O fim do percurso inglório de Samakuva e a luta de galos pela sua sucessão
Fonte: AGORA
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
15.03.2014
A morte de Jonas Savimbi, a 22 de Fevereiro de 2002, apanhado de chofre pelo mais dramático dos três cenários ditados pelo seu arqui-rival, abriu uma crise de liderança de que a UNITA ainda não se refez completamente. Tal era a omnipresença do Velho!
Transformada numa manta de retalhos e entre o dilema de movimento guerrilheiro e a transformação em partido político civil, coube primeiro à Comissão de Gestão, capitaneada pelo general Paulo Lukamba Gato, dirigir provisoriamente a UNITA, levando a água para o seu moinho de partido desarmado compulsivamente, com milhares e milhares de desmobilizados por reintegrar nas suas zonas de origem e/ou acolhimento.
Um deficit dos Acordos de Paz por se cumprir! Em 2003, impôs-se a realização de um congresso, para reorganizar o partido fundado por Jonas Savimbi, em 1966, no Muangay, Moxico, e relançar a sua actividade política a nível do país, sobretudo nas áreas urbanas.
O desafio foi assumido pela nova direcção de Isaías Samakuva que, além de bater Gato nas eleições intrapartidárias, derrotaria, copiosamente no congresso seguinte (2007), o seu então apoiante, Abel Chivukuvuku.
Daí até então, a corrente entre ambos nunca mais passou. Animal político quanto baste e que bebe da fonte doutrinária do adversário, procedeu a uma alteração estatutária contra natura para se fazer eleger pela terceira vez como presidente da UNITA, num rasgo que cheira a apego ao poder, postura que critica o partido no poder.
Bloqueados de se fazerem à liderança da UNITA em 2011, Gato mantém a gestão do silêncio, embora seja apontado como o mais sério candidato à sucessão de Samakuva na liderança do Galo Negro.
Já o seu antigo correligionário, Abel Chivukuvuku, militante do partido há 38 anos, cansado da falta de democracia interna nas hostes partidárias verde e vermelha, se decidiu a abalar por sua conta e risco para um novo projecto-político, dando corpo à coligação CASA-CE, que não se revelou um nado-morto em 7 meses de gestação, mas sim a formação política sensação das últimas eleições realizadas a 31 de Agosto de 2012, roubando votos quer à UNITA, como ao MPLA, ao PRS e à FNLA, somando 8 deputados no primeiro round eleitoral em que participou.
Mas, voltando à renhida luta pela liderança da UNITA, nos próximos tempos, esse escaldante dossier promete aquecer, pois, além de Gato e Sakala, tidos como potenciais candidatos, um destacado dirigente do maior partido na oposição já fez ouvir a sua voz desde o ano passado e está apostado em entrar na corrida eleitoral pela sucessão a Samukuva e pela ascensão à presidência do Galo Negro.
Trata-se do famoso general na reforma Abílio Kamalata Numa, antigo secretário- geral do partido e um dos integrantes da então Comissão de Gestão (com Lukamba Paulo "Gato" e Adriano Dachala, o "porte parole") da organização dos maninhos, aquando da morte de Jonas Savimbi.
A ver vamos, se Samakuva não vai novamente mexer nos estatutos para se habilitar a um quarto mandato como em 2011, o que seria a todos os títulos antidemocrático, sendo certo que, não havendo democracia interna no maior partido na oposição ou no partido dominante, não existe democracia no país, em geral, dado que os partidos são a emanação da democracia política e o sustentáculo em termos prático, funcional e efectivo, sendo a recíproca verdadeira: não havendo democracia no país, não há democracia nos partidos.
Aqui chegados, é mister assinalar que, não ocorrendo uma abusiva emenda estatuária, Numa, considerado um líder político-militar, tem caminho aberto para enfrentar os eventuais contendores, no próximo congresso da UNITA e, em caso de vitória, habilitar- -se às eleições parlamentares/presidenciais e, no extremo dos limites, à disputa ao mais Alto Cadeirão da Cidade Alta, tal como os seus oponentes no partido e no resto da oposição, na qual sobreleva a figura do velho companheiro de rota, Abel Epalanga Chivukuvuku, que é uma carta relevante no xadrez político-partidário angolano, sobretudo no seio dos partidos que não governam, de que os maninhos são a locomotiva.
Portanto, os desafios para a UNITA em matéria de uma nova liderança são muitos, um dos quais é fazer eleger um novo líder entre Sakala, Gato e Numa, e não um ilustre desconhecido da massa militante e do eleitorado, em geral, alguns dos quais se fizeram presentes no último conclave. E, para tanto, não basta alardear o estafado argumento da fraude.
Tem de provar no terreno do jogo eleitoral para o que foram convocados pela expectante audiência, democratizando, em primeira instância, o próprio partido do Galo Negro em todas as suas estruturas, inclusive no congresso e, consequentemente, na luta pela sucessão à presidência, sem golpes baixos nem emendas estatutárias serôdias.
Há que jogar limpo!!! Sem cartas do baralho da batota sacadas à última da hora da algibeira, em nome do interesse de um clã bieno ou não, cenário que ameaça esfrangalhar a organização antes liderada por Savimbi, Chiwale, Zau Puna e outros! A velha ou nova liderança tem de pôr à prova este desiderato, para o bem da democracia política, abandonando, definitivamente, a escola da paranóia totalitária do falecido líder, cuja pesada herança era a sua gestão que, à boa moda das sociedades tradicionais arcaicas, assentava numa gerontocracia matrilinear e que não consentia, nem tolerava a salutar contestação interna implicada na democracia partidária.
Mas, como diz o ditado: "Para quem tem sorte até o vento sopra a seu favor". Na verdade, os ventos de 2015 (quando ocorrer o próximo congresso da UNITA), e em 2017 (no próximo pleito eleitoral) são múltiplos e variegados, adivinhando-se cacimbos nada bonançosos, particularmente para Samakuva.
Transformada numa manta de retalhos e entre o dilema de movimento guerrilheiro e a transformação em partido político civil, coube primeiro à Comissão de Gestão, capitaneada pelo general Paulo Lukamba Gato, dirigir provisoriamente a UNITA, levando a água para o seu moinho de partido desarmado compulsivamente, com milhares e milhares de desmobilizados por reintegrar nas suas zonas de origem e/ou acolhimento.
Um deficit dos Acordos de Paz por se cumprir! Em 2003, impôs-se a realização de um congresso, para reorganizar o partido fundado por Jonas Savimbi, em 1966, no Muangay, Moxico, e relançar a sua actividade política a nível do país, sobretudo nas áreas urbanas.
O desafio foi assumido pela nova direcção de Isaías Samakuva que, além de bater Gato nas eleições intrapartidárias, derrotaria, copiosamente no congresso seguinte (2007), o seu então apoiante, Abel Chivukuvuku.
Daí até então, a corrente entre ambos nunca mais passou. Animal político quanto baste e que bebe da fonte doutrinária do adversário, procedeu a uma alteração estatutária contra natura para se fazer eleger pela terceira vez como presidente da UNITA, num rasgo que cheira a apego ao poder, postura que critica o partido no poder.
Bloqueados de se fazerem à liderança da UNITA em 2011, Gato mantém a gestão do silêncio, embora seja apontado como o mais sério candidato à sucessão de Samakuva na liderança do Galo Negro.
Já o seu antigo correligionário, Abel Chivukuvuku, militante do partido há 38 anos, cansado da falta de democracia interna nas hostes partidárias verde e vermelha, se decidiu a abalar por sua conta e risco para um novo projecto-político, dando corpo à coligação CASA-CE, que não se revelou um nado-morto em 7 meses de gestação, mas sim a formação política sensação das últimas eleições realizadas a 31 de Agosto de 2012, roubando votos quer à UNITA, como ao MPLA, ao PRS e à FNLA, somando 8 deputados no primeiro round eleitoral em que participou.
Mas, voltando à renhida luta pela liderança da UNITA, nos próximos tempos, esse escaldante dossier promete aquecer, pois, além de Gato e Sakala, tidos como potenciais candidatos, um destacado dirigente do maior partido na oposição já fez ouvir a sua voz desde o ano passado e está apostado em entrar na corrida eleitoral pela sucessão a Samukuva e pela ascensão à presidência do Galo Negro.
Trata-se do famoso general na reforma Abílio Kamalata Numa, antigo secretário- geral do partido e um dos integrantes da então Comissão de Gestão (com Lukamba Paulo "Gato" e Adriano Dachala, o "porte parole") da organização dos maninhos, aquando da morte de Jonas Savimbi.
A ver vamos, se Samakuva não vai novamente mexer nos estatutos para se habilitar a um quarto mandato como em 2011, o que seria a todos os títulos antidemocrático, sendo certo que, não havendo democracia interna no maior partido na oposição ou no partido dominante, não existe democracia no país, em geral, dado que os partidos são a emanação da democracia política e o sustentáculo em termos prático, funcional e efectivo, sendo a recíproca verdadeira: não havendo democracia no país, não há democracia nos partidos.
Aqui chegados, é mister assinalar que, não ocorrendo uma abusiva emenda estatuária, Numa, considerado um líder político-militar, tem caminho aberto para enfrentar os eventuais contendores, no próximo congresso da UNITA e, em caso de vitória, habilitar- -se às eleições parlamentares/presidenciais e, no extremo dos limites, à disputa ao mais Alto Cadeirão da Cidade Alta, tal como os seus oponentes no partido e no resto da oposição, na qual sobreleva a figura do velho companheiro de rota, Abel Epalanga Chivukuvuku, que é uma carta relevante no xadrez político-partidário angolano, sobretudo no seio dos partidos que não governam, de que os maninhos são a locomotiva.
Portanto, os desafios para a UNITA em matéria de uma nova liderança são muitos, um dos quais é fazer eleger um novo líder entre Sakala, Gato e Numa, e não um ilustre desconhecido da massa militante e do eleitorado, em geral, alguns dos quais se fizeram presentes no último conclave. E, para tanto, não basta alardear o estafado argumento da fraude.
Tem de provar no terreno do jogo eleitoral para o que foram convocados pela expectante audiência, democratizando, em primeira instância, o próprio partido do Galo Negro em todas as suas estruturas, inclusive no congresso e, consequentemente, na luta pela sucessão à presidência, sem golpes baixos nem emendas estatutárias serôdias.
Há que jogar limpo!!! Sem cartas do baralho da batota sacadas à última da hora da algibeira, em nome do interesse de um clã bieno ou não, cenário que ameaça esfrangalhar a organização antes liderada por Savimbi, Chiwale, Zau Puna e outros! A velha ou nova liderança tem de pôr à prova este desiderato, para o bem da democracia política, abandonando, definitivamente, a escola da paranóia totalitária do falecido líder, cuja pesada herança era a sua gestão que, à boa moda das sociedades tradicionais arcaicas, assentava numa gerontocracia matrilinear e que não consentia, nem tolerava a salutar contestação interna implicada na democracia partidária.
Mas, como diz o ditado: "Para quem tem sorte até o vento sopra a seu favor". Na verdade, os ventos de 2015 (quando ocorrer o próximo congresso da UNITA), e em 2017 (no próximo pleito eleitoral) são múltiplos e variegados, adivinhando-se cacimbos nada bonançosos, particularmente para Samakuva.