Dois dias depois das eleições gerais na Guiné-Bissau, continua a contagem dos votos que deve terminar quarta-feira, 16, dia previsto pela CNE para a anunciar os resultados definitivos. Entretanto, em Bissau algumas tendências começam a ser reveladas a partir da contagem dos votos realizada pelos candidatos e partidos políticos.
Fontes da Voz da América junto dos partidos políticos e da CNE adiantam que o PAIGC é o vencedor das eleições legislativas do passado domingo, com pelo menos 62 dos 102 deputados, inclusive os dois da diáspora. No entanto, esse número podia oscilar para baixo ou para cima, mas a vitória do partido de Amílcar Cabral é confirmada inclusive pela oposição.
Aliás, ontem apresentámos o candidato a primeiro-ministro pela União Patriótica Guineense (UGT) e ministro da Presidência do Conselho de Ministros e porta-voz do Governo de Transição, Fernando Vaz, a confirmar a a vitória do PAIGC. Na ocasião disse ter cumprimentado Domingos Soares Pereira, o mais que provável primeiro-ministro.
O PRS, o partido fundado por Kumba Yala, é o segundo mais votado, e segundo as nossas fontes melhorou o resultado de 2008 quando colocou apenas 28 deputados no parlamento. Agora, o PRS pode vir ter entre 30 e 40 deputados, o que lhe dá uma boa presença na Assembleia Nacional, evitando assim a maioria qualificada do PAIGC.
Ao que se sabe a União para a Mudança terá feito eleger apenas um deputado, continuando o parlamento a ser fortemente bipatridário.
Guiné Bissau, Eleições 13 de Abril 2014, campanha de Nuno Nabiam
Quanto às presidenciais, é quase certa a realização da segunda volta a 18 de Maio, entre José Mário Vaz, candidato do PAIGC, e Nuno Nabiam, candidato independente apoiado por largos sectores do PRS e militares próximos ao Chefe de Estado Maior António Indjai.
Ao que conseguimos apurar o candidato do PAIGC José Mário Vaz teve um excelente resultado no domingo, a beirar a vitória na primeira volta e o que o coloca numa boa posição para a eleição do dia 18 de Maio. Para o efeito terá de fazer alianças e cativar os votos de alguns sectores do seu partido que estiveram ao lado do independente Paulo Gomes.
Por sua vez, Nuno Nabiam também precisa alargar a sua base eleitoral, aproveitando, por exemplo, o apoio de Abel Incada, candidato do PRS já derrotado.
Caso se confirmem esses cenários, a Guiné-Bissau terá um Presidente da República e um Governo da mesma cor política, a do PAIGC, e uma oposição com boa presença no parlamento.
O politólogo Rui Landim adverte que, independentemente da cor política dos chefes de Estado e de Governo, eles terão que trabalhar em conjunto para dar início à reconstrução do país.
Entretanto, a Voz da América sabe que a Cedeao não ficou nada satisfeita com as declarações da eurodeputada portuguesa pelo Partido Socialista Ana Gomes que, no domingo, acusou a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental de ter patrocinado o golpe militar de 2012.
Uma fonte segura da missão da Cedeao disse à Voz da América que o assunto foi tema de conversa entre responsáveis da organização em Bissau que, no entanto, decidiram não comentar o caso para não desviar a atenção do processo em curso.
VOA-Bissau-Álvaro Ludgero Andrade