Partido de Mugabe declara vitória nas legislativas e presidenciais do Zimbabwe
Fonte: Reuters
Movimento para a Mudança Democrática fala em "fraude monumental" nas eleições. Polícia tomou posição junto à sede do partido oposicionista.
Repórteres da AFP viram esta quarta-feira perto de 20 polícias em veículos anti-motim, junto à sede do Movimento para a Mudança Democrática, MDC.
"Ganhámos as eleições. Enterrámos o MDC", disse fonte da União Nacional Africana – Frente Patriótica (ZANU-PF) citada pelas agências noticiosas. "Nunca duvidámos de que iriamos ganhar".
O líder do MDC, Morgan Tsvangirai, reagiu e considerou as eleições "nulas e inválidas". Antes dele, fontes do MDM declararam que as eleições foram "uma fraude monumental" e convocaram uma reunião de urgência da liderança.
O líder oposicionista considera que "o escrutínio não respeitou as normas da SADC [comunidade de países da África Austral], da UA [União Africana] e da comunidade internacional". Tsvangirai disse que a credibilidade das eleições foi afectada por "violações administrativas e jurídicas".
Os observadores da UA qualificaram quarta-feira à noite o escrutínio de "livre e honesto". A SADC ainda não se pronunciou.
A organização não-governamental Zimbabwe Election Support Network, que teve sete mil observadores no terreno, disse que perto de um milhão de habitantes desapareceram das listas eleitorais. "Qualquer que seja o resultado, a credibilidade das eleições [...] está seriamente comprometida", disse o seu presidente, Solomon Zwana.
Ainda não foram revelados quaisquer resultados oficiais (e a lei do Zimbabwe diz que é ilegal fazer afirmações prematuras sobre os números). Na quarta-feira a polícia fizera saber que prenderia qualquer pessoa que o fizesse.
Mugabe é Presidente do Zimbabwe desde 1980. Tsvangirai era, até ontem, o primeiro-ministro - o governo cessa funções no dia das eleições. Chegou ao cargo em 2008 quando a violência pós-eleitoral levou a negociações, mediadas pela África do Sul, para a criação de uma forma partilhada de governação.
O objectivo de Mugabe (que tem 89 anos) nas eleições de quarta-feira era reconquistar não só a presidência como o governo.
A missão de observadores da União Africana considerou que as eleições foram "seriamente comprometidas" porque um milhão de eleitores não pôde votar.
“Seja qual for o resultado, a credibilidade das eleições está seriamente comprometida devido ao esforço sistemático que foi feito para privar os eleitores urbanos dos seus direitos eleitorais. Um milhão de eleitores foram privados dos seus direitos", disse à Solomon Zwana, da missão, numa conferência de imprensa em Harare.