“A nossa economia está falida”, alertou o recém-eleito presidente da Libéria (ex-jogador de futebol), George Weah. Mas disse mais. Quer revogar o artigo da Constituição que só permite a “pessoas de cor” adquirirem a cidadania liberiana e anunciou que vai cortar o seu salário em 25%. Será que João Lourenço deveria ter sido jogador de futebol? Ou bastará ser honesto, íntegro e impoluto para com os angolanos?

“Devido à muito rápida deterioração da situação da economia, estou a informar-vos que, com efeitos imediatos, vou reduzir o meu salário e benefícios em 25%”, anunciou George Weah, citado pelo jornal The Guardian. Esses 25% serão depositados num fundo de desenvolvimento para a Libéria.
“A nossa economia está falida. O nosso Governo está falido. A nossa moeda numa queda livre. A inflação a subir”, avisou, acrescentando que “o desemprego nunca foi tão alto e as nossas reservas estrangeiras nunca foram tão poucas”.
A medida é olhada com admiração num continente que se tem habituado ao inverso: representantes do Estado que usam as suas funções para obterem salários extravagantes e vantagens, escreve o jornal. Angola que o diga, não é clã Eduardo dos Santos, João Lourenço, deputados e partidos, a começar pelo MPLA?
George Weah venceu as eleições presidenciais em Dezembro do ano passado, sucedendo a Ellen Johnson Sirleaff. A sua antecessora é uma economista vencedora do Nobel da Paz em 2011. Weah é um ex-atleta e até agora o único futebolista africano a ganhar a Bola de Ouro.
Weah tinha prometido uma repressão à corrupção endémica existente no país e tem-se esforçado por apresentar medidas que a contrariem. No entanto, não é a primeira surpresa do seu mandato. O presidente quer revogar um artigo presente na Constituição e que apenas permite a “pessoas de cor” serem consideradas liberianas ou possuírem propriedades no país. Segundo a Reuters, George Weah descreveu essas cláusulas como “desnecessárias, racistas e inapropriadas” para a Libéria do século XXI.
A Libéria é a república mais antiga da África e foi criada por escravos libertados pelos EUA. Foi declarada independente em 1847.
A economia da Libéria assenta na agricultura, sector do qual vive a maioria da população. Os principais cultivos agrícolas do país são o arroz, a mandioca, o café e o cacau (estes dois últimos produtos são as principais exportações agrícolas do país). Apesar de a maioria da população se empregar neste sector, a Libéria não é auto-suficiente do ponto de vista alimentar. Historicamente as principais exportações do país são a borracha, o ferro e a madeira.
A Libéria possui jazidos de minério de ferro nos Montes Bomi (a noroeste da capital, Monróvia), Monte Nimba e perto do rio Mano. O sector de exportação do ferro sofreu consideravelmente em resultado do golpe de estado de 1980 e por causa da menor procura internacional desse minério no período subsequente.
A indústria liberiana é de pequena escala e inclui unidades de esfarelamento e lavagem do ferro, fábricas para transformação da borracha, bem como fábricas de materiais de construção e de bens de consumo (têxteis, calçado, etc.).
Uma importante fonte de divisas da Libéria é oriunda da venda das taxas de registo de navios. Muitos navios estrangeiros estão registados sob a bandeira liberiana, aproveitando os baixos valores oferecidos pela nação africana.
A guerra civil de 1989-2003 provocou a fuga do investimento estrangeiro e de empresários da Libéria, muitos dos quais são oriundos do Líbano e da Índia. Para além disso, as Nações Unidas decretaram o embargo dos diamantes e da madeira da Libéria. O bloqueio à exportação de madeira foi levantado pela ONU em Junho de 2006. A guerra civil provocou também a destruição das infra-estruturas do país. Actualmente o país sofre com índices altos de desemprego.