLA e CASA-CE não têm razão!
Por Nuno Álvaro Dala
O acórdão do Tribunal Constitucional não constitui surpresa para ninguém, e em dois sentidos: por um lado, os indivíduos que controlam o Estado-negócio (Angola) dormiram à sombra da confiança de que o referido tribunal nada mais faria do que confirmar a vontade dessa gente. E assim aconteceu. Por outro lado, os Angolanos que conhecem a realidade de um sistema judicial atrelado ao grupo partidocrático jamais acreditaram que o TC tomaria uma posição a favor da verdade eleitoral. Sejamos honestos: só as pessoas desonestas e corrompidas até ao tutano é que acreditam na imparcialidade e isenção dos juízes deste tribunal. Estes não passam de javalis que, como sempre, deram razão aos porcos. Sim, o Tribunal Constitucional caucionou a fraude. E assim aconteceu.
Esgotados os mecanismos judiciais (que de qualquer maneira tinham mesmo de ser accionados, mesmo que fosse só para cumprir mera formalidade, como se tornou evidente), surge a seguinte questão: que posição os líderes da oposição vão tomar?
O momento actual é singularmente complexo, em que, diante do golpe realizado e caucionado pelo tribunal (in) competente, a oposição está numa encruzilhada. Agora, as medidas a tomar são políticas: ou os partidos, juntos, numa tenaz resistência contra a fraude institucionalizada em defesa do Interesse Nacional, não tomam os assentos “ganhos”, deixando o regime sem legitimidade, satisfazendo a expectativa da vasta maioria dos Angolanos que esperam coerência e consequência, e avançam com outras medidas políticas (manifestações, por exemplo) que levem o regime à inviabilização, ou faz o contrário, tomando posse dos seus assentos, deixando claro aos Angolanos que são cúmplices da ditadura e, assim, provocando uma desilusão nacional com consequências imprevisíveis. Não existe meio termo: ou a oposição vai até às últimas consequências em defesa dos interesses do Povo em nome do qual fala e age, ou a legitima da ditadura.
Os Angolanos estão à espera que Isaías Samakuva, Benedito Daniel, Lucas Ngonda e Abel Chivukuvuku estejam à altura do desafio. Esta é a curva apertada que está a ser feita na estrada do tempo e da História.
Os Angolanos estão à espera que os líderes da UNITA, do PRS, da FNLA e da CASA-CE provem que a confiança neles depositada não é em vão
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