sexta-feira, 16 de maio de 2014

CARTUM: Sudanesa condenada á morte e mais á mais 100 chicotadas por converter-se ao cristianismo

Sudanesa condenada à morte e a 100 chicotadas

Fonte: Voanews
Divulgação: Planalto De Malanje rio capôpa
15.05.2014
TAMANHO DAS LETRAS 
Um tribunal de Cartum condenou hoje, 15, uma mulher de 27 anos por enforcamento, tendo sido acusada de apostasia (renúncia à anterior religião) e adultério.

Mariam Yahya Ibrahim Ishag, nasceu muçulmana, mas decidiu trocar o Islão pelo Cristianismo. Casada com um cristão, encara agora a pena de morte e cem chicotadas por se ter casado com um homem não muçulmano.

A Amnistia Internacional e as embaixadas dos Estados Unidos, Holanda, Canadá e Reino Unido apelaram à libertação de Mariam, mas sem efeito.

Segundo o tribunal, foi dado um prazo de três dias para que Mariam, grávida de oito meses e com um bebé de colo, voltasse ao Islão, mas a jovem não aceitou.

O regime islamita sudanês introduziu a lei islâmica ('sharia') em 1983,  mas os castigos extremos, além da aplicação de chicotadas, são raros.

Falando à AFP, o ministro da Informação sudanês, Ahmed Bilal Osman, diz que este não é um caso exclusivo do Sudão: "Na Arábia Saudita, em todos os países muçulmanos, é proibido mudar de religião".

PARIS: Somos raparigas, somos negras!, diz Celine Sciamma, que é branca

Somos raparigas, somos negras!, diz Céline Sciamma, que é branca

Abertura eufórica da Quinzena dos Realizadores com Bande de Filles. O corpo delas a falar pela banlieue.
Céline não é negra, mas as personagens do seu filme, Bande de Filles, e as suas exuberantes actrizes, que subiram com ela ao palco na sessão de abertura da secção Quinzena dos Realizadores, são. Mas Céline faz corpo com o bando, tudo nos seus filmes participa de uma forma de ligação sensual ao grupo, quer seja em La Naissance des Pieuvres (2009), em que o desejo homossexual irrompia no seio de uma equipa de natação sincronizada, ou em Tomboy(2013), história de uma menina que se fazia passar por rapaz durante um Verão para pertencer ao bando de miúdos do bairro.
Tem sido assim na vida de Céline, das manifestações à forma como participa como consultora dos argumentos dos amigos realizadores passando pela equipa de futebol feminino que criou com as amigas (e em que participa Marie Amachoukeli, uma das realizadoras de Party Girl, o filme que abriu a secção Un Certain Regard).
Céline diz sentir um élan forte por “essa forma de encarnação muito física do político”. Se há élan em Bande de Filles está aí, precisamente, na evidência dos corpos, na forma como falam. Esta é a história do desabrochar de uma adolescente de um bairro da periferia parisiense - pai ausente, mãe afogada pela necessidade de trazer dinheiro para casa, irmã mais pequena para cuidar, irmão com a missão de velar pela respeitabilidade familiar, o que o torna às vezes alguém activo em tornar o ambiente caseiro disfuncional. Até que Marieme encontra três bad girls vestidas pelo rock’n’roll e desfrisadas pelo R’n’B e que lhe propõem uma viagem até ao centro, Paris. A viagem vai mudar tudo, até o nome de Marieme, que se passará a chamar Vic, de Victory.
E assim é como se La Haine, de Mathieu Kassovitz, filme que explodiu aqui em Cannes há quase duas décadas, fosse actualizado pelo romantismo que engrandece as mulheres dos filmes de Jane Campion. Num cenário, a banlieueparisiense, que participa da realidade mas que a ultrapassa, fazendo dele uma tela em branco onde é possível investir com uma arquitectura de cores e sensualidade. Um pós-qualquer coisa também, depois dos filmes sobre abanlieue com rapazes, um filme na banlieue com raparigas. Não é só o género que muda, há qualquer coisa da ordem da superação na forma de juntar os temas do costume para falar da banlieue: o corpo delas a tomar posse de Diamonds, de Rihanna, é assim que o filme fala.
Diz-se que Céline Sciamma é das mais enérgicas realizadoras da sua geração, começa a estar em todo o lado e neste momento está a escrever o argumento do próximo filme de André Téchiné. A recepção a Bande de Filles na abertura da Quinzena foi empática e física. Estes devem ser momentos intensos para um cineasta. Mas a experiência da euforia é sempre triste, porque traz consigo um sabor a fim. Apesar da exuberância à flor da pele (ou se calhar por causa dela), Bande de Filles é um filme que não consegue prometer que vai ficar connosco para todo o sempre.
Essa foi uma experiência de empatia, de euforia – condenadas que possam estar. Captive, de Atom Egoyan (concurso), é qualquer coisa próxima do grotesco. Alguém diz no filme, uma personagem a outra, quando esta desenvolve uma teoria qualquer sobre um rapto, que ela andou a ver muitos filmes. Atom Egoyan andou a ver muitas séries de televisão, dessas que normalizam o vírus Twin Peaks dentro delas.
No papel, um projecto que promete: examinar como o passado (um rapto) marca ao longo de vários anos a vida de várias personagens, dos pais da vítima ao casal de investigadores encarregues do caso, passando pela própria vítima e pelo seu raptor. O passado e o trauma é um tema de Egoyan, como a violação da privacidade, como o voyeurismo… Tudo isto está aqui, mas com a velocidade das rotinas, com a convicção apenas do plot e de como levá-lo até ao fim – e o fim, em que o filme parece apodrecer a sua própria rotina, é mesmo a desagregação de todas as hipóteses de poder ser convencido (experiência, pelo menos, este espectador).
                                

MOXICO: Tribunal da província do Moxico condenou assassinos do soba Chimbidi

Tribunal do Moxico condena assassinos do soba Chimbidi

Fonte: Maka AngolaDivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa15 Maio, 2014
O Tribunal Provincial do Moxico condenou, ontem, o primeiro-secretário do MPLA, Alberto Tchinongue Catolo, e o soba Cangamba, António Kanguia Candimbo, a seis anos de prisão pela autoria moral do assassinato do soba Augusto Chimbidi.
Por sua vez, os irmãos Masseca, Arão e Eliseu, foram condenados a 14 anos cada, em penas cumulativas, como executores do homicídio e por terem incendiado a residências da vítima e de um sobrinho seu.
Dois outros réus, Manuel e Diamantino Angelino, receberam penas de sete anos e 14 meses respectivamente, pela sua participação na agressão fatal ao soba.
No seu despacho de sentença, o juiz Pereira da Silva condenou também o comandante municipal da Polícia em Cangamba, Manuel N’doje Ijita Cawina, a dois meses prisão, transformados em multa, pela sua participação na trama da adivinhação que serviu de base para a ordem de assassinato do soba. O juiz concluiu que o comandante da Polícia não ordenou o assassinato, mas proibiu que os agentes policiais interviessem para salvar o soba Chimbidi, que foi linchado em praça pública a 9 de Novembro de 2012. Espancado e esfaqueado múltiplas vezes na cabeça e no corpo, o soba acabou por falecer no dia seguinte.
A ordem de ataque contra o soba  Augusto Chimbidi partiu do primeiro-secretário do MPLA e do soba Cangamba, depois de o terem acusado de feitiçaria. O caso teve origem num triângulo amoroso e acabou como vingança política. O comandante Manuel Cawina era o protagonista desse triângulo amoroso, que envolvia uma sobrinha casada do primeiro-secretário do MPLA. O soba nada tinha que ver com o assunto, mas era inimigo político do responsável local do MPLA e do soba Cangamba, que lhe queria o poder de autoridade tradicional máxima em Cangamba. O Maka Angola conta a história em pormenor aqui:http://bit.ly/1iZh6bF
Na leitura da sentença, o juiz atenuou a pena de prisão aplicada ao político e ao soba, por considerar que ambos têm uma convicção arreigada na feitiçaria. Aduziu a idade avançada de Alberto Catolo, 64 anos, e o facto de ambos terem sido apenas autores morais.
O primeiro-secretário e o soba foram ainda condenados a pagar, cada um, uma indemnização de um milhão de kwanzas (US $10,000) à família da vítima, enquanto aos outros condenados se ordenou que pagassem uma indemnização conjunta de quatro milhões de kwanzas (US $40,000).
Zola Bambi, advogado de acusação, manifestou ao Maka Angola a sua satisfação pelo veredicto.
“O mais importante era transmitir à sociedade, no Moxico, que existem leis e que não se deve fazer justiça por mãos próprias. Foi um grande julgamento contra o obscurantismo e a ignorância”, disse.
O advogado considerou também que a decisão, tomada pelo juiz, de proceder ao julgamento e a consequente condenação constituem uma mensagem forte para os órgãos de investigação criminal no Moxico. “A investigação criminal deve ater-se aos procedimentos legais. A instrução do processo estava eivada de vícios e foi uma luta titânica dos activistas locais contra tais vícios para que o processo avançasse”, afirmou Zola Bambi.
Ernesto Guilherme, representante da Associação Mãos Livres no Moxico, cujo empenho foi instrumental para a prossecução do caso, referiu ao Maka Angolaque a sentença “é um triunfo dos que lutam pelo bem”.
“A maioria que defende o mal pensava que o assassinato do soba seria como a morte de uma galinha, algo banal”, comentou.
O activista dos direitos humanos minimizou a leveza das penas aplicadas, reafirmando que a condenação do dirigente do MPLA foi em si um acto significante contra a impunidade e parabenizando o juiz pela sua coragem.
Na sessão de leitura da sentença, estiveram presentes o governador provincial do Moxico e o comandante provincial da Polícia Nacional, respectivamente João Ernesto dos Santos “Liberdade” e o comissário Filipe Hespanhol.

Correcção:Por lapso, o Maka Angola referiu-se ao soba assassinado, Augusto Chimbidi, pelo nome do seu filho António Catote, que prestou declarações ao Maka Angola. Ambos os filhos, António e Augusto Chimbidi (este último com o mesmo nome que o pai) testemunharam o crime.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

LUANDA: Feitiçaria. Policia, MPLA e o assassinato do soba

Feitiçaria, Polícia, MPLA e o assassínio do Soba

Por Rafael Marques de MoraisFonte: Maka AngolaDivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa12 Maio, 2014
O Tribunal Provincial do Moxico proferirá, a 14 de Maio, a sentença sobre o homicídio do soba António Catote Chimbidi, ocorrido depois de este ter sido denunciado como feiticeiro por um dirigente do MPLA e um comandante da Polícia Nacional.
Entre os réus do processo judicial encontram-se o primeiro-secretário do MPLA no município do Cangamba, Alberto Tchinongue Catolo, o comandante municipal da Polícia Nacional na referida localidade, Manuel N’doje Ijita Cawina, e o soba Cangamba, António Kanguia Candimbo.
O caso iniciou-se com um triângulo amoroso, que deu origem a uma acusação de feitiçaria. Como é habitual em muitas regiões, as altas entidades locais envolveram-se em cultos de adivinhação e promoveram o obscurantismo como mecanismo de justiça. Os dirigentes animaram um julgamento popular, o acusado de feitiçaria foi condenado à morte, com execução de sentença imediata. Pelo meio, como é igualmente habitual, havia uma agenda política.

A Narrativa

Maka Angola reconstitui a narrativa dos acontecimentos revelados e confirmados durante as várias sessões públicas de julgamento, no Tribunal Provincial do Moxico, sob processo nº 94/ – B2013.
Devido ao enorme interesse que o caso despertou na cidade do Luena, capital do Moxico, o Tribunal Provincial realizou cerca de nove sessões de julgamento na Sala de Conferências da Juventude, acomodando perto de 200 pessoas na audiência.
A história começou a desenrolar-se em Junho de 2012, na vila de Cangamba, sede do município com o mesmo nome, na província do Moxico.
Alone Masseca, secretário da administração municipal, adoeceu e decidiu consultar um curandeiro para “tratamento tradicional”. O curandeiro informou-o de que supostamente tinha sido enfeitiçado pelo comandante municipal Manuel Cawina e o putativo sogro deste, Xamassela. O adivinho falou-lhe também da sua morte iminente.
Havia uma ligação entre Alone Masseca e Manuel Cawina: A esposa do primeiro, conhecida apenas como Catarina, era amante do segundo. Duas filhas de Xamassela também mantinham relações amorosas com o comandante.
Alone Masseca, acreditando no curandeiro, redigiu uma carta acusatória contra o comandante e encetou contactos com os anciãos locais para informá-los da situação e do seu estado de saúde, que acreditava ser terminal. Acabou por falecer passados alguns dias.
Em reacção, os anciãos solicitaram uma reunião com o comandante Cawina, no jango, onde normalmente se realizam os encontros com as autoridades tradicionais, na presença de familiares do malogrado. Como compromisso, as partes decidiram enviar uma delegação à província do Kuando-Kubango para consultar um adivinho supostamente imparcial e distante da realidade local.
Três elementos, em representação, respectivamente, dos sobas, das famílias do malogrado e do acusado, constituíram a missão. No Kuando-Kubango, conforme depoimentos confirmados em tribunal, o curandeiro local reiterou a adivinha do seu colega de Cangamba. Segundo ele, o comandante e o seu sogro eram mesmo os feiticeiros.
Insatisfeito com o veredicto, o comandante propôs uma segunda missão, desta feita no Congo, onde o adivinho estrangeiro seria mais bem qualificado e de indisputável imparcialidade.
O primeiro-secretário do MPLA interveio na qualidade de patrocinador da missão ao estrangeiro, tendo disponibilizado uma viatura todo-o-terreno, dinheiro e o necessário para a jornada. O dirigente do MPLA é tio de Catarina, a viúva de Masseca e amante do oficial da Polícia Nacional.
Domingos Caioco, irmão do comandante Cawina, chefiou a delegação.
Horas após o regresso, a 9 de Novembro de 2012, o secretário do MPLA, Alberto Catolo, o comandante Cawina e o soba Cangamba dirigiram a segunda reunião no jango, destinada a apresentar os resultados da missão. Vários familiares de Alone Masseca e mais de 20 membros da comunidade local também responderam ao apelo para testemunharem a comunicação do veredicto trazido do Congo.
De acordo com o testemunho de Memória Chimbidi, filho do soba António Catote Chimbidi, o pai também havia sido convocado para assistir ao encontro. O primeiro-secretário anunciou a reunião enquanto a delegação se encontrava ainda de viagem.
No jango, o comandante Cawina apresentou a delegação enviada ao Congo, chefiada pelo seu irmão. Domingos Caioco procedeu com a divulgação do relatório de viagem. Informou que o adivinho congolês havia “descoberto” o soba Chimbidi e o seu sobrinho Pedro Likissi, funcionário do Ministério da Justiça e Direitos Humanos, como os verdadeiros feiticeiros.
Qual era a relação do soba e do seu sobrinho com os protagonistas?
António Catote Chimbidi era a máxima autoridade tradicional de Cangamba, com o título de regedor. Tinha como adversários figadais o primeiro-secretário do MPLA e o soba Cangamba.
A inimizade entre os três acentuou-se quando o príncipe dos Bundas, Muambando, cujos domínios se circunscrevem ao município do Lumbala-Nguimbo, tentou impor o soba Cangamba, da sua linhagem, como príncipe de Cangamba, um título inexistente na hierarquia da autoridade tradicional local.
Por sua vez, o primeiro-secretário, também de etnia Bunda, revelou-se como o maior aliado de Muambando e Cangamba, em guerra aberta contra o soba Chimbidi, um Luchaze. O soba Chimbidi tinha fama de ser um empecilho para os desígnios políticos de Alberto Tchinongue Catolo, o secretário do MPLA, no controlo absoluto da vontade das autoridades tradicionais e, por conseguinte, da população local, que continua muito ligada ao poder tradicional.
  
A sentença

 “O primeiro-secretário do MPLA tomou a palavra e entregou o meu pai às mãos da população. Disse ‘vocês, familiares do Alone, é que sabem o que vão fazer com essas pessoas’”, explica Memória Chimbidi.
Por sua vez, o soba Cangamba falou a seguir, corroborando as palavras do secretário Alberto Catolo, e ordenou o espancamento do seu colega. Os relógios marcavam perto das 14h30.
“Começaram a torturar o pai ali mesmo, no jango, enquanto um grupo saiu e queimou a casa do pai, as duas do Pedro Likissi e a sua viatura. Só não o mataram porque ele se encontrava no Luena”, recorda Memória Chimbidi.
O soba conseguiu escapar aos agressores e buscou refúgio em casa de um colega, o soba Caquete. A turba de linchadores ameaçou atear fogo à casa de Caquete e de o espancar também, caso não entregasse o fugitivo.
Um agente da polícia, conhecido por Fikixikixi, acompanhado por um civil, interveio em defesa do soba António Chimbidi, protegendo-o dos agressores, e escoltou-o até à casa do primeiro-secretário do MPLA, para garantir a sua segurança. Os agressores, munidos de paus e objectos contundentes, seguiam-nos.
Levou-o à casa do mesmo Pilatos que momentos antes ditara a sua sentença no jango.
“O primeiro-secretário disse ao agente e ao civil: ‘não o tragam para a minha casa. Matem-no lá fora’”, afirma a filha.
Persistentes, o agente Fikixikixi e o civil que o acompanhava não acataram as palavras de ordem do secretário. Acompanharam o soba Chimbidi até ao hospital municipal, para que fosse assistido, e trancaram a porta da sala onde o colocaram com um cadeado.
“Ficámos a saber que o comandante municipal tinha dado ordens à polícia para não se envolver no assunto”, conta António Chimbidi, que, na altura em companhia do seu irmão, procurava salvar o pai acorrendo ao local.
O agente Fikixikixi ligou à unidade policial a pedir assistência para salvar o soba. Falou com o agente Domingos Vihemba, que o alertou sobre a ordem do comandante a proibir qualquer intervenção dos seus subordinados a favor do soba. Fikixikixi acabou por retirar-se do local, sob pressão.
Por volta das 15h00, um jovem, conhecido apenas por Fue, liderou uma multidão de mais de 40 pessoas que marcharam para o hospital, resolvidas a fazer justiça por mãos próprias. Fue arrombou o cadeado, retirou o soba da sala onde se encontrava e arrastou-o para fora, onde o filho do malogrado AloneMasseca, Eliseu Masseca, o esperava com uma faca.
Ambos, Fue e Eliseu, assestaram vários golpes na cabeça do soba com as facas de que estavam munidos. “A faca do Fue entortou. Ele pausou, endireitou a faca, afiou-a numa pedra e continuou a esfaqueá-lo, assim como o Eliseu, na cabeça, orelhas, braços e pés, enquanto os outros lhe batiam com mocas no peito”, explica António Chimbidi.
“Assistimos a tudo. Éramos dois irmãos contra mais de 40 pessoas armadas com facas e paus. Eles [multidão] sabiam que nós éramos os filhos. Com medo, acabámos por fugir.”
Por volta das 18h00 do mesmo dia, os filhos regressaram ao hospital e encontraram o pai ainda vivo, estendido no mesmo local onde fora esfaqueado, esvaído em sangue. Os médicos, também sob ameaça, haviam debandado do hospital.
Um transeunte vociferava, junto ao soba sobre a desumanidade dos autores da barbárie.
Os filhos recolheram o pai e levaram-no para dentro do hospital. Passado uma hora um médico regressou ao hospital e aplicou soro ao soba.
A 10 de Novembro, no dia seguinte, de manhã cedo, o soba despertou e pediu ao seu filho António que arranjasse papel e esferográfica para registar a ocorrência.
Pediu que fossem anotados os nomes dos membros da delegação que se deslocou ao Congo. Ditou também os nomes de todos os aqueles que o agrediram e cujos nomes conhecia. Explicou a ordem dada pelo primeiro-secretário do MPLA à família de Alone Masseca, para que esta dispusesse do soba como bem entendesse. Informou sobre a presença do comandante no jango e o papel por este desempenhado na sua condenação arbitrária.
Por volta das 18h00 do mesmo dia, o soba morreu.

Feitiçaria Sim, Homicídio Não

Em tribunal, tanto o secretário do MPLA como o comandante policial reconheceram a narrativa das acusações de feitiçaria, as diligências empreendidas e as consequências. Negaram qualquer responsabilidade moral pela forma brutal como o soba foi morto. Ambos afirmaram ter abandonado o jango antes do espancamento do soba.
Maka Angola apurou, junto de fonte oficiosa, que o governador provincial do Moxico e primeiro-secretário provincial do MPLA, João Ernesto dos Santos “Liberdade”, se empenhou pessoalmente no sentido de providenciar assistência jurídica ao seu subordinado Alberto Tchinongue Catolo. O escritório de Paula Godinho & Associados representa o réu, enquanto a Associação Mãos Livres apoia, pro bono,a família do soba.
O juiz Pereira da Silva demonstrou grande coragem e capacidade no exercício das suas funções, pois levou o caso a julgamento, independentemente das pressões contrárias.
Inicialmente, a instrução preparatória atribuiu um falso número de processo ao caso, entregue à família, para que esta persistisse em saber de uma investigação inexistente. Activistas locais empenharam-se em denunciar o expediente, que começa a ser comum para engavetar casos incómodos.
No Moxico, as acusações de feitiçaria e condenação à morte por espancamento ou ingestão de veneno são uma prática arreigada na sociedade local, incluindo entre as mais altas instâncias do governo provincial.
O encobrimento político desses actos por parte da administração local tem remetido o Moxico para um estado de justiça e de engajamento político próprio da era medieval. 

terça-feira, 13 de maio de 2014

MPLA: A Indecência dos Indecisos - Por Raul Diniz

MPLA: A INDECÊNCIA DOS INDECISOS

Angola e os angolanos vivem momentos de extrema turbulência em todas as áreas da vida sócios politica e econômica. Essa situação é vista por todos angolanos, que, aliás, encontram-se completamente jogados numa situação de decadência social endêmica. Segundo indicadores encomendados e a posterior colocada engenhosamente nos mídia ao serviço do regime populista de JES, Angola segundo os cálculos apresentados, será um dos países africanos que crescerá este ano acima dos indicadores esperados na Europa e nos Estados Unidos da América.

Fonte: Planalto De Malanje Rio capôpa
13.05.2014

O CAMARADA LOPO DO NASCIMENTO SE TIVESSE UM TERÇO DA OMBRIDADE E SOBRETUDO A CORAGEM E O DESPRENDIMENTO DE MARCOLINO MOCO E DO CAMARADA AMBRÓSIO LUKOKI, NÓS OS DO “M”, TERÍAMOS UMA CHAPA VENCEDORA PURO SANGUE, PREPARADA PARA OS FUTUROS EMBATES POLÍTICOS QUE SE AVIZINHAM POR TODO PAÍS. EM ANGOLA PRECISAMOS URGENTEMENTE DE UMA FRENTE ABERTA OPOSICIONISTA A JES NO SEIO DO MPLA.
Não tenho duvida nenhuma e tão pouco receio algum em afirmar o que, a muito já disse publicamente, e volto a reafirmar aqui e agora, esse pensamento exclusivo da minha lavra. Se o camarada Lopo Do Nascimento tivesse um terço da coragem e se no seu patrimônio moral tivesse três por cento do desprendimento patrimonial politico e financeiro idêntico ao do camarada dr Marcolino Moco, esses dois homens juntando-se lhes o adoçado ingrediente da arguta inteligência e maturidade politica do íntegro cidadão militante do M, o politico dr Vicente Pinto de Andrade, aí sim teríamos uma com toda certeza uma lucida e eficaz comandância alternante, na direção transformadora de um MPLA renovado e mais eficiente. Essas pessoas ajudariam a formatar um chapa puro sangue vencedora, pronta para os combates eleitorais que se avizinham em Angola.
Reafirmo ainda, que o meu mais que amigo, o mais velho Ambrósio Lukoki, dr Marcolino Moco e o camarada Vicente Pinto de Andrade, Manuel Quarta (Nelito) são as poucas fontes exemplares de motivação impulsionadora na mudança comportamental da nossa mesquinha juventude afeta ao MPLA/JES, para leva-las a mudar de rumo.
JMPLA/JES ESTA ENVELHECIDA, E ENCONTRA-SE PERDIDA NO OCEANO CORROSIVA DA CORRUPÇÃO ENDÊMICA.
Em abono da verdade, a máquina juvenil do MPLA/JES encontra-se profundamente gripada, ela vive da mentira e do nepotismo desenfreado no seu interior, a JMPA não serve para mais nada senão para papel higiênico, a JMPLA é uma organização criada de uma mentira baseada na falsificada doutrina apócrifa do dia da morte do semideus da juventude desencontrada da realidade nacional Hoji-Ya-Henda. A JOTA de hoje, jaz moribunda num infernal labirinto de estupidez humana, essa doença de grandes proporções não tem cura por estar acompanhada de uma grotesca labirintite infinitamente profunda.
 Enfim falar dessa juventude desgraçada sem ritmo e sem aprumo, agora decidiu enveredar pelo sofisma, e JMPLA afirma agora controlar mais de dois milhões (2000.000) de jovens Angolanos, isso é, mais de dois terços de toda população votante. Com essa afirmação descabida da sua liderança, a juventude EDUARDISTA, só pode estar maluca. Por esse andar e por outras vulneráveis caminhadas, é que JMPLA, atualmente encontra-se completamente perdida no fundo do rio da triste vergonha junto a confluente banhada pelo mar da discórdia junto à margem hipocrisia onde jaz perplexamente, num estado de incontinência politica lastimável, precedida de um flagrante envelhecimento precoce.
OS CHEFES DE FILA DA JMPLA SÃO AUTÊNTICOS REPRESSORES DA LIBERDADE DEMOCRÁTICA DOS QUE AINDA MILITAM NESSA ORGANIZAÇÃO, ESTES DIRIGENTES NÃO PASSAM DE PESSOAS ANALFABETAS LETRADAS.
Infelizmente a nossa juventude navega perdida no mar da mentira corrosiva completamente emersa no oceano da corrupção generalizada. Por isso não tenho duvidas em afirmar que os meus camaradas Ambrósio Lukoki, Marcolino Moco, Vicente Pinto de Andrade dentre outros honestos militantes “M” como a Angla Bragança, a corajosa Luzia Bebiana Sebastião de Almeida, são esperança reabilitadora da nossa juventude, para ajudar no seu crescimento inteligente e honesto, que garanta a integridade no futuro o ressurgimento do grande partido que é o MPLA movimento.  Arrisco-me novamente afirmar publicamente, que Ambrósio Lukoki, Marcolino Moco e Vicente pinto de Andrade são a ambos a uma das reservas, senão mesmo as únicas reservas morais que nos resta no interior do nosso “M”. Assim sendo sinto-me na obrigação de agradecer e louvar a Deus pelas deles vidas e de suas famílias.
POR QUE TANTO MEDO DO DITADOR! JÁ ESTÁ PROVADO QUE O TIRANO NÃO TEM POLUNGUNZA NENHUMA PARA REVERTER A FORTUNA DAQUELES  QUE ENRIQUECERAM OPORTUNAMENTE, NOS TRINTA E QUATRO ANOS DE REGIME? JES É E ESTÁ ENFRAQUECIDO, JÁ NINGUÉM O RESPEITA.
O respeitável camarada Lopo do Nascimento dentre outros militantes do “M” não podem continuar a conviver apenas com as benesses financeiras obtidas irregularmente a partir do nosso descambado erário publico nacional. Não aceito que a verdade politica desse homem público descambe para a imensidão podre do vácuo da perdição. O dinheiro não é tudo o que essas pessoas podem ter, já que o possuem então que ajudem o próximo a libertarem-se das garras opressoras do ditador JES. Não entendo e fica difícil acolher pacificamente a teoria da dependência de certos dirigentes hoje imensamente riquíssimos continuarem a ser caixa de ressonância da vontade e panela de utensilio do tirano, será sadomasoquismo ou outra doença ainda não bem explicada? É preciso ter estomago de serviçal de um todo poderoso Ali Baba como o ladrão JES e sua família!
JES E SEUS PARES MORAM NO CENTRO NEVRÁLGICO DA PODRIDÃO DO PODER.
 Sinceramente fica muito difícil entender essa ligação umbilical de dependência absoluta dos nossos ricos que se chafurdam no lamaçal da miséria explicita; eles sabem que o tirano não pode mais atira-los para a podridão da miséria financeira, e ainda assim continuam a prestar-lhe vassalagem! Apesar de JES não poder atira-los para a pobreza financeira, essas interpostas pessoas nasceram para serem absolutos lacaios. Esses políticos possuidores de fortunas exorbitantes sabem que o presidente JES nada contra elas, e muito menos pode atrever-se em retirar-lhes os valores adquiridos durante esses anos que estiveram ao serviço do saque do erário publico. JES não tem condições nem pulungunza toda para amedrontar os seus parceiros de gatunagem, pois todos eles moram no centro da podridão do poder anacrônico medieval. Ninguém precisa ter mais medo do (PRETO VELHO), JES é o pior de todos os atuais dirigentes corruptos que o regime já produziu.
JES PODE ESTAR EVENTUALMENTE A PADECER DE UMA DEMÊNCIA CRÔNICA CHAMADA LOUCURA LUCIDA, JES NÃO POSSUI CONDIÇÕES PARA CONDUZIR O PAÍS SOB-RISCO DE SERMOS PROJETADOS PARA UMA ABISMAL DERROCADA.
JES é um homem amoral, ele não sabe onde começa nem onde termina a liberdade dele, ele é demente, é um homem inseguro e medroso, ele não confia nem mesma na sombra dele, porque que havemos de render vassalagem a uma pessoa desestruturada e maniqueísta como JES é de facto? JES é um tratante, é totalmente desequilibrado, ele vive numa redoma de vidro. JES constituiu-se em inimigo do povo ao roubar suas riquezas e adotar como boa politica de convivência o nepotismo desenfreado e a corrupção generalizada tanto ao nível do internamente no país como internacionalmente.
APELO AOS POLÍTICOS SÉRIOS DO MPLA, PARA QUE REVEJAM O SEU POSICIONAMENTO E VOLTEM AO ATIVO PARA AJUDAR O PAÍS A SAIR DA PRISÃO EM QUE FOMOS ATIRADOS PELA MÃO ENGANOSA DO DITADOR JES.
Por isso arrojo-me a apelar ao nosso Lopo do Nascimento e a outros políticos como Pepetela que voltem politicamente ao ativo, masque seja para mudar o nosso “M” e direciona-lo servir verdadeiramente o povo, façam diferente daquilo que fizeram no passado, CAMARADAS tenham dó do povo e sirvam-no com hombridade não o deixe a deriva perdido na penumbra da imoralidade politica que o aprisiona. Não se esqueçam de que o povo e o país precisam da experiência dos nossos intelectuais que acordaram para a liberdade, e apartaram sem ódios de JES. Enfim saíram exitosos pela porta da frente onde se encontravam encurralados, amordaçados, amarrados e vendados há longos e finitos anos. Tudo na terra tem tempo para começar e de terminar, existe tempo para tudo e até para morrer, apesar de JES pensar que seja de facto imortal, ainda assim posso afirmar sem medo de errar, que no nosso PRETO VELHO não é nem de perto nem de longe imorrível.
EM QUALQUER PARTE DO UNIVERSO POLITICO DEMOCRÁTICO 12 ANOS É TEMPO MAIS DO QUE SUFICIENTE PARA TIRAR DA MISÉRIA O PAÍS E O POVO.
O país a muito se encontra desgovernado, todos temos que assumir as nossas responsabilidades face às irregularidades cometidas pelo farsante JES, temos de condenar o que se fez de errado na nossa terra, e temos igualmente de corrigir todas as más condutas e praticas nocivas que são o fator impeditivo do nosso engrandecimento como povo livre de um país independente. Nós não queremos e não precisamos no país pessoas tão irascíveis como JES e sua família, que querem somente dominar-nos enganosamente para manter sob seu domínio da condução da coisa pública nacional. O país precisa e merece melhores dirigentes que esses atuais titulares de cargos públicos que nos dominam a longo tempo. Camaradas, trinta e quatro anos é muito para qualquer pessoa ficar no poder. Vejamos que nos países onde reina verdadeiramente o estado democrático e de direito, 12 anos representam o tempo para três mandatos; é assim na Europa, Brasil, Estados Unidos da América, Canada etc... Porque afinal terá de ser diferente em Angola?
Em trinta e quatro anos, o país já perdeu muitos angolanos que poderiam ter dado o seu contributo como dirigentes e até mesmo como presidentes da república e que pelo penhora do poder restringido a um só bandido usurpador, o país perdeu muito. Angola e os angolanos ficaram fechados na estreiteza profícua visão obliqua no plano politico e administrativo que todo país humano prossegue erradamente até aos dias de hoje. Temos um regime que rodopiam em torno da vontade de um só homem, os demais personagens dessa governação desastrada não pensam, aliás, esses interpostos dirigentes irresponsáveis estão terminantemente de pensar e/ou de apresentar ideias alternativas ao gerente garboso da ditadura imponente, porque eles já têm quem pense por eles. Será isso o que nós angolanos queremos de facto e de direito para o país meus camaradas e compatriotas?
Não podemos aceitar que o país e nossas vidas continuem a ser governado por interesses alheios a nossa vontade e que em nada contribuem para o crescimento da integridade social do nosso povo. Não podemos mais permanecer na incógnita e aceitar que JES continue a contribuir para a nossa desgraçada sorte, Não são os americanos e muito menos os lacaios portugueses quem suportam a miséria e a fome imposta por esse regime déspota.
O PAÍS PRECISA DE MUDANÇAS RADICAIS NA CONDUÇÃO DAS POLITICAS ECONÔMICAS, QUE PRODUZAM RIQUEZA PARA O BEM ESTAR DO NOSSO POCO.
O país econômico anda a deriva, ninguém se esforça para criar medidas orientadoras para impulsionar evolutivamente algumas importantes áreas produtivas da nossa economia, essas mudanças sentidas em toda extensão do país econômico fazem-se necessárias para que essas medidas tragam finanças abundantes para ajustar a máquina produtiva para que permita diminuir a pobreza extrema que graça no nosso país. Essas medidas esperadas têm que ajudar a evidenciar mudanças positivas para a vida do povo em geral em particular da nossa sofrida juventude. O país esta na mesma e segue a longos e intermináveis anos numa direção errada, não existem caminhos visíveis que subsidie o engrandecimento estrutural da economia minimalista apresentada pelo regime do ditador maquiavélico. Estamos completamente perdidos, e, se o país humano esperar por mais tempo pelo plano de governação milagrosa da parte do presidente JES, jamais o pais terá de maneira alguma nenhuma solução para chegar ao país humano o pão e o leite para alimentar os nossos filhos.
É SEMPRE A MESMA CONVERSA FIADA, DE ESTARMOS APENAS HÁ 12 ANOS SEM TIROS EM ANGOLA! POR ACASO ISSO É DESCULPA PARA OS TEMPOS DA MODERNIDADE QUE O MUNDO VIVE? NA NOSSA TERRA OS 12 ANOS FORAM MAIS QUE SUFICIENTES PARA DELAPIDAR TODO ERÁRIO PÚBLICO E ENRIQUECER E TORNAR BILIONÁRIA A FILHA DO DITADOR.
Muito se fala de estarmos apenas há 12 anos sem tiros no país, a pergunta que não quer calar é, afinal o que se fez em Angola nesses doze anos, onde o regime e seus associados considera que a ausência de tiros significa a presença de paz senão tornar milionários e bilionários as filhas e filhos do ditador gatuno?  Nada, mas nada mesmo se fez para amenizar a fome em Angola, nada do que se fez no país foi a pensar no bem estar do povo, não existe infraestrutura nenhuma construída nesses doze (12) anos de gatunagem, que seja relevante para o bem estar social do povo autóctone.  Apresentem ao povo este maravilhoso crescimento econômico do país, e demonstrem na pratica essa qualidade de vida alcançada pelo regime do (PRETO VELHO), e que leve ao delírio os angolanos, de tanto contentamento. Apenas vislumbram-se na capital do país alguns espaços transformados em pomposos canteiros cercados de betão armado, onde se passeiam orgulhosamente os estrangeiros e a família real do preto velho, que, alias, são os únicos e exclusivos donos de todo esse betão armado levantado para servir exclusivamente os genros, compadres e maridos de suas filhas casadas com estrangeiros oportunistas.
Raul Diniz


segunda-feira, 12 de maio de 2014

LUANDA: Manifestação marcada pelo movimento revolucionário para o dia 27 de maio, chega de chacinas em Angola

Manifestação: “27 de Maio, chega de chacinas em Angola”

Fonte: Planalto De Malanje Rio Capôpa
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Manifestação: “27 de Maio, chega de chacinas em Angola”
A República de Angola é um País cuja história é transmitida de maneira distorcida, com inverdades que favorecem puras e simples o partido no poder, o MPLA, particularmente os seus líderes.
A data de “27 de Maio” é indiscutivelmente um marco histórico triste para os Angolanos, tanto pelos milhares de compatriotas assassinados em 1977, como o assassinato de indefesos jovens manifestantes: Isaías Cassule e Álves Kamulingue, em 2012.
O partido no poder tem sido desumano com o seu próprio povo, eliminando fisicamente todos aqueles que se atrevem a exigir os seus direitos constitucionalmente consagrados. Incontáveis são os casos de assassinatos e desaparecimentos físicos de críticos e opositores do MPLA, tais como: Ricardo de Melo, Nfulupinga Lando Vitor, António Zola Kamuku, Filipe Sachova, Manuel de Carvalho Hilbert Ganga e outros; Mencionando também casos como: o massacre da frescura, a sexta-feira sangrenta e outros.
Com base nesta breve introdução, nós, jovens activistas da sociedade civil, realizadores da manifestação supracitada, usufruindo o direito constitucional (Artigo 73.° Sobre o Direito de petição, denúncia, reclamação e queixa), exigimos o seguinte:
1 – Caso Isaías Cassule e Álves Kamulingue:
Baseando-se nas incongruências das autoridades ocorridas desde o assassinato dos dois jovens manifestantes pela Polícia Nacional e os Serviços de Inteligência Nacional e Segurança do Estado (SINSE) aos 27 e 29 de Maio de 2012, fica-nos difícil acreditar que haverá um julgamento credível e justo. Condenamos o comportamento da Procuradoria Geral da República (PGR) que tenta por todos os meios silenciar as vozes contestatárias ao caso, chegando a ponto de corromper os familiares dos assassinados com atribuições de casas, diante de informações de que o mesmo órgão terá libertado e escondido elementos acusados no caso, como o Benilson Pereira (mais conhecido por Tukayano).
Exigimos que a justiça seja feita, chamando ao banco dos réus e apresentando publicamente os rostos dos presumíveis assassinos, isto é, os executadores e os seus mandantes ou superiores hierarquicos.
2 – Casos do Manuel Hilbert Ganga, António Zola Kamuku, Filipe Sachova e outros:
Por lei, a República de Angola proibi a pena de morte (Artigo 59.°), a tortura ou qualquer tratamento degradante (Artigo 60.°). Desta forma, repudiamos o modo injusto em que as autoridades justificaram e arquivaram o caso de Manuel de Carvalho Hilbert Ganga assassinado na madrugada do dia 23 de Novembro de 2013 pela Guarda do Presidente da República, sem que haja uma investigação condigna e um parecer de um órgão de justiça.
Do mesmo modo, os casos de António Zola Kamuku, Filipe Sachova e outros assassinatos por motivos políticos, tal como os casos que há anos se encontram em investigações, como o de Nfulupinga Lando Victor, Ricardo de Melo e outros, devem ter tratamentos jurídicos condignos o mais breve possível.
Exigimos esclarecimentos e justiça porque num país democrático e de direito, onde ninguém está à cima da lei, nenhum caso de injustiça deve ser abafado, principalmente pelas autoridades, e o direito a vida deve ser protegido e preservado à cima de tudo.
3 – Exigimos a criação de uma Comissão da Verdade:
Uma verdadeira reconciliação nacional em Angola será impossível sem que a história do País seja contada com verdades e isenção.
É do conhecimento popular, as histórias Angolanas contadas de formas não oficiais por várias testemunhas, vítimas e percursores, mas carecendo de uma única versão oficial imparcial, onde as pessoas narram-na de forma livre e voluntária, abrindo-se e proporcionando esclarecimentos, desta feita, providenciando plataformas para que as pessoas possam manifestar o orgulho, o arrependimento, e encontrar exaltação e perdão de acordo aos seus feitos.
No entanto, está mais do que na hora para a criação de uma Comissão da Verdade para averiguar a história real da República de Angola.
Luanda, aos 12 de Maio de 2014.
CONTACTOS:
Rosa Mendes (+244941307521) – Roberto Gamba (+244928647647)
E-mail: movimentorevolucionario7311@gmail.co
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LUANDA: Análises e debates: Governo em maus lençóis!

Análises e debates

Fonte: Semanário Agora
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
12.05.2014                                                                                                                           
Análises e debates

O Executivo Angolano reiterou, esta semana, aquilo que já se sabia, ao afirmar que não há condições para a realização das eleições autárquicas, com argumentos nada convincentes, como a falta de infra-estruturas. Porém, a oposição entende tratar-se de falta de vontade política do maioritário.
No plano interno (tirando a diplomacia e as relações bilaterais), O Executivo teve alguns amargos de boca com o ministro Bornito de Sousa, homem cordato e sério a ter a ingrata missão de defender o adiamento das eleições autárquicas na conferência sobre descentralização e as autarquias. Comecemos pelo princípio, pela questão das autárquicas.
Tanto o argumento da necessidade do trabalho prévio, como das infraestruturas ou alegadas faltas de orçamento, foram rebatidos pelas oposições e por diversas vozes da sociedade civil, como sendo desprovidos de razão. Adalberto da Costa Júnior, da UNITA, qualificou como sofismas a falta de infra-estruturas, pois sob o seu ponto de vista os administradores estariam a utilizar infra-estruturas que deveriam ser acometidas às autarquias, além de prolongarem um status quo ilegal.
A jurista Mihaela socorreu-se dos fundamentos da Constituição para acusar o Governo de fugir do desiderato da democracia participativa estabelecido na lei fundamental. "Diante da falta de argumentos do Governo, face à necessidade da realização das eleições autárquicas agravada com a falta de calendarização, pode-se afirmar que estamos diante de um bloqueio".
Este ilusionismo político dá guarida às críticas das oposições e da sociedade civil sobre os temores governamentais em relação à realização de eleições autárquicas: seja por perder parte do poder altamente concentrado a nível central, seja por, eventualmente, pela natureza do voto em personalidades e não em listas partidárias, temer um início de erosão pública do próprio partido no poder, MPLA.
A oposição diz que o MPLA está a cogitar postergar as eleições autárquicas para depois de 2017, então realizadas as eleições gerais e concomitantemente para Presidente e vice- -presidente. A leitura política desta gestão de circunstância do MPLA é a de que, longe de exibir a demonstração de força e controlo da situação, está a realizar uma fuga para a frente.
A mesma ou semelhante, se quisermos, que realiza, embora de forma diferente, dada a especificidade e complexidade de cada caso, no que diz respeito à questão da dita "sucessão presidencial". O partido no poder e o Executivo não podem adiar, eternamente, os desafios inerentes a qualquer processo de transição democrático que passam não só pelos processos eleitorais multipartidários, mas por um quadro de governação, direitos, liberdades e garantias, regularmente escrutinados, padronizados universalmente.
Sabemos todos hoje, em África, principalmente, que podemos ter uma democracia oficial com vários partidos, vários jornais, diferentes meios de comunicação, nos quais o vencedor eleitoral é sempre o mesmo com larga vantagem, o escrutínio é raro, os líderes do regime tornam-se intocáveis e continua a democracia do unanimismo, dos encómios e do sempre a subir.
Qualquer semelhança com a governação do MPLA é pura coincidência. É positivo que o Governo ou seus representantes participem do debate público. Negativo será que o Executivo mantenha uma posição de olímpica ignorância das posições da sociedade civil e das oposições, remetendo para as calendas gregas a realização das eleições autárquicas. Ao contrário do que alguns supõem, o alargamento do espaço democrático é um factor de estabilização social e política, por inerência do carácter participativo conferido à cidadania no processo de tomada de decisões sobre o seu próprio presente e futuro.
O estreitamento do espaço público e da participação dos cidadãos só agudiza os conflitos e, pior do que isso, não abre caminho para as soluções. Não estranha que, por exemplo, nos dias que correm, o cidadão comum de Luanda se pergunte se vale a pena existirem o(s) vário(s) governos de Luanda ( o provincial e a comissão administrativa, para não galar do omnipresente governo central), face ao recorrente estado calamitoso da urbe.
Desiludidos com os resultados dos mandatos conferidos à larga maioria parlamentar, os cidadãos alimentam a esperança que, numa política mais sã, a das autárquicas possam conferir os seus direitos de modo mais prático.
O quem em Luanda nos dias que correm pode ser tão simples como dormir numa cama em terreno sólido e acordar a navegar num colchão, impedido de se deslocar ao trabalho ou outro destino qualquer.
Por Mário Paiva
Semanário AGORA