sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

LISBOA: A Boca de Cavaco Silva Sobre Angola



A Boca de Cavaco sobre Angola
Por Rafael Marques de Morais 
Fonte: Maka Angola
Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa
Reedição: Radz Balumuca
 12 de Dezembro, 2013
O presidente português, Aníbal Cavaco Silva, prestou ontem declarações públicas sobre Angola que são, ao mesmo tempo, animadoras e alarmantes.
 
Segundo a imprensa portuguesa, após um breve encontro com o vice-presidente angolano, Manuel Vicente, à margem do memorial de Mandela em Joanesburgo, África do Sul, Cavaco Silva disse que a “luta política em Angola é feita entre os angolanos e deve ser feita em Angola”.
 
Essas declarações visavam repudiar as denúncias de corrupção e branqueamento de capitais feitas por cidadãos angolanos contra dirigentes angolanos, mas que envolvem empresas portuguesas e o uso de Portugal como lavandaria para o branqueamento de capitais saqueados em Angola. Na sequência dessas denúncias, a justiça portuguesa abriu vários inquéritos preliminares contra dirigentes angolanos e seus familiares suspeitos de branqueamento de capitais, fraude e outros crimes financeiros.
 
Segundo Cavaco Silva, citado pela imprensa portuguesa, os tribunais portugueses não podem ser usados como “instrumentos de luta política em Angola”.
 
As declarações do presidente português, seguindo a lógica cavaquista, são animadoras porque contêm uma fórmula de solução política e económica para as relações entre Portugal e Angola, marcadas por tensões constantes.
 
Os angolanos devem resolver os seus problemas políticos no seu país. Os angolanos também devem usufruir das suas riquezas no seu país. Assim, Portugal deve repatriar os fundos saqueados ao Estado angolano e depositados em bancos portugueses, investidos em empresas portuguesas e em propriedades nesse país. A Angola o que é dos angolanos!
 
Por conseguinte, as riquezas e os investimentos em nome de Manuel Vicente, Isabel dos Santos, general Kopelipa e outros agentes nefários do Estado angolano, que se acham em Portugal, devem imediatamente ser retornados a Angola, para que as suspeitas de branqueamentos de capitais sejam um problema exclusivo da justiça angolana.
 
Seguindo ainda a lógica cavaquista, a situação de crise económica em que actualmente se encontram os portugueses deve ser resolvida pelos portugueses em Portugal. Não devem ir para Angola em busca de emprego, oportunidades de negócios e dinheiro. A crise económica em Portugal não diz respeito aos angolanos e, por isso mesmo, devem procurar emprego em Aljubarrota.
 
No entanto, a visão bizarra de Cavaco Silva sobre o que é a justiça e sobre Angola é mais paternalista do que tacanha.
 
As primeiras investigações a dirigentes angolanos em Portugal, geradoras da polémica actual, resultaram de uma matéria escrita por mim, em 2010, intitulada Presidência da República: O Epicentro da Corrupção em Angola. O referido texto investigativo revelava, entre outros casos, que Manuel Vicente e os generais Kopelipa e Leopoldino Fragoso do Nascimento, então proprietários da Portmill, transferiram a titularidade da empresa para oficiais da guarda presidencial de José Eduardo dos Santos. Estes, por sua vez, surgiram como os compradores de 25 porcento das acções do Banco Espírito Santo Angola (BESA), por US $375 milhões, ao Banco Espírito Santo, um banco português. Publiquei o texto no meu website Maka Angola. Meses depois, recebi uma notificação da polícia judiciária portuguesa para prestar depoimentos e desloquei-me a Portugal para o efeito.
 
É preciso lembrar a Cavaco Silva que eu apresentei queixa em Angola, sobre os casos expostos no referido artigo. A justiça portuguesa cuidou da parte que lhe coube, ao investigar, de acordo com a legislação portuguesa, o envolvimento de uma instituição financeira portuguesa listada na bolsa de valores, numa operação de vulto e sob suspeita. A mim, como cidadão angolano de pleno direito, coube a responsabilidade de intervir junto da justiça angolana.
 
As declarações de Cavaco Silva são alarmantes porque deliberadamente procuram misturar questões de foro judicial, como são as suspeitas de branqueamento de capitais, com as de natureza meramente política.
 
No seu discurso, a 19 de Julho de 2010, na Assembleia Nacional de Angola, o presidente Cavaco Silva disse: “Os valores em que acreditamos — a liberdade, o respeito pela dignidade da pessoa humana, o primado do direito, a justiça, a igualdade de oportunidades — são um factor de progresso e de aproximação e de reforço da cooperação entre os nossos países”.
 
O saque das riquezas de Angola, pelo regime do presidente José Eduardo dos Santos, com a cumplicidade também de sectores políticos e económicos portugueses, têm violado os valores que Cavaco Silva diz acreditar e constituírem os pilares das relações entre Portugal e Angola.
 
Por isso, as declarações de Cavaco Silva são mais alarmantes ainda pela sua falta de memória. Não é preciso recordar que, em 1991, Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro, foi o mentor dos Acordos de Paz de Bicesse, um processo puramente político sobre a paz em Angola. Também não é preciso lembrar que o mesmo Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro, apoiou o MPLA, com a sua participação num comício partidário realizado no Moxico, em Setembro de 1991. Três meses antes Portugal assumira o papel, juntamente com a Rússia e os Estados Unidos, de mediador no processo de paz angolano. Cavaco Silva quebrou assim o princípio de imparcialidade de Portugal. Porque é que Cavaco tinha de se envolver em questões políticas que só aos angolanos dizia respeito, segundo o seu princípio?
 
Cavaco Silva demonstra a sua indiferença face à realidade angolana, procurando apenas manter-se atinado ao que o regime angolano pode proporcionar para o resgate da economia portuguesa e para os negócios portugueses. É uma mentalidade ainda mais deprimente que a de Salazar que, ao menos, presidia também à gestão do quotidiano dos angolanos. Cavaco só quer o dinheiro e a amizade dos corruptos.
 
O presidente de Portugal pode ter a certeza de que o seu amigo Manuel Vicente, tarde ou cedo, sentar-se-á no banco dos réus, em Angola, para responder por crimes de lesa-pátria. Enquanto presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Manuel Vicente dirigiu um esquema de saque, sem precedentes, de biliões de dólares dos fundos de petróleo através da China-Sonangol e de Portugal.
 
Nesse dia, o senhor presidente Cavaco Silva, tenha muita saúde, mudará o seu posicionamento porque a sua memória política sobre Angola é movida pelo vento.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

LUANDA: Jovens angolanos homenageiam Nelson Mandela

Jovens angolanos homenageiam Nelson Mandela

Os jovens vão se vestir de preto nos dias 14 e 15 para simbolizar o luto em memória a figura de Nelson Mandela.
Nelson Mandela numa foto de arquivo (2007)Nelson Mandela numa foto de arquivo (2007)Fonte: VOACoque MukutaDivulgação: Planalto De Malanje Rio capôpaRadz Balumuka
 
Um grupo de jovens angolanos decidiu homenagear no próximo sábado a figura de Nelson Mandela e estabeleceu um período de dois dias como Luto Nacional em homenagem ao primeiro presidente África do Sul pos-apartheid.

Uma homenagem a Nelson Mandela pela sua grandiosidade humana e espiritual vai unir mais de 50 jovens no próximo sábado na cidade de Luanda de acordo com a informação prestada a Voz da América por Adão Ramos, um dos organizadores do acto.

Na verdade queremos com este acto homenagear aquele homem que é Nelson Mandela”, disse.

Segundo Adão Ramos o acto vai ser antecedido de deposição de flores na embaixada Sul Africana em Luanda e visa reflectir sobre os feitos de Mandela

“Temos muitas experiências para bebermos de Nelson Mandela e por isso vamos reflectir sobre os seus feitos”, concluiu.

Os jovens vão se vestir de preto nos dias 14 e 15 para simbolizar o luto em memória a figura de Nelson Mandela.

LUANDA: Bloco Democrático diz que o ditador angolano deve ordenar inquérito á morte de Hilberto Ganga dirigente da CASA-CE assassinado pela tropa da guarda presidencial

Angola: Presidente deve ordenar inquérito à morte de Hilbert Ganga, diz Bloco Democrático

Investigação serviria para limpar o nome da presidência - Pinto de Andrade
Hilbert GangaHilbert GangaFonte: Redacção da VOA12.12.2013Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa
TAMANHO DAS LETRAS 
As autoridades angolanas ainda não iniciaram qualquer investigação formal à morte do militante da CASA CE Manuel Hilbert Ganga abatido a tiro por elementos da Guarda Presidencial no passado dia 23 de Novembro.
Ganga colava cartazes alusivos ao rapto e desaparecimento de dois activistas quando com outros companheiros foi interpelado e morto.

As autoridades disseram que Ganga tinha violado o perímetro de segurança da presidência. Testemunhas oculares negam isso mas as autoridades não investigam contudo a morte

O líder  do  Bloco Democrático Justino Pinto de Andrade  disse  à Voz da América que o Presidente da República devia ordenar um inquérito sério e urgente sobre o caso se quiser limpar a imagem do seu  governo.

O deputado do MPLA Virgílio de Fontes Pereira acusou a oposição política de ser a principal responsável pelo que ocorreu.

MAPUTO: Frelimo avança com nomes de candidatos á sucessão de Guebuza

Moçambique: Frelimo avança com nomes de candidatos à sucessão de Guebuza

Os três candidatos têm uma particularidade em comum: nenhum deles é do Sul.
Presidente Armando Guebuza
Presidente Armando Guebuza  Divulgação: Planalto De malanje Rio capôpa                                                                                                                         TAMANHO DAS LETRAS
 
Em Moçambique, a Frelimo indicou Alberto Vaquina, José Pacheco e Filipe Nyussi como candidatos à substituição de Armando Guebuza na presidência da república, mas os críticos do partido no poder em Moçambique, dizem que nenhum deles tem o perfil nem o carisma para ser chefe de estado.
Um destes três pré-candidatos, nomeadamente, José Pacheco, ministro da Agricultura e chefe da delegação do governo às negociações com a Renamo, Alberto Vaquina, actual primeiro-ministro e Filipe Nyussi, ministro da defesa, vai ser eleito candidato da Frelimo às eleições presidenciais de 2014, numa sessão do Comité Central do Partido, prevista para breve.

Os três candidatos têm uma particularidade em comum: nenhum deles é do sul, e a sua indicação surge numa altura em que aumentam as vozes contestando o facto de até aqui todos os presidentes de Moçambique serem do sul do país. Algumas dessas vozes surgem de dentro da própria Frelimo.

O analista Marcos Sitoi diz que não reconhece, em nenhum deles, um trajecto que tenham feito no país para merecerem esta escolha pela comissão política da Frelimo.

“Para mim, nenhum deles tem perfil para ser presidente de Moçambique”, disse Sitoi.
Entretanto, a Presidente da Liga dos Direitos Humanos, Alice Mabote, que não ficou surpreendida pela proposta, tem a mesma opinião e diz que Filipe Nyussi poderá ser o sucessor do presidente Armando Guebuza. “Ele é o mais provável de todos eles”.

Na sua opinião, Moçambique está a copiar o modelo angolano, “porque, como se sabe, José Eduardo dos Santos chegou ao poder, em Angola, nas mesmas circunstancias que em Moçambique. Filipe Nyussi, ao atacar a Renamo, estava a assumir um compromisso, disseram-lhe faça isso para abrir o caminho”.
Mabota disse ainda que o facto de nenhum dos três pré-candidatos ser do sul de Moçambique , isso nao é relevante, porque as pessoas devem ser eleitas tendo em conta a competência e o carisma.

CABINDA: Pároco desaparece em Cabinda e abre crise na diocese católica

Pároco desaparece em Cabinda e abre crise na Diocese Católica

Diocese volta a ser abalada com a tentativa de assassinato do pároco da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, Carlos Maria Mbambi, por elementos até agora desconhecidos.
Dom Filomeno de Nascimento Vieira Dias Dom Filomeno de Nascimento Vieira DiasDivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
TAMANHO DAS LETRAS 

O incidende, segundo se apurou, não foi entretanto comunicado à policia.

Apesar da informação não ter sido confirmada nem desmentida pela hierarquia da Igreja Católica local, a tentativa de assinato ao sacerdote está sendo associada a alegadas divergências que terão existido entre Carlos Mbambi e o bispo da Diocese de Cabinda Dom Filomeno de Nascimento Vieira Dias.

O bispo de Cabinda, segundo os catequistas da paróquia, ouvidos pela Voz da America, terá realizado sucessivos actos de suspensão de obras que o sacerdote iniciou naquela comunidade.

Nas mesmas circunstâncias, Dom Filomeno Vieira Dias, segundo os catequistas confiscou sem qualquer esclarecimento o colégio e as instalações da comunidade das Irmãs Predilectas de jesus, na cidade de Cabinda, construído pelo sacerdote com fundos obtidos por doações.

Os catequistas manifestaram espanto pelo facto de Dom Filomeno, mesmo depois de ter sido interpelado por fiéis daquela comunidade religiosa, ter mandado suspender sem explicações as obras de construção de um santuário para adoração.

Deploram ter sido igualmente vetada a realização de obras de reabilitação de uma residência para madres e a construção de um edificio para o funcionamento da cede paroquial.

Entretanto, contactado pela Voz da América, o porta voz da Igreja de Cabinda padre Francisco Nionge desmentiu a informação posta a circular, qualificando-a de infundada.

O porta-voz da igreja disse que o padre desaparecido terá deixado uma carta na igreja cujo conteudo não foi tornado público.

Francisco Ninge prometeu entretanto, sem avançar datas, um pronunciamento oficial da igreja sobre os factos.

Recorda-se que Carlos Mbambi  foi o artífice na tomada de posse do bispo Dom Filomeno Vieira Dias, enfrentado os seus colegas do clero que rejeitavam a nomeação de um bispo não natural do enclave.

Pelo papel assumido, o sacerdote passou a ser perseguido pelos fiéis da Igreja Catolica local e ameaçado de morte.

Em 2006, o sacerdote voltou a sofrer  uma segunda tentativa de tentativa de assassinato depois de ter sobrevivido a uma primeira em 1990.

Carlos Mbambi constava na lista dos candidatos à substituição de Dom paulino Madeca, mas terá sido preterido, como foram os casos do padre Casimiro Congo e Raul Tati por alegadamente alimentar ideais independentistas.

O sacerdote está desaparecido desde o passado dia 5 de Outubro.

CABINDA: Desaparecimento de bispo de Cabinda abre nova crise

Manchetes da VOA: Desaparecimento de bispo de Cabinda abre nova crise


Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa
12.12.2013
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TAMANHO DAS LETRAS 
Tentativa de assassinato de bispo abre nova crise na Diocese de Cabinda. Bispo continua desaparecido

Parlamento angolano aprova Orçamento de Estado para 2014 com votos contra da oposição

Bloco Democrático denuncia que assassino de activista da CASA-CE não foi levado à justiça

Frelimo apresenta pré-candidatos às eleições presidenciais de 2014

Liga dos Direitos Humanos de Moçambique critica actuação do PGR

Angola concede empréstimo a São Tomé e Príncipe 180 milhões de dólares

TAP suspende voos para Bissau

Relembrando Mandela, falaremos da Robben Island

Teremos ainda a Dra. Nídia e Desporto

Oiça o programa às 17:00 (UTC)

MAPUTO: Carta berta para o presidente ditador do feudo moçambicano

Carta aberta ao Presidente de Moçambique

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Carlos Nuno Castel-Branco, coordenador do grupo de investigação sobre economia e desenvolvimento do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE)Carlos Nuno Castel-Branco, coordenador do grupo de investigação sobre economia e desenvolvimento do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE)Divulgação: Planalto de malanje Rio capôpaSenhor Presidente, você está fora de controlo. Depois de ter gasto um mandato inteiro a inventar insultos para quem quer que seja que tenha ideias sobre os problemas nacionais, em vez de criar oportunidades para beneficiar da experiência e conhecimentos dessas pessoas, agora você acusou os media de serem culpados da crise política… nacional e mandou atacar as sedes políticas da Renamo.
A crise político-militar que se está a isntalar a grande velocidade faz lembrar as antecâmaras do fascismo. Em situações semelhantes, Hitler e Mussolini, Salazar e Franco, Pinochet e outros ditadores militares latino-americanos, Mobutu e outros ditadores africanos, foram instalados no poder, defendidos pelo grande capital enquanto serviam os interesses desse grande capital, e no fim cairam.
Será que você, senhor Presidente, se prepara para a fascização completa do País? Destruir a Renamo, militarmente, é um pretexto. Fazer renascer a guerra é um pretexto. Parte do problema dos raptos – não todo – e do crime e caos urbano é um pretexto. Permitir a penetração da Al Quaeda em Moçambique é um pretexto. Pretexto para quê? Para suspender a constituição e aniquilar todas as formas de oposição, atirando depois as culpas para os raptores e outros criminosos e terroristas, ou para aniquilá-los em nome da luta pela estabilidade.
Senhor Presidente, você pode estar a querer fascizar o País, mas não se esqueça que a sua imagem e a do seu partido estão muito descredibilizadas – por causa de si e do seu exército de lambe botas. E essa credibilidade não se recupera com palavars e com mortos. Só se pode recuperar com a paz e a justiça social. O que prefere, tornar-se num fascista desprezível e, a longo prazo, vencido? Ou um cidadão consciente e respnsável que defendeu e manteve a paz e sugurança dos cidadãos, evitando a guerra e combatendo o crime?
Senhor Presidente, você tem que ser parte da solução porque você é uma garnde causa do problema. Ao longo de dois mandatos, quem se rodeou de lambe botas que lhe mentem todos os dias, inventam relatórios falsos e o assessoram com premissas falsas? Quem deu botas a lamber e se satisfez com isso, com as lambidelas? Quem se isolou dos que realmente o queriam ajudar por quererem ajudar Moçambique e os moçambicanos, sem pretenderem usufruir de benefícios pessoais? Quem preferiu criar uma equipa de assessores estrangeiros ligados ao grande capital multinacional em vez de ouvir as vozes nacionais ligadas aos que trabalham honestamente? Quem insultou, e continua a insultar, os cidadãos que apontam problemas e soluções porque querem uma vida melhor para todos (meamo podendo estar errados, honestamente lutam por uma vida melhor para todos)?
Quem acusa os pobres de serem preguiçosos e de não quererem deixar de ser pobres? Quem no principio e fim dos discursos fala do maravilhoso povo, mas enche o meio com insultos e desprezo por esse mesmo povo?
Quem escolheu o caminho da guerra e a está a alimentar, mesmo contra a vontade do povo maravilhoso? Quem diz que a guerra, e o desastre humanitário a ela associado, é um teste à verdadeira vontade de paz do povo maravilhoso? Por outras palavras, quem faz testes politicos com a vida do povo maravilhoso? Quem deixa andar o crime, a violência e a pobreza, quem deixa andar a corrupção, o compadrio e as associações criminosas? Quem nomeia, ou aceita a nomeação, de um criminoso condenado a prisão maior para comandante de uma das principais forças policiais no centro do país?
Quem se apropria de toda a riqueza e ao povo maravilhoso oferece discursos e dessse maravilhoso povo quer retirar (ou gerir, como o senhor diz) qualquer expectativa? Quem só se preocupa com os recursos que estão em baixo do solo, mandando passear as pessoas,os problemas e as opções de vida construídas em cima desse solo? Quem privatiza os benefícios económicos e financeiros dos grandes projectos, e depois mente dizendo que ainda não existem?
Quem se defende nos media internacionais dizendo que passou todos os seus negocios para os familiares enquanto é presidente – e quem é suficientemente idiota para aceitar isto como argumento e como defesa?
Quem divide moçambicanos em termos raciais e étnicos, regionais e tribais, religiosos e políticos – já agora, o que são moçambicanos de gema? Serão os autómatos despersonalizados e ambiciosos que nascem das gemas dos seus patos? O que são moçambicanos de origem asiática, europeia ou africana – são moçambicanos ou não são?
Quem ficou tão descontrolado que hoje acusa os media de serem criadores do clima que se vive no país – foram os media que se apropriaram das terras, iniciaram uma guerra, deixam andar o crime urbano e foram pedir conselhos ao Zé Du? Que tipo de media você quer? Um jornal noticias que não tem uma referência destacada a três grandes manifestações populares pela paz e seguranca e justiça social que aconteceram ontem no nosso país, embora tenha uma noticia sobre manifestações contra violações no Quénia? Porque é que as manifestações dos outros são verdade e as nossas mentira?
E, já agora, senhor Presidente, pode esclarecer-nos quem matou Samora?
Senhor Presidente, você não merece representar a pérola do Indico nem liderar o seu povo maravilhoso. E desmerece-o mais cada dia. Você foi um combatente da luta de libertação nacional e um poeta do combate libertador, mas hoje não posso ter a certeza que liberdade e justiça tenham sido seus objectivos nessa luta heróica.
O povo maravilhoso, ontem, prestou homenagem a Mocambique, a Mondlane e Samora, aos valores mais profundos da moçambicanidade cidadã e da cidadania moçambicana. Foi bonito ver as pessoas a manifestarem-se por causas justas comuns, a partilharem a água e as bolachas, a abraçarem-se e distribuirem sorrisos, a apanharem o lixo que uma tão grande multidão não poderia deixar de criar. Foi bonito ver quão bonitos e cívicos Moçambique e os moçambicanos, na sua variedade, são. Foi bonito ver os cidadãos aplaudirem a polícia honesta e abraçarem os seus carros, e os polícias absterem-se de atacar os cidadão. Foi bonito ver que conseguimos juntar uma multidão consciente, cívica e honesta, que o seu porta voz partidário, Damião José, foi incapaz de desmobilizar. Foi bonito ver a bandeira e o hino nacionais a cobrirem todos os moçambicanos, moçambicanos que são só moçambicanos e nada mais.
E no seu civismo e afrimação da cidadania moçambicana, esta multidão para si só tinha três palavras: “fora, fora, fora”. Tenha dignidade e, pelo menos uma vez na vida, respeite os desejos do povo. Reuna os seus patos e saia, saia enquanto ainda há portas abertas para sair e tempo para caminhar. Não tente lutar até ao fim. Isso só vai trazer tragédia, mortes e sofrimento para todos e, no fim, inevitavelmente, você e todos os outros belicistas, criminosos e aspirantes a fascistas, sejam de que partido forem, serão atirados para o caixote do lixo da história. Saia enquanto é tempo, e faça-o com dignidade. Ninguém se esquecerá do que você fez – de bem e de mal – mas perdoa-lo-emos pelo mal por, pelo menos no fim, ter evitado uma tragédia social e saído com dignidade.
Que, pelo menos, o seu último acto seja digno e merecedor deste povo maravilhoso. E, enquanto se prepara para sair, por favor devolva ao país e ao Estado a riqueza de que você, a sua família e o seu grupo de vassalos e parceiros multinacionais se apropriaram. Leve os seus patos mas deixe o resto. E, por favor, use as presidências abertas, pela última vez, mas para se despedir, pedir desculpas e devolver a riqueza roubada.
Saia, senhor Presidente, enquanto ainda é suficientemente Presidente para sair pelas suas próprias pernas.
Você sabe, de certeza, o que quer dizer “A Luta Continua!” Então, saia.
E não perca tempo a abater ou mandar abater ou encorajar a abater ou deixar abater alvos seleccionados, sejam eles quem forem. O sangue de cada um desses alvos só vai engrossar ainda mais o rio em cheia que o atirará a si, e seus discípulos, como carga impura, para as margens do rio poderoso fertilizadas pela luta popular. O povo não morre, e é o povo, não um alvo seleccionado, seja quem for, quem faz a revolução. Não se esqueça que a fúria do rio em cheia é proporcional à água que nele flui e à pressão que sobre ele exercem as margens opressoras.
Senhor Presidente, não tente fascizar Moçambique. Se o fizer, pode levar tempo, podem muitas vidas ser encurtadas pelas suas forças repressivas de elite, mas se seguir este caminho, você sairá derrotado. A história não perdoa.
Adeus, senhor Presidente, vá descansar na sua quinta com a sua família e dê à paz e à justiça social uma oportunidade nesta pérola do Índico e em benefício do seu maravilhoso povo. Por favor.
Não lhe queremos mal. Mas, acima de tudo, queremos a paz e que os benefícios do trabalho fluam para todos.
Por  Carlos Nuno Castel-Branco