segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

LUANDA: A Verdade Sobre a Condenação Fascista do Ativista Nito Alves

A verdade sobre a condenação fascista de Nito Alves - John Santana

Fonte: Club-k.net

Forçado pela ditadura, a declarar contra o filho
A equipa de agentes da PIDE-DGS (entenda-se, juízes e procuradores) entraram e a audiência começou.
Depois de ouvidos outros declarantes, foi a vez de Fernando Baptista, pai de Nito Alves. Chamado para depor sobre a suposta existência de dois registos civis do filho e consequente acusação de possuir uma falsa identidade e ainda de ter alterado o registo anterior sem a devida solenidade. Se houve alteração de identidade, uma questão impõe-se: “Onde está o funcionário dos registos que alterou e porque não foi constituído arguido? Temos aqui mais um embuste!

O tribunal ao convocar o pai do arguido para depor, viola o princípio e a lei que estabelecem claramente que ascendentes e descendentes próximos, não podem depor quando seus familiares estão na condição de acusados de qualquer crime. Consciente desta prerrogativa, o pai do arguido, ousou exercê-la, como o leitor poderá notar a seguir.

O juiz, Januário Domingos (conhecido como agente dos Serviços Secretos), chamou o senhor Fernando Baptista e começou o interrogatório:
— Você é o pai de Nito Alves? — questionou inquisitivamente o juiz. — Houve um silêncio de alguns segundos. — Notava–se desconforto da parte do inquerido.
A sala focava os olhares sobre o pai que está a ser forçado pela ditadura, a declarar contra o filho, para a concretização de uma condenação pré-determinada pelo tirano à partir do palácio. O silêncio do inquerido estendeu-se para toda a sala.

— Sou o pai de dele sim! — o hiato causado pelo silêncio foi quebrado pela resposta simples, mas que levaria aos intentos da farsa judicial. — Trouxe a descompressão na sala, por parte daqueles que estavam preocupados com o bom desempenho de Fernando Baptista. A audiência sabia que nada que fosse dito salvaria a pele do filho, mas pelo menos para salvaguardar a honra do inquirido.

— Você o registou e onde? — perguntou Januário Domingos. — Com um sorriso e olhar de escárnio. Ao mesmo tempo virou o seu olhar para o seu par ao lado esquerdo e segredou…!
— Registei-o e fi-lo no Huambo — respondeu tranquilamente Fernando Baptista.

— O juiz continuou: — E quais foram os procedimentos? Onde foi registado concretamente?
— Senhor juiz, não posso depor contra o meu filho! — afirmou o inquirido. — A resposta elevou a arrogância e a brutalidade do juiz, no tom de voz contra o declarante.
— Como assim?! — exclamou o juiz

SILÊNCIO SEPULCRAL.
Pareceu que o convencimento do juiz sobre a sua autoridade e em consequência, ninguém ousaria rejeitar-lhe uma resposta, levou-o a irritar-se claramente! — Continuou o juiz. — Olha senhor… você não é o pai?!
— Eu não posso depor contra o meu filho — reafirmou a vítima da infâmia. — Diante de tal confirmação, os presentes na sala começaram à olhar-se e a cochichar.

— … não podes afirmar aquilo que prejudique o seu filho — prosseguiu o juiz. — Mas neste caso, o tribunal quer simplesmente que você esclareça algumas questões simples…
Entre os arguidos haviam reclamações!

— Na ditadura as pessoas não podem prever o que prejudica ou não os filhos em tribunal, no momento de depor — sussurrou um dos dezasseis réus.

— Alguma vez o senhor respondeu um interrogatório da polícia? — perguntou o juiz. — Pressionando com insistência. Usando e abusando da autoridade draconiana que a tirania lhe confere, mesmo ante a negação do declarante. — VOCÊ TEM DE RESPONDER — Insistiu o juiz. — Num tom ameaçador e intimidatório, prosseguiu. — Aqui só o réu pode manter-se calado. Os declarantes devem colaborar com a justiça!

— Mas eu sou o pai — disse … —. Nesta condição, nem sequer o tribunal poderia convocar-me.
— RESPONDE POR FAVOR— gritou o juiz.
— Nunca fui ouvido pela polícia— respondeu Baptista.

Os advogados olharam-se perplexos! Os do lado direito (Luís do Nascimento e Mariza Borges), faziam sinais dirigidos para os dois advogados do lado oposto. Talvez para que reagissem aos abusos e violações da lei por parte do juiz, e a humilhação contra o depoente.

— Meritíssimo, de acordo com a lei os pais e filhos não podem depor contra os seus … — asseverou o advogado Luís do Nascimento. — Pelo que o senhor Baptista está certo, como reza o artigo …. do código …

O juiz ignorou absolutamente o alerta do advogado e prosseguiu com o seu abuso de poder.

— Permita-me Meritíssimo — interveio o Digníssimo Representante do Ministério Público. — O senhor Baptista afirmou aqui neste tribunal, que nunca prestou declarações à Procuradoria Junto dos Serviços de Investigação Criminal (PSIC). — Isto é uma inverdade! Uma das peças constantes no processo é o depoimento que o aqui declarante deu na fase de instrução preparatória!

Para sustentar a afirmação da procuradoria, o coletivo de juízes começou a revirar o processo com vista à localizar o depoimento de Baptista.
— Está em folhas 2211 — intrometeu-se o escrivão. — Foi curioso, mas nada surpreendente, de como as “peças humanas” ao serviço da ditadura, estão em sintonia. Inclusive o escrivão auxilia na condução que visa queimar as vítimas.

— Muito bem Garcia — agradeceu o juiz. — Com um rosto de triunfo. Talvez estivesse a pensar: “Apanhei a presa”.
Entre os réus houve cochichos. Um afirmou: “O escrivão conhece tão bem o processo que dá-se ao luxo de arbitrar parcialmente o julgamento.”

— Aqui está o depoimento do senhor… — afirmaram em coro, o juiz presidente da causa e o procurador. — Estavam perfeitamente alinhados. Não há dúvida que há sintonia. Em tese, a procuradoria é parte interessada (assim como a defesa) e o tribunal é árbitro, mas na tirania, o quadro é totalmente ao contrário!

— Meritíssimo — interrompeu e pediu a palavra um dos advogado do extremo esquerdo.
— Tem a palavra — autorizou o juiz.
— Senhor Baptista — disse o advogado. — Você conhece a realidade em que encontramo-nos. Responde as perguntas pela via mais simples: sim e não!
O depoente corou diante das palavras do advogado. Incrédulo. Manteve-se em silêncio!!

Sussurros entre os réus… como pode o advogado pedir isto… isto é ilegal… Oh, oh, oh… olha em que pé está este país… república das bananas… isto deixou de ser país meu…!

— O comportamento do senhor Baptista configura um crime — disse o juiz. — Isto é desacato à autoridade. Desobediência, ao não colaborar com a justiça. — E prosseguiu.— Mas por hoje fica assim. Vamos consignar a sua brevíssima narrativa em acta.

As mulheres e homens de boa vontade e coração puro que assistiam a audiência, pareciam respirar de alívio, em virtude do fim da tortura verbal e toda humilhação do juiz contra o declarante.

— Perguntado — disse o juiz — Se já alguma vez, prestou declarações para a procuradoria, o respondente afirmou negativamente. — Nito Alves interrompeu dizendo: — “Meu pai não disse isso.” — Prosseguiu. — A pergunta que lhe foi colocada era, se já alguma vez ouviram-no pela polícia e é normal que respondesse, não. Porque nunca. Quanto a procuradoria, sim. Mas não foi isto que lhe foi questionado!

O ambiente na sala era tenso depois da intervenção de Nito. Muita apreensão por parte de alguns. Os juízes e o procurador mexiam-se num claro mal-estar.

— Retirem este senhor da sala — reagiu imediatamente o juiz presidente. — Onde está a polícia. Ordeno que coloquem-no na cela. Agora!!

— Este julgamento é uma palhaçada — julgou Nito. — Não temo pela minha vida!

— Senhor juiz — disse o pai de Nito Alves. — Respondi que nunca fui ouvido pela polícia, porque julgo que a procuradoria é distinta da polícia.

— Mas o senhor foi ouvido pelo Procurador junto dos Serviços de Investigação Criminal (PSIC) — respondeu o juiz.— É a mesma coisa. É polícia.

— Meritíssimo — disse o procurador.— Este comportamento requer julgamento sumário "hic et nunc". O réu aqui presente deve ser julgado por injúria ao tribunal, por perturbação ao tribunal e a prossecução dos trabalhos.

Na sala, algumas pessoas reclamavam em cochichos. Mas onde está a perturbação? Este piolho não sabe o sinónimo de perturbação. Esta frase configura perturbação? Nota-se claramente que o procurador tem o coração tão feio quanto a sua cara! Beiçudo! Mas também só cumprem ordens do príncipe. Numa altura em que se aproxima o fim da prisão domiciliária (dia 18 de Fevereiro), interessa-lhes estes julgamentos sumários e consequentes condenações.

— Meritíssimo — disse o escrivão. — A acta está pronta.

— Certo. Vamos assinar — Ordenou o juiz. — Em seguida vamos ao julgamento sumário deste senhor. — Prosseguiu. — Pelo que, o requerimento do Digno Representante do Ministério Público está deferido.

Depois dos intervenientes ao julgamento assinarem a acta, o juiz decidiu que se evacuasse a sala.

— … não se pode evacuar a sala — inferiu o escrivão. — Porque o reu tem o direito de indicar testemunhas.

— Sim doutor Garcia — assentiu o juiz. — Indica suas suas testemunhas.

— Todos nesta sala são minhas testemunhas — disse o reu. — Sem temor!

Pisando mais uma vez o império da lei, a dignidade humana e os princípios básicos de um julgamento justo, o juiz “enxotou” todos, com excepção do advogado, escrivão, procurador e os agentes dos serviços de informação (seus colegas) que estão permanentemente na sala.

Simulou mais um julgamento. E bateu o martelo de chumbo, ao serviço da manutenção do poder principesco! Parece importante lembrar, que a lei obriga que uma pena de seis meses, deve ser convertida em multa.

LUANDA: 15+2: "Nunca Irei ao Tribunal Carnavalesco" Diz o Antigo Primeiro Ministro Marcolino Moco


15+2: “Nunca irei ao tribunal carnavalesco” - Marcolino Moco


Fonte: www.marcolinomoco.com
Acabo de saber, pelo jornalista Paulo Sérgio do “jornal o País”, a quem, a seu pedido, concedi uma breve entrevista, que o meu nome apareceu num suposto edital do Jornal de Angola, de que não se precisou o dia, para me apresentar amanhã, no Tribunal de Luanda e depor sobre a minha menção no fantasmagórico “governo de salvação nacional”.

Por enquanto e tendo em conta as parâmetros editoriais desse jornal (O Pais, de cujos donos todos temos uma vaga ideia), limitei-me a invocar razões físicas e formais para não comparecer no mencionado tribunal, amanhã: é que não me encontro em Luanda e, por outro lado, não aceitaria de nenhum modo o facto de ser “notificado” através de um jornal quando não foram esgotados os meios apropriados de fazê-lo. Na verdade, até a altura em que o jornalista me entrevista, telefonicamente, e, ainda agora, não tenho conhecimento de qualquer notificação pela autoridade competente, tanto na minha residência, em Luanda, como no meu escritório, registado na Ordem dos Advogados.

Porém, tenho razões mais substantivas para nunca comparecer ao referido tribunal para o alegado depoimento, a não ser por coação física, evitando, se possível, que seja torturado como aconteceu com pessoas que, sendo mais jovens, eram mais resistentes, fisicamente, do que eu.

Estou convencido que até leigos na matéria do Direito, já constataram que este chamamento abusivo e manipulado é uma forma mais, para se arrastar o sofrimento de pessoas que foram detidas ilegalmente, tiveram uma série de dias em prisão preventiva com ilegalidades sucessivas e encontram-se agora em prisão domiciliária “atípica”, como muitas coisas atípicas que têm acontecido no nosso país, alguns anos para cá.

Não estou disposto a participar na “carnavalização da justiça” que temos vivido, sobre tudo quando está em jogo o sofrimento de pessoas, em tempo de paz e democracia para as quais tenho contribuído.

Nas boas faculdades de Direito não aprendemos a sobrevalorizar a justiça formal em relação à substantiva, assim como não aprovamos silogismos em que possamos concluir, por exemplo que, porque a árvore respira, tal como o homem o faz “então a árvore é homem” ou “ … o homem é arvore”.


Na minha opinião, todos aqueles que se encontram na mesma situação que a minha (excepto, provavelmente, o Dr. Alberto Pedro) deviam recusar-se a participar neste arrastamento de um processo que pouco tem de judicial mas mais de injustamente politico.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

LISBOA: União Europeia Questiona Negócios de Isabel dos Santos em Portugal - LUSA/ESPRESSO

União Europeia Questiona Negócios de Isabel dos Santos em Portugal

Fonte:LUSA/Expresso14 de Fevereiro de 2016

A sede da Comissão Europeia em Bruxelas, na Bélgica.
A Comissão Europeia (CE) questionou as autoridades portuguesas sobre a venda de 66,1% da Efacec à empresária angolana Isabel dos Santos, no âmbito da legislação europeia de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.
De acordo com uma nota a que a Lusa teve hoje acesso e datada de quinta-feira, no passado dia 05 de Fevereiro a comissária europeia Vera Jourova informou os eurodeputados do Intergrupo do Parlamento Europeu sobre Integridade e Transparência, Corrupção e Crime Organizado, que a Comissão questionou Portugal sobre “a conformidade da compra da empresa portuguesa Efacec por Isabel dos Santos, filha do presidente angolano José Eduardo dos Santos”.
Em Outubro de 2015, os deputados enviaram para a Comissão Europeia (CE), a Autoridade Bancária Europeia (ABE) e o Grupo de Ação Financeira (GAFI) uma carta a solicitar a investigação sobre a legalidade da compra da Efacec por Isabel dos Santos e dirigiram uma pergunta ao Banco de Portugal (BdP) a este propósito, refere a nota.
De acordo com as regras da União Europeia, as entidades portuguesas, nomeadamente as instituições financeiras envolvidas na operação, “têm o dever legal de executar diligência reforçada sobre quaisquer operações que envolvam Pessoas Politicamente Expostas (PEP na sigla inglesa) - ou seja, o dever de estabelecer a origem dos fundos de PEP estrangeiros, ter uma imagem clara de como o PEP adquiriu a riqueza, de forma geral, ou para o negócio particular em que estão envolvidos”, refere o documento.
Os eurodeputados tinham pedido ao Banco Central Europeu (BCE), à CE e à ABE, enquanto agentes da supervisão da integridade do sistema financeiro europeu, para determinarem se o BdP - a autoridade de supervisão nacional - e as instituições financeiras em causa estariam a cumprir a legislação europeia no que respeita a esta aquisição, bem como a outras participações significativas de Isabel dos Santos em empresas em Portugal, particularmente, no sector dos petróleos, através da Galp, na banca, através do BPI e do BIC, e em telecomunicações, através do operador NOS, bem como em outros investimentos imobiliários.
No passado dia 28 de Dezembro de 2015, o BdP afirmou que, de acordo com a sua abordagem de supervisão e leis aplicáveis, não tem poderes para suspender ou bloquear a execução das operações financeiras concretas destinadas a adquirir ou aumentar a participação numa determinada empresa, salientando que a sua ação fiscalizadora "necessariamente consiste numa abordagem baseada no risco, cuja natureza periódica, corrente e preventiva é incompatível com o controlo ‘a priori’ de operações financeiras concretas".
No que diz respeito à compra da Efacec, o regulador assinala, numa carta enviada a Bruxelas, “que tomou medidas de supervisão que entendeu convenientes para obter informações detalhadas sobre se os bancos que financiaram a operação cumpriram com as medidas preventivas prescritas no quadro da prevenção do branqueamento de capitais”, acrescentando que “procedeu à verificação da origem dos fundos próprios envolvidos nessa aquisição e de que o seu financiamento foi aprovado com base numa análise sólida e procedimentos de risco adequados".
A venda de 66,1% da Efacec Power Solutions (EPS) pelos grupos José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves à empresária angolana Isabel dos Santos foi concluída a 23 de Outubro último.
A Efacec Power Solutions agrupa as atividades centrais do grupo Efacec, que inclui a energia, com transformadores, aparelhagem, automação e mobilidade elétrica, e engenharia, registando um volume de negócios de cerca de 500 milhões de euros anuais, tem uma equipa de 2.500 colaboradores e actividade em 80 países.
Os grupos José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves são os acionistas minoritários da EPS, através da sociedade MGI capital.

LISBOA: Comissão Europeia Questiona Portugal Sobre Compra da Efacec Por Isabel dos Santos

Comissão Europeia questiona Portugal sobre compra da Efacec por Isabel dos Santos

Lisboa - A comissária europeia da Justiça, Vera Jourová, pediu às autoridades portuguesas para verificarem se as regras de prevenção de lavagem de dinheiro foram cumpridas na venda de 65% da Efacec Power Solutions a Isabel dos Santos, filha do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, por €195 milhões em outubro de 2015, com recurso a empréstimos de quatro bancos nacionais, incluindo a CGD, de capitais públicos.

Fonte: Expresso
14/03/2016
A empresária é considerada uma pessoa politicamente exposta (PEP), o que faz com que as entidades financeiras e não financeiras de qualquer Estado-membro da União Europeia que estabeleçam relações comerciais com ela tenham de aplicar um conjunto de deveres de diligência reforçada, de forma a verificar se o dinheiro envolvido nessas atividades não tem uma origem ilegítima.

Numa carta enviada a 5 de fevereiro ao Intergrupo do Parlamento Europeu sobre Integridade e Transparência, Corrupção e Crime Organizado, de que faz parte a socialista Ana Gomes, a comissária Vera Jourová garante que os serviços que tutela “vão prestar a devida atenção” a uma série de documentos financeiros enviados pelos eurodeputados e que dizem respeito aos últimos beneficiários das sociedades usadas para comprar a empresa portuguesa.

“Dada a seriedade das vossas alegações e a sua natureza relevante dentro do quadro legal do branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo”, sublinha a comissária europeia na carta, “chamámos a atenção das autoridades portuguesas. É de facto importante clarificar esta situação, em particular no que diz respeito a poder haver indícios de que não foram respeitadas as regras comunitárias sobre branqueamento de capitais, e que estão vertidas na lei portuguesa”. Vera Jourová não identifica, no entanto, que entidades em Portugal foram contactadas pelo seu gabinete.

Em dezembro, Ana Gomes e os outros três membros do grupo anticorrupção do Parlamento Europeu remeteram para Jourová cópias obtidas em vários países dos registos comerciais das sociedades que representaram os interesses de Isabel dos Santos no negócio da Efacec Power Solutions.

Os documentos, a que o Expresso teve acesso, provam uma participação antecipada da ENDE, empresa pública angolana de distribuição de eletricidade, diretamente controlada pelo Governo de José Eduardo dos Santos.

A compra da Efacec foi assumida pela Winterfell Industries Limited, sociedade instrumental criada em Malta em janeiro de 2015 que começou por ter 100% do seu capital social nas mãos de uma outra sociedade instrumental aberta anos antes na Zona Franca da Madeira, a Niara Holding SGPS, Lda. Esta é dominada por Isabel dos Santos mas participada também por uma companhia incorporada em 2010 em Chipre, a Carana Management Ltd., cujos registos não identificam quem são os seus beneficiários. Em relação à ENDE, a empresa pública angolana comprou 40% das ações da Winterfell em junho de 2015, dois meses antes de José Eduardo dos Santos ter emitido, a 18 de agosto, um despacho presidencial dando autorização para que isso acontecesse.


Isabel dos Santos foi o sexto caso de corrupção no mundo mais votado na campanha Unmask the Corrupt, da organização não-governamental Transparency International, e cuja votação online terminou esta quarta-feira.

LISBOA: Eurodeputada Marisa Matias Considera Prisão do Ativista Nito Alves "Um Excesso Desnecessário"

Marisa Matias considera prisão do ativista Nito Alves "um excesso"

Fonte: LUSA
Marisa Matias considera prisão do ativista Nito Alves "um excesso"
O Tribunal de Luanda que julga 17 jovens ativistas notificou declarantes para estarem presentes no julgamento, sucessivamente suspenso por falta de testemunhas, recorrendo a editais publicados no Jornal de Angola, inclusive um homem detido em Cabinda há meses.
"Não gosto de misturar justiça com política, mas aqui estamos a falar claramente de uma questão de direitos humanos e, tendo em conta aquilo que prevê a lei angolana, há um excesso aplicado a Nito Alves e que não está vinculado ao que prevê a própria lei", disse à Lusa a eurodeputada do Bloco de Esquerda a propósito da prisão do ativista, que se encontra detido na prisão de Viana, em Luanda.
Na segunda-feira passada, Manuel Chivonde Baptista Nito Alves, do grupo de ativistas angolanos, em prisão domiciliária, acusados de atos preparatórios de rebelião, foi condenado sumariamente a seis meses de prisão efetiva na cadeia de Viana, Luanda, pelo crime de injúrias aos magistrados.
"Não temo pela minha vida, este julgamento é uma palhaçada", expressou Nito Alves durante a sessão de julgamento do caso dos 15 jovens ativistas, em prisão domiciliária, e duas outras rés, que respondem em liberdade às acusações de atos preparatórios de rebelião e de atentado contra o Presidente da República.
Marisa Matias e Ana Gomes, eurodeputada do PS, elaboraram uma resolução sobre o processo dos ativistas e que foi aprovada em setembro de 2015 no Parlamento Europeu e seguem o julgamento que decorre no Tribunal Provincial de Luanda.
"Vamos continuar a acompanhar. A questão dos direitos humanos não é uma questão de ingerência em matéria de governação de um país. A violação dos direitos humanos é inaceitável seja em que país for e Angola não é exceção", sublinhou Marisa Matias, acrescentando que também a diplomacia portuguesa deve ter presente o caso.
"Portugal, do ponto de vista das relações diplomáticas e das relações que tem com o país deve considerar a questão dos direitos humanos como uma questão fundamental. Não se trata de ingerência, trata-se de fazer cumprir, no quadro do direito internacional, aquilo que está preconizado assim como aquilo que está preconizado na própria legislação do país", afirmou ainda Marisa Matias.
Para a eurodeputada Ana Gomes, a condenação sumária de Nito Alves foi uma penalização "absolutamente excessiva, desproporcionada e abusiva" relativamente a um arguido que se encontra em condições que apontou como muito difíceis e que fez um comentário que é partilhado por muita gente: "que, de facto, o julgamento está a ser uma farsa".
Ana Gomes disse à Lusa que a situação de Nito Alves merece uma atenção particular porque, acrescentou, já por várias vezes o jovem ativista foi alvo de violência seletiva e de medidas seletivas que, frisou, não abonam a favor das entidades judiciais e prisionais angolanas.
"Há uma atuação por parte de um responsável judicial que, possivelmente, procura agradar ao poder executivo e que atua de uma forma desproporcionada. Além do mais, já li que o jovem Nito Alves teria sido agredido na cadeia de Viana. Ele, de resto, já identificou o agressor", afirmou Ana Gomes.
"Trata-se de um incidente que ocorre no quadro de um julgamento que, como foi dito por Nito Alves, parece uma farsa. A Justiça não precisa de o ser, apenas precisa de o parecer, e em Angola não parece Justiça", acrescentou a eurodeputada socialista.
Na segunda-feira, o juiz Januário Domingos, do Tribunal Provincial de Luanda, além da condenação a prisão efetiva condenou Nito Alves ao pagamento de 50 mil kwanzas de taxa de justiça, por "ofender, depreciar ou tratar pejorativamente o tribunal".
As palavras sobre o julgamento foram proferidas no momento em que era questionado o declarante Fernando Baptista, pai de Nito Alves.
O ativista foi detido no mês de junho do ano passado e regressou à cadeia na semana passada depois de 51 dias de prisão domiciliária, após a entrada em vigor da nova Lei de Medidas Cautelares em Processo Penal, a 18 de dezembro de 2015.
Na sexta-feira, Sílvia Norte investigadora e consultora da Amnistia Internacional para Angola disse à Lusa que a condenação de Nito Alves foi uma pena dura e excessiva.
Para Sílvia Norte, o tribunal de Luanda, em relação a Nito Alves, tinha a possibilidade legal de pedir ao arguido para mudar o comportamento e, se o arguido repetisse o mesmo comportamento, o juiz tinha ainda a possibilidade de ordenar que fosse retirado da sala e dar seguimento ao julgamento.
"O ativista Nito Alves é acusado do crime de injúria e seguidamente foi condenado a pena de prisão. A Amnistia Internacional considera que é uma pena dura, excessiva e inadequada à luz da lei angolana, uma vez que a lei prevê outras medidas menos onerosas nestas circunstâncias", disse à Lusa a mesma responsável da organização internacional de defesa de direitos humanos.

LISBOA: Ana Gomes Considera Prisão do Angolano Nito Alves Excessiva em "Julgamento Farsa" Fonte LUSA

Ana Gomes considera prisão do angolano Nito Alves excessiva em "julgamento farsa"

fonte: LUSA

domingo, 14 fevereiro 2016 

Ana Gomes considera prisão do angolano Nito Alves excessiva em "julgamento farsa"
A eurodeputada socialista Ana Gomes afirmou hoje à Lusa que a condenação do ativista angolano Nito Alves a seis meses de prisão efetiva foi excessiva e aconteceu num julgamento que "parece uma farsa".
"Trata-se de um incidente que ocorre no quadro de um julgamento que como foi dito por Nito Alves parece uma farsa. A Justiça não precisa de o ser, apenas. Também precisa de o parecer e, em Angola, não parece Justiça", disse Ana Gomes quando questionada pela situação do ativista angolano que se encontra detido na cadeia de Viana, em Luanda.
Na segunda-feira, o arguido Manuel Chivonde Baptista Nito Alves, do grupo de ativistas angolanos, em prisão domiciliária, acusados de atos preparatórios de rebelião, foi condenado sumariamente a seis meses de prisão efetiva na cadeia de Viana, Luanda, pelo crime de injúrias aos magistrados.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

HUAMBO: Advogado David Mendes Foi Ameaçado de Morte na Provincia Angolana do Huambo

Advogado David Mendes foi ameaçado de morte no Huambo

Ameaças foram reveladas em tribunal no julgamento de Julino Kalupeteka
David Mendes
David Mendes

Fonte: Redacção VOA
O advogado David Mendes revelou em pleno tribunal no Huambo que foi alvo de ameaças à sua vida o que na semana anterior o tinha forçado a deixar aquela cidade.
David Mendes ameasçado de morte no Huambo - 2:20
Mendes falava Sexta -feira em tribunal nas declarações finais do dirigente religioso Julino Kalupeteka que juntamente com nove dos seus seguidores é acusado de homicídio qualificado de nove polícias a 16 de Abril de 2015, desobediência à ordem e posse ilegal de armas.
Durante as declarações finais David Mendes disse que mesmo antes do julgamento começar “um oficial da investigação criminal” tinha-lhe dito para “ter cuidado”.
“A minha resposta foi de que estou comprometido com o país e não com pessoas”, disse o advogado ao tribunal.
David Mendes disse depois que na Sexta-feira anterior (5 de Fevereiro) os advogados de defesa tiveram que “ir embora porque fomos ameaçados aqui no Huambo”, não podendo nesse dia comparecer no tribunal.
“Que estado é este meritíssimo juiz que os advogados por assumirem a defesa de um cidadão correm risco de vida,?,interrogou Mendes
“Que estado é este?”, frisou.
Nas alegações finais do julgamento o procurador franciso Henriques disse que Kalupeteka e os seus seguidores tinham desobedecido á lei e tinham preparado machados facas e mocas para atcaar os inimigos da seita.
O advogado David Mendes fez notar que os agentes da polícia tinham chegado ao acampamento no monte Sume sem mandado de captura e encapuçados sem qualquer forma de identificação.
David Mendes disse ainda que tinha havido uma clara intensão de se esconder o que na verdade se passou de verdade no Monte sume
O julgamento continua na segunda-feira com os quesitos finais
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