segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

NAMPULA: Contagem paralela dá vantagem vitoriosa ao partido MDM, Movimento Democrático de Moçambique

Contagem paralela dá vitória do MDM em Nampula

Fonte: Redação Da VOA
Divulgação: Radz Balumuka
Planalto De Malanje Rio Capôpa
TAMANHO DAS LETRAS 
O MDM, terceiro partido moçambicano conquistou a cidade de Nampula, no norte do país, segundo os resultados finais da contagem paralela dos editais de voto, das eleições municipais realizadas no domingo.
Os resultados oficiais deverão ser conhecidos dentro de horas, mas o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) já reivindicou vitória na mais importante cidade do norte e terceira no país. A confirmar-se, o MDM ficará a governar três das quatro principais cidades de Moçambique: Beira, Nampula e Quelimane.

LISBOA: Morreu a nacionalista cabindense Maria Mambo Café militante do MPLA

Morreu Maria Mambo Café, nacionalista angolana

Divulgação: Radz Balumuka
Planalto De Malanje Rio Capôpa

TAMANHO DAS LETRAS 
A notícia foi avançada pelo Comité do MPLA em Lisboa, Portugal, à Angop. Maria Mambo Café, nasceu em Cabinda, em 1945 e morreu em Lisboa, neste domingo, 1 de Dezembro.

A nacionalista foi uma importante figura na política angolana, tendo ocupado cargos como o de ministra para os Assuntos Sociais, vice-ministra de Estado para a esfera económica e social e governadora de Cabinda, entre outros.

LUANDA: O Jacaré assassino - Por Raul Diniz

O JACARÉ ASSASSINO

02/12/2013

Aqueles que comandam o saque e o roubo  em Angola, seus amigos e devotos seguidores, defensores ativos da pratica de assassinatos, nepotismo da corrupção e gatunos dedicados,  estão completamente perdidos, agora sem alternativas que justifiquem os assassinatos do dia 23/11 de 2013, tentam agora  vender a ideia disparatada de que o jovem militante da CASA-CE foi assassinado pela guarda real pretoriana do presidente Jacaré Eduardo dos Santos foi alvejado a tiro pela sua tropa especial  por culpa da UNITA! Se por acaso não estivéssemos a atravessar momentos de tristeza total por foça do óbito, esse tipo de desinformação com caráter mórbido seria encarada como uma simples manobra anedótica macabra por excelência.
POVO GRANDE É AQUELE QUE LUTA E DÁ A VIDA PARA QUE VIDA VENÇA A MORTE
Por que tanta ignorância e mentira a mistura para fazer valer pontos de vista completamente fúteis falíveis e inaceitáveis, pela natureza da sua essência enganosa e mentirosa! Desde quando é que Cassule e Kamulingue, por exemplo, foram abatidos a tiro e jogados para os jacarés se banquetearem com seus corpos desnudos por culpa da UNITA também? O verdadeiro enigma a ser decifrado  aqui, é saber-se como o MPLA/JES irá daqui para frente descalçar essa bota relacionada com os assassinatos que ocorrem um pouco por todo país. Ninguém mais no país esta disposto a deixar-se levar enganar por discursos diversionistas do presidente jacaré assassino.
Tudo de ruim está acontecer na vida politica partidária no nosso país, torna-se inviável acreditar que o presidente jacaré um brilhante facínora e os seus chefiados crocodilos assassinos cobardes, que se escondem por traz do nosso MPLA/JES venham a fazer algo de interessante e bom para limpar a face obscura do presidente déspota conhecidíssima  nacional e internacionalmente como decadente. Os militantes do MPLA, principalmente os jacarés bajuladores, que ao longo desses 38 anos foram infestados com a doença do facilitismo politico tornaram-se compulsivos consumidores da mentira comunista, daí ficarmos atentos as constantes criminosas diabruras venenosas marca autentificada do regime, que podem provocar ao nosso povo violências terrificas incontroláveis.
Não pode existir paz nenhuma no país enquanto não depormos esse regime assassino, não existirá paz em Angola enquanto haver carne fresca inocente para jogar aos jacarés. Sabemos bem que a paz podre preparada pelo regime para alimentar o país humano serve apenas para iludir incautos cidadãos domesticados pelo regime, porém para os críticos do sistema, o ditador jacaré e seus auxiliares prepararam alguns viveiros para neles jogar todos os seus opositores. Todos quantos ousaram até hoje fazer frente às constantes aventuras do regime apóstata do presidente jacaré, com toda certeza foram parar nas profundezas dos muitos viveiros de criação de jacarés assassinos depois de assassinados pelos efetivos d as policias secretas que obedecem caninamente as ordens do chefe jacaré e pares.
O país tomou consciência do que é capaz para defender-se dos ataques frequentes do regime, por isso não mais vai tolerara os abusivos atentados contra a sua vida, ninguém mais acredita que o soba chefe dos crocodilos seja um líder benevolente e amante da paz e das liberdades democráticas! Essa paternidade não pertence ao ditador insano e muito menos dele esperamos coisa alguma que beneficie o país e o povo.
É vergonho como o país tornou-se do dia para noite num viveiro de corruptos, prostitutos e homossexuais! Agora temos de aceitar a presença de elementos da família do famigerado ditador jacaré bandido que decidiu posicionar os seus filhos e filhas no estendal da promiscuidade dos órgãos decadentes do estado antidemocrático falido!
Quando o ditador brinca de administrar o país com o seu modo peculiar estranho, ele nunca o faz com retidão e isenção, as suas amalucadas atitudes são tomadas sem nenhum discernimento! O jacaré Eduardo dos santos quanto se dirige ao país humano, dá a entender que é maior que a nossa angolanidade, por outro lado, quando pensa em governar, ele faz questão de demonstrar de forma insólita que a grandeza do nosso território nacional se compara uma qualquer (“chitaca” roça) que eventualmente seus pais lhe tenham deixado por herança lá em terras de São Tomé e Príncipe.
 Pior que tudo isso, é verificarmos o descaramento vergonhoso do presidente jacaré Dos Santos obrigar-nos a ouvir os seus sarcásticos discursos que fala da sua bendita paz podre e mentirosa, sobretudo por ele não ter outra saída obriga-nos a conviver com a anedótica desventura provocada pela desenvoltura das suas canalhices próprias de um horripilante regime de praticas Kafkianas. 
 É terrível conviver com as humilhantes pregações constantes dos adeptos da bajulação formada pelos pequeníssimos grupos de pessoas e sujeitos diabólicos, sem nenhum tipo de raciocínio que apoiam e veneram injustificadamente tudo que o ditador arrota e/ou peida, e ainda têm tempo de acusar a oposição de estar a tirar aproveitamento político com as mortes cometidas pelos órgãos repressivos do regime! Essa tentativa de responsabilizar a UNITA, a CASA-CE e o PRS pelos assassinatos cometidos pelo braço armado da presidência da republica dos jacarés esfomeados por sangue humano, já não colhe mais.
Todos já percebemos o jogo sujo do regime quando utiliza a seu bel prazer os meios de comunicação do estado com o único objetivo de manter silenciada toda oposição e a sociedade civil e cívica ativa, que deixou a muito de temer o regime governado por deambulantes jacarés assassinos, e agora luta frontalmente contra dos ditames vergonhosos do regime.

Raul Diniz

LISBOA: A RTP, Televisão portuguesa reafirma que José Eduardo Dos Santos está a receber assistência clinica numa clinica especializada em oncologia em Barcelona.

José Eduardo dos Santos tem sido assistido numa clínica privada de Barcelona

José Eduardo Dos Santos



Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa

A Presidência de Angola garante que José Eduardo dos Santos não está nem esteve internado em nenhum hospital e assegura que o presidente angolano está de boa saúde. Mas a RTP sabe que Jose Eduardo dos Santos tem tido acompanhamento clínico em Barcelona, onde se encontra desde Novembro.

domingo, 1 de dezembro de 2013

CAMPALA: A crise da Republica Centro Africana de que quase ninguém ouviu falar

República Centro-Africana: a "pior crise" de que quase ninguém ouviu falar

A ex-colónia francesa convive há meses com um conflito sangrento que ameaça tornar-se numa tragédia humanitária. A ajuda internacional teima em demorar à medida que o país entra em colapso.
A morte aparece de todas as formas na República Centro-Africana (RCA), antiga colónia francesa de 4,6 milhões de habitantes que vive, desde Março, um terror diário imersa numa permanente batalha. A Organização das Nações Unidas (ONU) já usou a palavra “genocídio” para descrever o que pode estar no horizonte daquele que é um dos países mais pobres dos mais pobres e cuja história se escreve com sangue.
Decapitações de crianças, mulheres baleadas por Kalashnikov, jovens atirados a crocodilos, populações de cidades inteiras enclausuradas em pequenas igrejas. A RCA está mergulhada no caos das lutas armadas entre milícias sanguinárias que não hesitam na hora de disparar ou esfaquear. Ao fim de meses e meses, o Ocidente finalmente acordou e prometeu uma ajuda que peca por tardia.
A situação vivida no país foi descrita, de forma acertada, pela embaixadora norte-americana na ONU, Samantha Power, como a “pior crise de que a maioria das pessoas nunca ouviu falar”. “A RCA é parte da comunidade internacional e esta comunidade não pode permitir que os seus cidadãos sejam mortos, torturados e maltratados enquanto observa com indiferença.” O apelo é deixado numa carta no The Guardian pelo arcebispo de Bangui, Dieudonné Nzapalaing, e não podia ser mais sério.
A instabilidade está longe de ser uma novidade na RCA. Desde a independência da França, em 1960, que o país foi governado por líderes rebeldes e até por um autodenominado imperador do Império Centro-Africano, Jean-Bédel Bokassa, conhecido pelos hábitos canibais.
A última insurreição ocorreu em Março, quando o Presidente François Bozizé, também ele um ex-líder rebelde, foi derrubado pela Séléka – uma aliança de três grupos rebeldes compostos quase na totalidade por membros da minoria muçulmana. Michel Djotodia tornou-se no primeiro Presidente muçulmano e governa o país desde então, mas perdeu o domínio sobre o grupo que o colocou no poder.
Indiferentes às ordens de Djotodia, os milicianos da Séléka recusaram depor as armas e continuam a espalhar o terror, sobretudo na região norte do país, onde o poder central quase não conta. Calcula-se que 410 mil pessoas tenham abandonado as suas casas (10% da população) nos últimos meses, preferindo refugiar-se na selva. A alternativa é viver num temor constante, sempre à espera do dia em que um grupo da Séléka, “aliança” no idioma local sango, chegue para semear a destruição.
Foi o que aconteceu a Nicole Faraganda, de 34 anos, em Outubro, na aldeia de Wikamo, na região de Ouham, no Norte da RCA. Quatro carros com rebeldes da Séléka apareceram sem aviso e dispararam sobre a população que fugia. Nicole, que tinha dado à luz na véspera, ainda estava em recuperação e atrasou-se. Morreu com um tiro na cabeça, assim como um vizinho de apenas de 12 anos. O trabalho só ficou terminado quando os rebeldes pilharam a escola e o hospital e queimaram os telhados das casas. No próprio dia, os mesmos milicianos ainda mataram 12 pessoas numa outra aldeia da região.
A impunidade da matança no Norte da RCA leva a episódios como o da morte de uma criança de oito anos, na aldeia de Bombi Te, relatada ao The Guardianpelo próprio pai. "[Os rebeldes] começaram a atacar o meu filho. Tentaram matá-lo, mas a arma não funcionava. Então cortaram-lhe a garganta”, conta o homem que se identifica como Papa Romeo. “Que ameaça pode causar esta criança aos Séléka?”
Crueldade dos dois lados
Os meses de ataques impiedosos levaram as comunidades cristãs a organizar grupos armados para responder às ofensivas dos Séléka. Essas milícias, chamadas "anti-balako" (antiespadas), têm enfrentado os rebeldes, acabando por radicalizar ainda mais o conflito. Assumem-se como defensores das comunidades cristãs, mas frequentemente empreendem massacres sobre aldeias muçulmanas indefesas.
Numa das ofensivas dos anti-balako, em Setembro, o bairro muçulmano de Zere foi atacado. Soldados empunhando AK-47 invadiram as casas e mataram todos os homens. Tala Astita, de 55 anos, contou à Foreign Policy como viu o marido e o filho de 13 anos serem mandados deitar no chão para depois os rebeldes lhes esmagarem as cabeças com machetes. Diferem dos Séléka no credo, mas não na crueldade.
Este panorama deixou em alerta a comunidade internacional, mas o auxílio pode já vir tarde para evitar um genocídio de repercussões assustadoras. A França está à espera de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para enviar mil soldados, que se vão juntar aos 410 que guardam, neste momento, o aeroporto da capital Bangui.
No terreno está uma força da União Africana, composta por 2500 efectivos, que tem contido os conflitos, mas está longe de ser suficiente. A RCA irá permanecer no caos, a menos que algo seja feito, o que passa por triplicar ou quadruplicar as forças de segurança no local, como advertiu recentemente a comissária europeia responsável pela Ajuda Humanitária. Em causa está o colapso do Estado e um possível genocídio.
“A não ser que haja uma mudança imediata e significativa nas condições de segurança, estes dois riscos podem aumentar tanto que podemos ter uma tragédia em mãos. E vamos olhar para trás e perguntar: ‘Por que é que não agimos antes?’”, afirmou Kristalina Georgieva.
A ONU prevê o envio de nove mil capacetes azuis, de acordo com o secretário-geral, Ban Ki-moon, mas a decisão pode demorar meses. Lewis Mudge, da Human Rights Watch, considera, em declarações ao The Guardian, que “ainda é suficientemente cedo para evitar uma crise no país”. “Não é um genocídio nem uma guerra civil, mas está claramente a evoluir nessa direcção”, avisa.




 

NAMPULA: Fraca afluência as urnas na repetição das eleições municipais

Nampula: Fraca afluência à repetição das eleições municipais

A primeira eleição foi anulada em virtude de irregularidades nos boletins de voto.
Agente de educação cívica eleitoral em Nampula
Agente de educação cívica eleitoral em Nampula.Fonte: Faizal IbramugyVOADivulgação: Radz BalumukaPlanalto De Malanje Rio Capôpa
TAMANHO DAS LETRAS  
Dez dias após as eleições municipais de 20 de Novembro em Moçambique, cerca de 250 mil eleitores do município de Nampula foram hoje às urnas pela segunda vez para escolher o presidente e os membros da Assembleia Municipal.

A primeira eleição foi anulada em virtude de irregularidades nos boletins de voto.

Tal como o correspondente da VOA em Nampula, Faizal Ibramugy, a afluência foi muito baixa.

LISBOA: O Parlamento Português e a Democracia em Angola

O Parlamento Português e a Democracia em Angola
Fonte: Rafael Marques de Morais
MakaAngola
Divulgação: Radz Balumuka
Planalto De Malanje Rio Capôpa 
 01 de Dezembro, 2013
Em Abril de 2000, a Assembleia da República portuguesa votou a favor de quatro moções a favor da liberdade de expressão e imprensa em Angola e de protesto contra a minha condenação e do finado Aguiar dos Santos, após um julgamento teatral que teve lugar em Luanda em Março do mesmo ano.
“Considerando que se impõe uma reacção por parte da comunidade internacional e dos responsáveis políticos em particular, contra o regime de intolerância e o constante desrespeito pelos direitos humanos em Angola (…)”, a Assembleia da República protestou, por moção do CDS-Partido Popular (CDS-PP), contra as restrições impostas pelo governo angolano à liberdade de imprensa e de expressão. Paulo Portas, actual vice-primeiro-ministro, Sílvio Rui Cervan, Maria Celeste Cardona e mais um deputado cujo nome permaneceu ilegível no Diário da Assembleia da República, subscreveram o documento.
Era o tempo do Baton da Ditadurao texto que escrevi e publiquei no semanário Agora, no qual acusava o presidente José Eduardo dos Santos de ser corrupto e ditador.
As forças policiais e de segurança, para provarem o contrário, apontaram-me sete armas ao abrir a porta de casa, na madrugada de 16 de Outubro de 1999, quando me foram prender. O mais dedicado dos agentes pressionou a sua pistola contra a minha têmpora do lado esquerdo. O resto é história.
Também é história o facto do Partido Socialista (PS), Partido Social Democrata (PSD) e Bloco de Esquerda (BE) terem aprovado uma moção conjunta de protesto contra a minha condenação e a de Aguiar dos Santos. Nessa altura, os deputados portugueses apelaram ao governo angolano para respeitar a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O Partido Comunista Português (PCP), aliado tradicional e ideológico do MPLA, também juntou a sua moção de protesto, no parlamento português, apelando à liberdade de imprensa e de expressão em Angola. Ressalvou, na altura, ter estado “consciente da necessidade de evitar atitudes que signifiquem a sua instrumentalização ao serviço de objectivos de deterioração das relações de amizade e cooperação entre Portugal e Angola, que considera necessário salvaguardar e defender”.
Francisco Louçã, do BE, foi um dos mais empenhados deputados portugueses na defesa da liberdade de expressão e de imprensa em Angola. Também fez passar a sua moção de protesto. Em Novembro de 1999, Louçã fez aprovar um voto de protesto contra as restrições à liberdade de expressão em Angola. Era mais um acto de solidariedade contra a minha detenção ilegal. Para si, a moção era “um voto de louvor àqueles que arriscam a vida para que a liberdade não seja uma palavra vã e para que os ditadores não se perpetuem no governo”.
Passados 13 anos, a declaração do CDS-PP, acima mencionada, bem se adequaria ao voto apresentado a 28 de Novembro, pelo Bloco de Esquerda, no qual condenava os assassinatos dos ativistas Alves Kamulingue, Isaías Cassule e Manuel “Ganga”. A moção do BE pedia a libertação dos presos políticos em Angola, mas as bancadas do PSD, PS, CDS, PCP e Verdes votaram contra. Seis deputados socialistas, incluindo João Soares, apoiaram o BE. Oito deputados socialistas, incluindo Francisco Assis, optaram pela neutralidade.
Em 2000, as classes política e empresarial dominantes em Portugal não dependiam do dinheiro de Angola. Nessa altura havia a guerra e cerca de metade do petróleo que se produz hoje. Em 2000, o Produto Interno Bruto (PIB) angolano era de US $ 8.96 biliões, enquanto para o presente ano cifra-se à volta de US $122 biliões.
Em 2000, contavam-se os portugueses em Angola. A maioria tinha o estatuto de cooperantes (a denominação de “internacionalistas” era reservada aos cubanos). Milhares de angolanos procuravam refúgio em Portugal e eram malquistos. Era o tempo da guerra e de penúria.
Em 2013, Angola é, mais uma vez, a terra prometida para centenas de milhar de cidadãos portugueses. Portugal tornou-se a varanda dos ricos e dos ladrões angolanos, na qual se podem exibir à vontade. Hoje os angolanos são bem-vindos em Portugal, mas têm de gastar e bem, para merecerem deferência. É o respeito pelo dinheiro.
As circunstâncias são diferentes e, em Portugal, a palavra de ordem é a salvaguarda dos interesses portugueses em Angola. É uma atitude patriótica, como era no tempo de Salazar. Nessa época, a colonização rendia bastante, mas havia o peso da gestão dos africanos. Hoje, a neo-colonização rende muito mais e sem o peso da gestão dos africanos. Os líderes angolanos roubam e oprimem o seu próprio povo para investirem em Portugal, e facilitam o retorno massivo e lucrativo dos portugueses, desde que associado aos seus negócios particulares.
No tempo salazarista, a ditadura fascista justificava a colonização de Angola como o garante da grandeza de Portugal. Na época eduardista, da cleptocracia angolana, a democracia portuguesa justifica a sua posição como sendo o garante da salvação económica de Portugal. Fala-se do reforço das relações bilaterais e económicas. E há aqueles políticos e analistas portugueses que até consideram os angolanos como um povo irmão, para lhes ir às algibeiras com grande vénia.
Mas Angola também está a saque pelos chineses e outros aventureiros que aportam de vários quadrantes do mundo. Muito mais dinheiro angolano, aos biliões, está a ser desviado para a Ásia e outras paragens obscuras através da China-Sonangol e outros consórcios de branqueamento de capitais.
Porquê Portugal haveria manifestar solidariedade e simpatia pelo sofrimento do povo angolano enquanto outros saqueiam sem escrúpulos?
Porque há um sentido de solidariedade e de amizade que une muitos portugueses e angolanos, independente da trajetória histórica entre Angola e Portugal. São laços forjados com base na sensibilidade humana.
O Bloco de Esquerda demonstrou que a minoria política, desligada do capital e das manigâncias com o poder de Dos Santos, exigiu respeito por Angola e pelos angolanos.  O Parlamento português, numa demonstração do seu cariz democrático, levou a tragédia de Cassule, Kamulingue e Ganga a votos. É o único parlamento, no mundo, que o fez. E foi sincero. Primeiro os negócios, o resto é conversa.
Os portugueses não estão a enganar os angolanos. Voltaram apenas à condição de cooperantes com José Eduardo dos Santos e o MPLA, que espoliam as riquezas nacionais e oprimem o seu próprio povo. Não há relações recíprocas de respeito mútuo. A cumplicidade no saque e a chantagem política são os vectores das relações bilaterais.
Em Angola, o cortejo fúnebre de Manuel de Carvalho Hilberto Ganga, a 27 de Novembro, foi atacado pela Polícia Nacional com gás lacrimogéneo. No dia seguinte, no parlamento, membros da oposição foram revistados e insultados por se insurgirem contra os assassinatos políticos.
Com um regime, em Angola, que já nem aos mortos dá tréguas, e com uma população incapaz de manifestar maior indignação, a iniciativa do Bloco de Esquerda, em Portugal, foi um triunfo. Venceu a indiferença. É um gesto político único de solidariedade para com o povo angolano, num momento de transição imprevisível.
Aos meus amigos e às minhas tias adoptivas portugueses tenho apenas palavras de agradecimento, estima e admiração pelo quanto sofrem, comigo, por uma Angola democrática, livre e justa.