sexta-feira, 18 de agosto de 2017

LUANDA: Calamidade Económica: Diversificação Ou Trambolhão?

CALAMIDADE ECONÓMICA: DIVERSIFICAÇÃO OU TRAMBOLHÃO?


Estranhamente, para um país com tantos problemas económicos como Angola, as questões económicas têm andado bastante arredadas da campanha eleitoral. Também, a verdade manda que se diga que não estamos perante umas eleições normais, num país normal.
As eleições de 23 de Agosto próximo apresentam todos os indícios de fraude, aliás como sempre aconteceu neste país ditatorial “de facto”. É por isso que acaba por parecer aceitável que os problemas fundamentais do país não sejam discutidos: a corrupção, a economia, a saúde e a educação.
Há dias falámos sobre o caos na educação angolana, hoje é a vez da economia.
O trambolhão do preço do petróleo teve consequências dramáticas para Angola e expôs, simultaneamente, a incompetência dos seus dirigentes e a sua corrupção.
Isto mesmo surge expresso na sondagem da Sensus, encomendada pela Presidência da República, que temos vindo a divulgar. A população tem a clara noção do estado calamitoso da economia de Angola, como se verifica na Figura 1. Mais de 80 por cento dos inquiridos afirmam que a situação económica é má ou muito má.
Figura 1: Na sua opinião como avalia a situação económica do país (%)
Depois deste desaire económico, atordoados, os próceres do regime demoraram um longo tempo a perceberem o que lhes tinha acontecido. Finalmente, inventaram uma palavra para definir os novos rumos da economia: “diversificação”. E todos começaram a falar de diversificação. O grande orador nacional do disparate, o deputado João Pinto, afirmou, com a sabedoria de um Calisto Elói camiliano: “O país (…) está a diversificar a sua economia. Basta ver o conjunto de leis que foi aprovado e que alarga a base tributária.” Para João Pinto, a diversificação da economia resulta de palavras e leis. Como se a mudança das leis fiscais indicasse que a economia se diversificara…
Contudo, as atoardas de João Pinto só o convencem a si mesmo e ao seu umbigo belicoso. A sondagem da Sensus é clara como água: pelo menos 83 por cento da população considera não ter havido qualquer diversificação.
Figura 2. O governo do MPLA sucedeu em diversificar as fontes de receita não petrolífera entre 2012-2017? (%)
Na diminuta percentagem dos que acreditam que houve diversificação, deve estar Bornito de Sousa, que variou os seus investimentos e apostou nos vestidos de noiva. A história já foi contada, por isso resume-se aqui o essencial. Por ocasião do casamento da sua filha Naulila Diogo Graça, em 2015, foi noticiado que esta comprou um vestido de noiva, que terá custado vários milhares de dólares, à famosa estilista israelita Pnina Tornai. Na altura, essa compra deu show nos Estados Unidos e foi objecto de um programa na televisão, onde o apresentador Randy Fenoli deu brado ao anunciar que o vestido da jovem custara mais de 200 mil dólares. “Naulila gastou aqui mais do que qualquer outra noiva na história da Kleinfeld”, declarou Randy Fenoli, acrescentando, “saindo com um total de nove vestidos originais Pnina Tornai, uma saia surpresa, bordados personalizados e acessórios. Um total de mais de 200 mil dólares”.
Uma festa da diversificação transmitida pelas televisões internacionais. Diversificação igual, só mesmo a compra de relógios em Cannes pelo principezinho Danilo, neste ano.
Depois desta festa toda, foi anunciado que a filha do ministro se tornara uma exemplar diversificadora da economia, tendo aberto o atelier/loja de Pnina Tornai em Angola em Junho de 2015, no Bairro de Alvalade.
Assim, o vestido milionário da noiva ajudou a diversificar a economia. Espera-se que toda a elite angolana tenha ido a correr ao Solar de Alvalade, Luanda, comprar brilhantes e vestidos de noiva estupidamente caros de marca Pnina Tornai, aumentando a rubrica do PIB (Produto Interno Bruto) relativa ao comércio e serviços.
A questão que agora se coloca é se o investimento de 200 mil no vestido e a abertura da loja em Luanda já geraram lucros suficientes para que as novas leis fiscais anunciadas pelo inefável deputado João Pinto tenham obtido alguma receita fiscal, substituindo as do petróleo.
Se assim foi, devemos congratular o candidato a vice-presidente da República, pela presciência ousada de gastar milhares de dólares em vestidos de noiva. Será ele o autor de uma economia diversificada!
Ficamos a aguardar as novas revelações da máquina de propaganda do MPLA, no sentido de nos confirmar que efectivamente a compra milionária do vestido de noiva da filha do candidato Bornito foi uma das grandes apostas do Governo na diversificação da economia e que alcançou um sucesso invejável.

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