CONVERGÊNCIA AMPLA DE SALVAÇÃO DE ANGOLA
CASA-CE
Declaração sobre o dia mundial da Liberdade de
Imprensa e de Expressão
Caros
compatriotas!
África
e o mundo assinalam neste dia 3, o dia mundial da liberdade de imprensa e de
expressão, data consagrada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1993,
dois anos depois de ter sido proclamada a Declaração de Windhoek, testemunhada
pelos Estados da região de que Angola é parte.
Trata-se
portanto, duma data histórica relevada a partir do continente africano.
Infelizmente,
desde aquela data até aos dias de hoje,
o propósito central de transformar a imprensa num instrumento de democracia
continua adiado nalguns países.
Como
se pode ler na sua parte introdutória, a
Declaração de Windhoek tem por objectivo, a “Promoção de uma Imprensa
Africana Independente e Pluralista” com ênfase para a radiodifusão,
destacada a importância da rádio na
comunicação, no continente berço.
Mais
de 20 anos se passaram, no nosso país, não se vislumbram reformas concretas
sobre o quadro jurídico-legal.
A
instituição dos Conselhos de Administração dos órgãos de comunicação social do
Estado, não trouxe a esperada independência, por via da re-organização interna,
capaz de potenciar uma equilibrada gestão editorial.
Sofisticaram-se
os métodos de sufoco dos jornalistas e a administração editorial continua a ser
ditada a partir das sedes do partido e da presidência que governam há mais de
38 anos.
Á
título de exemplo vejam-se as recomendações contidas na Declaração de Windhoek:
- O quadro jurídico para a
radiodifusão deve incluir uma exposição clara dos princípios basilares da
regulamentação de radiodifusão, incluindo a promoção do respeito pela
liberdade de expressão, a diversidade, a livre circulação de informação e
ideias e ainda os três formatos de radiodifusão, ou seja: os serviços
públicos, comerciais e comunitários.
- Os processos de tomada de
decisão sobre a atribuição global do espectro de frequências devem ser
abertos e participativos.
- Todas emissoras do Estado
e sob controlo do governo devem ser transformadas em emissoras de serviço
público ... que sirva o interesse
global público, evitando informação e programação unilateral em
relação á religião, crenças politicas, cultura, raça e género.
A
situação concreta actual:
Ø Não regulamentação da
lei nº7/06, lei de Imprensa passados 7 anos, desde que foi aprovada pela
Assembleia Nacional. O Executivo usa de critérios subjectivos, e não procede
conforme a lei e licenciou pontualmente dois canais de TV e rádio, todos eles
afectos a pessoas da mesma família político-empresarial.
Ø Ao passo que não
regulamenta a lei de Imprensa adiando a atribuição do subsídio orçamental aos
órgãos privados de comunicação social, o Executivo investe na compra dos
títulos editoriais, e através das organizações empresariais detidas por leais
ao poder politico, investe na sangria dos profissionais de imprensa, a quem
paga em troca do seu silêncio.
Ø O Executivo tornou-se
no precursor do monopólio. Em Junho abre
uma nova TV . Não se conhece nenhuma formalização de concurso público, para que
outras vontades se habilitassem. Ao mesmo tempo, contratam-se novos mercenários
para o master-mind editorial.
Ø Em Angola não existe
nenhuma rádio comunitária, um meio fundamental na promoção da livre expressão.
- É por esta razão que a CASA-CE, deplora o quadro de incerteza
na comunicação social que o Executivo liderado pelo presidente Eduardo dos
Santos quer perpetuar contra as liberdades dos angolanos, a quem
jocosamente chama “povo especial”
em oposição ao espírito de Windhoek.
- A CASA-CE condena a
transformação do país, no campo
mercenário do jornalismo, e aproveita a ocasião para saudar
jornalistas e organizações resistentes da liberdade.
Luanda,
2 de Maio de 2013
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