sábado, 21 de dezembro de 2013

LISBOA: Mariah Carey criticada por atuar para o ditador Angolano e sua família



Mariah Carey criticada por actuar em Angola

A cantora americana Mariah Carey foi cabeça de cartaz num concerto promovido pela Cruz Vermelha de Angola e ter-se-á declarado “feliz e emocionada” por cantar para José Eduardo dos Santos.
Mariah Carey quando actuou no início de Dezembro na cerimónia National Christmas Tree Lighting, em WashingtonREUTERS/KEVIN LAMARQUE
Fonte: Público
Divulgação: Planalto De malanje Rio Capôpa
21.12.2013

A Human Rights Foundation (HRF), uma organização de defesa dos direitos humanos sediada em Nova Iorque, acusou a cantora norte-americana Mariah Carey de ter aceitado um cachet de um milhão de dólares (cerca de 730 mil euros) para dar um concerto para a “cleptocracia de pai e filha” no poder em Angola. A HRF argumenta que, ao actuar num espectáculo de beneficência para a Cruz Vermelha de Angola, a cantora estava a aceitar “dinheiro da ditadura”, divulga o jornal britânico The Guardian.
Carey viajou no dia 16 para Luanda, onde foi cabeça de cartaz na segunda edição do Baile Vermelho, uma gala anual destinada a recolher fundos para a Cruz Vermelha de Angola, que é presidida por Isabel dos Santos. Segundo a organização, a presença de Carey terá ajudado a angariar 65 mil dólares (cerca de 48 mil euros). E a cantora contribuiu mais directamente com sete mil dólares, que foi o preço atingido em leilão por um dos vestidos que usou na gala da Cruz Vermelha. Além deste espectáculo, que decorreu no Hotel e Centro de Convenções de Talatona, Mariah Carey deu ainda um outro concerto no Estádio dos Coqueiros, também em Luanda, promovido pela operadora de telecomunicações Unitel, de que Isabel dos Santos é co-proprietária.
Um conhecido site angolano de entretenimento, Platina Line, publicou várias fotos de Maria Carey, quer no palco, quer posando com José Eduardo dos Santos e com a sua filha Isabel dos Santos. “A Artista”, escreve o repórter dosite, “deixou visível a sua emoção e gratidão”. Citando as declarações de Carey também no original inglês, o site diz que a cantora afirmou: “I am very excited and happy, it’s a pleasure to sing for the President of the Republic of Angola” [Estou muito emocionada e feliz, é um prazer cantar para o Presidente da República de Angola”].
Thor Halvorssen, presidente da Human Rights Foundation, divulgou um comunicado no qual descreve a actuação de Carey em Angola como “o triste espectáculo de uma artista internacional contratada por um implacável estado policial para entreter e branquear uma cleptocracia de pai e filha que acumulou biliões em rendimentos ilícitos".
A polémica que está a causar a actuação de Carey em Luanda é parcialmente motivada pelo facto de a cantora, em 2011, ter vindo confessar publicamente o seu embaraço por ter cantado, em 2008, para o ditador líbio Muammar Khadafi e respectiva família. “Fui ingénua e não sabia por quem estava a ser contratada” afirmou então a artista, acrescentando que “a lição” a tirar do episódio é a de que os artistas “têm de ser mais conscientes e responsáveis”. 

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