"Ele negou ter tido alguma coisa a ver com o ataque", disse o correspondente veterano da CBS Charlie Rose, depois de entrevistar Al-Assad na Síria.
"Negou saber que houve um ataque químico, não obstante o que foi dito e não obstante a filmagem em vídeo. [Assad] disse que não há provas suficientes para fazer um julgamento conclusivo", acrescentou, sublinhando que "a coisa mais importante" que Assad disse é que "não há nenhuma prova" de que usou armas químicas contra o seu próprio povo.
A rara entrevista de Al-Assad a uma cadeia norte-americana será exibida pela CBS na segunda-feira, dia em que o Congresso norte-americano vai começar a discutir a resolução para autorizar uma intervenção militar na Síria.
Os Estados Unidos lideram as acusações de que Al-Assad ordenou um ataque químico contra os moradores de um subúrbio de Damasco em 21 de agosto, que, segundo Washington, matou cerca de 1.400 pessoas, incluindo 400 crianças.
Vídeos divulgados no sábado mostraram dezenas de pessoas, incluindo crianças, contorcendo-se no chão com convulsões, alguns aparentando espumar pela boca e com vómitos, enquanto os socorristas tentavam ajudá-los.
Porém, Al-Assad desafiou a administração norte-americana a apresentar provas, enquanto Barack Obama tenta angariar o apoio interno e internacional para atacar militarmente o regime sírio por quebrar as convenções internacionais com o suposto uso de armas químicas.
"Ele disse não saber se irá haver um ataque militar. Disse que eles [a Síria] estavam obviamente tão preparados quanto poderiam estar perante um ataque", acrescentou Rose, citando a sua entrevista ao Presidente sírio.
O líder sírio também "tinha uma mensagem para o povo norte-americano", de que não tem sido "uma boa experiência envolverem-se em guerras e conflitos no Médio Oriente".
"Os resultados não foram bons e não devem envolver-se e devem dizer ao seu Congresso e à sua liderança em Washington para não autorizar um ataque", acrescentou o jornalista.
O Congresso norte-americano deve iniciar durante esta semana um debate sobre a possibilidade de aprovar os planos de Obama para ataques militares controlados à Síria, para limitar a sua capacidade de armas químicas.
No entanto, há um profundo cepticismo entre a opinião pública norte-americana, cansada da guerra, sobre um novo envolvimento militar norte-americano no Médio Oriente.