Miguel Relvas, um sipaio de fraca qualidade moral e intelectual e que chegou a ser ministro do PSD, defendeu hoje, em Luanda, que o caso que corre em Portugal contra o ex-vice-Presidente Manuel Vicente é um “não processo”, defendendo a transferência do mesmo para a Justiça angolana. Qual terá sido o valor da retribuição?

Por Orlando Castro
“Não tenho razão nenhuma para não confiar na Justiça angolana. Confio na Justiça angolana como confio na Justiça portuguesa”, disse o também ex-secretário-geral do PSD, numa entrevista divulgada hoje pelo principal telejornal da Televisão Pública de Angola (TPA). E disse muito bem, reproduzindo as ordens que os seus superiores do MPLA lhe deram, à boa maneira dos mercenários licenciados nos prostíbulos e que estão sempre disponíveis para todos os serviços.
O político, antigo ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares e actualmente com presença assídua em Luanda, descreve este caso, que ameaça as relações entre os dois países, como “institucionalmente inexplicável” e que “não é compreensível”.
“Conheço o engenheiro Manuel Vicente, conheci no passado no desempenho de funções, e tenho a certeza que seria incapaz de cometer, como se irá provar, muitas das acusações que lhes são imputadas”, disse Miguel Relvas na mesma entrevista, sublinhando que “os Estados respeitam-se” e que esta é “uma questão do Estado português”, mesmo que na esfera do poder judicial.
Apontou mesmo que a polémica em torno deste processo “já está a causar” dificuldades às relações bilaterais: “Espero que se ultrapasse, que este processo seja rápido e se conclua de uma forma rápida e que a verdade venha ao de cima (…) Factualmente foi um não processo”.
Se o valor dos angolanos (e dos portugueses) se medisse pelo nível dos muitos mercenários que por cá andam ao beija-mão e à procura da gamela, Miguel Relvas amesquinhava-nos totalmente, tal é o seu habitat natural, as latrinas do poder.
Ele, como um dos donos da verdade no putrefacto reino lusitano, dirá com certeza o que dizia quando era primeira figura no circo anedótico do PSD de Passos Coelho, ou seja que a Procuradora-Geral da República portuguesa sofre de “doença mental complexa, caracterizada, por exemplo, pela incoerência mental, personalidade dissociada e ruptura de contacto com o mundo exterior”.
Miguel Relvas, peritos dos peritos e – tal como Passos Coelho – candidato ao prémio Nobel de qualquer coisa, continua a procurar – diz – “novos mundos” como forma de se ultrapassar a actual crise. E que melhor local para atingir esse desiderato do que a Angola dos seus íntimos amigos do MPLA?
Miguel Relvas, o sipaio (embora com provável equivalência a chefe de posto) português que agora voltou a despacho com os seus congéneres do MPLA, costuma zurrar que “tudo o que for estabilidade política, desenvolvimento económico e social para Angola é bom para nós. Portugal só tem a ganhar com uma Angola desenvolvida e estável. A agenda de Portugal em Angola é o que vamos fazer juntos nos próximos 30 anos”, disse o rapazola em 2012.
Durão Barroso, Passos Coelho ou António Costa não diriam melhor. Que é previsível que o MPLA se mantenha no poder durante mais 30 anos, isso é. Já quanto a Miguel Relvas continuar a mamar gamela de Angola… temos sérias dúvidas. Sipaios e mercenários já tivemos de sobra.
Julho de 2012. Como especialista em questões lusófonas, o sipaio-ministro Miguel Relvas voltou a Luanda para receber instruções do patrão. Ou terá sido para obter mais uma equivalência para a sua licenciatura? Ou para fazer acerto de contas?
Na sua qualidade de sipaio-ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares Portugal, e na altura à espera de uma equivalência a primeiro-ministro, Miguel Relvas afirmou que Portugal e Angola mantinham uma “parceria intensa” alicerçada em “números expressivos” que favorecem interesses mútuos face “às incertezas a nível internacional”.
Miguel Relvas falava num jantar organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA) e realizado por ocasião da 29ª edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA), onde o pavilhão português, com 87 empresas, foi o que ocupou maior área entre os países estrangeiros presentes no certame.
Segundo Miguel Relvas, na sua qualidade de protectorado angolano, Portugal pretendia reforçar a sua parceria estratégica com Angola, canalizando investimento, fomentando emprego qualificado, apoiando as empresas angolanas e fornecendo formação profissional. Falou, obviamente de cátedra… por equivalência.
“A cooperação entre nós é hoje mais robusta e mais profunda. Só nos primeiros quatro meses de 2012 o montante das exportações portuguesas para Angola aumentou 29 por cento, em termos homólogos, enquanto as importações registaram um acréscimo de 176 por cento”, destacou o ministro-sipaio luso.
Nesse sentido, disse, Portugal tem reforçado a sua posição como principal país fornecedor de Angola e é o sétimo destino das exportações angolanas. Na altura estava o reino lusófono do sul da Europa nas mãos do “querido líder” José Eduardo dos Santos.
“Na última década, Portugal foi o país que mais projectos desenvolveu em Angola”, frisou Miguel Relvas, destacando ainda a crescente importância do investimento nas relações bilaterais. Por outras palavras, a importância que o regime angolano dava ao seu protectorado.
“Em 2011, Angola ocupou o quarto lugar no investimento português no estrangeiro – em domínios tão diversos como a construção, o comércio e as actividades financeiras – e é já o décimo maior investidor externo em Portugal”, elucidou Miguel Relvas com aquele ar angelical – que ainda hoje o caracteriza – de quem sabe que deve subserviência e bajulação ao dono de Angola, seja ele qual for… desde que seja do MPLA.
“Atrair o investimento estrangeiro é precisamente uma das prioridades portuguesas do momento. Outros desígnios imediatos são o aumento das exportações, que têm vindo a registar um acréscimo acentuado e consistente, e a criação de emprego. A economia, tal como a concebemos, não pode prescindir desse valor insubstituível que é o trabalho”, acrescentou Miguel Relvas num misto de orgasmo lusófono, conhecimento balofo e servilismo complexado que todos os sipaios têm.
Para enfrentar a crise e recolocar Portugal “na rota do crescimento económico”, importa, defendeu com aquela originalidade típica dos peritos formados em coisa alguma, “pôr as contas em ordem e gastar menos do que gastávamos”.
Seja como for, é bom ver o ar feliz de Miguel Relvas sempre que vem a Luanda. Já nem precisa de usar vaselina, tal é a prática. Lá vem com uma mão à frente e outra atrás, de joelhos, de cócoras ou na horizontal, mas feliz.