quinta-feira, 8 de junho de 2017

LUANDA: Enquanto Ladra miserável Isabel dos Santos, filha do Ditador corrupto Angolano não é Canonizada, Seu Hooby Passou a ser Atacar Quem Não a Idolatra

ENQUANTO NÃO CHEGA A CANONIZAÇÃO, ISABEL ATACA QUEM NÃO A IDOLATRA


isabelinha

A multimilionária filha do Presidente da República de Angola, no poder há 38 anos sem nunca ter sido nominalmente eleito, também empresária, Isabel dos Santos, que detém (a par de tudo quanto dá dinheiro, cá e no estrangeiro) a distribuidora angolana de televisão por subscrição Zap, escreveu que “a SIC (televisão portuguesa) é muito cara” e que a exclusão dos canais daquele grupo português é uma decisão comercial.

Por Orlando Castro
Aexplicação é tão verdadeira quanto a que nos diz que é possível que o rio Kwanza caiba na piscina do Palácio Presidencial, ou que Angola não é um dos países mais corruptos do mundo, ou que a mortalidade infantil é das mais baixas do mundo… ou que, afinal, dos 20 milhões de angolanos pobres mais de 19 milhões têm três refeições por dia.
A posição é assumida pela empresária Presidente do Conselho de Administração da Sonangol, a conselho dos seus conselheiros/mercenários (muitos são portugueses) e certamente escrita a bordo de um dos seus iates, pretende justificar (calculando – no que é corroborada pelos seus acólitos catarros – que somos todos matumbos) as decisões de duas empresas (uma directamente dela, a Zap, e outra indirectamente dela, a DStv) de excluir os canais SIC Internacional África e SIC Notícias da sua grelha.
“A inconfessável ganância comercial do milionário Pinto Balsemão. Em Angola quer encaixar pela SIC um milhão de euros/ano. A comparar com a BBC 33 mil euros/anos ou a Al Jazeera 66 mil euros/anos”, escreve (ou apenas assina) Isabel dos Santos.
Sem nunca se referir directamente às decisões de exclusão da grelha das duas distribuidoras que operam em Angola (Zap e DStv) daqueles dois canais do grupo Impresa, presidido por Francisco Pinto Balsemão, Isabel dos Santos afirma que “a razão é comercial e não política”.
“A SIC é muito cara”, conclui a empresária, no mesmo texto, escrito em português, inglês e francês, certamente saboreando – como aperitivo para a intelectual orgia colectiva do seu séquito – um copo de vinho “Henri Jayer Richebourg Grand Cru” ou uma taça de champanhe “Taste of Diamonds”.
Como o Folha 8 noticiou (e comentou), desde a meia-noite de segunda-feira que a operadora de televisão por subscrição Multichoice, através da plataforma internacional DStv, deixou de transmitir os canais SIC Notícias e SIC Internacional África em Angola.
Esta decisão é semelhante à tomada anteriormente pela Zap, outra das duas operadoras generalistas em Angola, que em 14 de Março interrompeu a difusão dos canais SIC Internacional e SIC Notícias nos mercados de Angola e Moçambique, o que aconteceu depois de o canal português ter divulgado reportagens críticas ao regime de Luanda.
A Multichoice África, que tem a plataforma DStv, fornece serviços de televisão pré-paga de canais digitais múltiplos contendo canais de África, América, China, Índia, Ásia e Europa, por satélite.
Já a Zap, que iniciou a sua actividade no mercado angolano em Abril de 2010, é actualmente a maior operadora de TV por satélite em Angola.
A operadora portuguesa NOS detém 30% da Zap, sendo o restante capital detido pela Sociedade de Investimentos e Participações, da empresária angolana Isabel dos Santos. A maioria do capital da NOS é detido pela ZOPT, ‘holding’ detida pela Sonae e por Isabel dos Santos.
Os restantes canais do grupo português, SIC Mulher, SIC Radical, SIC Caras e SIC K, continuam a ser transmitidos normalmente em Angola.
Na segunda-feira, a SIC disse ser “totalmente alheia” ao facto de os canais SIC Notícias e SIC Internacional África terem deixado de ser transmitidos pela plataforma DStv em Angola, acrescentando que a transmissão dos dois canais se mantém em Moçambique através da DStv. Também na África do Sul a DStv continuará a exibir a SIC Internacional África.

A nossa (isto é como quem diz) Isabelinha

Isabel dos Santos, multimilionária que – segundo diz – começou nessa vida (a de empresária) a vender ovos nas ruas de Luanda, em entrevista à BBC afirmou (e o que ela diz tem força de lei) que ser filha do presidente de Angola, nunca nominalmente eleito e no poder há 38 anos, José Eduardo dos Santos, traz vantagens mas também “muito preconceito”. Estamos quase a chorar…
“Não há dúvida que há muito preconceito sobre isso, tenho um percurso inesperado”, disse a presidente da Sonangol (cargo para a qual foi nomeada pelo seu pai e perante os protestos de todos quantos não se renderam ao regime) numa entrevista com o jornalista Paul Bakibinga.
“Sou privilegiada no sentido em que tive uma boa educação, no sentido em que pude ver o mundo, sou uma pessoa muito exposta, eu pude interagir com pessoas de todos os espectros da vida. E penso que é tudo”, disse a candidata à canonização.
Nessa interacção “com pessoas de todos os espectros da vida” estarão incluídos os 20 milhões de angolanos que (sobre)vivem na miséria e que a SIC exemplarmente retratou na reportagem “Angola . um país rico com 20 milhões de pobres”? Estarão incluídas as crianças que não chegaram a ser adultos porque apenas constam da lista que coloca Angola na primeira posição do ranking mundial da mortalidade infantil?
“Juntando isso com o preconceito e a sensação de que essas vantagens foram de alguma forma injustas ou obtidas através de favor e de favoritismo, acho que isso é preconceito”, explicou Isabel dos Santos numa tentativa, mais uma, de nos passar um atestado de menoridade intelectual de matumbez hereditária.
Isabel dos Santos é filha mais velha do presidente angolano e, desde Junho do ano passado presidente da petrolífera do regime por nomeação do pai, igualmente presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo. A empresária é a mulher mais rica de África. Tudo normal num país que, certamente só por acaso e por preconceito, também está no top dos países mais corruptos do mundo.
A nomeação de Isabel dos Santos gerou várias críticas no país e o Tribunal Supremo de Angola (órgão submisso e subserviente, por questões de sobrevivência, a sua majestade o rei) recebeu uma acção por parte de advogados angolanos – certamente matumbos e pertencentes a uma organização de malfeitores preconceituosos – sobre o caso. A justiça do regime (já que Angola não é um Estado de Direito com separação dos poderes) declarou a nomeação legal.
A empresária contou que enfrenta ainda mais desafios por ser uma mulher, pela idade que tem e por ser africana. “Mas não é um problema angolano nem africano. Os problemas de género são globais e são comuns em todo o mundo”, continuou Isabelinha dos Santos, esquecendo-se de dizer que nenhum desses problemas é válido em Angola desde que se tenha origem no clã Eduardo dos Santos.
A senhora filha do rei defendeu ainda que as raparigas devem ser ambiciosas e confiantes e lutar para cumprirem os seus objectivos. Tem razão. Devem, aliás, começar por se filiar no MPLA (por alguma razão o partido está no poder há 42 anos), licenciar-se em servilismo e doutorar-se em bajulação. Se a isso conseguirem juntar comprovativo médico de ausência de coluna vertebral e capacidade para pensar pela cabeça dos donos do país, então o futuro estará garantido.
Isabel dos Santos foi eleita uma das 100 mulheres de topo no mundo pela BBC em 2015 e foi recentemente comparada a Ivanka Trump num artigo da mesma estação de televisão.
Permitam-nos reconhecer que esta entrevista nos deixou tristes. E neste sentimento somos acompanhados por milhões de outros angolanos, nomeadamente pelos 20 milhões de pobres que habitam no mesmo país de Isabel dos Santos.
Embora dizer o que pensamos seja, quando não é o mesmo que o regime do paizinho de Isabel dos Santos pensa (raramente isso acontece, assumimos), um crime contra a segurança do Estado e prova de tentativa de golpe de Estado, não é mau manter a memória alimentada pela verdade, mesmo que seja à base de mandioca e não de lagosta, de água e não de “Taste of Diamonds”.
Continuemos. E então como é que Isabel dos Santos se tornou – não sabemos quantas vezes – milionária? Desde logo porque – graças ao pai ser o dono do reino esclavagista (20 milhões de pobres, repita-se) – ficava, fica e ficará com uma parte das empresas que se estabelecem em Angola. Quando assim não é, o seu pai trata de mandar fazer leis, decretos e regulamentos que permitam a Isabel facturar sobre tudo o que entenda. Simples, não é?
Pena é que, como Isabel diz, nem todos percebam a normalidade do processo e a caluniem dizendo que ela é o que é graças ao paizinho. É por isso que ela se vê obrigada, em legítima defesa, a desmentir tudo, assumindo-se como uma santa (o pedido de canonização em vida já foi enviado ao Vaticano) e acusando todos os que divulgam estas “mentiras” e que, como é bom de ver, são pagos para andar pelo mundo a denegrir a impoluta e divina imagem e labuta de figuras honoráveis como ela e, é claro, como o seu pai e restante clã familiar.
Certo é que Isabel dos Santos é milionária e que no seu(?) país cerca de 70% dos habitantes vivem com menos de 2 dólares por dia.
Citemos a Forbes sobre o santo pai da santa Isabel: “É uma forma de extrair dinheiro do seu país, enquanto se mantém à distância, de maneira formal. Se for derrubado, pode reclamar os seus bens, através da sua filha. Se morrer enquanto está no poder, ela mantém o saque na família.”
Não se sabe com rigor em que negócios Isabel dos Santos está, de facto, metida. São muitos. E isso chega, desde logo porque não é possível ao comum dos mortais chegar às pontas doa paraísos, discais e outros.
Mesmo assim, tem posição preponderante e decisiva na Endiama, a empresa concessionária da exploração mineira (criada por decreto… presidencial, que exigia a formação de um consórcio com parceiros privados).
Os parceiros privados da filha do Presidente, que incluíam negociantes israelitas de diamantes, criaram a Ascorp, registada em Gibraltar. Na sombra, diz a Forbes, citando documentos judiciais britânicos, tinha o negociante de armas russo Arkadi Gaidamak, um antigo conselheiro do Presidente angolano durante a guerra civil de 1992 a 2002. Tudo bons rapazes, igualmente impolutos e honoráveis cidadãos.
O escrutínio internacional dedicado aos ‘diamantes de sangue’, explica a revista, aconteceu no mesmo período em que Isabel dos Santos transferiu a sua parte do negócio, que a Forbes classifica como “um poço de dinheiro”, para a mãe, uma cidadã britânica. Tudo continua em família. Antes do Povo está o clã Eduardo dos Santos. Obviamente.
Do ponto de vista mediático, mesmo no âmbito da Educação Patriótica que o regime pretende dar a todos os angolanos desde a barriga da avó até à morte, Isabel dos Santos é a heroína do reino. Prova disso é dada pelo Pravda do regime (também conhecido por Jornal de Angola) que escreveu: “Estamos maravilhados por a empresária Isabel dos Santos se ter tornado uma referência do mundo das finanças. Isto é bom para Angola e enche os angolanos de orgulho.” Referia-se aos angolanos afectos ao regime, os outros – os que foram gerados com fome, nasceram com fome e estão no corredor da morte cheios de… fome – sentem-se envergonhados.

NOVA IORQUE: "Prémio Democracia" Para Rafael Marques: EUA Atentos as Movimentações do Regime Angolano

“PRÉMIO DEMOCRACIA” PARA RAFAEL MARQUES: EUA ATENTOS AO REGIME ANGOLANO


Rafael Marques, que recebe hoje um prémio em Washington pela luta contra a corrupção em Angola, considera a distinção como um sinal de que “os EUA estão a prestar atenção ao que se está a passar” no país.
“O facto de receber este prémio e de entrar no Congresso pela porta grande é um testemunho de que os EUA estão a prestar atenção ao que se está a passar. Este prémio é a forma como tentam apoiar, de forma simbólica, o que se está a passar”, disse à agência Lusa o jornalista e activista angolano.
Rafael Marques é homenageado na quarta-feira, em Washington, recebendo o “Prémio Democracia” do National Endowment for Democracy, numa cerimónia em que discursa o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Paul Ryan, e a líder dos democratas no mesmo órgão, Nancy Pelosi.
“O primeiro significado deste prémio tem a ver com a situação actual de Angola, que é uma cleptocracia, e vem dizer que a integridade tem valor. É um valor que compartilho com os meus compatriotas para mostrar que podemos ser dignos e valorizados, não por termos dinheiro, mas por fazermos algo de bom”, salientou.
“Durante todos estes anos, o regime levou-nos a crer que quem é digno é quem faz parte da elite predadora. Esta é uma prova em contrário, um incentivo e uma inspiração positiva para ter um comportamento mais digno. Recebo este prémio para partilhar com todos os que, a cada dia, se vão juntando ao coro daqueles que querem uma sociedade mais transparente e com melhor governação”, acrescentou.
Além de receber o prémio e de participar numa conferência que antecede a cerimónia, Rafael Marques tem encontros com alguns dos políticos e meios de comunicação mais influentes dos EUA.
Em Washington, o angolano encontra-se com os senadores Chris Murphy e Eliot Engel, com o presidente do Comité de Relações Internacionais da Câmara dos Representantes, Ed Royce, com o congressista e antigo presidente da Câmara dos Representantes, Steny Hoyer, e com o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos, Thomas A. Shannon.
Ainda na capital dos EUA, participa num encontro com representantes de todos os membros dos comités de segurança nacional e relações internacionais e com a direcção editorial do jornal The Washington Post.
Em Nova Iorque, na segunda-feira, o jornalista e ativista angolano encontra-se com a direcção editorial do The New York Times e do The Wall Street Journal e termina a visita aos EUA com um encontro com a embaixadora adjunta dos EUA junto da ONU, Michele Sison.
O angolano diz que o objectivo de todos estes encontros “é que os EUA prestem maior atenção à luta contra a corrupção, que é um fenómeno global,” e mostrar que “no caso de Angola, a cleptocracia é hoje mais apoiada por forcas externas do que interiores.”
“Os EUA precisam ter uma atitude mais severa em relação à forma como os cidadãos são vitimas de abusos, é preciso mais apoio internacional para as forças que procuram combater o saque de Angola”, defende.
Rafael Marques acredita que “há um grande custo para os cidadãos de Angola por causa da corrupção” e oferece um exemplo de como isso se relaciona com a comunidade internacional.
“O Estado vai gastar 78 milhões de dólares em viaturas novas para os deputados e nos hospitais, neste momento, não temos seringas e medicamentos para a malária, num momento em que os EUA continuam a financiar um grande programa de combate à malária no país. Se não houvesse corrupção, os EUA não teriam este custo”, explica.
O National Endowment for Democracy, que foi criado há 34 anos com financiamento do Estado americano e está hoje presente em 90 países, tem o objectivo de promover instituições democráticas em todo o mundo.
Juntamente com Rafael Marques, são homenageados Khalil Parsa, do Afeganistão, Claudia Escobar, Guatemala, Cynthia Gabriel, da Malásia, e Denys Bihus, da Ucrânia.

LUANDA: Rafael Marques de Morais Homenageado Pelo National Endowment For Democracy

RAFAEL MARQUES DE MORAIS HOMENAGEADO PELO NATIONAL ENDOWMENT FOR DEMOCRACY


O activista angolano Rafael Marques de Morais é homenageado amanhã, em Washington, pela sua luta contra a corrupção, numa cerimónia do National Endowment for Democracy, em que discursa o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Paul Ryan.
“O Rafael representa o espírito deste prémio. Trabalhou como jornalista de investigação durante muitos anos, expondo as práticas corruptas do governo em Angola e partilhando com os seus concidadãos e com o mundo o custo da corrupção em Angola”, disse à Lusa o presidente da organização, Carl Gershman.
O responsável disse que o portal de Rafael Marques na Internet, Maka Angola, “é um líder do jornalismo de investigação, conhecido pelas suas importantes notícias e análises”, e que “apesar do assédio constante e de ter sido preso várias vezes, Rafael continua a expor a corrupção e os abusos dos direitos humanos em Angola”.
“Continua implacavelmente optimista e concentrado numa abordagem estratégica que maximize a eficiência das suas acções”, explicou Gershman à Lusa.
O jornalista é um dos cinco homenageados que vão receber o “Prémio Democracia”, que distingue também Khalil Parsa, do Afeganistão, activista dos direitos humanos que sobreviveu a uma tentativa de assassinato em que foi baleado seis vezes; Claudia Escobar, uma juíza da Guatemala que denunciou um caso de corrupção envolvendo o presidente do país e um líder parlamentar; Cynthia Gabriel, fundadora de uma organização anticorrupção na Malásia; e Denys Bihus, que lidera um grupo de jornalistas de investigação na Ucrânia.
Além de Paul Ryan, discursa também na cerimónia a líder dos democratas na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e entregam os prémios os congressistas Karen Bass, Peter Roskam, Ed Royce, Mario Diaz-Balart e Norma Torres.
Antes da cerimónia, Rafael Marques e os outros homenageados participam num evento dedicado ao tema “Contabilizar o custo: o impacto da corrupção no crescimento da democracia e estabilidade”, que conta com a participação do senador Ben Cardin.
“Em todo o mundo, indivíduos e organizações corajosas estão a pedir aos seus governos e representantes que sejam responsabilizados. Os movimentos de cidadãos estão a crescer e a exigir transparência e boa governação, frequentemente em resposta ao trabalho corajoso destes cinco homenageados, que arriscaram as suas carreiras, a sua liberdade e as suas vidas para denunciar a corrupção e as suas terríveis consequências”, afirmou o presidente da organização.
O National Endowment for Democracy foi criado há 34 anos para promover instituições democráticas em todo o mundo, e está hoje presente em 90 países.

LUANDA: Generais/ Zé Maria VS. João Lourenço

GENERAIS: ZÉ MARIA VS. JOÃO LOURENÇO


Nas últimas semanas, o chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar, general José António Maria “Zé Maria”, tem demonstrado cada vez mais o seu desagrado com a nomeação do ministro da Defesa, general João Lourenço, para candidato do MPLA à presidência da República.
Oficiais do Ministério da Defesa explicaram ao Maka Angola que o general Zé Maria tem estado a banir a divulgação da campanha de João Lourenço no SISM. “Sempre que a TPA (Televisão Pública de Angola) passa imagens da campanha do João Lourenço, ou apresenta-o a falar, o general manda desligar imediatamente os televisores”, revela fonte do Ministério da Defesa.
Vários testemunhos recolhidos por este portal corroboram este comportamento do general, e reconhecem os insultos com que este destrata o candidato a vice-presidente do MPLA e seu superior hierárquico. O general Zé Maria “acusa o general João Lourenço de ser um mau imitador das promessas do presidente José Eduardo dos Santos e, às vezes, manda buscar gravações ou arquivos de jornal para provar que não há nada de novo nas promessas de João Lourenço que o presidente não tenha antes prometido”, refere uma fonte.
Apesar de o MPLA ter conhecimento do comportamento do general, prosseguem as fontes, o partido no poder prefere ignorá-lo, por reconhecê-lo como protegido e intocável do seu presidente da República, José Eduardo dos Santos.
Todavia, há uma outra facção que aponta a forma como a dissenção do general contra o seu superior hierárquico mina a autoridade de João Lourenço junto da classe castrense.
Cumpre referir, por exemplo, que durante a campanha eleitoral de 2012 o general Zé Maria deixava-se fotografar nos comícios de José Eduardo dos Santos, assim demonstrando a sua lealdade.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

LUANDA: Mangueira Reproduz Recado de Sua Majestade O ditador Angolano

MANGUEIRA REPRODUZ RECADO DE SUA MAJESTADE


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O ministro da Justiça angolano admitiu hoje reequacionar a cooperação judiciária com Portugal, mostrando-se “estupefacto” por o Ministério Público português ter avançando para a fase Instrução no processo envolvendo o vice-Presidente Manuel Vicente, sem esperar pela resposta de Angola. Rui Mangueira, como o MPLA, entende que o seu umbigo é o centro do mundo. E já não tem cura.

Por Norberto Hossi (*)
“Eu fico estupefacto e até incrédulo, na medida em que são situações que demonstram um certo desrespeito pelas nossas autoridades judiciárias, e em especial pelo Tribunal Constitucional da República de Angola”, afirmou hoje o ministro da Justiça e Direitos Humanos, Rui Mangueira, questionado pela Lusa à margem de um evento oficial em Luanda.
No dia 19 de Maio foi notícia o facto de o Ministério Público (MP) de Portugal ter enviado para o Tribunal de Instrução Criminal o caso “Operação Fizz”, apesar de o vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, não ter sido ainda notificado da acusação.
“Esta situação, obviamente a ser verdade, por aquilo que nos foi dado a conhecer, é uma questão que assume uma gravidade muito grande e vai-nos levar, certamente, a fazermos uma avaliação e uma apreciação de todo o trabalho que deve ser feito nos termos deste acordo” de cooperação judiciária entre os dois países, afirmou Rui Mangueira.
Rui Mangueira , cumprindo ordens superiores e não conseguindo demonstrar que, de facto e não só apenas de jure, não há separação de poderes em Angola, apresenta como matéria de facto a conhecida arma das ditadura: a chantagem. Não fazem o que nós queremos? Então vamos rever todos os acordos de cooperação, estabelecem os donos do reino.
A decisão do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) de Portugal de enviar os autos para instrução (fase processual seguinte à acusação) surgiu numa altura em que, após um pedido do MP português para notificar Manuel Vicente, o procurador-geral do MPLA ter decidido – numa clara e inequívoca manobra dilatória – pedir um parecer ao Tribunal Constitucional angolano sobre o assunto, o que atrasou a diligência.
“O MP português decidiu enviar o processo para instrução, sem tomar em consideração que as nossas autoridades judiciárias estão a trabalhar no sentido de dar uma resposta à carta rogatória que foi enviada solicitando alguns procedimentos. Esses procedimentos estão a ser tratados pela Procuradoria-Geral da República, que solicitou um parecer ao Tribunal Constitucional, e em virtude disso o processo está a ser tratado e preparado para este efeito”, recordou por seu turno o ministro Rui Mangueira.
Aliás, é bem possível que a PGR de Angola (mais exactamente do MPLA) decida ainda pedir pareceres a outras entidades, talvez ao Presidente da República ou ao Titular do Poder Executivo…
No processo “Operação Fizz”, o vice-Presidente da República de Angola e ex-presidente da Sonangol, Manuel Vicente, é suspeito de ter corrompido o procurador português Orlando Figueira quando este era procurador no DCIAP, departamento do MP que investiga a criminalidade mais grave, organizada e sofisticada, designadamente de natureza económica.
As autoridades judiciárias portuguesas solicitaram a Angola, através de carta rogatória e ao abrigo do acordo de cooperação judiciária entre os dois países, que Manuel Vicente fosse ouvido. Com tudo, dada a imunidade das funções, as autoridades angolanas decidiram solicitar um parecer ao Tribunal Constitucional sobre os passos a dar de modo a que Manuel Vicente apenas possa, eventualmente, ser julgado daqui a… 50 anos.
“Ora, o MP português, ao decidir enviar a acusação para instrução, fê-lo porque entendeu que todas as diligências solicitadas por esta carta rogatória eram ineficazes. Bom, nós temos um acordo neste sentido, de auxílio mútuo, e entendemos que todos os procedimentos devem ser seguidos nos termos deste acordo. Por outra parte, enquanto nós estamos a trabalhar para darmos uma resposta adequada à solicitação feita pelas autoridades judiciárias portuguesas, as autoridades judiciárias portuguesas deram um passo no sentido de ignorar aquilo que foi estabelecido”, disse ainda Rui Mangueira.
Rui Mangueira chama ignorância portuguesa ao conhecimento que as autoridades judiciais lusas têm da forma como, no nosso país, não se faz justiça ou – se se preferir – à forma como regime entende que os seus mais altos dignitários estão acima de qualquer lei.
“Todas as solicitações feitas nos termos da carta rogatória terão uma resposta a seu tempo, na medida em que a Procuradoria-Geral da República solicitou este parecer ao Tribunal Constitucional, e nós vamos então esperar que o Tribunal Constitucional dê esta resposta em tempo adequado”, acrescentou.
“Uma resposta a seu tempo”? “Resposta em tempo adequado”? Isso significa tão somente que o tempo é definido pelos interesses do regime, pelo nepotismo das entidades no poder, pelas “ordens superiores” emanadas por sua majestade o “querido líder” Kim Jong-un. Não é Kim Jong-un mas é ditador similar, José Eduardo dos Santos.
Em causa estarão alegados pagamentos de Manuel Vicente, no valor de 760 mil euros, ao então magistrado para obter decisões favoráveis em dois inquéritos que tramitaram no DCIAP.
Manuel Vicente está acusado de corrupção activa na forma agravada, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.
Já o ex-magistrado do Ministério Público, Orlando Figueira, é acusado de corrupção passiva na forma qualificada, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.
(*) Com Lusa

LUANDA: Zé Maria e as Mulheres: Um General Psicopata? - Parte I

ZÉ MARIA E AS MULHERES: UM GENERAL PSICOPATA? – PARTE I


Na fronteira leste, aumenta a tensão militar e o potencial de conflito entre Angola e a República Democrática do Congo. Milhares de congoleses, escapando à brutalidade das suas forças militares e rebeldes, buscam refúgio nas Lundas. Enquanto isso, no Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), órgão vital para análise e orientação da situação, o seu chefe, o infame general José António Maria “Zé Maria”, de 74 anos, passa grande parte do seu tempo a dar luta a copeiras e empregadas de limpeza, para o que emprega meios oficiais e altas patentes a si subordinadas.
Sempre que reporto assuntos sobre os seus abusos, o general Zé Maria profere longos discursos no SISM, em que me apelida de “Diabo”. E porque sou visto como tal, não acedo directamente ao seu “paraíso” para o contraditório. Deixo aqui o repto para um encontro em tribunal, que tanto poderá ser um “inferno” como um “paraíso” para ambos. Outrossim, como manda a lei, o Maka Angola está aberto à publicação da resposta do general.
Trazemos agora a lume os depoimentos de algumas mulheres suas vítimas: Muenga Cristina, a prima Farida Marta e irmãs Núria e Helena Bengui resistiram aos alegados assédios do general e contam como foram despedidas de forma humilhante, sem nunca terem assinado contratos que as vinculassem ao SISM. Falam contra o medo e as ameaças de que têm sido alvo. Quebram o tabu à volta da figura temerosa e tenebrosa do general Zé Maria.
Muenga Cristina
Muenga Cristina, de 24 anos, é estudante do 4º ano do curso de Análises Clínicas. Foi despedida a 10 de Março, depois de um ano e cinco meses de trabalho como copeira, com a tarefa de servir directamente o general Zé Maria.
“O general ligava muitas vezes para mim [fora das horas normais de expediente], para perguntar o que eu estava a fazer. Pediu-me documentos e organizou-me um estágio lá [posto de saúde do SISM] por dois ou três meses. Enaltecia-me pela minha escolha. Punha-me sempre no quadro de honra na TV do refeitório, com o meu documento e uma música”, relembra Muenga Cristina.
“Um dia perguntou-me se eu tinha conta no banco. Pelas histórias que ouvia, preferi dizer que não. Quando fui servi-lo, colocou um envelope debaixo do prato com 50 mil kwanzas.” O general disse que o dinheiro serviria para ela abrir uma conta bancária. Muenga preferiu não reagir nem fazer alarido, porque estavam na hora do almoço, com muitas pessoas à volta.
“Eu disse ao chefe que eu me sacrificava bastante e nunca ninguém me tinha oferecido tanto dinheiro por nada. Ele disse que só me queria ajudar e que 50 mil kwanzas não eram nada para ele. No dia seguinte, ele disse que eu me senti constrangida com a oferta e exigiu a devolução do dinheiro. Eu tinha-o guardado em casa e levei o dinheiro para o entregar, mas ele disse que estava muito ocupado. Aconselharam-me e disseram-me para esperar. Depois disso, já não me dava confiança. Era como se não me conhecesse.”
Até ao dia em que, na troca de bandeja de frutas, Muenga se esqueceu de remover duas rodelas de banana sem casca. “Eu estava no estágio e chamaram-me de urgência, porque havia um problema com a fruta”, conta.
Muenga Cristina entrou em pânico ao ver o brigadeiro Óscar e o general Zé Maria a postos para a reunião de emergência sobre as frutas. “A colega denunciou-me. O general chamou o responsável do centro médico para ver as bananas e disse que eu não prestava e não podia trabalhar na saúde.”
Como punição, o general Zé Maria “disse que eu era capaz de matar, de falsificar um teste de DNA, de usar uma seringa em dois pacientes. Pus-me a chorar. Estava muito nervosa. Levaram-me para a casa de banho. Desmaiei e tiveram de me dar Diazepam para acalmar-me. Tive sangramento nas narinas e um ataque de nervos”.
Ao retomar o trabalho, coube ao brigadeiro Óscar comunicar-lhe que estava despedida, explicando que, por orientação do general e enquanto finalista, tinha de procurar emprego no sector da saúde.
“O brigadeiro Óscar disse-me que o chefe [general Zé Maria] me tinha dado a escolher entre ir para a rua ou ficar na limpeza com um salário mais baixo, de 57 mil kwanzas.”
Para suportar os seus estudos, Muenga Cristina aceitou. “O general humilhava-me sempre e utilizava-me como exemplo de falta de higiene.”
“No dia 10 de Março, perguntou-me pelo nome de um osso da mão. Eu estava distraída. Não respondi, e ele despediu-me de imediato. No mesmo dia despediu também a Efigénia Ribeiro, que fazia o curso de enfermagem, porque lhe perguntou pelo nome de num osso do pé e ela levou tempo a responder”, revela.
Ainda no mesmo dia, 10 de Março, uma outra colega da copa também teve o mesmo destino. “A Conceição, que estuda economia, foi despedida por causa de uma pergunta sobre operações matemáticas. Mesmo sabendo responder, as pessoas são despedidas, o comportamento dele [do general Zé Maria] intimida. Por mais que saibamos, entramos em pânico. A Conceição ficou a tremer e só depois respondeu”, assevera.
Farida Marta
A 27 de Abril, o general Zé Maria despediu Farida Marta, alegadamente com o argumento de que não sabia limpar o chão.
“Quando comecei a trabalhar, [o general Zé Maria] tratava-me como princesa. Disseram-me que o chefe estava de olho numa novata, que era eu. Disseram-me que eu tinha de dar o iogurte”, explica.
“O general mandou-me chamar e pediu ao capitão Alberto para me levar a uma loja da UNITEL e escolher o telefone mais caro”, afirma Farida.
Na baixa de Luanda, Farida confessou a Alberto “que não estava a entender porque tinha de escolher um telefone para o general. O capitão disse-me que eu ia entender e tinha de escolher para ele [capitão] não perder o seu emprego”, conta.
Perante a resistência da jovem, o capitão “escolheu um telefone de 180 mil kwanzas e perguntou-me se gostei. Respondi que sim, mas que o meu salário não chegava. Pediu-me para levar as facturas”. No fim, não houve compra de telefone.
“O chefe ligava-me muitas vezes. Mandava os capangas dele ligarem. Era mais o coronel Jorge, aquele que tem bigode assim tipo o meu falecido avô, quem fazia os telefonemas e lhe passava as chamadas”, explica Farida, sorrindo sobre a forma como aparentemente resistia às investidas do general. Este fartou-se.
“As pessoas diziam-me que o chefe estava decepcionado comigo, e ele afastou-me da mesa do refeitório onde comia ao lado dele todos os dias. A mesa tem oito a dez lugares e ele não se senta com generais ou oficiais, só com mulheres. As colegas gozavam comigo e diziam que eu não tinha dado o meu iogurte”, denuncia.
“O coronel Jorge veio ter comigo e disse-me que o chefe mandou transmitir-me que eu não sei varrer e tenho de ir para casa aprender”, diz Farida.
Noutro episódio, o chefe do SISM pediu a Zumira para cantar a música “Alma nua”, de Edmázia Mayembe. Ela não a sabia, e foi também despedida a 27 de Abril. “[O general] chamou-a de matumba e disse que a mãe dela tinha de a educar melhor. O coronel Jorge também lhe transmitiu que tinha de ir para casa aprender a cantar com a mãe”, relata Farida.
“Antes de sair dei um grito de alegria, de adeus. Foi um sufoco trabalhar ali [no SISM]. E ele [general Zé Maria] estava a ouvir. Pararam-me e disseram-me que tinha de pedir ‘permita’ a ele e eu disse que ele já não era meu chefe. Dei as costas e fui-me embora. Ligaram-me no dia seguinte a chamarem-me de malandra e que me levariam a tribunal”, desabafa.
Continua amanhã

LUANDA: A Manifestação da UNITA e os Sete Presos

A MANIFESTAÇÃO DA UNITA E OS SETE PRESOS


Ontem, 3 de Junho, a UNITA realizou manifestações em várias províncias do país para exigir eleições transparentes, tendo levado dezenas de milhares de pessoas à rua. A Polícia Nacional garantiu a segurança dos protestos e concluiu que foram pacíficos e ordeiros.
As reivindicações incidem fundamentalmente na alegada fraude antecipada, através da contratação ilegal das empresas SINFIC e Indra pela Comissão Nacional Eleitoral. A estas empresas, respectivamente portuguesa e espanhola, caberão a prestação de serviços, o fornecimento de materiais e soluções informáticas para as eleições de Agosto. Ora, foram precisamente estas empresas que a UNITA denunciou como peças instrumentais na fraude das eleições de 2012.
Desde o início da Primavera Árabe, em 2011 – que levou ao derrube de ditaduras na Tunísia e no Egipto e resultou em guerras na Líbia e na Síria –, o governo angolano tem sofrido de ataques de pânico sempre que ouve falar em manifestações, mostrando-se implacável na repressão dos jovens que tentam realizar protestos.
Desde o dia 19 de Abril passado, sete jovens cumprem uma pena de 45 dias de prisão efectiva e multa de 65 mil kwanzas precisamente por se terem manifestado, em Cacuaco, para exigirem eleições transparentes e boa governação.
Os sete activistas foram condenados pelo Tribunal Municipal de Cacuaco, em julgamento sumário e sem advogados que os representassem. São eles Adão Bunga “Mc Life”, António Mabiala “Roussef”, David Salei, Mariano André, Nzunzi Zacarias “Luston”, Paulo Mabiala “DMX” e Valdemar Aguinaldo “27 de Maio”.
Procuremos entender a lógica do poder sobre dois casos com um mesmo objectivo: a exigência de eleições transparentes. Por um lado, a UNITA sai com dezenas de milhares de cidadãos à rua e tudo corre muito bem. A Polícia Nacional faz um balanço positivo. Só no Huambo, terão saído cerca de 50 mil pessoas à rua, de acordo com uma notícia da Lusa.
Por outro lado, um bando de miúdos sai à rua com cartazes, na periferia de Cacuaco, e apanha porrada. Sete deles são condenados porque exigem o mesmo que a UNITA.
De certo modo, a UNITA, apesar da sua reservada liderança e do seu discurso anódino, tem uma extraordinária capacidade de mobilização de massas. Tem vindo a multiplicar a sua base de apoio, também conhecida como “o povo da UNITA”. Não tem usado medidas de coacção nem actos de corrupção para arregimentar militantes e simpatizantes, porque também não tem poderes para tal. Hoje, os municípios mais populosos de Luanda – Viana e Cacuaco – tornaram-se bastiões da UNITA, reflectindo as mutações demográficas e de mentalidade do pós-guerra. Essas mutações revelam também as consequências da circulação de informação na capital, sobre a corrupção e outros maus actos de governação.
Essa força bruta – o “povo da UNITA” –, num processo verdadeiramente democrático, pode alterar o quadro político nacional. Ao tomar o gosto pelo protesto a favor da transparência e da boa governação, essa massa opositora também pode ganhar legitimidade para convencer outros sectores da sociedade, incluindo do MPLA, sobre a necessidade de mudança. É aqui que a decisão de permitir a manifestação faz todo sentido. Em vez de antagonizar, acalma. O governo do MPLA sabe esvaziar a pressão política da oposição. O sentido de responsabilidade da direcção da UNITA e a disciplina dos seus militantes fazem o resto. Cumprem com o seu programa e vão para casa de forma ordeira.
Já os jovens são outra história. Há vários grupos dispersos, com mensagens simples, apelativas e directas sobre a má governação, que podem criar o efeito de bola de neve. Por mais que as autoridades se esforcem por negociar, cooptar, corromper e/ou espancá-los, condená-los, eles, quais células, reagrupam-se e voltam a incomodar e a obrigar o poder a coçar-se.
Por exemplo, dois dos actuais condenados, Luston e “27 de Maio”, haviam sido corrompidos pelo administrador de Cacuaco, Cavuquila. Este mandou gravar um vídeo do acto em que pagava 100 mil kwanzas a cada um para deixarem de fazer manifestações em Cacuaco. Voltaram às ruas. O vídeo circulou nas redes sociais e, como consequência, muitos outros activistas recusaram-se a prestar solidariedade para com os condenados. A 27 de Maio, mais um grupo de jovens saiu à rua e sofreu espancamentos brutais. Um deles, António Quissanda “Beimani”, sofreu vários ferimentos na cabeça.
Em resumo, o poder é mais eficaz em lidar com a oposição do que com a juventude. Qualquer jovem, excluído das benesses do MPLA, pode ser um potencial “revú”, como se auto-apelidam os contestatários. Esse grupo forma a maioria do eleitorado (mais de 55 por cento do eleitorado tem menos de 36 anos) e é o que mais consome informação crítica.
A título de exemplo, a CASA-CE, como terceira maior força política, demarcou-se publicamente das manifestações, para as quais foi antecipadamente convidada pela UNITA, que propôs uma organização conjunta. Acabou por sair mal na fotografia dos que exigem eleições livres e transparentes. Basta um erro estratégico da sua liderança para que toda a organização sofra e o poder lucre com as divisões antagónicas entre os partidos da oposição.
Por sua vez, os grupos díspares de jovens “revús” deram um exemplo de como se resolvem diferenças bicudas. Ficaram de bico calado em relação aos seus companheiros condenados e, como não têm lideranças, para serem manietados a partir do topo, as autoridades têm de reprimir novamente a partir da estaca zero.
Quando será que as autoridades vão permitir que os jovens se manifestem livremente e de acordo com a Constituição?