sexta-feira, 9 de junho de 2017

LUANDA: "Zé Maria" E As Mulheres - Um general Psicopata? - Parte II

“ZÉ MARIA” E AS MULHERES – UM GENERAL PSICOPATA? – PARTE II


Maka Angola publica a segunda parte da investigação sobre o comportamento indecoroso e revoltante, com assédios à mistura, do chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), general José António Maria “Zé Maria”.
As irmãs Bengui – a ‘pequena’
Núria Bengui, de 19 anos, é finalista do curso médio de Enfermagem e trabalhava como empregada de limpeza na sede do SISM. Helena Bengui, de 22 anos, ex-copeira no SISM, fala como porta-voz da sua irmã, que acompanha parte da conversa. As irmãs são primas de Farida, com quem partilham casa. Querem assumir todos os riscos e denunciar as ameaças, os telefonemas anónimos e as visitas de madrugada de que têm sido vítimas.
“Ela [Núria] trabalhava muito na limpeza. Foi ter com o general [Zé Maria] e disse-lhe que tinha muitas regras e não aguentaria.”
Para além da sobrecarga de trabalho, “a pessoa não pode vestir roupas com letras, a pessoa não pode vestir blusas com desenho, a pessoa não pode comer e deixar comida no prato, a pessoa tem de acabar a fruta”, e Núria disse “não estou a aguentar essas regras do chefe”, recorda Helena.
Conforme o testemunho da irmã, o general alegou que a empregada de limpeza não “lhe gostava” e “estava a fugir”. Generoso, encontrou uma solução: encaminhou-a para a Repartição de Transportes, para trabalhar com a irmã Helena.
Aproximando-se a data de começo do seu estágio de seis meses, Núria pediu demissão, para se dedicar exclusivamente à enfermagem. “O chefe pensou que era mentira e mandou investigar a miúda na escola. Sem ela saber, mandou lá uns colegas do serviço [SISM]. Recolheram documentos do colégio sobre o estágio, que começaria a 1 de Maio e durante o qual ela faria noites e fins-de-semana”, conta Helena.
A partir daí, “ele [general Zé Maria] começou a atormentar a miúda”, exigindo-lhe sacrifícios e prometendo “dar um jeito” ante a firmeza da jovem em avançar com o pedido de demissão.
O general “perguntou-lhe se já comprou computador, livros, Ipad”, mas Núria respondeu que o irmão compraria, perante o que o general quis saber se ela estava a pôr em causa as suas intenções.
“Ela disse: ‘Não!’ A minha irmã é assim um pouquinho directa e acrescentou: ‘Se o chefe está a pensar que vai me conquistar, eu não vou te aceitar, porque te vejo como meu pai, meu chefe’, Núria sorri enquanto a irmã reproduz a conversa.
No dia 1 de Maio, durante a cerimónia oficial sobre o Dia dos Trabalhadores, o general notou a ausência de Núria, que saiu mal terminou o discurso do chefe para ir à reunião de estágio.
Conforme testemunhado pelas colegas, o general perguntou ao tenente-coronel João Paulo, chefe interino da Repartição de Transportes, sobre a ausência da jovem: “Ele disse que o tenente-coronel é um distraído e está ‘a faltar aqui a nossa pequena, a Núria’.”
Quando o tenente-coronel informou que ela tinha ido à escola, o general ficou chateado: “Como é que ela vai à escola sem se despedir? Que brincadeira é essa? Que falta de respeito é essa?”, recordam as funcionárias.
O pessoal do SISM foi despachado para o colégio [nome omitido], para verificar se efectivamente a jovem se encontrava na escola, e os telefonemas às irmãs não pararam.
“Como a Núria é criança, chegou aqui a chorar e disse que não voltaria ao trabalho. Aconselhei-a também a não ir mais. O general começou a ligar-me e a ameaçar que, se não fosse trabalhar, a minha irmã acabaria em tribunal.”
“Eu disse, isso é meu azar. Meter a minha irmã em tribunal porquê? Ele disse que ela é malandra e se já não quer trabalhar tem de escrever. Eu disse que quando entrámos para trabalhar não assinámos contrato. Por que temos de escrever para sair?”, recorda Helena.
“Para evitar confusão e porque já mandava espiar a miúda na escola”, Helena aconselhou a irmã a regressar ao serviço para escrever o seu pedido de demissão, sob vigilância pessoal do chefe do SISM. Como todas as outras funcionárias despedidas, Núria nunca assinou contrato nem qualquer papel que a identificasse como funcionária do SISM, à excepção do passe que lhe foi atribuído para as entradas e saídas.
Para aumentar a pressão, os subordinados do general foram à casa da irmã mais velha gravar o seu depoimento confirmando que aconselhara a irmã a demitir-se do emprego e que lhe pagaria os estudos.
“A Núria foi lá escrever. Ele atormentou a miúda. Disse ‘sua burra, não é assim que se escreve. Você está a fazer o quê na escola, com todos esses erros ortográficos?’ Chamou-lhe de psicopata, malandra, que sofre de problemas mentais. Aquilo é ofender a miúda. Ela escreveu a chorar, a soluçar”, denuncia Helena.
A ‘culpa’ da irmã
“Fui à sala onde ela estava e disse-lhe para escrever, corrigir os erros e ir embora. [O general] chamou burros aos subordinados por a terem deixado sair, incluindo o tenente-coronel Manuel Quinglês [chefe da Repartição de Contabilidade]´”, conta.
Com a saída de Núria, a pressão transferiu-se para Helena Bengui, que trabalhava na repartição de Transportes do SISM, no Morro Bento, como copeira, desde 2015, mas que no último mês de trabalho foi colocada na sede.
A 12 de Maio último, Dia dos Enfermeiros, o general Zé Maria puxou da sua cátedra e perguntou a Helena Bengui sobre a importância da data. “Eu, para lhe doer mesmo, disse, não sei.”
“Hoje é dia dos enfermeiros e não sabe?”, terá reagido o general. “Expliquei que sou técnica de laboratório, sou analista, não sou enfermeira. Ele perguntou-me se analista não tem a ver com enfermagem. Chamou-me de burra e começou a fazer-me muitas perguntas”, narra Helena.
Como castigo, o general obrigou Helena a escrever uma matéria sobre os enfermeiros, que ele avaliaria. Pediu-me também “para reproduzir o texto dez vezes e entregá-lo às minhas colegas e ao meu professor. Por ser educativo, dei-o a duas colegas minhas”, afirma.
No dia seguinte, 13 de Maio, quando se apresentou ao serviço, Helena Bengui viu-se rodeada por três tenentes-coronéis, Eurico Manuel [chefe de Repartição de Transportes, mas a exercer outras funções], João Paulo e Quinglês. “Disseram-me que eu não consegui aconselhar a minha irmã, que o chefe [general Zé Maria] estava muito chateado, que não gostou, que causei desordem e não quer pessoas confusionistas no serviço”, recorda. Os oficiais superiores informaram então a copeira de que estava despedida porque, se a irmã se demitira, também ela tinha de “ir embora”.
Ao receber a informação de despedimento, Helena garante ter dito apenas “está bem”. “Perguntaram-me o que transmitiriam ao chefe e eu repeti, ‘que está bem’.” Os três tenentes-coronéis foram informar o general Zé Maria e regressaram com uma contraproposta para Helena permanecer no serviço. Para manter o seu emprego, tinha de convencer a irmã a regressar ao serviço. Helena recusou.
A partir de então, começou a receber telefonemas anónimos que a incitavam a levar a irmã ao serviço. A 15 de Maio recebeu um telefonema em que a ameaçaram de processo judicial. “Respondi que não tenho medo. Não sou burra. E falei das pessoas que foram expulsas injustamente. Obrigaram-me a ir ao serviço assinar a minha demissão. Recusei, porque nunca tive contrato”, explica.
No dia seguinte, 16 de Maio, por volta das 5h00, “o sargento bateu à minha porta, com documentos na mão. Acordei a minha irmã mais velha, que disse ‘porra! Isto é demais!’ Amarrou um pano e foi lá abrir a porta.”
“Perguntou-lhe o que se passava. Ele disse que vinha ter com a Helena. A minha irmã disse-lhe que eu não estava em casa, tinha dormido fora. E perguntou-lhe porque não ligaram para mim.”
Segundo a interlocutora, o sargento comunicou que o chefe exigia ver Helena no SISM, para que escrevesse a carta de demissão. Entregou à irmã um outro documento, alegadamente redigido pelo general Zé Maria, que deveria ser assinado pela ex-copeira. “Ele escreveu a dizer que sou maluca, não mereço trabalhar, que sou mal-agradecida e não estou preparada para estar num círculo de pessoas porque ainda posso fazer mal a essas pessoas. E tinha de assinar aquele documento”, esclarece Helena.
Num dos incontáveis telefonemas feitos pelos operativos do SISM, Helena Bengui havia informado que doravante deveriam contactar o seu tio, oficial dos Serviços Penitenciários, para quaisquer outros assuntos relacionados consigo. “Era para evitar mais pressões. Mas no tal documento que eu devia assinar o general escreveu que quando fui procurar emprego fui sem o meu tio e que este ‘não existe, é um fantasma’. Quando soube, o meu tio ficou bem mau”, descreve.
O sargento não estava só. Fazia-se acompanhar de dois tenentes-coronéis, e a irmã mais velha teve de conversar com eles também.
Helena foi à repartição de Transporte do SISM no dia 16 de Maio, por volta das 16h00, e entregou o passe de serviço ao porta de armas, um sargento.
“As ameaças continuaram. Esse mais velho está a passar dos limites e eu não estou para aturá-lo nem mais um pouco. Estou cansada”, declara Helena Bengui. Segundo a jovem, devido ao constante movimento de pessoal do SISM na universidade onde estuda à noite, os colegas aconselharam-na a ficar em casa durante mais de uma semana, razão pela qual perdeu provas de frequência.
De paciência esgotada, Helena revela ainda o caso da sua prima Telma, “despedida no princípio do ano porque estava a preparar as frutas e deixou cair uma casca de banana no chão”.
Mas há mais. “No ano passado, a Cezarina pediu ao general permissão para tratar de documentos para se casar e foi despedida – estava há pouco tempo no serviço e já queria casar? A Rita foi expulsa do serviço porque comprou uma extensão [cabelo postiço] de 50 mil kwanzas”, revela a interlocutora.
“Eu não tenho medo dele, respeito-o como mais velho. Eu não assinei nenhum documento quando entrei no serviço. Diziam-me que só assinaria contrato depois de cinco anos de trabalho. Eu sabia que não era verdade, porque há pessoas com mais de cinco anos de serviço sem contrato. Desde que saí desse serviço, estou bem espiritualmente”, sublinha.
Para terminar, abanando a cabeça, Helena Bengui conta ainda o caso da colega Francisca, despedida em Março passado “porque levou os ossos que restaram do almoço para o cão dela”. Primeiro, “o general castigou-a com dois meses de trabalho sem salários, mas no dia seguinte foi mesmo demitida”, conta.
Quantas mais vítimas serão necessárias para que se compreenda de uma vez por todas o verdadeiro carácter do general “Zé Maria”? E como vamos proteger estas e outras mulheres da sua ameaçadora teia?

quinta-feira, 8 de junho de 2017

LUANDA: Alguém Confia Na CNE?


ALGUÉM CONFIA NA CNE?
Fraudar resultados do voto popular significa roubo eleitoral
O capital político de João Lourenço é zero a nível do país, e, em termos do MPLA é praticamente nenhum. É digno reconhecer também que JL, não possui nenhuma estratégia politica valida, que permita reestabelecer a dinâmica perdida num partido apodrecido e se encontra mergulhado numa estrondosa instabilidade existencial. Hoje o MPLA enfrenta enormíssimas dificuldades organizacional, por demérito do presidente do partido.
Fonte: Planalto de Malanje Rio Capopa
08/06/2017
Alguém confia na CNE(MPLA)?O diagnostico observado da situação que o partido atravessa é trivial e conhecida de todos como deveras sinuosa. Essa avaliação tem inviabilizado sistematicamente o partido de reganhar popularidade perdida. Por outro lado, o eleitor não vê com bons olhos conceder ao MPLA mais cinco anos de tortuoso poder ao partido de JES. Mas, a pior acontecimento, foi JL introduzir a filha dileta do ditador, Isabel dos Ovos Santos, como propagandista da sua campanha.
É vergonhoso quando vemos o nosso candidato inchado de vaidade, desfilando descuidadamente entre novos bajús recentemente provenientes da UNITA, e outros bajús já de todos conhecidos, que veneram JL, e o tratam já de camarada presidente. Isso é uma infâmia, e não cabem dentro do ordenamento político-jurídico de um estado de direito democrático. O nosso voto não é do JES, nem é propriedade do MPLA por antecipação. Desta vez a CNE não vai roubar nosso voto como habitualmente faz, acobertado pelo Tribunal Constitucional. Ao contrario do que disse o ilustre economista Alves Rocha, quando afirma que não sabe se o voto certo é ou não votar no MPLA! Remando eu contra a maré, afirmo taxativamente que o voto certo é o da mudança, e pelo que se sabe, o MPLA não representa nenhuma mudança.
 É inaceitável o comportamento adúlteros de membros da superstrutura do MPLA acoplados a campanha de JL, estejam envolvidos em orgias sexuais com raparigas novinhas, que viajam em aviões jatos para as diversas províncias e no estrangeiro, onde se hospedam com elas em quartos de hotéis cinco estrelas, que custam milhões de dólares ao contribuinte. Afinal, com quem e para quem o João Lourenço pensa governar? Aliás, o governo do MPLA e a CNE vivem hoje o seu pior momento desde as suas existências. A militância não quer nem deseja render vassalagem a bandidos criminosos de colarinho branco. Também, ninguém acredita que JL seja o rosto garantidor da mudança em Angola.
Sobretudo, por se verificar uma desgastada colagem de JL ao Bornito de Sousa Diogo, um dos sacerdotes e mestre da fraude eleitoral em curso.
A UNITA fez a diferença, foram criados através dela, os pressupostos encorajadores para que outras manifestações de rua sejam realizadas a contento. A militância do “M” extra CAPs agradece o facto inovador revelado pela manifestação realizada pela UNITA. Meus agradecimentos ao velho SAM.
José Eduardo dos Santos e João Lourenço não têm o direito de transformar o país numa qualquer republiqueta. Se não agirmos em conformidade, seremos uma vez mais escravizados, e/ou engolidos vivos por mais 5 anos. É de convir, que a estrela dessas eleições não é de maneira alguma o ministro da defesa de JES. O povo não aceita mais abusos diligenciados pela tirania. O soberano desta vez não deseja receber aulas de democracia de alguém, que sequer conhece a diferença entre um estado autoritário de policia, de um estado de direito democrático.

Além do mais, o exercício da cidadania, é um direito inalienável, que, aliás, todos desejamos sinceramente exercer. Alguém aí confia na CNE/JES?

LUANDA: Enquanto Ladra miserável Isabel dos Santos, filha do Ditador corrupto Angolano não é Canonizada, Seu Hooby Passou a ser Atacar Quem Não a Idolatra

ENQUANTO NÃO CHEGA A CANONIZAÇÃO, ISABEL ATACA QUEM NÃO A IDOLATRA


isabelinha

A multimilionária filha do Presidente da República de Angola, no poder há 38 anos sem nunca ter sido nominalmente eleito, também empresária, Isabel dos Santos, que detém (a par de tudo quanto dá dinheiro, cá e no estrangeiro) a distribuidora angolana de televisão por subscrição Zap, escreveu que “a SIC (televisão portuguesa) é muito cara” e que a exclusão dos canais daquele grupo português é uma decisão comercial.

Por Orlando Castro
Aexplicação é tão verdadeira quanto a que nos diz que é possível que o rio Kwanza caiba na piscina do Palácio Presidencial, ou que Angola não é um dos países mais corruptos do mundo, ou que a mortalidade infantil é das mais baixas do mundo… ou que, afinal, dos 20 milhões de angolanos pobres mais de 19 milhões têm três refeições por dia.
A posição é assumida pela empresária Presidente do Conselho de Administração da Sonangol, a conselho dos seus conselheiros/mercenários (muitos são portugueses) e certamente escrita a bordo de um dos seus iates, pretende justificar (calculando – no que é corroborada pelos seus acólitos catarros – que somos todos matumbos) as decisões de duas empresas (uma directamente dela, a Zap, e outra indirectamente dela, a DStv) de excluir os canais SIC Internacional África e SIC Notícias da sua grelha.
“A inconfessável ganância comercial do milionário Pinto Balsemão. Em Angola quer encaixar pela SIC um milhão de euros/ano. A comparar com a BBC 33 mil euros/anos ou a Al Jazeera 66 mil euros/anos”, escreve (ou apenas assina) Isabel dos Santos.
Sem nunca se referir directamente às decisões de exclusão da grelha das duas distribuidoras que operam em Angola (Zap e DStv) daqueles dois canais do grupo Impresa, presidido por Francisco Pinto Balsemão, Isabel dos Santos afirma que “a razão é comercial e não política”.
“A SIC é muito cara”, conclui a empresária, no mesmo texto, escrito em português, inglês e francês, certamente saboreando – como aperitivo para a intelectual orgia colectiva do seu séquito – um copo de vinho “Henri Jayer Richebourg Grand Cru” ou uma taça de champanhe “Taste of Diamonds”.
Como o Folha 8 noticiou (e comentou), desde a meia-noite de segunda-feira que a operadora de televisão por subscrição Multichoice, através da plataforma internacional DStv, deixou de transmitir os canais SIC Notícias e SIC Internacional África em Angola.
Esta decisão é semelhante à tomada anteriormente pela Zap, outra das duas operadoras generalistas em Angola, que em 14 de Março interrompeu a difusão dos canais SIC Internacional e SIC Notícias nos mercados de Angola e Moçambique, o que aconteceu depois de o canal português ter divulgado reportagens críticas ao regime de Luanda.
A Multichoice África, que tem a plataforma DStv, fornece serviços de televisão pré-paga de canais digitais múltiplos contendo canais de África, América, China, Índia, Ásia e Europa, por satélite.
Já a Zap, que iniciou a sua actividade no mercado angolano em Abril de 2010, é actualmente a maior operadora de TV por satélite em Angola.
A operadora portuguesa NOS detém 30% da Zap, sendo o restante capital detido pela Sociedade de Investimentos e Participações, da empresária angolana Isabel dos Santos. A maioria do capital da NOS é detido pela ZOPT, ‘holding’ detida pela Sonae e por Isabel dos Santos.
Os restantes canais do grupo português, SIC Mulher, SIC Radical, SIC Caras e SIC K, continuam a ser transmitidos normalmente em Angola.
Na segunda-feira, a SIC disse ser “totalmente alheia” ao facto de os canais SIC Notícias e SIC Internacional África terem deixado de ser transmitidos pela plataforma DStv em Angola, acrescentando que a transmissão dos dois canais se mantém em Moçambique através da DStv. Também na África do Sul a DStv continuará a exibir a SIC Internacional África.

A nossa (isto é como quem diz) Isabelinha

Isabel dos Santos, multimilionária que – segundo diz – começou nessa vida (a de empresária) a vender ovos nas ruas de Luanda, em entrevista à BBC afirmou (e o que ela diz tem força de lei) que ser filha do presidente de Angola, nunca nominalmente eleito e no poder há 38 anos, José Eduardo dos Santos, traz vantagens mas também “muito preconceito”. Estamos quase a chorar…
“Não há dúvida que há muito preconceito sobre isso, tenho um percurso inesperado”, disse a presidente da Sonangol (cargo para a qual foi nomeada pelo seu pai e perante os protestos de todos quantos não se renderam ao regime) numa entrevista com o jornalista Paul Bakibinga.
“Sou privilegiada no sentido em que tive uma boa educação, no sentido em que pude ver o mundo, sou uma pessoa muito exposta, eu pude interagir com pessoas de todos os espectros da vida. E penso que é tudo”, disse a candidata à canonização.
Nessa interacção “com pessoas de todos os espectros da vida” estarão incluídos os 20 milhões de angolanos que (sobre)vivem na miséria e que a SIC exemplarmente retratou na reportagem “Angola . um país rico com 20 milhões de pobres”? Estarão incluídas as crianças que não chegaram a ser adultos porque apenas constam da lista que coloca Angola na primeira posição do ranking mundial da mortalidade infantil?
“Juntando isso com o preconceito e a sensação de que essas vantagens foram de alguma forma injustas ou obtidas através de favor e de favoritismo, acho que isso é preconceito”, explicou Isabel dos Santos numa tentativa, mais uma, de nos passar um atestado de menoridade intelectual de matumbez hereditária.
Isabel dos Santos é filha mais velha do presidente angolano e, desde Junho do ano passado presidente da petrolífera do regime por nomeação do pai, igualmente presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo. A empresária é a mulher mais rica de África. Tudo normal num país que, certamente só por acaso e por preconceito, também está no top dos países mais corruptos do mundo.
A nomeação de Isabel dos Santos gerou várias críticas no país e o Tribunal Supremo de Angola (órgão submisso e subserviente, por questões de sobrevivência, a sua majestade o rei) recebeu uma acção por parte de advogados angolanos – certamente matumbos e pertencentes a uma organização de malfeitores preconceituosos – sobre o caso. A justiça do regime (já que Angola não é um Estado de Direito com separação dos poderes) declarou a nomeação legal.
A empresária contou que enfrenta ainda mais desafios por ser uma mulher, pela idade que tem e por ser africana. “Mas não é um problema angolano nem africano. Os problemas de género são globais e são comuns em todo o mundo”, continuou Isabelinha dos Santos, esquecendo-se de dizer que nenhum desses problemas é válido em Angola desde que se tenha origem no clã Eduardo dos Santos.
A senhora filha do rei defendeu ainda que as raparigas devem ser ambiciosas e confiantes e lutar para cumprirem os seus objectivos. Tem razão. Devem, aliás, começar por se filiar no MPLA (por alguma razão o partido está no poder há 42 anos), licenciar-se em servilismo e doutorar-se em bajulação. Se a isso conseguirem juntar comprovativo médico de ausência de coluna vertebral e capacidade para pensar pela cabeça dos donos do país, então o futuro estará garantido.
Isabel dos Santos foi eleita uma das 100 mulheres de topo no mundo pela BBC em 2015 e foi recentemente comparada a Ivanka Trump num artigo da mesma estação de televisão.
Permitam-nos reconhecer que esta entrevista nos deixou tristes. E neste sentimento somos acompanhados por milhões de outros angolanos, nomeadamente pelos 20 milhões de pobres que habitam no mesmo país de Isabel dos Santos.
Embora dizer o que pensamos seja, quando não é o mesmo que o regime do paizinho de Isabel dos Santos pensa (raramente isso acontece, assumimos), um crime contra a segurança do Estado e prova de tentativa de golpe de Estado, não é mau manter a memória alimentada pela verdade, mesmo que seja à base de mandioca e não de lagosta, de água e não de “Taste of Diamonds”.
Continuemos. E então como é que Isabel dos Santos se tornou – não sabemos quantas vezes – milionária? Desde logo porque – graças ao pai ser o dono do reino esclavagista (20 milhões de pobres, repita-se) – ficava, fica e ficará com uma parte das empresas que se estabelecem em Angola. Quando assim não é, o seu pai trata de mandar fazer leis, decretos e regulamentos que permitam a Isabel facturar sobre tudo o que entenda. Simples, não é?
Pena é que, como Isabel diz, nem todos percebam a normalidade do processo e a caluniem dizendo que ela é o que é graças ao paizinho. É por isso que ela se vê obrigada, em legítima defesa, a desmentir tudo, assumindo-se como uma santa (o pedido de canonização em vida já foi enviado ao Vaticano) e acusando todos os que divulgam estas “mentiras” e que, como é bom de ver, são pagos para andar pelo mundo a denegrir a impoluta e divina imagem e labuta de figuras honoráveis como ela e, é claro, como o seu pai e restante clã familiar.
Certo é que Isabel dos Santos é milionária e que no seu(?) país cerca de 70% dos habitantes vivem com menos de 2 dólares por dia.
Citemos a Forbes sobre o santo pai da santa Isabel: “É uma forma de extrair dinheiro do seu país, enquanto se mantém à distância, de maneira formal. Se for derrubado, pode reclamar os seus bens, através da sua filha. Se morrer enquanto está no poder, ela mantém o saque na família.”
Não se sabe com rigor em que negócios Isabel dos Santos está, de facto, metida. São muitos. E isso chega, desde logo porque não é possível ao comum dos mortais chegar às pontas doa paraísos, discais e outros.
Mesmo assim, tem posição preponderante e decisiva na Endiama, a empresa concessionária da exploração mineira (criada por decreto… presidencial, que exigia a formação de um consórcio com parceiros privados).
Os parceiros privados da filha do Presidente, que incluíam negociantes israelitas de diamantes, criaram a Ascorp, registada em Gibraltar. Na sombra, diz a Forbes, citando documentos judiciais britânicos, tinha o negociante de armas russo Arkadi Gaidamak, um antigo conselheiro do Presidente angolano durante a guerra civil de 1992 a 2002. Tudo bons rapazes, igualmente impolutos e honoráveis cidadãos.
O escrutínio internacional dedicado aos ‘diamantes de sangue’, explica a revista, aconteceu no mesmo período em que Isabel dos Santos transferiu a sua parte do negócio, que a Forbes classifica como “um poço de dinheiro”, para a mãe, uma cidadã britânica. Tudo continua em família. Antes do Povo está o clã Eduardo dos Santos. Obviamente.
Do ponto de vista mediático, mesmo no âmbito da Educação Patriótica que o regime pretende dar a todos os angolanos desde a barriga da avó até à morte, Isabel dos Santos é a heroína do reino. Prova disso é dada pelo Pravda do regime (também conhecido por Jornal de Angola) que escreveu: “Estamos maravilhados por a empresária Isabel dos Santos se ter tornado uma referência do mundo das finanças. Isto é bom para Angola e enche os angolanos de orgulho.” Referia-se aos angolanos afectos ao regime, os outros – os que foram gerados com fome, nasceram com fome e estão no corredor da morte cheios de… fome – sentem-se envergonhados.

NOVA IORQUE: "Prémio Democracia" Para Rafael Marques: EUA Atentos as Movimentações do Regime Angolano

“PRÉMIO DEMOCRACIA” PARA RAFAEL MARQUES: EUA ATENTOS AO REGIME ANGOLANO


Rafael Marques, que recebe hoje um prémio em Washington pela luta contra a corrupção em Angola, considera a distinção como um sinal de que “os EUA estão a prestar atenção ao que se está a passar” no país.
“O facto de receber este prémio e de entrar no Congresso pela porta grande é um testemunho de que os EUA estão a prestar atenção ao que se está a passar. Este prémio é a forma como tentam apoiar, de forma simbólica, o que se está a passar”, disse à agência Lusa o jornalista e activista angolano.
Rafael Marques é homenageado na quarta-feira, em Washington, recebendo o “Prémio Democracia” do National Endowment for Democracy, numa cerimónia em que discursa o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Paul Ryan, e a líder dos democratas no mesmo órgão, Nancy Pelosi.
“O primeiro significado deste prémio tem a ver com a situação actual de Angola, que é uma cleptocracia, e vem dizer que a integridade tem valor. É um valor que compartilho com os meus compatriotas para mostrar que podemos ser dignos e valorizados, não por termos dinheiro, mas por fazermos algo de bom”, salientou.
“Durante todos estes anos, o regime levou-nos a crer que quem é digno é quem faz parte da elite predadora. Esta é uma prova em contrário, um incentivo e uma inspiração positiva para ter um comportamento mais digno. Recebo este prémio para partilhar com todos os que, a cada dia, se vão juntando ao coro daqueles que querem uma sociedade mais transparente e com melhor governação”, acrescentou.
Além de receber o prémio e de participar numa conferência que antecede a cerimónia, Rafael Marques tem encontros com alguns dos políticos e meios de comunicação mais influentes dos EUA.
Em Washington, o angolano encontra-se com os senadores Chris Murphy e Eliot Engel, com o presidente do Comité de Relações Internacionais da Câmara dos Representantes, Ed Royce, com o congressista e antigo presidente da Câmara dos Representantes, Steny Hoyer, e com o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos, Thomas A. Shannon.
Ainda na capital dos EUA, participa num encontro com representantes de todos os membros dos comités de segurança nacional e relações internacionais e com a direcção editorial do jornal The Washington Post.
Em Nova Iorque, na segunda-feira, o jornalista e ativista angolano encontra-se com a direcção editorial do The New York Times e do The Wall Street Journal e termina a visita aos EUA com um encontro com a embaixadora adjunta dos EUA junto da ONU, Michele Sison.
O angolano diz que o objectivo de todos estes encontros “é que os EUA prestem maior atenção à luta contra a corrupção, que é um fenómeno global,” e mostrar que “no caso de Angola, a cleptocracia é hoje mais apoiada por forcas externas do que interiores.”
“Os EUA precisam ter uma atitude mais severa em relação à forma como os cidadãos são vitimas de abusos, é preciso mais apoio internacional para as forças que procuram combater o saque de Angola”, defende.
Rafael Marques acredita que “há um grande custo para os cidadãos de Angola por causa da corrupção” e oferece um exemplo de como isso se relaciona com a comunidade internacional.
“O Estado vai gastar 78 milhões de dólares em viaturas novas para os deputados e nos hospitais, neste momento, não temos seringas e medicamentos para a malária, num momento em que os EUA continuam a financiar um grande programa de combate à malária no país. Se não houvesse corrupção, os EUA não teriam este custo”, explica.
O National Endowment for Democracy, que foi criado há 34 anos com financiamento do Estado americano e está hoje presente em 90 países, tem o objectivo de promover instituições democráticas em todo o mundo.
Juntamente com Rafael Marques, são homenageados Khalil Parsa, do Afeganistão, Claudia Escobar, Guatemala, Cynthia Gabriel, da Malásia, e Denys Bihus, da Ucrânia.

LUANDA: Rafael Marques de Morais Homenageado Pelo National Endowment For Democracy

RAFAEL MARQUES DE MORAIS HOMENAGEADO PELO NATIONAL ENDOWMENT FOR DEMOCRACY


O activista angolano Rafael Marques de Morais é homenageado amanhã, em Washington, pela sua luta contra a corrupção, numa cerimónia do National Endowment for Democracy, em que discursa o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Paul Ryan.
“O Rafael representa o espírito deste prémio. Trabalhou como jornalista de investigação durante muitos anos, expondo as práticas corruptas do governo em Angola e partilhando com os seus concidadãos e com o mundo o custo da corrupção em Angola”, disse à Lusa o presidente da organização, Carl Gershman.
O responsável disse que o portal de Rafael Marques na Internet, Maka Angola, “é um líder do jornalismo de investigação, conhecido pelas suas importantes notícias e análises”, e que “apesar do assédio constante e de ter sido preso várias vezes, Rafael continua a expor a corrupção e os abusos dos direitos humanos em Angola”.
“Continua implacavelmente optimista e concentrado numa abordagem estratégica que maximize a eficiência das suas acções”, explicou Gershman à Lusa.
O jornalista é um dos cinco homenageados que vão receber o “Prémio Democracia”, que distingue também Khalil Parsa, do Afeganistão, activista dos direitos humanos que sobreviveu a uma tentativa de assassinato em que foi baleado seis vezes; Claudia Escobar, uma juíza da Guatemala que denunciou um caso de corrupção envolvendo o presidente do país e um líder parlamentar; Cynthia Gabriel, fundadora de uma organização anticorrupção na Malásia; e Denys Bihus, que lidera um grupo de jornalistas de investigação na Ucrânia.
Além de Paul Ryan, discursa também na cerimónia a líder dos democratas na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e entregam os prémios os congressistas Karen Bass, Peter Roskam, Ed Royce, Mario Diaz-Balart e Norma Torres.
Antes da cerimónia, Rafael Marques e os outros homenageados participam num evento dedicado ao tema “Contabilizar o custo: o impacto da corrupção no crescimento da democracia e estabilidade”, que conta com a participação do senador Ben Cardin.
“Em todo o mundo, indivíduos e organizações corajosas estão a pedir aos seus governos e representantes que sejam responsabilizados. Os movimentos de cidadãos estão a crescer e a exigir transparência e boa governação, frequentemente em resposta ao trabalho corajoso destes cinco homenageados, que arriscaram as suas carreiras, a sua liberdade e as suas vidas para denunciar a corrupção e as suas terríveis consequências”, afirmou o presidente da organização.
O National Endowment for Democracy foi criado há 34 anos para promover instituições democráticas em todo o mundo, e está hoje presente em 90 países.

LUANDA: Generais/ Zé Maria VS. João Lourenço

GENERAIS: ZÉ MARIA VS. JOÃO LOURENÇO


Nas últimas semanas, o chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar, general José António Maria “Zé Maria”, tem demonstrado cada vez mais o seu desagrado com a nomeação do ministro da Defesa, general João Lourenço, para candidato do MPLA à presidência da República.
Oficiais do Ministério da Defesa explicaram ao Maka Angola que o general Zé Maria tem estado a banir a divulgação da campanha de João Lourenço no SISM. “Sempre que a TPA (Televisão Pública de Angola) passa imagens da campanha do João Lourenço, ou apresenta-o a falar, o general manda desligar imediatamente os televisores”, revela fonte do Ministério da Defesa.
Vários testemunhos recolhidos por este portal corroboram este comportamento do general, e reconhecem os insultos com que este destrata o candidato a vice-presidente do MPLA e seu superior hierárquico. O general Zé Maria “acusa o general João Lourenço de ser um mau imitador das promessas do presidente José Eduardo dos Santos e, às vezes, manda buscar gravações ou arquivos de jornal para provar que não há nada de novo nas promessas de João Lourenço que o presidente não tenha antes prometido”, refere uma fonte.
Apesar de o MPLA ter conhecimento do comportamento do general, prosseguem as fontes, o partido no poder prefere ignorá-lo, por reconhecê-lo como protegido e intocável do seu presidente da República, José Eduardo dos Santos.
Todavia, há uma outra facção que aponta a forma como a dissenção do general contra o seu superior hierárquico mina a autoridade de João Lourenço junto da classe castrense.
Cumpre referir, por exemplo, que durante a campanha eleitoral de 2012 o general Zé Maria deixava-se fotografar nos comícios de José Eduardo dos Santos, assim demonstrando a sua lealdade.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

LUANDA: Mangueira Reproduz Recado de Sua Majestade O ditador Angolano

MANGUEIRA REPRODUZ RECADO DE SUA MAJESTADE


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O ministro da Justiça angolano admitiu hoje reequacionar a cooperação judiciária com Portugal, mostrando-se “estupefacto” por o Ministério Público português ter avançando para a fase Instrução no processo envolvendo o vice-Presidente Manuel Vicente, sem esperar pela resposta de Angola. Rui Mangueira, como o MPLA, entende que o seu umbigo é o centro do mundo. E já não tem cura.

Por Norberto Hossi (*)
“Eu fico estupefacto e até incrédulo, na medida em que são situações que demonstram um certo desrespeito pelas nossas autoridades judiciárias, e em especial pelo Tribunal Constitucional da República de Angola”, afirmou hoje o ministro da Justiça e Direitos Humanos, Rui Mangueira, questionado pela Lusa à margem de um evento oficial em Luanda.
No dia 19 de Maio foi notícia o facto de o Ministério Público (MP) de Portugal ter enviado para o Tribunal de Instrução Criminal o caso “Operação Fizz”, apesar de o vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, não ter sido ainda notificado da acusação.
“Esta situação, obviamente a ser verdade, por aquilo que nos foi dado a conhecer, é uma questão que assume uma gravidade muito grande e vai-nos levar, certamente, a fazermos uma avaliação e uma apreciação de todo o trabalho que deve ser feito nos termos deste acordo” de cooperação judiciária entre os dois países, afirmou Rui Mangueira.
Rui Mangueira , cumprindo ordens superiores e não conseguindo demonstrar que, de facto e não só apenas de jure, não há separação de poderes em Angola, apresenta como matéria de facto a conhecida arma das ditadura: a chantagem. Não fazem o que nós queremos? Então vamos rever todos os acordos de cooperação, estabelecem os donos do reino.
A decisão do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) de Portugal de enviar os autos para instrução (fase processual seguinte à acusação) surgiu numa altura em que, após um pedido do MP português para notificar Manuel Vicente, o procurador-geral do MPLA ter decidido – numa clara e inequívoca manobra dilatória – pedir um parecer ao Tribunal Constitucional angolano sobre o assunto, o que atrasou a diligência.
“O MP português decidiu enviar o processo para instrução, sem tomar em consideração que as nossas autoridades judiciárias estão a trabalhar no sentido de dar uma resposta à carta rogatória que foi enviada solicitando alguns procedimentos. Esses procedimentos estão a ser tratados pela Procuradoria-Geral da República, que solicitou um parecer ao Tribunal Constitucional, e em virtude disso o processo está a ser tratado e preparado para este efeito”, recordou por seu turno o ministro Rui Mangueira.
Aliás, é bem possível que a PGR de Angola (mais exactamente do MPLA) decida ainda pedir pareceres a outras entidades, talvez ao Presidente da República ou ao Titular do Poder Executivo…
No processo “Operação Fizz”, o vice-Presidente da República de Angola e ex-presidente da Sonangol, Manuel Vicente, é suspeito de ter corrompido o procurador português Orlando Figueira quando este era procurador no DCIAP, departamento do MP que investiga a criminalidade mais grave, organizada e sofisticada, designadamente de natureza económica.
As autoridades judiciárias portuguesas solicitaram a Angola, através de carta rogatória e ao abrigo do acordo de cooperação judiciária entre os dois países, que Manuel Vicente fosse ouvido. Com tudo, dada a imunidade das funções, as autoridades angolanas decidiram solicitar um parecer ao Tribunal Constitucional sobre os passos a dar de modo a que Manuel Vicente apenas possa, eventualmente, ser julgado daqui a… 50 anos.
“Ora, o MP português, ao decidir enviar a acusação para instrução, fê-lo porque entendeu que todas as diligências solicitadas por esta carta rogatória eram ineficazes. Bom, nós temos um acordo neste sentido, de auxílio mútuo, e entendemos que todos os procedimentos devem ser seguidos nos termos deste acordo. Por outra parte, enquanto nós estamos a trabalhar para darmos uma resposta adequada à solicitação feita pelas autoridades judiciárias portuguesas, as autoridades judiciárias portuguesas deram um passo no sentido de ignorar aquilo que foi estabelecido”, disse ainda Rui Mangueira.
Rui Mangueira chama ignorância portuguesa ao conhecimento que as autoridades judiciais lusas têm da forma como, no nosso país, não se faz justiça ou – se se preferir – à forma como regime entende que os seus mais altos dignitários estão acima de qualquer lei.
“Todas as solicitações feitas nos termos da carta rogatória terão uma resposta a seu tempo, na medida em que a Procuradoria-Geral da República solicitou este parecer ao Tribunal Constitucional, e nós vamos então esperar que o Tribunal Constitucional dê esta resposta em tempo adequado”, acrescentou.
“Uma resposta a seu tempo”? “Resposta em tempo adequado”? Isso significa tão somente que o tempo é definido pelos interesses do regime, pelo nepotismo das entidades no poder, pelas “ordens superiores” emanadas por sua majestade o “querido líder” Kim Jong-un. Não é Kim Jong-un mas é ditador similar, José Eduardo dos Santos.
Em causa estarão alegados pagamentos de Manuel Vicente, no valor de 760 mil euros, ao então magistrado para obter decisões favoráveis em dois inquéritos que tramitaram no DCIAP.
Manuel Vicente está acusado de corrupção activa na forma agravada, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.
Já o ex-magistrado do Ministério Público, Orlando Figueira, é acusado de corrupção passiva na forma qualificada, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.
(*) Com Lusa