Lucro da banca em Angola caiu 36% em 2012 para 600 milhões de euros
De acordo com um estudo realizado pela Deloitte.
De acordo com o estudo da Deloitte sobre o sector bancário em Angola no ano passado, “o total de resultado líquido do sector diminuiu em cerca de 36%, para 81 mil milhões de kwanzas (603,5 milhões de euros) em 2012 face aos 127 mil milhões (946,3 milhões de euros) em 2011”.
No relatório ‘Banca em Análise 2013’, elaborado pela consultora Deloitte, explica-se que o crédito líquido a clientes “manteve a tendência de crescimento, a um ritmo igualmente expressivo” face a 2011, aumentando 26% para 2.373 mil milhões de kwanzas (17,6 mil milhões de euros) no ano passado.
Onde houve uma inversão da tendência foi na moeda que os clientes escolhem para fazer depósitos: “De acordo com informação do Banco Nacional de Angola, em Dezembro de 2011 permanecia a preferência por depósitos em moeda estrangeira, com 53% do total de depósitos de clientes; no entanto, em Dezembro de 2012 verificou-se uma distribuição igual entre as duas moedas e em agosto de 2013, a situação inverteu-se com os depósitos em moeda nacional a representarem 53% do total de depósitos de clientes”, lê-se no relatório.
De entre os bancos que colaboraram com a Deloitte neste estudo, o Banco Espírito Santo de Angola (BESA), com 27,2%, lidera a tabela do crédito liquido a clientes, figurando em segundo e terceiro lugares o Banco de Poupança e Crédito (BPC) e o Banco Angolano de Investimento (BAI), estes dois últimos de capital integralmente angolano, com 22,8 e 10,8%, respectivamente.
“A análise às demonstrações financeiras dos bancos mostrou a evolução negativa de alguns indicadores da actividade bancária, o que coloca novos desafios à gestão da receita e do risco”, lê-se no documento.
Na apresentação deste estudo, o governador do Banco Nacional de Angola, José Lima Massano referiu que o sistema financeiro angolano “não está imune” aos efeitos da previsível descontinuidade dos apoios que a Reserva Federal norte-americana tem prestado aos agentes económicos.
“Encontramo-nos novamente num momento de incertezas face ao desenvolvimento futuro da economia mundial. Apesar dos sinais de recuperação das economias mais avançadas, intensificam-se os receios sobre os efeitos da previsível descontinuidade de políticas monetárias não convencionais sobre as menos industrializadas”, afirmou o governador.
O responsável referia-se ao fim das ajudas à economia através de empréstimos com juros significativamente abaixo das taxas de mercado, que o banco central norte-americano vai, mais cedo ou mais tarde, implementar.
A economia angolana, afirmou, “não registou de modo directo fluxos financeiros extraordinários resultantes dessas intervenções monetárias, mas nem por isso está imune a uma alteração de regras que venham agravar o custo do capital, dado que a diversificação das fontes de financiamento dos programas de investimentos públicos recomenda a manutenção da opção de ida aos mercados financeiros internacionais”, disse.
Lima Massano mostrou-se confiante que, “a nível interno, as reformas estruturais em curso, incluindo as de natureza fiscal, monetária, cambial e de regulamentação financeira, concorrem para uma maior resiliência da economia” angolana e que, por isso, “o quadro actual de estabilidade macroeconómica deve propiciar um crescimento mais acentuado do sector privado não mineral, a criação de postos de trabalho e a melhoria dos padrões de vida no país”.
Massano Lima aproveitou para fazer “um breve reparo” aos bancos e defendeu que “um atendimento célere, eficiente e que vá ao encontro das expectativas dos clientes, seus parceiros de negócio, vai continuar a passar por mais organização, rigor e gestão da própria qualidade, e deve constar como ponto prioritário da agenda dos gestores bancários”.