quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

LUANDA: Caos no Serviço de Inteligência Militar

Caos no Serviço de Inteligência Militar
Por Rafael Marques de Morais 
Fonte: Maka Angola
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
 15 de Janeiro, 2014
Um grupo de dez oficiais generais e 12 coronéis do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM) aguardam, há seis meses, para serem empossados nos cargos para os quais foram nomeados pelo presidente José Eduardo dos Santos.

Entre os nomeados, a 19 de Junho de 2013, constam o tenente-general Carlos Miguel de Sousa Filipe, para o cargo de chefe-adjunto do SISM; o brigadeiro Pedro Minguela, chefe da Direcção de Contra-Inteligência Militar do Exército; e o contra-almirante Domingos Baptista, chefe da Direcção de Contra-Inteligência Militar da Marinha de Guerra Angolana.

O Maka Angola soube de fonte oficiosa que a situação tem criado enormes embaraços nas direcções para as quais os oficiais generais e oficiais superiores foram nomeados.

Os expedientes das direcções reestruturadas continuam a vincular apenas os nomes dos oficiais exonerados, cabendo aos nomeados tomar decisões e assinar em nome dos responsáveis anteriores.

A situação tornou-se, em alguns casos, caricata. Em postos onde os adjuntos foram promovidos às chefias de direcção e há bom relacionamento com os ex-superiores hierárquicos, verificam-se acertos informais “de camaradagem e solidariedade”. Estes acertos permitem a partilha de responsabilidades entre nomeados e exonerados.

Noutros casos, os exonerados preferiram manter-se em inactividade temporária, nas suas residências, até novas ordens.

Em causa estão, entre outras, as direcções de Informação e Análise, de Tecnologias de Informação e Comunicação e de Planeamento Estratégico

Segundo um advogado consultado pelo Maka Angola, “em princípio, os nomeados não devem exercer funções sem a tomada de posse. É um acto ilegal”.

Cabe ao presidente da República, na qualidade de comandante-em-chefe, conferir posse ou delegar ao chefe do SISM, general António José Maria, a responsabilidade de o fazer.

“A tomada de posse é o acto administrativo entre o nomeado e a instituição que ele passa a representar, e valida o compromisso do novo servidor público com a instituição, sem o qual a nomeação fica sem efeito”, explica o advogado.

O tratamento político reservado a órgãos nevrálgicos para a segurança nacional, como os serviços de inteligência militar, obedece a dois critérios fundamentais:
Primeiro, o exercício da soberania nacional cada vez mais tem sido subordinado às agendas privadas do presidente da República e de um grupo muito restrito de generais, membros do governo e do MPLA, bem como aos interesses estrangeiros que lhes conferem maior legitimidade e protecção.

Segundo, a desarticulação do sector da defesa e segurança de Estado visa fortalecer a operacionalidade de estruturas paralelas de defesa e segurança. Estas são protegidas e encobertas pela Casa de Segurança do Presidente da República, com o propósito de oferecerem maiores garantias de lealdade e subserviência às arbitrariedades do poder.

Em suma, mina-se a profissionalização, a coesão e a melhoria de condições do exército, de modo a prevenir um eventual golpe de Estado.

A título exemplificativo, apesar da atribuição de US $130 milhões anuais ao SISM, até ao momento este organismo não dispõe sequer de instalações próprias. A confusão que assim se gera no sector ocupa os oficiais na luta pela sobrevivência, no quadro da carreira militar, desviando-os da manutenção da segurança da soberania nacional.

O coro de fanáticos do MPLA e do presidente José Eduardo dos Santos mantém a confusão propositada entre questões de soberania nacional e os interesses privados dos seus líderes, através da violência política, da chantagem económica, da propaganda e da suposta paternidade do patriotismo. Esses indivíduos formam a barreira humana que impede a sociedade angolana de compreender os graves riscos que o comportamento errático do presidente acarreta para a soberania nacional.

LISBOA: "O poder politico em Portugal pós-se de joelhos perante a elite politica angolana

"O poder político pôs-se de joelhos perante a elite angolana"

Fonte: Publico
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
"O poder político pôs-se de joelhos perante a elite angolana"Têm sido limadas arestas para que o poder angolano não se irrite com as elites portuguesas. A ideia foi defendida pelo jornalista Nicolau Santos na apresentação do livro Os Donos Angolanos de Portugal.
Vinte e sete ex-governantes portugueses da era democrática, de ministros dos Negócios Estrangeiros a ministros da Presidência e secretários de Estado, assumem protagonismo nas relações económicas entre Portugal e Angola. "O poder político pôs-se de joelhos perante a elite angolana", resumiu esta terça-feira o jornalista Nicolau Santos, na apresentação do livro Os Donos Angolanos de Portugal, na Fnac Chiado, em Lisboa.
Quando Francisco Louçã, Jorge Costa e João Teixeira Lopes começaram a desenrolar o novelo da burguesia portuguesa para um próximo livro, concluíram que as ligações económicas entre Portugal e Angola justificavam um volume isolado. A investigação, parte de um trabalho mais amplo dos mesmos autores sobre a burguesia portuguesa e que dará origem a outra publicação ainda este ano, permitiu aos três dirigentes do BE concluir que não há praticamente nenhum empresário português "relevante" que não esteja ligado a Angola. E que Portugal tem sido uma espécie de "offshore" ou sector estratégico para os capitais angolanos.
Na apresentação do livro, Nicolau Santos, que nasceu na ex-colónia, tal como João Teixeira Lopes, descreveu um Portugal "permissivo e complacente" com regras de mercado "flexíveis" para os capitais angolanos, sem paralelo com outro investimento estrangeiro realizado no país. "Há uma grande ligação, para não dizer uma grande subserviência da elite portuguesa. O poder político pôs-se de joelhos perante a elite angolana", disse.
A "hipersensibilidade" do poder de Luanda tem sido assim tratada com pinças, até pela comunicação social portuguesa, que "já pensa duas vezes" antes de publicar uma notícia que envolva as altas esferas angolanas. A ideia de que se têm limado arestas para que o poder de Luanda não se irrite com as elites em Portugal foi ilustrada pelo jornalista do Expresso com o recente pedido de desculpas do ministros dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete. “Angola tem explorado isto de maneira quase exemplar”, disse. E Portugal tem evitado qualquer incidente diplomático que comprometa o nosso "quarto maior parceiro económico e, no último ano, provavelmente o maior" .
Este não é, no entanto, dizem, um livro sobre Angola. É uma tentativa de explorar o poder angolano em Portugal. Jorge Costa explicou o peso dos interesses angolanos sobre recursos essenciais da economia portuguesa focados na energia, telecomunicações e banca. “Não há outro caso de um país que tenha entregue a sua soberania económica como Portugal fez com Angola”, disse. Mas as ligações têm rostos e, segundo o dirigente do Bloco, se analisados os currículos empresariais de todos os ministros e secretários de Estado desde o 25 de Abril, há 27 ex-governantes, “alguns de altíssimo peso político”, com um protagonismo muito importante. São do PS, do PSD e do CDS. E foram ministros ou secretários de Estado. Estão lá Ângelo Correia, Miguel Relvas, Nogueira Leite, Armando Vara, António Vitorino ou Nuno Thomaz. E o destaque vai para a banca. Trinta e dois membros de governos portugueses estão na CGD ou 18 no BCP. “Essa lista nunca foi elaborada, mas é essencial para compreender a profundidade das relações políticas e empresariais estabelecidas entre os capitais portugueses e angolanos”, defendem os autores.
Francisco Louçã, dos três o mais comedido nas palavras, preferiu sublinhar Os Donos Angolanos de Portugal como o contributo que escolheria dar para o debate democrático do que é hoje Portugal. “Será muito polémico, mas dará muita informação”, disse o economista e ex-líder do Bloco.
No fundo, disse, Teixeira Lopes, resume-se sempre a “saber quem manda”.
Publico.pt

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

BEVERLY HILLS/EUA: Rapper Kanye West Agrediu jovem de 18 anos por ter xingado Kim Kardashian sua namorada e mãe de seu filho

Kanye West agride jovem de 18 anos após ele ter xingado Kim Kardashian

Kanye West agride jovem de 18 anos após ele ter xingado Kim Kardashian

Fonte: TMZ
Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa
14.01.2014

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Kanye West não conseguiu controlar sua fúria depois de saber que Kim Kardashian havia sido agredida verbalmente por um jovem de 18 anos. O rapper acabou dando um soco no rapaz dentro da sala de espera do quiropata de sua mulher. A informação é do site norte-americano "TMZ".
A socialite foi até um centro médico em Beverly Hills, em Los Angeles, quando foi cercada por paparazzi. O garoto tentou defendê-la e começou a xingar os fotógrafos com comentários racistas. Kim tentou controlar o rapaz, dizendo que aquelas palavras não eram apropriadas e foi assim que toda a confusão começou.
"Vai ser f....! Eu só estava tentanto te ajudar. Cala a boca, sua vagabunda", gritou o rapaz com Kim. O jovem entrou no centro médico para seguir a socialite. Ela resolveu ligar para Kanye e quando o menino percebeu que o rapper estava no telefone, gritou: "Vai se f....!".
Quando Kanye se juntou à Kim no centro médico, os dois encontraram o rapaz sentado na sala de espera do quiropata Richard Hill. Fontes da publicação afirmaram que Kanye deu um soco no rapaz e os dois foram separados pelo massagista.
Ainda segundo a publicação, Kim afirmou ter sido ameaçada de morte pelo rapaz. Ela vai dar queixa na polícia e quer processá-lo.
Recentemente, Kim exibiu falhas no cabelo ao usar um coque no salão. A socialite ganhou de presente uma bolsa de R$ 35 mil de Kanye West, pintada à mão pelo renomado artista George Condo.

LUANDA: Efetivos da Policia do regime amaça manifestar-se

Angola: Polícias ameaçam manifestar-se

Agentes dizem que poderão juntar-se a ex-militares para manifestações em Fevereiro
TAMANHO DAS LETRAS 
Fonte: Redacção VOA
Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa
Centenas senão milhares de efectivos da polícia nacional angolana prometem manifestar-se no próximo mês  caso não sejam cumpridas promessas que lhes dizem ter sido feitas.

Esses agentes prestaram serviço à policia nacional e foram convocados de várias províncias para serem reenquadrados depois de requalificados.

Mas os processos arrastam-se há dois anos e os agentes queixam-se de terem sido separados das suas famílias sem qualquer tipo de reenquadramento e falta de resposta das autoridades.

Agora ameaçam juntar-se a ex-militares para manifestações em Fevereiro.

Veteranos das forças armadas queixam-se há anos de não  lhes terem sido pagas pensões prometidas e no passado organizaram manifestações para protestarem a sua situação.

Ouça aqui o depoimento de vários dos agentes policiais que explicam a sua situação

LUANDA: Nova pauta aduaneira beneficia os investidores

Nova pauta aduaneira beneficia os investidores

Fonte: Jornal de Angola
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
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PCA da ANIP ,Maria Luísa AbrantesPCA da ANIP ,Maria Luísa AbrantesA nova Pauta Aduaneira vai beneficiar todos os investidores nacionais e privados do mercado nacional com incentivos fiscais que visam atrair e promover o investimento privado interno e estrangeiro, disse a presidente do Conselho de Administração da Agência Nacional de Investimento Privado (ANIP), Maria Luísa Abrantes.
Maria Luísa Abrantes informou sobre as barreiras que vão caracterizar a nova pauta e os incentivos fiscais ao investimento privado. A presidente da ANIP disse ser necessário fazer uma diferenciação do que é a Pauta Aduaneira e o que são os incentivos fiscais. Maria Luísa Abrantes disse que a Pauta Aduaneira visa beneficiar todos os investidores nacionais e estrangeiros que estejam a operar em Angola, tenham passado ou não pela ANIP.
A Agência Nacional de Investimento Privado tem como missão atrair, promover e avaliar os investimentos que vêm do exterior ou do interior, mas de qualidade, com um valor mínimo de um milhão de dólares. A presidente da ANIP debruçou-se também sobre a coabitação dos dois critérios, tanto da nova Pauta Aduaneira como dos incentivos fiscais, sem a acumulação de critérios ou benefícios para os abrangidos nestes dois diplomas.
Maria Luísa Abrantes esclareceu que “pode haver investidores que não passem pela ANIP e que beneficiem de alguns critérios da nova Pauta Aduaneira e outros que não tenham de seguir este critério e que passem pela ANIP”. Referiu que “a pauta ainda não está a ser aplicada e, na sua execução pode não haver acumulação dos benefícios ou critérios”, informou.
O director do Comércio Externo do Ministério do Comércio, Adriano Martins, defendeu a aplicação de quotas na importação de alguns produtos. Em entrevista à Rádio Nacional de Angola (RNA), Adriano Martins revelou que o país gasta muito dinheiro com a importação de produtos alimentícios e bebidas.
O director do Comércio referiu que a importação deve ser um instrumento para suprir o défice da produção e não para substituir a produção nacional. “Angola é um país que tem um potencial para produzir grandes produtos que ainda são importados”, disse. Até ao mês de Setembro, Adriano Martins informou que Angola importou em produtos alimentícios cerca de 3,6 mil milhões de dólares, o equivalente a 360 mil milhões de kwanzas, e aproximadamente 400 milhões de dólares (4 mil milhões de kwanzas) em bebidas. “É muito dinheiro que sai do país. A nova Pauta Aduaneira é um ponto de partida e tem de ser aplicada agora, sem receio de que haja falta dos produtos”, indicou.
Adriano Martins adiantou que o país pode lançar mãos de outros tipos de medidas, como o sistema de quotas de importação, que podem ser quotas sazonais, quantitativas ou tarifárias. São instrumentos que estão em estudo e que podem entrar também em vigor.
A directora-geral adjunta do Serviço Nacional das Alfândegas, Conceição Matos, considera a Pauta Aduaneira como um instrumento económico muito forte, que deve ser sempre analisada no quadro aduaneiro, dentro das políticas do Executivo, para ajudar o país a desenvolver os seus vários sectores.
Pauta Aduaneira - VH 2012
Conceição Matos disse que na nova Pauta Aduaneira já foram vistos quais sectores existentes em termos de redes podem criar vantagens comparativas em relação aos produtos importados, sobretudo com os países com que Angola tem de interagir permanentemente. Por sua vez, o director-geral das Alfândegas, Valentim Joaquim Manuel, disse que a nova Pauta Aduaneira, publicada no dia 22 de Novembro de 2013, começa a ser aplicada ainda este mês.
Valentim Manuel referiu que a “pauta devia entrar em vigor logo na data da sua publicação, mas tendo em conta a necessidade de preparar todo o sistema informático, não só nos serviços do SNA como no dos parceiros, os despachantes que precisam de actualizar os seus programas informáticos para comportarem a nova pauta, foi solicitada uma autorização superior ao ministro das Finanças para uma moratória na sua entrada em vigor”.
O director apontou que a elaboração da nova Pauta Aduaneira respondeu a factores nacionais e internacionais. Os factores nacionais têm a ver com a política económica e o desenvolvimento socioeconómico de Angola, que estão expressos no Programa Nacional de Desenvolvimento do Governo, enquanto os factores externos têm a ver com os progressos tecnológicos na produção de mercadorias.
“Surgem cada vez mais produtos e é preciso que eles e a forma como são concebidos sejam comportados na Pauta Aduaneira, além de que os critérios para a elaboração de uma pauta obedecem a determinados padrões definidos pela Organização Mundial das Alfândegas, da qual o nosso país é membro, assim como de outras organizações, como a Organização Mundial do Comércio e a própria SADC”, notou Valentim Manuel.
A Pauta Aduaneira, segundo o Sistema Harmonizado da Organização Mundial das Alfândegas, é um instrumento que deve ser revisto de cinco em cinco anos.
Jornal de Angol
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LUANDA: Abel Chivukuvuku pede saída do PR angolano em 2017 e defende frente comum para as autarquias

Abel Chivukuvuku pede saída do PR em 2017 e defende frente comum para as autarquias

Fonte: Voanews
Divulgação: Planalto De malanje Rio capôpa
Abel Chivukuvuku pede saída do PR em 2017 e defende frente comum para as autarquias
Abel Chivukuvuku convidou hoje o Presidente da República a retirar-se do poder em 2017 para o bem dos angolanos.
O líder da CASA-CE falava hoje no seu discurso de Ano Novo pediu a José Eduardo Dos Santos para começar a preparar a partir deste ano a sua saída do poder em Angola para que os angolanos prosperem.
Abel Chivukuvuku disse ainda ser "necessário que os partidos da oposição criem uma plataforma comum para as autarquias, para acabar com a hegemonia do MPLA".
Esta frente comum para as autarquias, segundo Chivukuvuku, visa encontrar candidatos únicos consertados entre os partidos que fazem oposição em Angola.
O presidente da CASA-CE referiu-se também durante o seu discurso de ano novo no estado social dos angolanos que considerou de caótico.
Abel Chivukuvuku, referiu que a coligação vai levar a cabo várias acções, no período 2014/2017, com vista a corresponder as expectativas políticas, primando pelo crescimento, transformação e afirmação no país.
VOA/A2
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LUANDA: Grávida em risco interrogada por onze horas ininterruptas pela policia do regime angolano

Grávida em Risco Interrogada por Onze Horas
Por Rafael Marques de Morais 
FOnte: Maka Angola
Divulgação: Planalto De malanje Rio capôpa
14 de Janeiro, 2014
Os Serviços de Emigração e Estrangeiros interditaram, a 10 de Janeiro, a saída do país da empresária Lídia Amões, de 32 anos.

A interdição, ordenada pela Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP), foi lavrada na sequência de um interrogatório de 11 horas a que, no dia anterior, a DNIAP submeteu Lídia Amões.

Dois dias antes, a directora dos serviços de ginecologia e obstetrícia da Clínica Vida, a médica Eulália Alexandre, emitiu uma declaração sobre a gravidez de risco da empresária, em estado de gestação de seis meses, “com provável patologia cardíaca fetal”. A médica aconselhou a paciente “a ter o seu parto em centro especializado, não disponível no país”, e a embarcar o mais cedo possível.

Segundo soube o Maka Angola, a DNIAP iniciou o interrogatório às 11h30, tendo terminado por volta das 22h30, sem que tivesse sido permitido qualquer intervalo. Apesar de a empresária ter informado sobre o seu estado de saúde, o instrutor do processo, o magistrado Iloutério Lourenço, concedeu-lhe apenas permissão para comer enquanto decorria o interrogatório.

Lídia Amões está a ser investigada por branqueamento e fuga de capitais, corrupção a juíza, usurpação de herança, falsificação de documentos e abuso de confiança.

A Confusão da Herança

A 19 de Janeiro de 2008, morreu o empresário e membro do Comité Central do MPLA Valentim Amões, deixando 20 filhos, seis dos quais do matrimónio com Angélica Chitula Amões, mãe de Lídia Amões. A 27 de Março de 2008, o Tribunal Provincial de Luanda, através da sentença nº 28/08 sobre o processo nº 35/08-B, nomeou Lídia Amões como administradora da herança do seu falecido pai, na sua qualidade de primogénita.

Faz parte do Grupo Valentim Amões um total de 31 empresas, das quais apenas sete se encontram actualmente activas. A Sefa, proprietária da fábrica de Coca-Cola na província do Huambo; a Tropicana, empresa de turismo e hotelaria, a Movimento Rodoviário Nacional, empresa de camionagem, a Iveco, representante da marca de camiões, e a Marinela Comercial, retalhista no interior do país, são algumas das empresas do referido grupo.

Desde a decisão do Tribunal Provincial, os meios-irmãos, representados pelas suas respectivas mães e um padrasto, têm sido denunciantes e testemunhas na luta pela demissão da administradora e pelo controlo do património. O representante do Ministério Público da Segunda Secção do Cível Administrativo do Tribunal Provincial de Luanda, foro onde decorre o processo de partilha da herança, formulou a acusação com base nas suas queixas.

As queixas sobre as quais a empresária está a ser investigada foram inicialmente apresentadas por Angélica Eunice da Silva, mãe de um dos herdeiros, menor. A queixosa é prima directa de Lídia Amões, filha da irmã mais velha de Angélica Chitula Amões, de quem recebeu o nome de baptismo. Angélica Eunice da Silva viveu durante alguns anos em casa da tia, incluindo o período da gravidez e do nascimento do actual herdeiro Délcio da Silva. Esta gravidez e a descoberta do caso terão sido a causa do divórcio de Angélica Chitula e Valentim Amões, em Dezembro de 2006. Quatro anos após a morte de Valentim Amões, em Novembro de 2011, através de testes de DNA, a justiça reconheceu Délcio da Silva como sendo seu filho. O tribunal suspendeu, na altura, o processo de partilha de bens para incluí-lo como herdeiro.

Angélica Eunice da Silva acusou Lídia Amões de se ter locupletado em cerca de oito milhões de dólares, pagos pelo Ministério das Finanças como parte da dívida pública à Marinela Comercial. O extracto da conta da referida empresa, no Banco Espírito Santo (BESA), demonstra que o pagamento foi creditado a 16 de Maio de 2008. No mesmo dia, conforme o documento, o banco amortizou parte da dívida da Marinela Comercial à sua instituição, na altura avaliada em US $19,3 milhões, com o pagamento do Ministério das Finanças.

Noutra acusação, a queixosa alegou que Lídia Amões terá vendido o edifício Ruacaná, situado na província do Huambo, por mais de cinco milhões de dólares, ao Banco BESA. Segundo a acusação, o então presidente do BESA, Álvaro Sobrinho, terá ordenado o levantamento e a entrega dos valores em espécie, sem autorização do BNA, a Lídia Amões. Álvaro Sobrinho foi constituído arguido no mesmo processo.

O edifício pertencia a Faustino Simão, na altura chefe de protocolo do MPLA, tendo o Grupo Valentim Amões agido no negócio apenas na qualidade de intermediário e representante do Banco Espírito Santo, conforme acta lavrada a 19 de Outubro de 2007, assinada, entre outros, por Valentim Amões.

O extracto de conta da empresa Marinela Comercial, verificado pelo Maka Angola, demonstra a realização do pagamento dos US $5,1 milhões pelo BESA, a 01 de Dezembro de 2012. Do mesmo modo, o sistema bancário reteve o pagamento para amortização da dívida da Marinela Comercial ao referido banco, empresa do Grupo Valentim Amões, nessa data avaliada em US $10,3 milhões.

Lídia Amões responde ainda pela acusação, apresentada pela prima, de fuga de capitais. Em Setembro do ano passado, a empresária, na qualidade de crente da Igreja Pentecostal Ministério Fé e Libertação “Igreja da Apóstola Ernestina”, viajou com um grupo de irmãos de fé em peregrinação a Israel. Na queixa formulada por Angélica da Silva, Lídia Amões terá alegadamente entregue a cada um dos 150 fiéis o valor de US $15,000, recuperando imediatamente o dinheiro após aterragem no aeroporto de Telavive, em Israel, num total de US $ 2,250,000.

Na realidade, segundo documento da agência de viagens, que organizou a peregrinação, viajaram apenas 43 fiéis e cada um deles pagou pela sua deslocação.

A 27 de Novembro de 2013, o Tribunal Provincial de Luanda inocentou Lídia Amões da acusação de ter vendido aeronaves pertencentes à Gira-Globo, uma sociedade em que o falecido pai detinha participação.

No acórdão do tribunal sobre o Processo nº 1825/11-A , exclusivo ao caso dos aviões, deu-se como comprovado que houve cessão de exploração de duas das nove aeronaves da Gira-Globo ambas de origem russa (Ilyushin – IL-76, Antonov – AN-32), fabricadas em 1967 e nos anos 80, ao empresário Santos Bikuku, para a sua rentabilização. Estes aviões de tipo IL e AN ficaram conhecidos em Angola como “caixões voadores”, devido ao seu estado obsoleto e à regularidade com que se despenhavam no país. (Valentim Amões morreu a bordo de um King Air B-200, da mesma Gira-Globo, que embateu contra um montanha, no Huambo.)

Durante o julgamento, o Ministério Público pediu a absolvição da ré, por serem infundadas as acusações.

Relativamente ao processo nº 35/08-B, o Tribunal Provincial de Luanda procedeu à partilha do património pessoal do falecido, faltando apenas a divisão das suas participações sociais em vários negócios.

A 5 de Novembro de 2011, cada herdeiro recebeu património avaliado em aproximadamente um milhão de dólares, entre móveis, imóveis e dinheiro.

Entretanto, apesar da sentença do tribunal e contrariando a Constituição angolana (segundo a qual um cidadão não pode ser julgado mais do que uma vez pelos mesmos factos), a DNIAP reabriu o mesmo processo, a pedido de Angélica da Silva, e deu início a novas investigações sobre os “caixões voadores”. Por sua vez, na sequência de um processo instaurado ainda antes da morte de Valentim Amões, o Tribunal Provincial de Luanda penhorou as contas e os restantes sete aviões da Gira-Globo, por acumulação de dívidas a alguns trabalhadores. Os aviões encontram-se na Namíbia, sem uso e com penhora neste país.

A Estratégia da Confusão

A 29 de Agosto de 2013, Paula Salvador, mãe de duas outras herdeiras menores, intentou uma acção para remover Lídia Amões da administração (cabeça-de-casal) do património hereditário junto da 2ª Secção da Sala do Cível e Administrativo do Tribunal Provincial de Luanda, Procuradoria-Geral da República e DNIAP.

Paula Salvador, segundo reza a história da família, era namorada de António Segunda Amões, irmão mais novo de Valentim Amões, , e funcionária do grupo quando engravidou deste último. António Segunda Amões encontrava-se, na altura, a estudar a frequentar um curso na Rússia.

Em reacção, o tribunal suspendeu o processo de partilha das participações societárias detidas pelo falecido em todas as empresas do GVA, para averiguação sobre a veracidade das acusações.

As queixas são basicamente as mesmas de Angélica da Silva e têm como testemunha principal, para ambas, o ex-director da empresa de Camionagem Movimento Rodoviário Nacional, Victor Pili. Este, por sua vez, foi constituído réu pelo Tribunal Provincial de Luanda, em 2012, no processo nº 1839/12-A, por furto, crimes de falsificação de documentos, burla e abuso de confiança no exercício das suas funções no Grupo Valentim Amões. Nesse processo, Lídia Amões é a queixosa. O réu encontra-se em liberdade, sob caução de US $10,000, enquanto as suspeitas de desvios financeiro e material ascendem aos dois milhões de dólares. Na acusação, sob processo nº 317/12-A, de 22 de Novembro de 2012, a Procuradoria-Geral da República, junto da 6ª Secção da Sala dos Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda, promoveu o estabelecimento de uma caução de sessenta milhões de kwanzas (US $600,000) para a manutenção da liberdade provisória de Victor Pili.

Do role de acusações idênticas, apresentadas por diferentes grupos de herdeiros, consta ainda a alegada corrupção da juíza Paula Rangel, por Lídia Amões, com a oferta de uma viatura Suzuki Jimny, avaliado pelas queixosas em US $52,000 dólares. O custo real da viatura no mercado é de US $20,000 a US $25,000. O Conselho Superior da Magistratura instaurou um inquérito contra a juíza Paula Rangel, mas não há informação pública sobre o desfecho do processo. A juíza mantém-se em funções, mas está sob investigação da DNIAP.

Em Outubro passado, enquanto o tribunal competente realizava as investigações, Paula Salvador, com os mesmos argumentos, intentou mais duas acções contra Lídia Amões, uma na DNIAP, outra na Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC).

Paula Salvador acusou também a administradora da herança de ter “oferecido”, sem o consentimento dos herdeiros, a quantia de 3,7 milhões de kwanzas (US $37,800) ao deputado e secretário-geral da juventude do MPLA (JMPLA), Sérgio Luther Rescova.

Segundo um advogado familiarizado com o caso, a DNIAP está a esvaziar as competências do Tribunal Provincial de Luanda, sob tutela do qual decorre a partilha da herança e a fiscalização dos actos da administradora.

“O tribunal é o órgão competente para o efeito, porque tem o poder de fiscalização. Só após verificados indícios de prática de crime, durante a prestação de contas ao tribunal, pode ser despoletado o processo-crime”, explica o advogado.

Por outro lado, o advogado argumenta que, “do ponto de vista legal, os herdeiros não são sócios, mas futuros sócios e, nessa qualidade, não têm direitos presentes.”
Actualmente, Lídia Amões é avalista de mais de US $80 milhões de crédito concedidos pela banca nacional. Em relação ao BESA, o grupo tem um passivo acima de US $40 milhões, segundo dados obtidos pelo Maka Angola.