O Movimento Revolucionário agendou para hoje, dia 27 de Maio, uma vigília, com início às 16 horas, no Largo da Independência, em Luanda, pelo desaparecimento de Alves Kamulingue e Isaías Cassule e pelos milhares de vítimas do 27 de Maio de 1977.
Alves Kamulingue, de 30 anos, foi raptado a 27 de Maio de 2012, na baixa de Luanda, quando se dirigia a uma manifestação de antigos membros da Unidade de Guarda Presidencial e antigos combatentes, que reclamavam o pagamento de pensões em atraso. A 29 de Maio, o seu companheiro Isaías Cassule, de 34 anos, um dos organizadores da manifestação, também foi raptado, ao anoitecer, no município do Cazenga. Um ano depois do desaparecimento dos dois activistas, continua a não existir qualquer informação sobre o seu paradeiro e as famílias queixam-se da falta de empenho das autoridades em investigar os raptos.
De acordo com os membros do Movimento Revolucionário “[p]oucas esperanças temos que ainda estejam vivos, mas iremos continuar a exigir que se esclareça o que se passou com esses irmãos e não estaremos satisfeitos até que se apurem os factos e se punam os prevaricadores que, até então, continuam a merecer a protecção da estrutura de Estado com promessas vagas de investigações [...] cujos resultados teimam em não aparecer”.
Em cartas enviadas ao governador provincial de Luanda e ao ministro do Interior, os jovens solicitam o apoio da Polícia Nacional e dos bombeiros na realização da vigília e adiantam que “não pretendemos causar distúrbios, nem adoptarmos comportamentos condenáveis socialmente”.
O Movimento Revolucionário, que reúne diferentes grupos de jovens, tem vindo a realizar manifestações anti-governamentais em Luanda desde Março de 2011. Os protestos têm sido invariavelmente reprimidos com brutalidade pelas autoridades e por milícias pró-governamentais, e os jovens activistas têm sido alvo de prisões arbitrárias, violência, ameaças e perseguições.
A vigília de hoje deverá prolongar-se até à manhã do dia seguinte, 28 de Maio, e será, segundo os organizadores, uma manifestação pública silenciosa, sem palavras de ordem, sem cartazes e sem marchas.
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