domingo, 24 de dezembro de 2017

LUANDA: Até Prova em Contrário, Isabel é... Culpada de Tudo

ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO, 
ISABEL É… CULPADA DE TUDO



A Administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), liderada desde Novembro por Carlos Saturnino, após a exoneração de Isabel dos Santos, anunciou hoje que iniciou uma auditoria para aferir a situação da petrolífera estatal.

Aposição surge num comunicado da petrolífera no qual garante que em momento algum prestou informação confirmando a existência de uma comissão de inquérito interna à administração de Isabel dos Santos.
“A Sonangol tem um novo conselho de administração e, ao abrigo do que acontece em situações análogas, está em curso uma auditoria normal com o propósito de aferir a situação actual da empresa”, refere ainda a petrolífera, acrescentando que todos os processos, no âmbito da acção da actual administração, “são canalizados para os fóruns próprios”.
Em causa, admite a própria Sonangol, estão recentes informações publicadas na imprensa, segundo as quais a petrolífera angolana teria confirmado a constituição de uma comissão de inquérito para averiguação de supostas irregularidades atribuídas à anterior administração.
Essas notícias dão conta de alegados desvios de elevadas quantias pouco antes da saída de Isabel dos Santos da administração da Sonangol, com participação à Procuradoria-Geral da República de Angola, e que já na quinta-feira levaram a empresária e filha do ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, a divulgar um desmentido.
“Contactada, a Procuradoria-Geral da República de Angola confirma que não foi apresentada qualquer queixa-crime contra a engenheira Isabel dos Santos naquela instância, e que não estão em curso procedimentos legais de qualquer tipo, em relação a qualquer assunto relativo à empresária”, refere o comunicado da empresária.
Desde que foi exonerada da Sonangol, por decisão do Presidente da República, Isabel dos Santos tem sido visada regularmente por várias notícias sobre alegadas irregularidades nos 17 meses de administração na petrolífera.
Por seu turno, a 11 de Dezembro, Isabel dos Santos voltou a referir-se à situação na petrolífera Sonangol, acusando a actual administração, que em Novembro passou a ser liderada por Carlos Saturnino, de “despedimentos em massa”, nomeadamente de colaboradores que lhe eram próximos.
Numa publicação com o título “Carta Aberta”, que colocou nas redes sociais, como tem sido hábito desde que foi exonerada, Isabel dos Santos assume estar a partilhar “uma situação preocupante que tem ocorrido nos últimos dias” na petrolífera.
“Estão a ocorrer despedimentos em massa! Os assessores, os directores, e todos colaboradores que foram promovidos ou que entraram para a Sonangol durante a vigência do último conselho de administração estão a ser todos despedidos, ou enviados para casa”, afirma a empresária e filha do ex-chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos.
Denuncia mesmo que estão a ser “conduzidos interrogatórios à porta fechada, com gravadores em cima da mesa, alegando um falso inquérito do Estado e um falso inquérito do Ministério do Interior, intimidando as pessoas para coercivamente responderem às questões”.
“Este procedimento é ilegal. Só as autoridades judiciais ou policiais podem fazer interrogatórios. É preciso respeitar o direito dos trabalhadores”, escreve Isabel dos Santos, acrescentando, sobre os colaboradores que estarão a ser despedidos, que muitos “recentemente largaram outros empregos para integrarem a Sonangol, porque acreditaram no país e queriam ajudar Angola a crescer”.
Isabel dos Santos assumiu a liderança, e o processo de reestruturação, da Sonangol em Junho de 2016, nomeada pelo então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, até ser exonerada pelo novo chefe de Estado, João Lourenço, em Novembro último.
O Presidente angolano nomeou para as mesmas funções Carlos Saturnino, que, por sua vez, em Dezembro de 2016, tinha sido exonerado do cargo de presidente da Sonangol Pesquisa & Produção por Isabel do Santos e que já em Outubro tinha sido nomeado por João Lourenço para secretário de Estado dos Petróleos.
Embora agora a Sonangol fale de “auditoria normal com o propósito de aferir a situação actual da empresa”, Mateus Benza, porta-voz da empresa, confirmou à agência de noticias France Press que foi aberto um inquérito para apurar a veracidade das informações divulgadas por vários meios de comunicação social angolanos que dão conta de transferências de dinheiro da Sonangol para empresas no estrangeiro, alegadamente detidas pela empresária.
Em causa notícias de que a nova administração identificou uma transferência considerada suspeita no valor de 57 milhões de euros para uma conta no Dubai, depois de Isabel dos Santos ter sido exonerada.
A Sonangol quer também respostas sobre alegadas transferências mensais de 10 milhões de euros da petrolífera para uma empresa em Portugal onde Isabel dos Santos é accionista principal.
Isabel dos Santos já desmentiu as notícias que começaram a circular e afirmou que está em curso uma campanha de difamação contra si.
“É falsa a notícia da existência de transferências realizadas para entidades terceiras depois da exoneração do anterior Conselho de Administração”, disse Isabel dos Santos, acrescentando que “é falsa a notícia de transferências mensais de 10 milhões de euros da Sonangol para a Efacec”.
Isabel dos Santos diz ainda que “nunca foram pedidos esclarecimentos sobre estes temas à anterior Administração, não podendo, por isso, a mesma estar em falta com a prestação de qualquer informação”. E acrescenta que “a anterior equipa sempre esteve disponível para clarificar as dúvidas que pudessem surgir relacionadas com a sua gestão”.

LUANDA: Cobardia é Cobardia Seja Qual For o Chefe

COBARDIA É COBARDIA
SEJA QUAL FOR O CHEFE



Ao que parece, os ortodoxos do MPLA – superiormente dirigidos por José Eduardo dos Santos – não conseguem deixar a todos nós angolanos algo mais do que a pura expressão da cobardia que, entre outras coisas, faz com que milhões de angolanos tenham pouco ou nada, e poucos tenham muitos milhões. Além disso, a esperança que João Lourenço nos mostrou parece esfumar-se na troca de acólitos. A cobardia terá apenas mudado de chefe?

Por Orlando Castro
Talvez esses génios, os de ontem e os de hoje, os de hoje que eram os de ontem, quase todos paridos nas latrinas dessa cobardia, pensem que não é necessário dar corpo e alma à angolanidade. É por isso que alimentam o ódio e a discórdia, o racismo, não reconhecendo que a liberdade deles termina onde começa a dos outros. Não aceitando que a competência não é um exclusivo do MPLA, os exemplos de João Lourenço começam a entrar na esfera de mais do mesmo, de alterar as moscas para que o resto seja o mesmo.
Porque não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar, permitimo-nos a ousadia (que esperamos – com alguma ingenuidade, é certo – compartilhada por todos os que responderam a esta chamada) de tentar o impossível já que – reconheçamos – o possível fazemos nós todos os dias.
Como jornalistas, como angolanos, como seres humanos, nós cá no Folha 8 entendemos que a situação no nosso país ultrapassa todos os limites, em nada preocupando de facto os que, estando no poder há 42 anos, nada fazem para acabar com a morte viva de um povo que morre mesmo antes de nascer.
E morre todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos. E morre enquanto José Eduardo dos Santos, João Lourenço e o respectivo séquito de bajuladores cantam e riem. E morre enquanto outros, nos areópagos do pode em Luanda, comem lagosta. E morre enquanto outros, cerca de 20 milhões, mal sabem o que é comer.
É que, quer o MPLA queira ou não, quer João Lourenço queira ou não, como na guerra, a vitória eleitoral (como qualquer outra) é uma ilusão quando o povo morre à fome. E o nosso Povo morre de barriga vazia. Tal como está a Angola profunda, a Angola real, ninguém sairá vencedor. Todos perdem. Todos perdemos.
Cremos, aliás, que o próprio ex-Presidente José Eduardo dos Santos teve, de vez em quando, consciência de que a sua ditadura não foi uma solução para o problema angolano, sendo antes um problema para a solução. O mesmo se passa, agora, com o afã exacerbado de João Lourenço que resolveu exonerar quase todos e quase tudo, esquecendo-se de exonerar o essencial: a fome, as doenças, a mortalidade.
Cremos que é, ou pode ser, pequeno o passo que é preciso dar para que os angolanos, irmãos com muito sangue derramado, se entendam para ajudar Angola a ser um país onde os angolanos sejam todos iguais e não, como agora acontece, uns mais iguais do que outros.
Se nos entendemos para que Angola deixasse de ser uma gigantesca vala comum, não será difícil entender que a força da razão pode e deve substituir a razão da força. José Eduardo dos Santos não o entendeu durante 38 anos. João Lourenço disse que entendeu mas, até agora, só conseguiu substituir as raposas que estavam a tomar conta do galinheiro por outras… raposas.
Durante demasiados anos de guerra, os angolanos mataram-se uns aos outros. Acabada essa fase, os angolanos continuam a matar-se uns aos outros. Não directamente pela força das armas, mas pelo poder que as armas dão aos que querem subjugar os seus irmãos que consideram de espécie inferior.
Mais do que julgar e incriminar importa, nesta altura, parar. Parar definitivamente. Não se trata de fazer um intervalo para, no meio de palavras simpáticas e conciliadoras, ganhar tempo continuar o processo de esclavagismo, ganhar tempo para formar novos milionários, ganhar tempo para sabotar eleições, ganhar tempo para continuar a enganar o Povo.
Convém, por isso, que a democracia, a igualdade de oportunidades, a justiça, a liberdade e o Estado de Direito cheguem antes de morrer o último angolano. Esperamos que disso se convença João Lourenço, um angolano que certamente não se orgulha de ser presidente de um país onde os angolanos são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome.
Ou será que se orgulha?

LUANDA: Nova Administração Confirma Realização de Auditoria à Situação da Sonangol

Nova administração confirma realização de auditoria à situação da Sonangol

Fonte: LUSA
Reedição: Planalto de Malanje Rio Capopa
Luanda - A administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), liderada desde novembro por Carlos Saturnino, após a exoneração de Isabel dos Santos, anunciou hoje que iniciou uma auditoria para aferir a situação da petrolífera estatal.
A posição surge num comunicado da petrolífera enviado à Lusa, no qual garante que em momento algum prestou informação confirmando a existência de uma comissão de inquérito interna à administração de Isabel dos Santos.

"A Sonangol tem um novo conselho de administração e, ao abrigo do que acontece em situações análogas, está em curso uma auditoria normal com o propósito de aferir a situação atual da empresa", refere ainda a petrolífera, acrescentando que todos os processos, no âmbito da ação da atual administração, "são canalizados para os fóruns próprios".

Em causa, admite a própria Sonangol, estão recentes informações publicadas na imprensa, segundo as quais a petrolífera angolana teria confirmado a constituição de uma comissão de inquérito para averiguação de supostas irregularidades atribuídas à anterior administração.

Essas notícias dão conta de alegados desvios de elevadas quantias pouco antes da saída de Isabel dos Santos da administração da Sonangol, com participação à Procuradoria-Geral da República de Angola, e que já na quinta-feira levaram a empresária e filha do ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, a divulgar um desmentido.

"Contactada, a Procuradoria-Geral da República de Angola confirma que não foi apresentada qualquer queixa-crime contra a engenheira Isabel dos Santos naquela instância, e que não estão em curso procedimentos legais de qualquer tipo, em relação a qualquer assunto relativo à empresária", refere o comunicado da empresária.

Desde que foi exonerada da Sonangol, por decisão do Presidente da República, Isabel dos Santos tem sido visada regularmente por várias notícias sobre alegadas irregularidades nos 17 meses de administração na petrolífera.

Por seu turno, a 11 de dezembro, Isabel dos Santos voltou a referir-se à situação na petrolífera Sonangol, acusando a atual administração, que em novembro passou a ser liderada por Carlos Saturnino, de "despedimentos em massa", nomeadamente de colaboradores que lhe eram próximos.

Numa publicação com o título "Carta Aberta", que colocou nas redes sociais, como tem sido hábito desde que foi exonerada, Isabel dos Santos assume estar a partilhar "uma situação preocupante que tem ocorrido nos últimos dias" na petrolífera.

"Estão a ocorrer despedimentos em massa! Os assessores, os diretores, e todos colaboradores que foram promovidos ou que entraram para a Sonangol durante a vigência do último conselho de administração estão a ser todos despedidos, ou enviados para casa", afirma a empresária e filha do ex-chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos.

Denuncia mesmo que estão a ser "conduzidos interrogatórios à porta fechada, com gravadores em cima da mesa, alegando um falso inquérito do Estado e um falso inquérito do Ministério do Interior, intimidando as pessoas para coercivamente responderem às questões".

"Este procedimento é ilegal. Só as autoridades judiciais ou policiais podem fazer interrogatórios. É preciso respeitar o direito dos trabalhadores", escreve Isabel dos Santos, acrescentando, sobre os colaboradores que estarão a ser despedidos, que muitos "recentemente largaram outros empregos para integrarem a Sonangol, porque acreditaram no país e queriam ajudar Angola a crescer".

Isabel dos Santos assumiu a liderança, e o processo de reestruturação, da Sonangol em junho de 2016, nomeada pelo então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, até ser exonerada pelo novo chefe de Estado, João Lourenço, em novembro último.

O Presidente angolano nomeou para as mesmas funções Carlos Saturnino, que, por sua vez, em dezembro de 2016, tinha sido exonerado do cargo de presidente da Sonangol Pesquisa & Produção por Isabel do Santos e que já em outubro tinha sido nomeado por João Lourenço para secretário de Estado dos Petróleos.

LUANDA: João Lourenço Ordena Investigação Sobre Fuzilamentos

JOÃO LOURENÇO ORDENA INVESTIGAÇÃO SOBRE FUZILAMENTOS


A Procuradoria-Geral da República anunciou a criação de uma “comissão de inquérito” para apurar a veracidade das denúncias apresentadas pelo jornalista Rafael Marques de Morais acerca dos fuzilamentos de jovens supostamente delinquentes.
O pronunciamento da PGR sobre as denúncias feitas surge depois do jornalista ter endereçado a este órgão, a 27 de Abril, uma exposição sobre execuções sumárias levadas a cabo por agentes do SIC – portanto, quase oito meses depois. O mesmo documento foi entregue ao ministro do Interior, Ângelo Barros da Veiga Tavares, enquanto titular do órgão governamental que tutela o SIC. Um mês depois, a 29 de Maio, o ministro recebeu o jornalista em audiência para tratar do mesmo assunto e teve acesso, em primeira mão, aos casos recolhidos até à data.
É sabido que a PGR se constitui como guardiã dos direitos, das liberdades e das garantias fundamentais dos cidadãos. No entanto, o facto de a PGR ter ignorado a denúncia durante quase oito longos meses não foi surpresa.
Nunca foi intenção de denegrir, como se procura fazer crer, a imagem dos órgãos do Estado, mas chamar a atenção para a violação grosseira dos direitos fundamentais dos cidadãos, consagrados na Constituição.
Importa frisar que o pronunciamento da PGR só surgiu após diligências de pessoas empenhadas que não se coibiram de apresentar o relatório ao presidente da República, João Lourenço.
Fica desde já a nota positiva pelo facto de João Lourenço ter agido prontamente. Demonstra que é sensível diante da situação de violação dos direitos humanos, e que o tema consta da agenda de prioridades do seu governo.
João Lourenço mostra o seu empenho ao não alinhar em demagogias fáceis, promovidas por mentes assassinas e pelos que aplaudem o fuzilamento de supostos delinquentes nas zonas mais pobres de Luanda. O ex-PGR, general João Maria de Sousa, só decidiu agir, porque o presidente da República assim o orientou.
É com satisfação que se verifica que João Lourenço conta com o contributo de pessoas comprometidas com a defesa do Estado democrático de direito e com as boas práticas de governação.
Estes cidadãos não precisam de estar no governo e de aparecer nos meios de comunicação social. São aqueles com quem o presidente devia realmente poder contar para ultrapassar os espinhos e as armadilhas que se lhe colocarão ao longo de um percurso rumo à mudança e à democracia.
Foi graças ao profissionalismo, à competência e ao elevado sentido de Estado destas pessoas que João Lourenço tomou conhecimento dos factos e decidiu mandar actuar.
Esperamos que o novo procurador-geral da República, general Hélder Pitta Grós (durante muitos anos adjunto do general João Maria de Sousa), surpreenda a sociedade pela positiva e que seja um garante da legalidade.
Da nossa parte, continuaremos a monitorizar, a investigar e a denunciar o que está errado, num compromisso com o respeito pelos direitos fundamentais de todos os angolanos.

LUANDA: Saque de 135 Milhões de Dólares na Sonangol

SAQUE DE 135 MILHÕES DE DÓLARES NA SONANGOL


Ao longo de quase um ano e meio como presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Isabel dos Santos transferiu mais de 135 milhões de dólares da petrolífera nacional para quatro empresas suas, usando o seu banco em Portugal, Banco BIC.
De acordo com investigações feitas pelo Maka Angola, após ter sido exonerada, a 15 de Novembro passado, no mesmo dia Isabel dos Santos assinou uma ordem de pagamento no valor de 60 milhões de dólares a favor da Matter Business Solutions DMCC, uma empresa sua sedeada no Dubai.
Entretanto, esta ordem de pagamento chegou ao Banco BIC Portugal no dia seguinte, 16 de Novembro. Consta que o banco manifestou reservas em efectuar a transferência, uma vez que Isabel dos Santos já tinha sido demitida. A gerência do banco sugeriu então a assinatura retroactiva da ordem de pagamento para 14 de Novembro, e assim procedeu com a transferência. Para o efeito, a ordem de pagamento foi assinada por Isabel dos Santos e pelo então administrador financeiro Sarju Raikundala, sem que tivessem cumprido os procedimentos financeiros em curso na Sonangol, não tendo havido tramitação de documentos.
Como suporte para a realização da transferência, foi alegada a necessidade de pagamento de facturação em atraso referente ao processo de diagnóstico e reestruturação da Sonangol, em atraso de 2015.
Já durante a gestão de Isabel dos Santos, a administração da Sonangol abriu uma conta no Banco BIC, em Portugal, do qual é a principal accionista, detendo 42.5 porcento, num valor correspondente a mais de 100 milhões de dólares. Após a sua exoneração, procedeu à transferência de 60 milhões de dólares a favor das suas empresas, tendo zerado a conta.
Fonte ligada à teia isabelina de negócios garante que a Matter Business Solutions foi estabelecida devido às dificuldades que Isabel dos Santos experimentava no desvio de fundos da Sonangol para a Wise Solutions, como já o Maka Angola havia denunciado. Servindo de fachada, a Wise Solutions prestava serviços de consultoria no âmbito da reestruturação da Sonangol e suporte operacional nas áreas administrativa, financeira, de sistemas e de tecnologias de informação. A Matter Business Solutions, com ficha limpa nos bancos para poder receber transferências da Sonangol sem levantar suspeitas, substituiu a Wise Solutions.
Uma outra empresa de Isabel dos Santos que beneficiou do pote de 135 milhões de dólares da Sonangol foi a Ucall, responsável pela consultoria ao nível dos recursos humanos e testes psicotécnicos e identificação de talentos. Inicialmente, a Wise Solutions também recebeu fundos da Sonangol. A Born Angola, a empresa que prestava serviços de imagem à Sonangol, também fez parte do “pé de meia”.
Direito à cadeia
Os factos aqui relatados indiciam o cometimento de vários crimes de peculato. Trata-se de um crime que configura uma espécie de abuso de confiança e apropriação por uma pessoa de dinheiro que não lhe pertence, quando realizado por empregados públicos. O crime está previsto e é punido nos termos do artigo 313.º do Código Penal. De notar que o conceito de empregado público é abrangente, envolvendo nos termos do n.º 3 deste artigo quaisquer pessoas que forem constituídas pelas autoridades públicas como recebedoras e pagadoras de dinheiros do Estado, como é o caso de Isabel dos Santos enquanto presidente do Conselho de Administração de uma empresa pública (a Sonangol), cujos dinheiros pertencem ao Estado. As penas de prisão para este crime estão previstas no artigo 437.º, de onde deriva um pena que, em geral, pode ir até aos 12 anos de cadeia, mas em certos termos até aos 20 anos.
Porque é que estes factos indiciam o cometimento do crime de peculato?
Temos Isabel dos Santos enquanto presidente do Conselho de Administração da Sonangol a transferir dinheiro para Isabel dos Santos enquanto dona de outras empresas. Tal indicia o desvio de dinheiro público para o bolso privado (peculato).
Poder-se-ão justificar essas transferências como correspondendo ao pagamento de serviços. Essa justificação terá de obedecer a quatro requisitos:
a) A contratação dos serviços por parte da Sonangol deve ter sido feita sem a participação de Isabel dos Santos enquanto PCA da Sonangol;
b) Os serviços serem necessários para a Sonangol;
c) O valor dos serviços corresponder ao valor normal de mercado;
d) Os serviços terem sido efectivamente realizados.
Não basta haver facturas ou simples declarações para não haver crime. Tem de existir substância, materialidade, e essa substância obedece às regras que acabámos de mencionar.
Dos factos conhecidos até agora, não surge qualquer justificação real para a existência de serviços que justifiquem os pagamentos.
Por isso, antes de tudo, competirá à Procuradoria-Geral da República abrir um inquérito criminal e investigar. Investigar como foi feita a adjudicação dos contratos, como foi estabelecido o valor e se os serviços foram efectivamente prestados.
Os montantes envolvidos – mais de 100 milhões de dólares – causam grande alarme social. Soma-se o perigo de fuga. Esta investigação implica, nos termos da habitual prática jurisprudencial, a decretação de prisão preventiva para Isabel dos Santos, enquanto corre o processo.
Relativamente ao facto de Isabel dos Santos ter ordenado transferências depois de exonerada, em termos formais ainda o poderia fazer até à tomada de posse de Carlos Saturnino. Contudo, em termos substantivos, levanta mais suspeitas do que certezas, e constitui uma circunstância agravante nesta história toda.

LUANDA: Os Saques e as Mentiras de Isabel dos Santos

OS SAQUES E AS MENTIRAS DE ISABEL DOS SANTOS


Isabel dos Santos tornou-se perita em emitir comunicados que negam factos, sem todavia os impugnar especificamente. O seu comunicado mais recente, sobre a matéria do Maka Angola referente à transferência de 135 milhões de dólares da Sonangol para as suas empresas particulares, diz apenas que se trata de informações falsas.
Como não recebemos qualquer pedido de direito de resposta da assessoria de imprensa de Isabel dos Santos, limitamo-nos a responder ao que lemos noutras publicações.
Na realidade, o que Isabel dos Santos deveria fazer era propor-se a ir a tribunal e, perante contraditório, fazer prova das suas negações. Desafiamo-la a intentar uma acção judicial para provar a sua inocência.
Só numa audiência pública de julgamento serão as mentiras de Isabel dos Santos desmontadas.
E as operações via Cabo Verde?
Já agora, aguardamos também o desmentido de Isabel dos Santos, mas desta vez em detalhe, acerca de uma outra operação que realizou: os 60 milhões de dólares retirados da conta da Sonangol, referidos por Gustavo Costa no seu artigo do semanário Expresso.
Analisemos a operação com mais pormenor: Isabel dos Santos, usando o Banco BIC Portugal, de que é sócia, transferiu o referido montante para o Banco Atlântico Sul, em Cabo Verde. Esse banco é detido pelo BAI Cabo Verde, subsidiário do BAI Angola, cujo accionista principal é a Sonangol.
O montante foi parar a uma conta da Esperaza Holding, o veículo através do qual Isabel dos Santos é sócia da Sonangol. Por sua vez, a Esperanza Holding é associada da Amorim Energia, que detém 38,4 por cento da Galp Energia, em Portugal.
Primeiro, aguarda-se uma explicação sobre essa parceria. Em 2005, quando a Sonangol entrou no capital da Galp, através da Esperaza Holding, a petrolífera nacional era a única proprietária desta empresa registada na Holanda.
Em 2006, a Sonangol cedeu 40 por cento da sua quota na Esperaza Holding à Exem Africa, registada nas Ilhas Virgens Britânicas. Foi assim que Isabel dos Santos se tornou sócia na Galp, sem ter gasto, na altura, sequer um kwanza ou um dólar. O memorando indicava que Isabel dos Santos pagaria mais de 11 milhões de dólares à Sonangol pela participação, mas, até às contas de 2016, não havia tal registo. O Maka Angola escreveu sobre o assunto em detalhe.
Assim, com a operação em análise, Isabel dos Santos usou o dinheiro da Sonangol para, em nome da Esperaza, pagar dividendos à Sonangol. Ou seja, o dinheiro saiu da Sonangol, mas voltou a entrar na empresa. Com isso, Isabel dos Santos pareceu ter eliminado a dívida de 60 milhões de dólares que tinha para com a Sonangol.
A Esperaza tinha fundos nas suas contas, provenientes de dividendos pagos pela GALP aos seus accionistas. Estes fundos, de acordo com fontes fidedignas do Maka Angola, haviam sido desviados por Isabel dos Santos, via BPI Portugal, Banco BIC Portugal e, posteriormente, Banco Atlântico Sul, de Cabo Verde, a partir de onde se perdeu o rasto dos fundos.
Isabel dos Santos fala numa campanha contra a sua pessoa. A filha do presidente do MPLA esquece-se da campanha de saque das riquezas do país que tem estado a realizar, protegida pelo seu então pai-presidente, José Eduardo dos Santos. Esta é que é a campanha contra Angola, e contra os angolanos de bem e o povo sofredor.
A impunidade da ex-“princesa” tem os dias contados. O presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, não terá como proteger a sua ganância desmedida e a sua incontida arrogância por mais tempo.
Quanto ao resto, vemo-nos em tribunal.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

LISBOA: Único Irritante com Angola é a Questão Exclusivamente Judicial

"Único irritante" nas relações com Angola é uma questão "exclusivamente judicial" - António Costa

Fonte: By
Reedição: Planalto de Malanje Rio Capopa 
 Novembro 29, 2017 
"Único irritante" nas relações com Angola é uma questão "exclusivamente judicial" - António Costa
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, considerou hoje que o "único irritante" nas relações com Angola tem a ver com uma questão "da exclusiva responsabilidade" da justiça portuguesa, que não pode influenciar a política externa.
"Ficou claro que o único irritante que existe nas nossas relações é algo que transcende o Presidente da República de Angola e o primeiro-ministro de Portugal, transcende o poder político, e tem a ver com um tema da exclusiva responsabilidade das autoridades judiciárias portuguesas", vincou António Costa.
Em declarações aos jornalistas em Abidjan, à margem da cimeira entre a União Europeia e a União Africana, que decorre até quinta-feira, Costa sublinhou que a questão prende-se "exclusivamente com matérias judiciais" e argumentou que "não podem nem devem condicionar a política externa portuguesa".
Questionado sobre se Angola também terá esse entendimento, o primeiro-ministro respondeu que sim.
"Sim, muito claramente, isso foi reafirmado [no encontro que manteve com o Presidente de Angola, esta manhã]. Percebo as razões que Angola coloca, mas é hoje muito evidente que há uma distinção clara entre o que é o entendimento das autoridades políticas portuguesas e aquilo que é matéria das autoridades judiciais", salientou o chefe do Governo português.
António Costa considerou o encontro bilateral desta manhã com João Lourenço como "muitíssimo bom, de acordo com a excelência das relações políticas que Angola e Portugal mantêm".
O chefe do Governo disse que os dois países estão a ultrapassar as dificuldades económicas recentes, e que isso "permite encarar com otimismo e confiança o crescimento das relações económicas nos próximos anos" com o principal parceiro comercial português na África subsaariana.
As declarações de António Costa surgem depois de o ministro das Relações Exteriores de Angola ter avisado hoje que enquanto o caso que envolve a Justiça portuguesa e Manuel Vicente não tiver um desfecho, Angola "não se moverá nas ações de cooperação com Portugal".
"Enquanto o caso não tiver um desfecho, o Estado angolano não se moverá nas ações, que todos precisamos, de colaboração com Portugal", disse Manuel Augusto, em entrevista à Lusa e à rádio francesa RF1.
"Este já não é um caso individual de justiça, é um caso do Estado angolano e enquanto não tiver um desfecho, o Estado angolano não se moverá nas ações de cooperação com Portugal, e competirá às autoridades do Estado português verem se vale a pena esta guerra", vincou o diplomata.
"Não fomos nós que a escolhemos, porque há elementos para tornar este caso num caso normal de justiça, mas a nossa posição é clara: enquanto não houver um desfecho não há cooperação nem encontros a alto nível, nem nenhum passo da nossa parte", acrescentou Manuel Augusto, que falou aos jornalistas já depois de um encontro bilateral entre o Presidente de Angola e o primeiro-ministro português.