terça-feira, 30 de julho de 2013

LUANDA: Um grupo de jovens ativistas angolanos pedem encontro com o ditador acuado que se esquivará com toda a certeza por força da agenda comprometedora apresentada atempadamente pelos sitados jovens.

Jovens pedem encontro com Eduardo dos Santos

Jovens querem a sua companhia. Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos (Foto Novo Jornal)
Jovens querem a sua companhia. Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos (Foto Novo Jornal)

TAMANHO DAS LETRAS
 
Redacção VOA
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Desaparecimento misterioso de Alves Kamulingue e Isaías Cassule, seca no sul de Angola, a nomeação do filho de dos Santos ao cargo de presidente do fundo soberano de Angola e a realização do mundial de hóquei em Patim são os temas que um grupo de jovens quer abordar no encontro solicitado com o presidente angolano José Eduardo dos Santos.
Os jovens que no passado estiveram envolvidos em manifestações antigovernamentais foram excluídos de um encontro realizado recentemente entre o Presidente da República de Angola e os representantes das organizações juvenis de partidos políticos, igrejas e cívicas.

A carta solicitando o encontro foi entregue esta segunda-feira ao Gabinete do Presidente José Eduardo a solicitarem uma audiência.

Nito Alves um dos activistas sublinha que de entre os temas que querem abordar consta o desaparecimento misterioso de Alves Kamulingue e Isaías Cassule assim como a nomeação do filho dos Santos ao cargo de presidente do fundo soberano de Angola.

Kamulingue e Cassule desapareceram h pouco mais de um ano quando participavam na organização de manifestações antigovernamentais.

“Queremos falar com o senhor presidente sobre da problemática da seca no sul do país, os nossos amigos desaparecidos Alves Kamolingue e Isaías Cassule assim como a nomeação do filho do Presidente ao cargo de presidente do fundo soberano de Angola,” frisou.

A solicitação do encontro acontece num período em que o presidente da República se encontra  no exterior do país em visita privada há quase um mês.

Os jovens protestatórios do regime de José Eduardo dos Santos acreditam que venham ser recebidos pelo Presidente angolanos, José Eduardo dos Santos.

“Nós temos fé que o senhor presidente vai nos receber,” disse acrescentando que a sua exclusão do encontro anterior apenas serviu para “diluir” o seu impacto e importância.

Os jovens haviam anteriormente  rejeitado dois convites de encontro com o Ministro da Juventude e Desportos por alegadamente não terem sido convidados a esse encontro com José Eduardo dos Santos.

LUANDA: Dirigente da CASA-CE afirma que esta a ser monitorado pela policia politica do regime totalitarista do ditador Jo´se Eduardo dos Santos

Dirigente da CASA diz que está a ser monitorizado

Procuradoria ignora queixa do deputado
TAMANHO DAS LETRAS 
Manuel José
Edição VOA
Reedição
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O deputado da CASA-CE Leonel Gomes denunciou que está a ser vitima de perseguição e espionagem.

 O secretário executivo nacional da terceira maior forca política do país garantiu que já denunciou o facto á Procuradoria Geral da República mas a situação continua sem solução.

"Denunciei que os meus telefones estão grampeados com o numero 113 da policia nacional mas infelizmente a procuradoria Geral da república pouco ou nada fez se não mandar-me um documento a justificar que não era um problema da policia nacional, sem no entanto dizer quais as causas que levaram ao grampeamento dos telefones," disse

Leonel Gomes diz que os constrangimentos sofridos não ficaram pelo grampeamento dos seus telefones.

"Mais grave eu há dias regressando do exterior do país, de uma actividade académica do meu filho deparei-me com um impedimento da minha saída no protocolo do estado mesmo na qualidade de deputado,” disse.

"Há qualquer coisa que não está bem neste país e o que não está bem é a vontade política daqueles que detém a maioria, a vontade trucidadora da maioria em detrimento da vontade que possa concretizar a dignidade e a felicidade do povo angolano," disse.

Tentativas para ouvirmos as autoridades de justiça do país e o partido maioritário foram goradas.

MAPUTO: O governo neofascista da FRELIMO de Armando Emílio Guebuza responde com ameaças as reivindicações legitimas da RENAMO e das oposições Moçambicanas.

Moçambique: Governo responde a novo ultimato da Renamo

Elementos da Renamo treinando em Novembro de 2012
Elementos da Renamo treinando em Novembro de 2012

TAMANHO DAS LETRAS
 
William Mapote
VOA
Reedição: Radz Balumuka
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O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, deu o prazo de uma semana para se chegar a uma solução, no diálogo com o governo e ultrapassar o impasse político-militar assinalado por violentos ataques no centro de Moçambique.
Afonso Dhlakama disse que a 14.ª ronda negocial, adiada para 5 de Agosto, deve demonstrar avanços, caso contrário a Renamo não se vai curvar às “manobras do governo”.

A Renamo reúne-se até amanhã em Sadjundjira, distrito de Gorongosa, Sofala, centro do país, no III Conselho Nacional, alargado às bases do partido, para “avaliar a sua saúde política”, além de discutir a situação socioeconómica e política, projectar o futuro do partido e analisar o “boicote” do partido às eleições autárquicas de 20 de Novembro e gerais de 2014.

Entretanto o vice-ministro moçambicano do interior, José Mandra, manifestou hoje prontidão das Forças Armadas, para responder a qualquer acto de instabilidade que venhar a ser provocada pela Renamo, o maior partido da oposição nacional.
Para José Mandra, as declarações de Dhlakama são mais uma, de entre várias ameaças anteriores, mas que devem ser tomadas em conta.

O vice ministro reagia assim ao ultimato dado ontem ao governo, pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que falava aos seus partidários, durante a abertura do Conselho Nacional da Renamo.

Na ocasião, Dhlakama disse que caso a próxima ronda negocial entre o governo e o seu partido, prevista para a próxima segunda-feira não traga nenhum acordo, o seu partido irá romper com o diálogo e resolver, à sua maneira, as diferenças que tem com o executivo de Maputo.

Há cerca de três meses delegações nomeadas pelo governo e pela Renamo estão envolvidas em rondas de diálogo sobre questões eleitorais e político-económicas. Das onze rondas até aqui realizadas, o máximo que foi alcançado foram acordos parciais, prevalecendo divergências sobre questões de fundo.

HUÍLA: Militares das FAA na Huíla votados ao total abandono, e, assim vai o país das maravilhas.

Militares na Huíla Votados ao Abandono
Fonte: Makaangola
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Várias unidades militares na Huíla encontram-se em situação de penúria generalizada, o que está a criar mal-estar e descontentamento entre os oficiais e soldados.
Os militares do Batalhão de Reparações do Comando da Região Militar Sul, no Lubango, queixam-se da falta de condições básicas de alojamento e de alimentação. Os cerca de 400 militares ali destacados são obrigados a partilhar uma dúzia de camas. Segundo o oficial G.M. os soldados são obrigados a dormir no chão, “sentados e outros nos carros avariados”.
Outro oficial nota que “não há recursos para dar de comer a metade dos soldados. Os que vivem próximo da unidade têm de fazer refeições nas suas residências”.
Também os instrutores da Escola de Inter Armas do Lubango, destacados no campo de tiro situado na área da Kilemba, nos arredores da cidade do Lubango, queixam-se das condições na sua unidade. O artilheiro F.M explica como os militares são obrigados a dormir ao relento por falta de condições de alojamento.
O cabo L.R corrobora a queixa. “Estendemos nas casernas as nossas capas. Os meios já nem chegam, não temos colchões nem cobertores para todos. Cama já não se fala.” O militar adianta ainda que os soldados têm de “desenrascar” a sua própria alimentação porque a logística militar é negligente e deixa os soldados à fome. “Não somos só nós [militares do Batalhão de Reparações], é assim em todas as unidades. O mais triste é quando há prevenção e temos de estar todos nos quartéis”, disse o cabo.
A falta de condições nos quartéis da 5ª Região Militar Sul, particularmente no Lubango, agravou-se com o aquartelamento preventivo que decorreu na primeira quinzena de Junho. A presença da maioria dos efectivos nas unidades demonstrou a incapacidade do exército, a nível local, em prestar abastecimento logístico e condições mínimas de alojamento para os seus efectivos.
“Não temos condições para albergar a tropa. O que fazemos é mante-los em prontidão e fazemos uma escala com o número de pessoas de acordo com as condições existentes na unidade”, explica ao Maka Angola o oficial M. J. , destacado no Batalhão de Logística da 5ª Região Militar Sul, sobre o procedimento que tem sido adoptado, como regra, para evitar maior descontentamento entre os soldados.
O tenente general Joaquim Tchiloya, segundo comandante da 5ª Região Militar Sul, tem substituído o general Apolo Felino Yakuvela, comandante daquela unidade, ausente na Argentina, onde se encontra a frequentar o Mestrado em Ciências Politicas.
O exército angolano tem este ano uma dotação orçamental de US$ 5 biliões, a maior de toda a África sub-sahariana. No entanto, em muitas zonas do país onde os soldados usam chinelas por falta de botas e dormem em casernas de pau-a-pique. Em contraste, Angola ostenta alguns dos generais mais ricos do mundo, por via do saque e da corrupção.
O patriotismo dos dirigentes angolanos tem-se limitado a usar as tropas para a defesa do seu poder, abandonando a maioria dos que têm dado o seu sangue, na defesa da pátria e do poder a uma situação de penúria.
Nota da redacção: Vários soldados e oficiais falaram ao Maka Angola sobre as condições precárias das suas unidades. Embora todos estes efectivos militares tenham assumido a sua identidade no contacto com o Maka Angola, para protecção dos mesmos, optamos por ocultar os seus nomes e atribuir-lhes iniciais que não correspondem aos s seus verdadeiros nomes.

NAMPULA: Levantamento topográfico gera confusão em Nmapula

Nampula: Levantamento topográfico gera tensão

Segundo o edil de Nampula cerca de duzentos talhões que haviam sido parcelados para posterior atribuição aos munícipes foram vandalizados.
Sede do governo provincial de Nampula
Sede do governo provincial de Nampula
TAMANHO DAS LETRAS 
Edição: Faizal Ibramugy
VOA
Reedição: Radz Balumuka
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Técnicos de topografia afectos à direcção de construção e urbanização de Nampula em Moçambique, estão a ser alvo de agressão física nos últimos dias na sequência do aumento de conflitos sobre a posse de terras.
Segundo o presidente do conselho municipal de Nampula, Castro Sanfins Namuaca, que pela gravidade da situação foi obrigado a reportar  à Assembleia Municipal, disse que acção é alegadamente protagonizada por um grupo de pessoas que não querem ver a cidade a crescer.

Mesmo sem fornecer muitos detalhes, Namuaca disse que os referidos indivíduos têm estado a agredir os técnicos afectos ao pelouro de urbanização municipal quando estes efectuam as demarcações nas diferentes zonas de expansão da cidade. Nos últimos tempos, a cidade de Nampula está a crescer em todos os cantos, nomeadamente, com o parcelamento e a concepção de espaços aos munícipes.

Segundo o edil de Nampula cerca de duzentos talhões que haviam sido parcelados para posterior atribuição aos munícipes foram vandalizados. A fonte não especificou a zona onde isso ocorreu.

Porém, sabe-se que a zona mais conflituosa na cidade de Nampula em termos de terra para habitação é a de Nampaco, onde durante os últimos meses a edilidade conseguiu demarcar e conceder aos munícipes apenas trinta talhões contra 208 em Murrapaniua II e 30 na unidade comunal de Muthita.

Recorde-se que o  município de Nampula com o apoio do programa das Nações Unidas para habitação condigna, UN HABITAT, e Centro de Estudos e Desenvolvimento de Habitat vêm implementado o projecto de processo de requalificação dos assentamos informais e de desenvolvimento.

O projecto tem em vista determinar as áreas de lazer, industriais, agrícolas, habitacionais, comerciais, entre outras.

MAPUTO: O conselho de estado afeto ao ditador presidente moçambicano analisa a inviável situação politica atípica do país.

Moçambique: Conselho de Estado analisa situação política

Foi a terceira vez que o Conselho de Estado, um órgão de consulta do Presidente da República, se reuniu em cerca de cinco anos de existência.
Vista de Maputo
Vista de Maputo

TAMANHO DAS LETRAS
 
William Mapote
Reedição:  Radz Balumuka
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No meio da tensão político-militar entre o governo e a Renamo, o Conselho de Estado  reuniu nesta segunda-feira, num dos raros encontros do órgão, com o objectivo de passar em revista a situação nacional.
Na agenda do encontro estava a discussão sobre as eleições gerais revistas para 2014 e a análise da situação política, social e económica do país.
Segundo Edson Macuácua, Porta-voz da Presidência da República, “sobre este ponto específico” não houve nenhum pronunciamento.
Segundo Macúacua, o encontro debruçou-se sobre dois assuntos específicos, nomeadamente, as eleições gerais e provinciais previstas para 2014 e a situação político, económico e social do país.

Como posicionamento os Conselheiros recomendaram a marcação das eleições em conformidade com a Constituição da República e as leis vigentes, o que equivale a dizer que deverão ter lugar entre Outubro a Dezembro do próximo ano, “devendo a data exacta ser anunciada futuramente pelo Chefe de Estado”.

No que diz respeito à situação política nacional, os conselheiros exortaram Guebuza “a prosseguir com a sua postura de abertura e diálogo de modo a consolidarmos a estabilidade política e a promovermos a harmonia social”, explicou o porta-voz do Chefe de Estado.

No seio da sociedade, a sessão de hoje era uma grande oportunidade para junto dos seus conselheiros, o Presidente da república discutir o tão anseiado encontro com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, visto como a solução para a actual tensão que já causou morte de civis e militares em Muxúngue, mas segundo o porta-voz do encontro, este assunto, não foi abordado.

Entre elogios ao desempenho do Chefe do Estado, os Conselheiros encorajaram Guebuza a continuar com o seu estilo de governação.
Dos 17 membros que compõe o Conselho de Estado, apenas Graça Machel e Afonso Dhlakama não estiveram presentes.
Enquanto a antiga primeira dama moçambicana faltou devido ao estado  de saúde de Nelson Mandela, as razões de Dhlakama são outras.

"O Presidente Dhlakama está numa reivindicação política que o próprio Presidente da república conhece. Sempre disse que enquanto não houver justiça eleitoral nunca participaria nestes órgãos", justificou António Muchanga, um dos conselheiros, eleitos pela Renamo.

Hoje foi a terceira vez que o Conselho de Estado, um órgão de consulta do Presidente da República reuniu, em cerca de cinco anos de existência.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

LUANDA: Ana Margoso decepcionada com o jornalismo e jornalistas angolanos

 ANA MARGOSO DECEPCIONADA COMO O JORNALISMO E JORNALISTAS ANGOLANOS !
Fonte: Ponto-Final
Reedição: www.planaltodemalangeriocapopa.blogspot.com
É por estas e por outra que a minha desilusão pelo jornalismo e pelos jornalistas, é muito grande... Nao foi por este jornalismo que me encantei aos 7 anos, quando sem saber bem porque, assistindo o telejornal com o meu velho, de tanto ver Francismo Simons acabei por me apaixonar, nao foi este jornalismo nao:
A Ordem é Desqualificar o Movimento Revolucionário Juvenil aos Olhos da Sociedade – Porquê?

A matéria sobre o Movimento Revolucionário Juvenil inserida na Edição no 513 de 13 de Julho de 2013 do Semanário Angolense (SA) ilustra bem a degeneração cancerígena que perniciosamente vem infectando o tecido jornalíistico angolano no quadro da estratégia, pensada ao pormenor, que visa em última instância a manutenção do poder por uma elite altamente predadora.

Sob o sugestivo título “Revus”Aliados ao Crime?, com direito a uma garrafal chamada de capa, o trabalho ocupa três das principais páginas daquele semanário com inverdades e meias verdades maquiavelicamente articuladas com o propósito único de desqualificar aquele movimento social aos olhos da sociedade.

Assinado por Celso Malavoloneke, jornalista que jamais perde uma oportunidade para enfatizar a sua condição de estudioso do fenômeno comunicação e jornalista sénior, parecia ensejar uma oportunidade para discutir a questão das maifestações em Angola.


Acalentei, por isso, uma secreta esperança de encontrar um trabalho algo profundo sobre a gênese do movimento, suas motivações, positivas ou negativas e outras nuances que permitissem compreender não apenas a sua acção mas também, e sobretudo, a atitude e reacção demasiado musculada das autoridades contra um grupo que elas próprias fazem questão de sublinhar o seu carácter minúsculo.

Assim, o grande enigma que todos temos procurado decifrar é, sem dúvida, este paradoxo entre a reacção musculada das autoridades e a microdimensão que elas próprias atribuem ao movimento.

Pensava, pois, que o jornalista Celso Malavoloneke trouxesse nesta matéria subsídios valiosos que nos ajudassem a decifrar este enigma fornecendo insights sociológicos, políticos e ideológicos ou mesmo da psicologia social que pudessem explicar a gênese, a estrutura do movimento, o seu modo de actuação, enfim, diferentes perspectivas que permitissem construir uma visão diferente do movimento seja ela positiva ou negativa.


É que, no meu pobre entendimmento, um problema só é problema na medida em que se apresenta com muitas faces. Como fica difícil obter uma visão que abranja a totalidade dos ângulos, isto é, ter uma visão completa, esta fica condicionada e dependenete do ângulo a partir do qual o observamos e das lentes teóricas, ideológicas ou mesmo tradicionais que usamos para radiografá-lo.

Ampliar a nossa visão do problema significa experimentar diversos angulos e lentes e isso só é possível mediante um exercício de permuta de subjectividades (intersubjectividades) que favorece a alteridade. O debate de ideias, a busca incessante de informações, enfim, o estudo crítico e isento do problema são formas que operacionalizam este exercício salutar que permite a compreensão do outro e ameniza a aceitação do diferente e das diferenças.


No caso em epígrafe (do Movimento Revolucionário) sempre considerei a atitude do Governo totalmente despropositada e, portanto equivocada na sua essência. É justamente, por isso, que ao confrontar-me com esta chamada de capa do SA cresceu dentro de mim um intenso interesse e, infelizmente, tenho que confessar aqui que as minhas expectativas foram totalmente defraudadas.


É que, longe dos insights que acima referi, o texto em causa estava preenchido por informações especulativas do tipo “ouvi dizer”, muitas delas não confirmadas e até mesmo negadas, a partir das quais o jornalista emitiu juízos de valor para qualificar negativamente o movimento.


Se considerararmos que o jornalista não foi movido por má fé (ainda acredito na boa fé dos homens) restam apenas duas hipóteses para explicar o facto de ter sido trazida a estampa matéria tão depreciativa. Ou foi matéria encomendada por sectores que facilmente se adivinham, ou, então as paixões calaram fundo no coração do Celso e ofuscaram a razão, o que explicaria o total distanciamento da objectividade que caracteriza o texto em causa, desvirtuando por completo o sentido jornalístico de que se reveste.

As alusões à emergência de novas lideranças no Movimento deixam subentendido que uma das razões pelas quais Malavoloneke decidiu mimosear os “Revus”com tamanho acinte tem a ver com a ascenção de Pedrowiski Teca no movimento, “revu” com quem trocou farpas no Facebook indo a ponto de bloqueá-lo.


Obcecado pela fúria que nutre por Teca, o jornalista não foi capaz de compreender que os movimentos sociais, ainda mais juvenis, se movem por dinâmicas intensas, diria mesmo dromotrópicas, que explicam as constantes renovações nos rostos visíveis destes movimentos o que é parte da sua intrínseca vitalidade.


Quanto as alusões ao apoio americano ao movimento nos remetem a um tempo que julgavamos ultrapassado. Apesar da USAID e Open Society terem negado este apoio (segundo o próprio jornalista), insistiu em dar como facto o alegado financiammento e de imediato soltou as habituais notas anti-americanas do tempo da guerra fria agora entoadas tão afinadammente, talvez como parte do ensaio para a performance que o jornalista se apresta a protagonizar no quadro do programa religioso das festas do Lubango.


Enfim, me parece que o SA desperdiçou uma soberana oportunidade para discutir desapaixonadamente e de forma isenta a problemática das manifestações em Angola no que tange à sua legitimidade à luz da Constituição e, sobretudo, no que diz respeito à justeza, ou não, das reivindicações que têm sido levantadas pelos jovens “Revus” e, de certo modo, fazem eco em outros segmentos da sociedade.

Taxar o Movimento de fundamentalista por causa do slogan “32 é muito” ou ainda destacar um gesto obsceno de Luaty Beirão e generalizá-lo ao comportamento do grupo é no mínimo olhar para a árvore ignorando a floresta.


E o que dizer da afirmação segundo a qual Gaspar Luamba e Pedrowiski Teca “assumem agora as horas da casa (ou seriam honras?), alegadamente (??) com fundos americanos...” e que por força disso “fica a ideia de que entre ser revús e alguém com comportamento antissocial não há nenhuma diferença” senão uma assustadora superficialidade na análise que nunca deveria ser apanágio deste gênero de trabalho?!


Mais grave ainda se considerarmos que, alguns parágrafos adiante, o jornalista afirma “...ao ponto da embaixada dos EUA em Angola que os apoiava abertamente, ter optado por um alegado financiamento encoberto...” E assim, entre os vales dos “alegados” e as montanhas dos “encobertos” segue a prosa do jornalista. Pode-se levar isto a sério?


O que deveria nos evergonhar não são os gestos insultuosos dos jovens revús, porventura debitáveis na conta da “ïrreverência juvenil” e, por isso, em certa medida, toleráveis.

O que sim, não pode ser ignorado são as gravíssimas violações aos direitos humanos protagonizadas por adultos nas reacções às manifestações de que são exemplos o sumiço de Alves Kamulingue e Isaías Cassule. Como ignorar isso?


O que deveria nos evergonhar é a absurda nuvem de fumo que encobre os esquemas de distribuição da renda nacional pautados por um descarado nepotismo que tem o condão de aprofundar desigualdades sociais, assimetrias regionais e escancara pungentemente tamanha injustiça social.


O que nos deveria envergonhar, enfim, é a forma tão venal como quotidianamente se espezinha a nossa Constituição justamente por aqueles (adultos, ressalte-se) que a deveriam defender e protegê-la. Isso sim é um insulto à Pátria e aos cidadãos que não deve ser, de maneira nenhuma, ignorado por ninguém minimamente imbuído de espírito patriótico.


Arrolados assim estes argumentos, não consigo conceber esta matéria trazida à estampa pelo SA e assinada por Celso Malavoloneke senão como parte de uma estratégia tendente a desqualificar o Movimento Revolucionário Juvenil como um dos interlocutores no propalado diálogo com a juventude.

Ora, o diálogo com a juventude na perspectiva de se alcançar alguma distensão social só puderá ser profícuo ser for, antes de mais inclusivo, o que significa que não deve excluir parte alguma, mesmo se considerada incómoda.


Falar em diálogo começando por excluir potenciais interlocutores é viciar o processo e semear a desconfiança que é o vírus da esterilidade no diálogo.

Deste modo, fica a partida suspeita a intenção de dialogar com os jovens, pois, fica subentendido que os promotores pretendem, tão somente, ganhar tempo e, como já é habitual, espreitar a oportunidade para, no momento certo, arregimentar consciências que, como rebanho, poderão engrossar as hordas daqueles que se acham os únicos capazes de governar este país, mesmo diante de evidências inquestionáveis de má governação.


A nossa história mais recente está repleta de exemplos em que o diálogo dissimulado se processou a custa do sacrifício de potenciais franjas interlocutoras, com repercussões óbvias nos resultados obtidos.

É só citar o “caso Cabinda” e o Fórum Cabindês para o Diálogo. Seria bom que não se repetissem tais erros, e é para isso que serve a história, e se enveredasse por um diálogo profundo e inclusivo, despido de tabús e que seja capaz de nos colocar a todos numa plataforma comum.

É hora, e já vamos atrasados, de sabermos lidar com as nossas incontornáveis diferenças e percebermos de uma vez por todas que é na diversidade que reside, de facto, a nossa riqueza.





Por : Maurílio Luiele