quarta-feira, 24 de maio de 2017

LUANDA: Doença de José Eduardo dos Santos Abala Regime

Doença de José Eduardo dos Santos abala regime

Fonte: Angola24horas
Reedição: Planalto de Malanje Rio Capopa
Doença de José Eduardo dos Santos abala regime
A dois meses de deixar o poder, o Presidente José Eduardo dos Santos está fragilizado e enfrenta o colapso financeiro do país
Vítima de um acidente vascular isquémico, o Presidente Eduardo dos Santos foi obrigado esta semana a conceder poderes a Manuel Vicente, o número dois do regime, para dirigir o Conselho de Ministros.
Esta decisão, inédita em 38 anos de poder eduardista, terá sido precipitada pelo facto de ter sofrido a mais grave “crise prostática” desde que, há mais de 20 anos, foi submetido a tratamento no Brasil, dizem analistas.
Evacuado de emergência para Barcelona há duas semanas, Eduardo dos Santos ficou temporariamente incapacitado para dirigir alguns dossiês e terá sido aconselhado a tomar aquela decisão.
Angola ficou em “suspense” e não havia certeza para nada. A dois meses de abandonar o Palácio da Cidade Alta, José Eduardo dos Santos, com 74 anos de idade, deixou em cima da mesa uma proposta para ser caucionada pela futura liderança do país. Trata-se da nomeação das novas chefias militares, que não terá sido bem acolhida em certos círculos políticos...
E deixou também o país em estado de “coma” financeiro. Se tudo já andava aos solavancos, passou a literalmente parado.
A crise de recursos financeiros para assuntos correntes atingiu uma estagnação de tal magnitude, que o Ministério da Economia deixou até de ter em caixa dinheiro para manutenção dos aparelhos de ar condicionado. Segundo uma fonte do Ministério das Finanças, não há hoje certeza de que possa haver verbas para pagar a dívida pública...
“No estado em que estava, o Presidente não tinha outra saída senão dar poderes ao vice-presidente para tentar por a máquina a funcionar”, confidenciou ao Expresso um membro da direção do MPLA.
“A doença não escolhe o estatuto das pessoas”, desabafou um deputado do partido no Governo, que pediu anonimato.
O agravamento do estado de saúde do Presidente, guardado a sete chaves pelos serviços de informação angolanos, segundo apurou o Expresso junto de uma fonte afeta ao seu pessoal médico, terá obrigado o Presidente a recorrer aos serviços de médicos cubanos a trabalhar na Clínica Multiperfil. Antes disso, fora visto a ser submetido a exames específicos no Centro de Imagiologia presidencial da Clínica Girassol durante os quais terá sofrido uma lipotimia.
Não era a primeira recaída de Eduardo dos Santos depois de, há seis meses, ter desmaiado durante o óbito do seu irmão mais velho Avelino dos Santos. Na altura, tinha interrompido o tratamento médico que já estava a fazer em Barcelona. Mais recentemente, uma reunião do Conselho de Ministros foi cancelada por indisponibilidade do Presidente e o facto nunca tornado público.
O secretismo que envolveu esta sua nova deslocação à capital catalã, depois de uma recaída nos aposentos do Palácio da Cidade Alta, acabaria por provocar um vendaval de especulações e boatos sem paralelo na vida política angolana.
Este clima de apreensão agravou-se ainda mais após se ter descoberto e tornado público que as imagens difundidas pela Televisão Pública de Angola (TPA) da partida do chefe de Estado para Barcelona no aeroporto militar eram imagens de arquivo. “A trapalhada é tal que já nem sabem manipular”, disse ao Expresso Graça Campos, diretor do portal ‘Correio Angolense’
“Estes dez dias de incertezas abalaram Angola”, diz a professora universitária Filomena Martinho, que chegou a temer o pior ao ser confrontada com o desencontro de informações e de contrainformações.
O pior terá já passado. O Expresso apurou que os filhos de Eduardo dos Santos, que tinham ido a Barcelona visitar o pai, já se encontram de volta a Luanda.
A cultura do secretismo das autoridades na gestão pública deste dossiê é que provocaram danos à imagem do regime. Considerado por diversos analistas como sendo a principal causa do incómodo clima político instalado, ao MPLA estão agora a ser atribuídas as principais responsabilidades pela onda de alarmismo que sacudiu a sociedade angolana nos últimos dias.
“Em comunicação é sempre melhor a antecipação do que a reação. A viagem do Presidente, qualquer que tenha sido o motivo, deveria ter sido oficialmente comunicada aos cidadãos para diminuir a possibilidade de desinformação”, disse ao Expresso João Melo, jornalista e deputado do MPLA.
“Angola vive um período de transição e o Governo, que tem de esperar desestabilização por parte dos seus adversários, esteve mais uma vez mal na abordagem deste tema”, concluiu aquele especialista em comunicação e marketing.

LUANDA: Todos Diferentes? Não. Todos São Muito Iguaiszinhos

TODOS DIFERENTES? NÃO. 
TODOS (BEM) IGUAIZINHOS


todos

Já temos as listas! E agora que as temos, podemos ver o quão idênticas elas são. Uns dizem-se ser de esquerda, alguns do centro, outros de centro-esquerda, e ainda outros de centro-direita. Quando perguntamos aos militantes, ainda que do topo, qual o espectro político do seu partido, a maioria nem sabe dizer. E não o sabem porque, na verdade, são partidos sem definição.

Por Sedrick de Carvalho
Então, podemos partir para outra pergunta: o que acham da forma como o actual presidente da República, José Eduardo dos Santos, introduz os seus filhos na vida política pública e partidária?
“É um abuso. O senhor presidente desrespeita tudo e todos. Nepotismo puro”, dizem os membros dos partidos na oposição, e até mesmo militantes do partido governante-autoritário. Pronto! Estamos entendidos!
E agora que as listas dos candidatos a deputados foram divulgadas pelo Tribunal Constitucional – quando deveriam ser os partidos a fazer -, já podemos conversar mais sobre a forma de introdução de familiares dos dirigentes partidários nas respectivas organizações política e instituições públicas.
Fizemos uma leitura por todas as listas, mas destacamos três, ainda que a terceira – do MPLA – não mereça tanta consideração por ser uma contradição se fosse de outra forma.
A Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) parece ter o caso mais flagrante de tentativa de introdução massiva de familiares no aparelho do Estado, concretamente na Assembleia Nacional. Pai, mãe, filho e irmão. Uma família completa numa lista.
Trata-se do presidente da coligação, Abel Chivukuvuku, número 1 da lista, a esposa do presidente, Maria Victória Ferreira Chivukuvuku, no nono lugar, Américo Kolonha Chivukuvuku, em 15º, irmão, e Samuel Pedro Catumbela Chivukuvuku, no 47º lugar, filho do presidente.
A coligação reforçou-se com as entradas do Bloco Democrático (BD) e Partido Democrático para o Progresso e Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA), mas, notemos, o presidente do BD aparece em 11º lugar, dois lugares depois do ocupado pela esposa do cabeça de lista. Mau sinal, pensamos. Colocar o líder duma organização parceira numa posição mais abaixo para dar lugar a familiar é mau prenúncio, e isto certamente gera descontentamento no seio dos recém-chegados à organização.
Frisamos a família Chivukuvuku, mas percebemos que há três Kerlan, dois Tito e Mendes de Carvalho na lista. Os principais membros com esses sobrenomes são vice-presidentes do partido.
Na União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) também há candidatos por parentesco. Os três Kopumi saltam à vista quando lemos a lista do Galo Negro – nomeadamente, Mihaela Ezsébet Neto Webba Kopumi e Celênia Njolela Kopumi, respectivamente números 17 e 162 da lista nacional, enquanto Alcibiades Sebastião Efraim Elavoko Kopumi é o cabeça de lista do ciclo provincial da Huíla, este esposo da candidata 17. Em seguida, Albertina Ngolo e o pai Eugénio Antonino Ngolo «Manuvakola», Adriano Sapiñala e o pai Samuel Chiwale.
Que exemplo se pretende passar à sociedade com essa relação familiar nas listas para ocupar cargos públicos, ainda mais quando se diz que o que se pretende como objectivo final é ser governo?
Suponhamos que as eleições não fossem uma simulação e a CASA-CE chegasse ao poder, e, por imperativo normativo, Abel Chivukuvuku passasse a ser presidente da República… Os seus familiares-deputados teriam a ousadia de o questionar nos dias em que o presidente-esposo-pai-e-irmão fosse ao parlamento prestar esclarecimentos na qualidade de chefe do governo? Ou, ainda mais grave, seriam livres para votar uma moção de condenação exigindo investigação judicial contra o presidente-esposo-pai-e-irmão?
Para além dessas interrogações, a nossa preocupação reside sobretudo na mensagem que se está a transmitir ao povo. Os angolanos, maioritariamente, não compreendem a diferença entre um sobado e uma República, pois o actual governo deliberadamente causa esta confusão. E os partidos na oposição devem preocupar-se em demonstrar que política não é sinónimo de promiscuidade e que partidos não são sociedades comerciais, apesar de lhes ser aplicado a lei das sociedades comerciais em alguns casos.
Muito menos estamos a questionar o mérito dessas pessoas, longe disso. Sabemos que alguns familiares-integrantes dessas listas são militantes activos nas respectivas organizações. Estamos preocupados com a perpetuação da ideia repugnante segundo a qual é necessário ser família de algum dirigente para constar das listas de deputados ou ocupar cargos ao nível governativo.
Surgirão vários argumentos em defesa da inserção de famílias inteiras nas listas, e não vão faltar comparações com os Kennedys, Roosevelts, os Soares ou os Mugabes e os Obiangs. Por essa via, os defensores do nepotismo terão de desdizer tudo o que disseram sobre a nomeação de Isabel dos Santos para PCA da SONANGOL, Filomeno dos Santos para PCA do Fundo Soberano, ou Welwitchia dos Santos e José dos Santos «Coreon Du» como gestores do canal 2 da TPA. Simples!
Uns ainda terão o descaramento de dizer que não há comparação possível por serem organismos públicos e que o pai os nomeou nas vestes de presidente da República e não do partido. A Assembleia da República é também um órgão público e soberano e que, constitucionalmente, reveste-se de maior importância comparando com as empresas salientadas.
Vejamos, já agora, o despacho do presidente da Assembleia Nacional que autoriza a compra de viaturas Lexus LX 570, modelo saído este ano, para os deputados que entrarão brevemente, e outros que se manterão. Tão logo ingresse no hemiciclo, o deputado passa a conduzir carro cujo valor o trabalhador de base nunca juntará ao longo da sua vida de trabalho, cidadão que entretanto nem conhece o nome e rosto do representante, ou seja, o representante que não o representa.
Por decência até, os grupos parlamentares deveriam emitir declarações a negar essas viaturas, apresentando como proposta a aquisição de carros modestos, e descartando a necessidade de atribuir-se carros aos actuais deputados por já os terem. Mas aqui é onde reside o verdadeiro combate contra a pobreza, ou seja, um combate contra os pobres que denunciam o nepotismo e o mal uso do erário, colocando os pobres numa lista de personae non gratae.

LUANDA: Espectro da Derrota Põe MPLA de Dedo no Gatilho

ESPECTRO DA DERROTA PÕE 
MPLA DE DEDO NO GATILHO


guerra

O dia 23 de Agosto está próximo. Os especialistas (muitos são portugueses) contratados pelo regime angolano dizem a Eduardo dos Santos e a João Lourenço que a vitória eleitoral não está garantida. O MPLA começa a ficar nervoso e procura soluções radicais. Iremos assistir a uma reedição da estratégia seguida em 2012?

Por Norberto Hossi
Pouco antes das eleições de 2012, em várias províncias, nomeadamente Benguela e Kwanza Sul, a população começou a debandar para as matas temendo, como diziam, o regresso da guerra.
Mas, afinal, quem falava em guerra? O próprio regime que estava então a movimentar as Forças Armadas Angolanas (FAA) por todo o país, justificando com uma normal movimentação de efectivos. A população não acreditava. E era isso mesmo que o MPLA pretendia.
Na capital mas com repercussão nacional, Bento Bento, dirigente do MPLA pedia aos militantes do seu partido para que controlassem “milimetricamente” todas as acções da oposição, em especial da UNITA, para não serem “surpreendidos”.
De acordo com o então primeiro secretário de Luanda do MPLA, a oposição liderada pela UNITA decidira enveredar por “manifestações violentas e hostis, provocando vítimas, inventando vítimas, incentivando à desobediência civil, greves e tumultos, provocando esquadras e agentes e patrulhas da polícia com pedras, garrafas e paus”.
Era caso para dizer: Que bandidos são estes tipos da oposição. E então quando Bento Bento descobrir que Alcides Sakala, Lukamba Gato, Isaías Samakuva e Abílio Camalata Numa tinham em casa um arsenal de Kalashnikov, mísseis Stinguer e Avenger, órgãos Staline, katyushas, tanques Merkava e muito mais…
Dizia Bento Bento que a direcção do MPLA “tinha dados da inteligência (informações) nas suas mãos que apontam que a UNITA estava prestes a levar a cabo um plano B”. Tinha? Será que agora não tem?
Este plano previa, segundo os etílicos delírios de Bento Bento, “uma insurreição a nível nacional, tipo Líbia, Egipto e Tunísia”, sendo as províncias de Luanda, Huambo, Huíla, Benguela e Uíge as visadas. Aí estava o espírito da guerra, tão querido ao MPLA.
Sempre que no horizonte se vislumbra, mesmo que seja uma hipótese remota, ténue e embrionária, a possibilidade de alguma mudança, o regime dá logo sinais preocupantes quanto ao medo de perder as eleições e de ver a UNITA (ou a CASA-CE) a governar o país.
Para além do domínio quase total dos meios mediáticos, tanto nacionais como estrangeiros, o MPLA sempre apostou forte numa estratégia que tem dado bons resultados. Isto é, no clima de terror e de intimidação.
No início de 2008, notícias de Angola diziam que, no Moxico, “indivíduos alegadamente nativos criaram um corpo militar que diz lutar pela independência”.
Disparate? Não, de modo algum. Aliás, um dia destes vamos ver por aí Kundi Paihama, Bento Bento ou Luvualu de Carvalho, afirmar que todos aqueles que têm, tiveram, ou pensam ter qualquer tipo de armas são terroristas da UNITA.
E, na ausência de melhor motivo para aniquilar os adversários que, segundo o regime, são isso sim inimigos, o MPLA poderá sempre jogar a cartada, tão do agrado das potências internacionais que incendeiam muitos países africanos, de que há o perigo de terrorismo ou do regresso à guerra civil.
Se no passado, pelo sim e pelo não, falaram de gente armada no Moxico, agora deverão juntar o Bié ou o Huambo.
Kundi Paihama, um dos maiores especialistas de Eduardo dos Santos nesta matéria, não tardará – se assim for conveniente – a redescobrir mais uns tantos exércitos espalhados pelas terras onde a UNITA tem mais influência política, para além de já ter dito que quem falar contra o MPLA vai para a cadeia, certamente comer farelo.
Tal como mandam os manuais, o MPLA começa a subir o dramatismo para, paralelamente às enxurradas de propaganda, prevenir os angolanos de que ou ganha ou será o fim do mundo.
Além disso, nos areópagos internacionais vai deixando a mensagem de que ainda existem por todo o país bandos armados, ou a armar-se, que precisam de ser neutralizados.
Aliás, como também dizem os manuais marxistas, se for preciso o MPLA até sabe como armar uns tantos dos seus “paihamas” para criar a confusão mais útil. E, como também todos sabemos, em caso de dúvida a UNITA será culpada até prova em contrário.
Numa entrevista à LAC – Luanda Antena Comercial, no dia 12 de Fevereiro de 2008, o então ministro da Defesa, Kundi Paihama, levantou a suspeita de que a UNITA mantinha armas escondidas e que alguns dos seus dirigentes tinham o objectivo de voltar à guerra.
Kundi Paihama, ao seu melhor estilo, esclareceu, contudo, que os antigos militares do MPLA, “se têm armas”, não é para “fazer mal a ninguém” mas sim “para ir à caça”. Ora aí está. Tudo bons rapazes.
Quanto aos antigos militares da UNITA, Kundi Paihama disse que a conversa era outra e lembrou que mais cedo ou mais tarde vai ser preciso falar sobre este assunto. Se calhar é agora a altura.
Na entrevista à LAC, Kundi Paihama disse textualmente: “Ainda hoje se está a descobrir esconderijos de armas”.
O regime reedita em 2017, obviamente numa versão acrescentada e melhorada, as linhas estratégicas do seu plano de 2008 e de 2012.
“A situação interna não transparece em bons augúrios para o MPLA, devido a várias manobras propagandísticas por parte dos partidos da oposição e de cidadãos independentes apostados em incriminar o Partido no Poder para fazer vingar as suas posições mercenárias junto da população civil e das chancelarias e comunidade internacional”, lia-se na versão de 2008.
Na de 2012 manteve-se o conteúdo e só a embalagem mudou qualquer coisa. Pouca coisa, aliás. Na de 2017 apenas deixou de aparecer a chipala de José Eduardo dos Santos.
No terreno está a onda propagandística sobre a UNITA e a CASA-CE e os seus dirigentes nos órgãos de comunicação social, relacionados com a descoberta de novos paióis de armamento nas províncias.
Para além da apertada vigilância sobre os dirigentes da cúpula da UNITA (incluindo escutas telefónicas), foram reactivadas as células-mortas de informadores no interior do Galo Negro, bem como as Brigadas Populares de Vigilância nos bairros de Luanda e nas capitais provinciais, as quais podem contar – se for necessário – com armamento ligeiro.
Afinal, na História recente (desde 1975) do regime angolano, nada se perde e tudo se transforma para que os mesmos continuem a ser donos do poder e, é claro, de Angola.

LUANDA: Ministro Português Sem Vergonha Mas Com Desmedida Lata

MINISTRO SEM VERGONHA 
MAS COM DESMEDIDA LATA


silvinha

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, sustentou hoje que a Europa tem “culpas a expiar” por “desatenção recente” com África, defendendo uma maior cooperação entre os dois continentes para resolver problemas como as migrações. Se a hipocrisia deste ministro (e de uma forma geral de todos os governos portugueses) pagasse impostos, certamente que Portugal teria as suas contas públicas em ordem.

“Épreciso mais cooperação entre a Europa e África, é preciso mais proximidade entre a Europa e a África. Quem tem culpas a expiar nesta relação, por desatenção recente, não é África, mas sim a Europa”, disse hoje Augusto Santos Silva, intervindo como convidado de honra na comemoração do Dia de África (25 de Maio), organizada pelo corpo diplomático africano em Portugal.
Actualmente, acrescentou Augusto Santos Silva, os europeus têm “uma enorme responsabilidade adicional”. Têm sim senhor. Mas Portugal tem tantos, mas tantos, telhados de vidro (veja-se, por exemplo, o seu relacionamento com o regime de Angola) que deveria estar quietinho e caladinho.
“Com a perspectiva de alguma viragem na política norte-americana quanto ao multilateralismo e às grandes agendas comuns, do clima ao desenvolvimento, a Europa tem a responsabilidade acrescida de liderar essas agendas”, sustentou o ministro, quase como se fosse Portugal uma virgem santa e não, como é, uma prostituta rainha dos mais putrefactos bordéis.
A agenda para o desenvolvimento sustentável das Nações Unidas (agenda 2030) “casa-se bem com a agenda 2063 da União Africana” e as duas regiões partilham das mesmas preocupações sobre as alterações climáticas.
“Só é possível resolvermos alguns dos nossos problemas europeus, por exemplo o das migrações, se pedirmos ajuda – insisto, se pedirmos ajuda -, a África. Só há uma maneira: sermos parceiros em projectos comuns”, considerou Santos Silva, esquecendo-se de assumir que pouco, ou nada, interessa se os países africanos são liderados por dirigentes corruptos e esclavagistas.
Portugal, acrescentou Santos Silva, “entende que a sua responsabilidade, como ponte que é entre África e Europa, é ajudar a Europa a compreender tudo isto”, ou seja, “situar a Europa do lado do futuro, ou seja, a Europa tem de estar situada do lado de África”. Lindo. Quase parece um poema concorrente aos jogos florais da Internacional Socialistas.
O chefe da diplomacia portuguesa advogou a necessidade de a Europa ter “mais consciência de quão importante é a parceria com África”, mas reconheceu que há avanços nesta matéria, exemplificando que a relação com os africanos foram os temas escolhidos pelas presidências italiana e alemã do G7 e do G20, respectivamente.
“Esta consciência de que África é um parceiro essencial do ponto de vista económico, político, da segurança, estratégico, é hoje muito mais clara na Europa”, referiu o ministro português, servil acólito – embora disfarçado – do regime despótico do seu camarada José Eduardo dos Santos.
Portugal, afirmou, reconhece a “riqueza de África como um mercado económico e uma economia global”, mas isso mesmo “sabe a China, sabe a Índia, sabe a América” e “a União Europeia deveria saber melhor”.
Santos Silva justificou por isso que os portugueses têm procurado convencer a Europa a “regressar a África, não da forma como a explorou durante séculos, mas como um parceiro”. Como anedota não está mal.

Portugal e o regime do MPLA (Angola é outra coisa)

beija-maoOministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, que – segundo as suas próprias palavras – “foi mandatado pelo Presidente José Eduardo dos Santos”, afirmou no dia 22 de Fevereiro que o Governo português continua a preparar a visita do primeiro-ministro a Angola, então prevista para esta Primavera, depois de Luanda ter adiado a deslocação da ministra da Justiça, que deveria ter começado nesse dia.
“Os preparativos para a visita do primeiro-ministro, da parte portuguesa, continuam normalmente. Nós apresentámos várias datas possíveis para a visita se realizar e esperamos uma resposta das autoridades angolanas”, disse aos jornalistas Augusto Santos Silva.
Recorde-se que o ministro português veio a despacho a Luanda, entre 10 e 12 de Fevereiro, para reforçar a cooperação bilateral e preparar uma visita de António Costa. Entenda-se o significado político da expressão “reforçar a cooperação bilateral”: aumentar o índice de bajulação e subserviência em relação ao regime do MPLA.
Questionado na altura se havia alguma reserva do Governo angolano sobre a eventual visita do primeiro-ministro português, Santos Silva respondeu: “Não me parece que haja aqui qualquer reserva, mas veremos”. Aliás, se houver, o problema resolve-se aumentando os decibéis da bajulação e, ainda, arranjando maneira de arquivar todos os processos judiciais que envolvam altos dignitários do regime.
O chefe da diplomacia português sublinhou depois que a cooperação entre Lisboa e Luanda “chegou a um patamar que pede e justifica uma visita ao mais alto nível”.
“No caso de Angola, dada a natureza executiva das questões em causa, parece que faz sentido haver uma visita do primeiro-ministro português. As autoridades angolanas concordam com esta avaliação e portanto sustentam que a próxima visita seja ao mais alto nível. Aliás, o meu colega dos Negócios Estrangeiros, Georges Chikoti, já anunciou isso em Portugal no ano passado”, disse Santos Silva.
Neste momento, os dois países procuram encontrar “as datas mais convenientes para as duas partes”, acrescentou o ministro português tentando tapar o sol com uma peneira de modo a que as datas ocultem o real motivo de todas estas questões: a acusação de corrupção activa ao vice-presidente de Angola, Manuel Vicente.
Sobre o adiamento, ainda sem nova data, da visita da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dúnem, o chefe da diplomacia portuguesa referiu que Portugal e Angola procurarão reagendar esta deslocação. Simples, não é? Era se nós fôssemos todos o que Augusto Santos Silva pensa que somos: matumbos.
Questionado sobre qual foi a explicação do Governo angolano, Augusto Santos Silva respondeu: “A justificação apresentada foi a necessidade de reponderar nova data”. Portugal vai também reponderar… a bem da nação, como dizia António de Oliveira Salazar.
Interrogado sobre se esta decisão do executivo de Luanda poderia estar ligada à acusação do vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, pelo Ministério Público português, no âmbito da “Operação Fizz”, relacionada com corrupção e branqueamento de capitais, o ministro sublinhou a separação entre poder executivo e judicial.
“Do ponto de vista das autoridades portuguesas, os planos são completamente diferentes”, disse. Pois é. Mas em Angola, sob a superior e divina orientação de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos, não há separação entre o poder executivo e o judicial. Não há agora como nunca houve nos últimos 42 anos.

terça-feira, 23 de maio de 2017

LUANDA: Polícia Mostra Que Quem Não For do MPLA no Poder Há 42 Anos Leva porrada

POLÍCIA MOSTRA QUE QUEM NÃO FOR DO MPLA LEVA


repressao-activistas

Algumas dezenas (dois ou três na versão oficial) de jovens manifestaram-se hoje no Cacuaco, arredores de Luanda, exigindo a libertação de outros sete activistas condenados em Abril a 45 dias de prisão, protesto que, relataram, terminou com detenções e agressões.

De acordo com activistas do autodenominado Conselho Nacional dos Activistas de Angola, o protesto de hoje foi travado pela polícia do MPLA e pelo menos cinco dos manifestantes foram levados pelas forças de segurança, desconhecendo-se os motivos.
“Agora viemos aqui para a frente ao tribunal do Cacuaco para exigir a libertação destes cinco jovens, que foram levados por esta polícia autoritária”, afirmou Nito Alves, um dos organizadores do protesto de hoje e que integra o grupo de 17 activistas que em Março de 2016 foram condenados pelo tribunal de Luanda a penas de prisão de até oito anos e meio.
“Partiram a cabeça de um jovem e outros foram agredidos. Nós só queríamos exigir a libertação dos sete que foram detidos em Abril”, acrescentou o activista.
Sete outros activistas foram condenados a 19 de Abril pelo tribunal de Cacuaco a penas de 45 dias de prisão efectiva, por resistência às autoridades, ao tentarem manifestar-se contra alegadas irregularidades no processo de registo eleitoral, que antecede as eleições gerais de Agosto, mas também para alertar para as dificuldades dos jovens daquele município da capital, nomeadamente a falta de emprego.
De acordo com o secretário-geral do Conselho Nacional dos Activistas de Angola, António Kissanda, os sete jovens têm idades entre os 25 e os 35 anos. Foram detidos na manifestação realizada a 17 de Abril e três dias depois começaram a cumprir pena, na cadeia de Comarca de Viana.
Foram ainda condenados a pagar, cada um, multas de 65.000 kwanzas (365 euros), indicou António Kissanda, acrescentando que são estudantes universitários, músicos de intervenção e activistas.
“O grupo que se estava a manifestar era maior, mas quando a polícia os levou eram oito. Entretanto, no outro dia, durante o transporte da esquadra da polícia para o tribunal, um dos elementos conseguiu fugir e foram condenados sete”, explicou anteriormente secretário-geral do Conselho Nacional dos Activistas de Angola.
Foram condenados à revelia e, por não terem assistência jurídica, a condenação não foi alvo de recurso, indicaram os activistas.
“Resistimos à força que a polícia nos apresentou, porque é um direito na nossa Constituição. Não somos criminosos para fugir, esperávamos que a polícia estivesse lá para nos proteger”, disse.
A este propósito recorde-se o texto do voto de condenação contra as autoridades angolanas apresentado ontem, sexta-feira, pelo Bloco de Esquerda no Parlamento português e que, como se previa, foi rejeitado pela extensa coligação PCP, PS, PSD e CDS:
“No dia 17 de abril a polícia angolana reprimiu violentamente uma manifestação em Cacuaco, município na periferia de Luanda, levando à prisão de 7 pessoas que exigiam emprego e melhores condições de vida, assim como a realização de eleições livres e transparentes em Angola.
António Mabiala, Nzenza Mabiala (“Luston”), Paulo Mabiala (“DMX”), Adão Bunga (“Mc Life”), Valdemar Aguinaldo (“27 de Maio”), Mariano André e David Saley , foram julgados em processo sumário por alegado desacato às autoridades e condenados pelo tribunal municipal de Cacuaco, no dia 19 de abril, a 45 dias de prisão e multa de 75’000 Kwanzas que estes jovens e as suas famílias não têm como pagar.
Os jovens foram enviados para as prisões de Viana, Kakila e Kalomboloko, locais onde falta água, comida e assistência médica. Os familiares dos jovens relatam ainda dificuldades em visitar e prestar assistência aos presos da manifestação de 17 de abril.
Esta não é a primeira manifestação violentamente reprimida pelas autoridades angolanas este ano. Ainda no passado dia 24 de fevereiro, as forças de segurança reprimiram uma manifestação de jovens ativistas em Luanda, entre eles Hitler Samussuko e Luaty Beirão, dois ativistas perseguidos no processo “15+2”. Vários ficaram feridos pelos cães de polícia soltos contra eles.
Já nessa altura os manifestantes denunciavam a falta de transparência e existência de irregularidades no processo eleitoral para as eleições gerais previstas para 23 de agosto de 2017. Não pode haver eleições livres e justas sem liberdade de expressão e reunião, condições basilares do exercício da democracia.
Assim a Assembleia da República, reunida em plenário, condena a perseguição sistemática aos ativistas cívicos em Angola, a repressão e a violência sobre as manifestações e o desrespeito pelos princípios da liberdade e da democracia.”
Folha 8 com Lusa

LUANDA: Os Estudantes Angolanos Sofrem no País e Fora Dele

OS ESTUDANTES ANGOLANOS SOFREM NO PAÍS E FORA DELE


pedir

Enquanto muitos estudantes angolanos que foram estudar para Portugal, por conta dos familiares em Angola, abandonaram os estudos para trabalhar, devido às “dificuldades no envio de dinheiro”. Por cá, o MPLA descobriu que Angola precisa de mais qualidade nas instituições universitárias. É obra!

“Não temos um número exacto, mas sabemos que são muitos”, diz Luís Victorino, presidente da Associação de Estudantes Angolanos (AEA), que justifica a interrupção dos estudos com “a demora das transferências de dinheiro efectuadas de Angola”.
Segundo Luís Victorino, a AEA “tem negociado com as universidades portuguesas e instituições de ensino para que haja mais flexibilidade nos pagamentos das propinas, de modo a que os estudantes angolanos tenham a possibilidade de pagar as dívidas ou propinas em atrasos em prestações, para que não sejam impedidos de realizar os exames ou inscrições ou matrículas em anos lectivos seguintes”.
Alguns estabelecimentos de ensino têm respondido “positivamente” às intervenções da AEA, como é o caso do Instituto Politécnico de Setúbal, por exemplo, afirma Luís Victorino.
Angola vive uma grave crise financeira e económica decorrente da quebra da cotação do petróleo no mercado internacional, que se reflecte ainda na falta de divisas no país.
Esta situação provoca várias restrições na gestão de divisas e, consequentemente, coloca dificuldades nas transferências de dinheiro para fora do país.
O presidente da AEA destaca ainda o apoio que o Alto Comissariado para as Migrações em Portugal tem dado àqueles estudantes na “questão da legalização”, porque muitos ficam impossibilitados de renovar o título de residência por falta de dinheiro.
Actualmente estudam em Portugal cerca de 4 mil angolanos, entre bolseiros, de instituições públicas e privadas, e não bolseiros.
O presidente da AEA acrescenta que, em média, chegam anualmente chegam a Portugal 500 estudantes angolanos e que as áreas profissionais em que mais se destacam são o Direito e as ciências empresariais.
No âmbito das celebrações do Dia de África, que se assinala na próxima quinta-feira, dia 25 de Maio, a AEA, em conjunto com as associações de estudantes moçambicanos e guineenses e a comissão instaladora do Núcleo de Estudantes Africanos do Instituto Politécnico de Setúbal, organiza um encontro em que debaterá o passado, o presente e o futuro de África e as celebrações incluem música, poesia, gastronomia e trajes.

E como vai o ensino por cá?

Recém-chegado ao poder (só lá está há quase… 42 anos) o MPLA descobriu agora (entre outras pérolas) que Angola precisa de mais qualidade nas instituições universitárias. Quem o diz é o vice-presidente do MPLA e cabeça-de-lista às eleições de 23 de Agosto, João Lourenço.
Segundo o boletim oficial do partido, Jornal de Angola (JA), João Lourenço fez este alerta na abertura da reunião com a comunidade académica de Luanda e Bengo, em Outubro do ano passado, lembrando que o país “continua a exportar as suas riquezas em estado bruto para o exterior” (exportar para o exterior não está mal, não senhor), para depois comprar de volta os produtos transformados a preços exorbitantes. Além disso, sublinhou, a atitude contribui para dar emprego aos operários de outros países em detrimento dos angolanos.
Diante de milhares de académicos, segundo as contas do JA, João Lourenço pediu atenção à qualidade do ensino superior, numa altura em que existem 24 instituições de ensino superior públicas e 40 privadas, surgidas num espaço de 14 anos. Até 2002, Angola tinha apenas uma única universidade pública, a Universidade Agostinho Neto, e duas privadas que, no total, formaram no mesmo período 62.407 quadros.
“Precisamos de encontrar o ponto de equilíbrio entre a necessidade da formação massiva de quadros que o país precisa e o rigor na qualidade desses mesmos quadros superiores”, disse João Lourenço, para acrescentar: “Devemos encorajar e promover a cultura de premiar o mérito no ensino, o mérito no trabalho e em tudo o que fazemos”.
Ou seja, João Lourenço disse que os angolanos devem olhar para o que o MPLA diz mas não, é claro, para o que faz. Isto porque se no regime existisse de facto a cultura do mérito, muitos dos seus quadros, ditos superiores, estariam a plantar couves.
O vice-presidente do MPLA disse, continuamos a citar o boletim oficial, que o crescimento que o país vive na construção de estradas, caminhos-de-ferro, barragens hidroeléctricas, fábricas, portos e aeroportos, hospitais e fazendas agrícolas, deve ser acompanhado de formação de quadros que possam garantir a continuidade e manutenção dos projectos. “Apesar da maior necessidade que o país tem na formação de quadros é necessário assegurar a sua qualidade a todos os níveis de ensino”, disse João Lourenço.
João Lourenço recordou (numa manifesta passagem de um atestado de matumbez aos angolanos) que o MPLA sempre estabeleceu como prioridade a educação e o ensino nos seus programas de governação, através de atribuição de bolsas de estudo para países como Cuba, Rússia, Portugal, França, Reino Unido, Itália, EUA, Nigéria e Marrocos.
“Foram milhares os quadros angolanos superiores formados em diferentes áreas do saber nesses países e que hoje contribuem para o desenvolvimento do nosso país”, disse.

Não se pode querer tudo

Por sua vez, o presidente da associação das universidades privadas de Angola, José Semedo, defendeu uma parceria estratégica entre o Executivo, instituições de ensino, empresas públicas e privadas, instituições financeiras, fundações, bancos e as famílias, para a elevação e a concretização da qualidade de ensino no país.
José Semedo lembrou que nenhuma instituição angolana consta da lista das 100 melhores universidades de África, ao passo que Moçambique e Cabo Verde, que têm a mesma idade política, aparecem entre as melhores do continente.
É verdade. Em contrapartida, Angola é um dos países mais corruptos do mundo, é um dos países com piores práticas democráticas, é um país com enormes assimetrias sociais, é o país com o maior índice de mortalidade infantil do mundo. Não se pode querer tudo, não é?
“A implementação de um quadro jurídico-legal e uma lei do mecenato para o ensino superior pode, a médio e longo prazo, modernizar e elevar a competência, a qualidade e excelência dos nossos quadros”, disse José Semedo, em representação das 40 instituições privadas do país. José Semedo reconheceu que a qualidade de ensino feito nas instituições nacionais é contestada na sociedade e uma grande parte dos licenciados formados não possui conhecimento científico, técnico e tecnológico que permite a sua inserção no mercado internacional.
Que a maior parte dos supostos quadros superiores são, afinal, quadros inferiores, todos sabemos. Tal como sabemos que são esses que o MPLA chama para funções públicas. E chama porque, sabendo eles que nada sabem, prestam-se a todos os fretes e fazem da fidelidade canina e do culto ao chefe o seu principal doutoramento.

Ingresso deficiente

Areitora da Universidade Agostinho Neto, afirma o boletim oficial, lamentou o facto de a admissão de alunos com notas inferiores a dez valores estar a aumentar de ano para ano. Maria Sambo revelou que, em 2015, o número de admitidos com notas inferiores a dez valores representou 53 por cento. Em 2016, a percentagem subiu para 58 por cento.
É tudo uma questão de perspectiva. Dez valores num aluno que seja militante do MPLA é, clara e inequivocamente, uma nota que equivale a 20 valores…
“A admissão de estudantes previsivelmente mal preparados, valorizando-se a classificação obtida no exame de acesso, como único critério de selecção, constitui uma garantia de deficiente prestação, salvo raras excepções”, disse a reitora, para quem o processo de aprendizagem dos estudantes que ingressam com notas negativas torna-se difícil, ainda porque muitos dos jovens têm condições económicas deficitárias e há falta de apoio social nas instituições de ensino superior.
Há falta de apoio social? A sério? Então o MPLA não é Angola e Angola não é o MPLA?
Maria Sambo destacou ainda outro aspecto: “Não há boa transição entre o ensino secundário e o ensino superior, não há agências que financiem a investigação científica, nem mecanismos de avaliação da qualidade do ensino superior”.
Não é bem assim, senhora reitora. A avaliação é feita, com qualidade divina – acrescente-se, pelo regime. E não há que estar preocupados. O guia supremo do país, José Eduardo dos Santos, está atento…
Por outro lado, disse a reitora, a docência é pouco atractiva, porque o estatuto remuneratório não condiz com o grau de exigência e qualificação e com a importância social do docente universitário. Maria Sambo falou ainda de outra dificuldade que a Universidade Agostinho Neto enfrenta.
“A prática da investigação científica é ainda muito débil, há insuficiência de estrutura de apoio e de recursos humanos para a investigação científica e não há editais, nem financiamento público sistemático para candidaturas do projectos de investigação”, disse.
A Universidade Agostinho Neto também tem carência de pessoal administrativo qualificado e técnicos diferenciados para a investigação. Além disso, existem docentes com dupla efectividade. “Tem sido impossível admitir novos docentes e a promoção de docentes está congelada. Estas dificuldades abrangem a carreira docente e de investigação, tornando-as pouco atractivas”, disse, acrescentando que desde 2014 não se realiza concurso público no ensino superior.

A visão… mesmo quando se é cego

Por sua vez, o secretário do MPLA para a política Económica e Social, Manuel Nunes Júnior, afirmou que Angola tem de vencer o atraso científico e tecnológico, sendo isso uma condição crucial para o progresso económico e social e que uma das principais implicações da globalização é a facilidade com que a tecnologia e as ideias fluam entre países.
Ao apresentar as principais orientações da Moção de Estratégia do presidente do MPLA, o guia supremo, querido líder, “escolhido de Deus”, José Eduardo dos Santos, para a formação de quadros, Manuel Nunes Júnior afirmou que a política do seu partido sobre o ensino superior assenta no conhecimento e na criação de novas ideias. A chave do crescimento e prosperidade das nações, disse o político e professor universitário, são as ideias e o conhecimento e não são os objectos. Os objectos, referiu, desgastam-se com o tempo e perdem o valor.
Lindo. Nem a princesa Isabel dos Santos, diria melhor…
O economista disse que a capacidade humana de produzir novas ideias e novos conhecimentos é infinita. “Muitos países não conseguiram tirar vantagem da revolução industrial e não prosperaram. Torna-se agora imprescindível tirar os benefícios da sociedade do conhecimento que caracteriza o presente processo de globalização”, disse.
Manuel Nunes Júnior lembrou que a diferença entre países ricos e pobres e em termos do desenvolvimento são fenómenos recentes. Os países que conseguiram tirar vantagens da revolução prosperaram e os outros ficaram para trás em termos de crescimento económico e de prosperidade.
“Estamos a viver uma nova revolução em que a sociedade industrial está a dar lugar à sociedade do conhecimento e Angola não pode ficar fora dessa sociedade do conhecimento. Deve dela tirar todas as vantagens”, disse este especialista.
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