quinta-feira, 8 de agosto de 2013

PRETORIA: Na África do Sul existe uma escola onde a gravidez não é sinônimo de exclusão, um exemplo a seguir por todos os países da região dos grandes lagos e não só.

Na África do Sul, há uma escola onde gravidez não é sinônimo de exclusão

Na Pretoria Hospital School, uma aluna grávida recebe apoio na sua educação. Ter um filho não significa que não possa haver formação, defende a intituição.
A Pretoria Hospital School recebe actualmente 108 raparigas STEPHANE DE SAKUTIN/AFP

Num país onde existe uma elevada taxa de gravidez precoce, com 94 mil casos registados segundo os dados oficiais mais recentes, a Pretoria Hospital School é única na África do Sul. Trata-se do único estabelecimento de ensino do país que acolhe adolescentes grávidas com o objectivo de lhes dar formação e um futuro, apesar da fragilidade da sua situação.
Na Pretoria Hospital School, uma escola pública que abriu portas na cidade sul-africana na década de 1950 destinada a receber crianças doentes, estão actualmente 108 raparigas que esperam um filho, algumas com apenas 13 anos. As primeiras jovens grávidas chegaram à escola na década de 1980, quando a gravidez fora do casamento era ainda um tabu no país.
A directora da escola, Rina Van Niekerk, explica que o objectivo é garantir que “as jovens não prejudiquem a sua educação unicamente por estarem grávidas”. A instituição autoriza que a aluna interrompa a escolaridade para dar à luz mas defende que esta deve regressar logo que possível.
Esta política de não exclusão das jovens da escola enquanto grávidas e depois como mães é pouco defendida na África do Sul, onde cada estabelecimento de ensino faz as suas regras sobre como devem ser tratadas estas alunas.
No entanto, esta situação poderá ser alterada por decisões como, por exemplo, as recentemente tomadas pela justiça do país. O mês passado, o Tribunal Constitucional ordenou a duas escolas que revissem o seu regulamento interno que previa a expulsão de alunas em caso de gravidez.
Gravidez adolescente a subir
Os dados mais recentes, avançados pelo Ministério da Educação sul-africano, são de 2011 e revelam que nesse ano foram registados 94 mil casos de gravidez precoce. Um estudo sobre comportamentos de risco entre jovens, publicado em 2002 pelo conselho de investigação médica do país, revelou que uma em cada três adolescentes esteve grávida antes dos 19 anos.
Contudo, a iniciativa da Pretoria Hospital School é recebida com algumas críticas por parte de outras instituições de apoio à juventude. É o caso da organização LoveLife, dirigida por Andile Dube, para quem, com este sistema a vida da aluna grávida é acompanhada mas nada é feito quanto à prevenção da gravidez. “Se multiplicarmos este tipo de iniciativa pelo país, isso passará a significar que a gravidez é uma condição à parte, e não é assim que devemos proceder”, defende.
A directora da Pretoria Hospital School tem outra posição. “Oferecemos a essas jovens um quadro no qual elas podem continuar a estudar apesar do seu estado. Isso não quer dizer que encorajamos a gravidez precoce”, defende Rina Van Niekerk.
Naledi Vuma, de 18 anos, que foi mãe no ano passado, mostra-se satisfeita por ter prosseguido com os estudos apesar da chegada do filho. Diz ainda que se sentiu melhor na Pretoria Hospital School do que noutra escola por estar junto de raparigas na mesma situação.
O número de gravidezes precoces continua a aumentar na África do Sul, apesar das campanhas de sensibilização sobre relações sexuais desprotegidas e os riscos de contaminação de sida. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 95% das gravidezes precoces entre raparigas entre os 15 e os 19 anos foram registadas em países em desenvolvimento.

Sem comentários:

Enviar um comentário

faça sempre o seu melhor comentário possível sem palavras que incentivem ofensas pessoais os autores dos artigos expostos.