terça-feira, 23 de maio de 2017

LUANDA: Khmer Vermelhos e Pol Pot, MPLA, e Eduardo dos Santos

KHMER VERMELHOS E POL POT, MPLA E EDUARDO DOS SANTOS


china

Uma delegação das Forças Armadas de Angola, dirigida pelo chefe do Estado-Maior General adjunto para a Educação Patriótica, General Egídio de Sousa e Santos, visitou hoje a Rádio Nacional da China. Fará sentido, 42 anos depois da independência, 15 após a paz total, falar-se de “educação patriótica”? Se na Coreia do Norte faz sentido, em Angola também faz, considera certamente o MPLA.

Por Orlando Castro
Ochefe do Estado-Maior General adjunto das Forças Armadas Angolanas (importante: para Educação Patriótica), general Egídio de Sousa Santos “Disciplina”, explica tudo.
Ou seja, devido à sua posição geoestratégica e às suas potencialidades em recursos naturais, Angola tem sido alvo de várias tentativas de desestabilização através do incentivo – escreveu em tempos a Angop – “de reformas correntes à desobediência e desacatos às autoridades legalmente instituídas”.
O general fez estas afirmações quando, em 2015, discursava na abertura do 6º curso de estratégia e arte destinado a oficiais generais e almirantes das Forças Armadas Angolanas.
Será então de concluir, ou não fosse o general Egídio de Sousa Santos “Disciplina” responsável pela “Educação Patriótica”, que por exemplo os nossos jovens activistas se inserem nessa monumental e poderosa tentativa de desestabilização.
De acordo com o oficial general, neste “sentido deve-se prestar maior vigilância a estes cenários para não permitir que a paz duramente conquistada à custa do suor e sangue de muitos filhos da pátria seja perturbada”.
Está bem visto. Provavelmente os jovens activistas (e não só eles) estariam, para além de um golpe de Estado, a preparar-se para a guerra, pondo a paz, “duramente conquistada à custa do suor e sangue de muitos filhos da pátria”, em causa.
O curso de “de estratégia e arte” enquadra-se nas perspectivas e estratégias de formação definidas pelo comando superior das Forças Armadas Angolanas e materializadas pelo Estado Maior General por intermédio dos seus órgãos de ensino militar.
“Esta formação marca uma etapa importante no âmbito da implementação da directiva do Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas, José Eduardo dos Santos, que prevê um conjunto de tarefas concretas na perspectiva «Angola 2020», nas quais se destaca a formação contínua dos quadros a todos os níveis como premissa fundamental para a modernização da instituição castrense”, explicou o general das FAA.
“Todavia, o sucesso de qualquer formação depende em última instância do engajamento efectivo que cada discente tiver no estudo das matérias que forem ministradas, além do factor coabitação entre docentes, discentes, conteúdo, métodos de ensino e aprendizagem”, afirmou o general Egídio de Sousa Santos “Disciplina”, justificando a cada vez maior necessidade de reeducar os angolanos. Sobretudo, ou exclusivamente, os que teimam em pensar pela própria cabeça.
Egídio de Sousa Santos “Disciplina” afirmou estar convicto de que as Forças Armadas Angolanas “estão no bom caminho no concernente à formação, produzindo valores que possam enobrecer as estruturas de ensino militar, a instituição castrense, e o país em geral no contexto interno e externo em última instância, o soldado que constitui a unidade de um todo que são as Forças Armadas Angolanas”.
Espera-se também que, para a completa segurança e desenvolvimento do país, os participantes bebam os “Princípios fundamentais e bases ideológica do MPLA”, e se inspirem – por exemplo – no “Discurso do Presidente José Eduardo dos Santos na abertura do VI Congresso do partido”.
Com quase 42 anos de independência, 15 depois da paz, a estrutura militar angolana continua a trabalhar à imagem e semelhança dos Khmer Vermelhos de Pol Pot.
Espera-se igualmente que este ano, por haver eleições, os militares não se esqueçam, como fez em Setembro de 2009 o substituto do comandante da Região Militar Norte para Educação Patriótica do MPLA, Coronel Zeferino Sekunanguela, de enaltecer o contributo do primeiro presidente de Angola, António Agostinho Neto na luta de libertação nacional e, é claro, no 27 de Maio de 1977…
O oficial superior da tal “Educação Patriótica”, que falava na palestra sobre “Vida e obra de Doutor Agostinho Neto”, disse nessa altura que Agostinho Neto foi o Fundador do movimento nacionalista, da Nação angolana e contribuiu para a luta de libertação nacional.
Assim sendo, “Educação Patriótica” é sinónimo do culto das personalidades afectas ao regime do MPLA, banindo da História de Angola qualquer outra figura que não se enquadre na cartilha do partido que, cada vez mais, não só se confunde com o país como obriga o país a confundir-se consigo.
O oficial superior da tal “Educação Patriótica” reconheceu então – e tudo continua mesma – que o primeiro presidente de Angola foi um grande estadista e político que contribuiu também para a libertação de outros povos africanos rumo à independência dos seus países.
Só é pena que Agostinho Neto não tenha nascido há uns séculos para ser possível dizer que também contribuiu para a independência de Portugal. Mesmo assim, é de crer que qualquer oficial superior da tal “Educação Patriótica” sempre pode dizer que Neto ajudou a democratizar o regime português.
Aliás, citando Zeferino Sekunanguela, foi graças à sabedoria de Agostinho Neto que o povo de Angola conseguiu libertar-se da escravatura e da colonização portuguesa e de todas os crimes promovidas pelos inimigos de Angola.
Ainda de acordo com Zeferino Sekunanguela, certamente agora secundado pelo general “Disciplina” e pelo general João Lourenço, Agostinho Neto salientou-se também como médico profundamente humano, como escritor e político de renome internacional. De facto, melhor do que Agostinho Neto só… José Eduardo dos Santos.

LUANDA: Policia de Investigação Criminal (SIC)Rouba Botija de Gás e Enche de Porrada os Irmãos Tandala

SIC ROUBA BOTIJA De GÁS E DÁ PORRADA AOS IRMÃOS TANDALA


As lágrimas correm pelo rosto de Eugénia Pedro Dinis. Ajeita-se na cadeira, procura manter a compostura. O marido, carinhoso, tenta acalmá-la para que ela consiga falar, partilhar o seu testemunho sobre a forma brutal como os seus quatro filhos foram espancados e detidos, em sua casa e na sua presença, por sete agentes do Serviço de Investigação Criminal (SIC), sem mandado de captura ou de busca. Narra como os agentes “saquearam” também a sua casa, tendo levado uma botija de gás e o redutor que estava ligado ao fogão, um televisor, 150 mil kwanzas, um estabilizador de energia e uma ventoinha. O calvário da família dura há um mês e é de interesse público.
Depois da detenção dos quatro irmãos, a 17 de Abril, interviemos junto das autoridades policiais no sentido de garantir o cumprimento da lei e o respeito pelos direitos humanos. Passados alguns dias, Nunes Sebastião Tandala “Angolano”, de 31 anos, Domingos Tandala “Mano Mingo”, de 29 anos, e Valter Sebastião Tandala “Lúcio”, de 27 anos, foram declarados inocentes e libertados. Contudo, o mais novo dos irmãos, Estévão Dinis Tandala “VT”, de 23 anos, permaneceu detido na 44.ª Esquadra, conhecida como a Esquadra dos Contentores, no bairro da Estalagem, município de Viana. Dias depois, foi transferido para a Penitenciária de Viana, onde actualmente se encontra, acusado de furto de um televisor, apenas porque o confesso ladrão do televisor, sob tortura, indicou a casa dos Tandala.
A iniciativa de aconselhar as autoridades a investigar devidamente o caso logo após o sucedido, em vez da denúncia, resultou apenas na libertação parcial de três irmãos, um dos quais foi espancado e detido novamente dias depois. Haverá ainda motivações políticas subjacentes na operação, comunicadas à família, devido ao activismo político de dois dos irmãos. Maka Angola cumpre o dever de publicar o caso.
O caso
Passava das 9h00 quando “nos assustámos com a presença de sete DNICs [Direcção Nacional de Investigação Criminal, a predecessora do SIC] com coletes. Não mostraram nenhum papel [mandado de captura ou de busca] nem perguntaram pelo nome de ninguém. Trouxeram um menino algemado para indicar, mas este não conhecia ninguém”, conta Eugénia Pedro Dinis, vendedora no mercado dos Congolenses.
“Os homens da DNIC [SIC] perguntaram: ‘São esses?’ [O jovem algemado] disse ‘não são’. Então, dali, o dever era de se retirarem para irem procurar noutro sítio, mas além disso os homens da investigação já tinham a fotografia do Nunes”, recapitula o pai, Sebastião Domingos Tandala, veterano de guerra e actualmente guarda numa empresa privada de segurança.
“Começaram logo a surrar o meu filho mais velho, o Angolano, com coronhadas e paus, e um deles pegou numa pedra que tinha no quintal e começou a bater-lhe com a pedra”, explica a mãe.
Eugénia Pedro Dinis diz que tentou pedir explicações sobre o que se estava a passar. “Disseram-me para não falar nada, senão me dariam um tiro e me arrastariam. Um deles disse à minha neta Jéssica, de nove anos, que o pai dela, o Angolano, é gatuno. Pegou-a e atirou-a ao chão e ela teve uma entorse no pescoço. As outras netas também foram empurradas.”
“Eles [agentes do SIC] empurraram-me e disseram-me que levariam tudo o que havia de valor em casa. Foi assim que roubaram o televisor, foram à cozinha e tiraram a botija de gás que estava ligada ao fogão. Até o redutor levaram também. Carregaram a ventoinha e o estabilizador que estava ligado à arca”, explica a mãe.
“Depois foram ao meu quarto e roubaram os 150 mil kwanzas que eu e o meu marido tínhamos juntado para pagar as rendas de casa. Eles não explicam nada, não perguntam nada. Só sabem torturar e levar o que é alheio”, denuncia Eugénia Pedro Dinis.
O pai, Sebastião Domingos Tandala, acrescenta que os agentes “levaram também quatro pares de chinelos, daqueles que custam oito mil kwanzas cada, pertença dos meus filhos”.
Surgiram, então, os outros três irmãos, protestando contra o espancamento de Nunes Sebastião Tandala “Angolano”. Estêvão Tandala “VT” diz que foi empurrado por um agente e caiu numa grade que tinha garrafas vazias, tendo partido algumas. Aí os “polícias acusaram-nos de atacá-los com garrafas”, e começaram a distribuir pancadaria pelos quatro irmãos.
“O Ngola Kabango é o que estava a torturar mais”, diz a mãe. Faziam parte da missão, conforme identificação dos jovens, os agentes conhecidos apenas por “Vandamme”, Kito, Pessoa, Fortunato, Osvaldo e o chefe deles, Paulo.
“Os captores disseram aos meus filhos que os levariam a todos porque o Domingos e o Valter ‘são muito armados em revús e rebeldes’”, revela o pai dos rapazes.
De acordo com o pai, Mano Mingo notabilizou-se como “revú” [revolucionário] nas manifestações antigovernamentais que dezenas de jovens têm vindo a organizar desde 2011, inspirados pela Primavera Árabe.
Sebastião Domingos Tandala confessa que tanto Mano Mingo como Valter, conhecido como “Lúcio”, são hoje militantes e activistas assumidos da UNITA. “Essa é a grande bandidagem deles, porque estão a mobilizar os outros”, sublinha.
“Os investigadores perguntaram-me depois [já na esquadra] se os meus filhos são da UNITA e disseram-me que os matariam. É uma pena que nenhum chefe me queira ouvir sobre isso. A UNITA não é pessoa, é animal. É assim que eles vêem a situação”, lamenta.
Depois do ataque inicial ao “Angolano”, suspeito sobre o qual impendia a captura, na esquadra e depois da nossa intervenção, ficámos a saber que os outros irmãos estavam detidos por desacato à autoridade.
Entretanto, “Angolano” saiu ilibado e o mais novo dos irmãos, Estêvão Dinis Tandala “VT”, acabou como suspeito, sob o Processo n.º 6271/17-VN, por furto de residência.
“O moço que mostrou a minha casa, o Adão Domingos Miguel, foi detido por ofensas corporais, mas na esquadra deram conta de que tinha furtado um televisor”, descreve Estêvão Tandala, a partir da cadeia.
“Eu nunca andei com ele nem de noite nem de dia. Nunca convivi com ele. Ele vive distante do meu bairro. A polícia andava à sua procura e dos membros do seu grupo, ‘Os Bela’”, continua.
“Ele foi à minha casa por ordem do SIC, depois de o terem torturado. Ele e o SIC sabem que o moço que vendeu o plasma, o Dinis, é meu vizinho e fugiu do bairro. Eu soube disso na esquadra. O SIC não me pediu para mostrar casa nenhuma e queriam que eu assumisse a venda do televisor”, remata.
Até à sua detenção, o jovem trabalhava no negócio improvisado do irmão Nunes Sebastião Tandala, de venda de hambúrgueres, cachorros-quentes e bebidas (a chamada rulote), na vizinhança.
Na segunda-feira passada, 15 de Maio, operativos do SIC detiveram novamente Nunes Sebastião Tandala “Angolano”, no Quilómetro 30, em Viana, espancaram-no e instauraram-lhe o processo n.º 6606/17, por suspeita de venda de baterias de automóvel roubadas. “Angolano” tem antecedentes criminais. Passou cinco anos na cadeia, até 2013, por furto de motorizada.
Como se podem distinguir os agentes da lei e da ordem dos bandidos nesta história? O que é que a botija de gás, cuja falta causa tanto transtorno a Eugénia Dinis, dificultando-lhe a tarefa de cozinhar para a sua família, tem a ver com as actividades dos seus filhos? Como se combate a delinquência com actos de delinquência?
Tudo vai mal quando os agentes do SIC agem como delinquentes. Como impõe a lei, face a esta denúncia pública da prática de crimes, a Procuradoria-Geral da República é obrigada a iniciar uma investigação. Para já, a botija de gás deve ser imediatamente devolvida à Eugénia Dinis. Ficamos a aguardar resultados rápidos.

LUANDA: Tchuzé Afirma que o Neto de três Anos seu filho Mais Novo Pode Explicar Estado de Saúde Do Ditador Angolano

TCHIZÉ: SAÚDE DO PRESIDENTE EXPLICADA POR NETO DE TRÊS ANOS


Corre nas redes sociais uma gravação de Welwitschea José dos Santos “Tchizé”, em que esta alega que o presidente está muito bem de saúde, gozando a sua vida normal em Barcelona. Para maior eficácia, Tchizé recorre ao seu filho José Eduardo, de três anos, que “nos dá conta” do estado do avô.
Analisemos o testemunho de Tchizé dos Santos, deputada e membro do Comité Central do MPLA, que abaixo transcrevemos na íntegra.
“Oh amigo, essa gente é demais, pá. Então tu já viste, até um bebé de três anos, que é o meu filho José Eduardo, conseguiram, não sei como, fazer crer que o avô estava muito doente e muito mal, porque, portanto o miúdo estava em Londres, não sei como é que, o certo é que vai a Barcelona ver o avô. Quando chega a Barcelona vê o avô sentado a ver o telejornal e a fazer a sua vida normal como sempre, aponta para o avô e disse ‘Olha já viste, olha o vovô ele está bom, não está nada doente.’
Até uma criança de três anos, esses rumores conseguiram afectar. Isso até é triste.”
A primeira questão que o depoimento de Tchizé levanta é o recurso, até à data inédito, a um “bebé” para informar a nação sobre o estado de saúde do presidente. Quer os Serviços de Apoio do Presidente da República, por via do seu porta-voz Manuel Rabelais, quer o Bureau Político do MPLA preferem manter-se de bico calado sobre as verdadeiras razões da ausência de José Eduardo dos Santos, que se encontra fora do país há mais de 15 dias.
Maka Angola divulgou, em primeira mão, que o presidente foi transportado na noite 1 de Maio passado, em estado saúde preocupante, para a Base Aérea Militar e depois para o exterior do país. Nessa notícia, referimos que acompanharam o presidente a primeira-dama Ana Paula dos Santos, o general Kopelipa, o brigadeiro Kubanza, o seu médico pessoal e mais quatro médicos da Clínica Multiperfil (afecta à Casa de Segurança do PR).
Segunda questão: se o presidente está bem de saúde, como nos diz o neto de três anos, o que faz ele em Barcelona a ver televisão? Angola vive um momento muito grave, com a economia colapsada e a três meses das eleições, pelo que se impõe muito trabalho por parte do presidente.
Terceira questão: Tchizé dos Santos é membro do Comité Central do MPLA e deputada à Assembleia Nacional, um órgão de soberania. Nessa qualidade, poderia ter diligenciado junto do Palácio Presidencial, do Presidente da Assembleia Nacional e do vice-presidente do MPLA e sucessor escolhido pelo pai, João Lourenço, para se assumir como porta-voz ad-hoc e, em conferência de imprensa, esclarecer a sociedade sobre o pai-presidente, informando que este está muito bem de saúde. Ou será que só o menino de três anos viu o avô?
Tchizé dos Santos é muita activa no uso das redes sociais, sobretudo Facebook e Instagram, onde publica regularmente as fotografias das festas que frequenta. Não teria sido mais interessante publicar a foto do pai-presidente com o neto ao colo, a verem juntos o telejornal? Certamente teria acabado com os rumores e conquistado inúmeros seguidores.
Quarta questão: será que o presidente José Eduardo dos Santos é insensível e distante do povo angolano ao ponto de não se preocupar em explicar, de viva voz, que está em Barcelona “a levar a sua vida normal”?
Em Cuba, país que se mantém comunista e totalitário, sempre que havia rumores sobre a morte de Fidel Castro, este fazia-se fotografar com um exemplar do jornal diário Granma, com a data bem visível, de modo a provar que estava vivinho da silva, mesmo aparentando um estado de saúde frágil. Fidel Castro nunca saiu de Cuba para se tratar porque criou no seu país todas as condições de saúde necessárias para que pudesse submeter-se aos serviços médicos nacionais. Foi um ditador que, sem recursos, investiu na saúde e na educação de qualidade para o seu povo.
Quinta questão: supondo que o presidente se encontra bem de saúde e não está de férias, é imperativo que venha a público desfazer os rumores. Pode até continuar “a fazer a sua vida normal” em Barcelona, mas que faça prova de vida. Bastam umas breves palavras à Rádio Nacional de Angola ou à Televisão Pública de Angola, que são órgãos de propaganda do MPLA. Por certo, não falta saldo ao presidente para fazer uma chamada a partir do estrangeiro. Ele que envie também uma foto, em que sorria com a primeira-dama e segure um jornal do dia. Assim, não haverá mais conversa.
Uma moçambicana, ao ouvir o áudio de Tchizé, afirmou simplesmente: “O vosso país é uma comédia.”
família Dos Santos não pode nem deve continuar a tirar partido do “deixa-andar” e do servilismo dos angolanos. Que uma criança de três anos seja usada para (des)informar sobre o mais importante assunto de Estado do momento – a saúde do presidente – ultrapassa os limites do que podemos aturar. Tudo chega ao fim, até a paciência.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

LUANDA: João Lourenço Contra a Corrupção ou o Esquimó Louco?

JOÃO LOURENÇO CONTRA A CORRUPÇÃO OU O ESQUIMÓ LOUCO


O candidato indicado por José Eduardo dos Santos à presidência da República, João Lourenço, tem realizado uns comícios surrealistas, em que a sua principal promessa é o combate à corrupção.
João Lourenço faz lembrar um esquimó louco no Ártico que prometia acabar com o gelo no Pólo Norte…
Evidentemente, este compromisso de João Lourenço não é para levar a sério. Se fosse, o seu discurso iria além das palavras de ordem previamente ensaiadas, ao que agora consta, com o general Kopelipa.
Há muitas medidas simples e práticas que João Lourenço poderia anunciar se quisesse realmente combater a corrupção.
1. A primeira era afastar o actual procurador-geral da República, general João Maria de Sousa, que não vê, não ouve e não fala, e acaba invectivado pelos próceres do regime pela sua ineficácia no combate à corrupção. Isabel dos Santos queixa-se do estado em que encontrou a Sonangol, Walter Filipe exige a investigação dos crimes financeiros, e por aí adiante.
Ao longo destes últimos anos, muitos juristas distintos se notabilizaram na defesa da democracia e dos direitos humanos e no combate à corrupção, pelo que não faltam pessoas com aptidão para ocupar o cargo de procurador-geral da República.
2. A segunda medida que Lourenço poderia anunciar era a criação de uma Unidade Especial de Combate à Corrupção no SIC: um departamento autónomo, com chefia própria e responsabilizada, composto por juristas e economistas experientes.
Do ponto de vista estrutural, estas duas simples mudanças bastariam para termos a certeza de que há, da parte de João Lourenço, um compromisso sério de combate à corrupção.
3. Uma outra medida a implementar seria a concretização prática, em Angola, de investigações já realizadas, ou em curso, no estrangeiro.
Existem vários processos de investigação já finalizados no estrangeiro em que apenas falta concretizar a “ligação” angolana. Veja-se, por exemplo, o caso de Manuel Vicente. O Estado angolano poderia perfeitamente arrogar-se o direito de o julgar pelos factos de que é acusado em Portugal, após o final do seu mandato, levantando-lhe a imunidade parlamentar. Eventualmente, a Lei da Amnistia pode inviabilizar esse desiderato, mas pelo menos iniciar-se-ia um processo sobre uma personalidade angolana… em Angola.
Mas há outro caso talvez mais relevante: o caso Odebrecht. No Brasil, têm vindo à tona revelações em catadupa acerca dos pagamentos ilícitos que esta empresa brasileira fez a políticos angolanos. Logo, é necessário ir ao Brasil solicitar os elementos da investigação, e prosseguir o caso em Angola. É simples.
Nos Estados Unidos surge, de vez em quando, o caso Cobalt, e já seria tempo de se actuar em Angola sobre este processo.
Referimos casos investigados no estrangeiro porque, como se diz popularmente, a “papa já está feita”: seria fácil entrar num avião, chegar a esses países e trazer o material para proceder às acusações em Angola.
4. No que diz respeito a Angola, João Lourenço devia comprometer-se a rever os grandes projectos e a participação dos filhos do presidente neles. Por exemplo, o envolvimento de Isabel dos Santos no projecto da barragem Caculo Cabaça já referido no Maka Angola. Este, como muitos outros projectos, deveria ser revisto, para ser limpo de todos os eventuais indícios de corrupção.
5. Finalmente, e por uma questão simbólica, os filhos de José Eduardo dos Santos deveriam ser afastados de todas as funções públicas não electivas. Em concreto, Isabel dos Santos da Sonangol e Filomeno dos Santos do Fundo Soberano. Se isto não acontecer, João Lourenço arrisca-se a ser o presidente das Ambulâncias e nada mais.
Estas medidas, e outras idênticas, é que desencadiariam um verdadeiro combate à corrupção. O resto é conversa…

sábado, 13 de maio de 2017

LUANDA: Possa Isabel Assim Também Não - Por Raul Diniz

POSSA ISABEL ASSIM TAMBÉM NÃO
A Isabel dos Santos não se percebeu a figuraça feia que passou ao pretender injuriosamente  acusar os angolanos de criarem confusão, apenas por se referirem a uma hipotética morte do sacerdote supremo da corrupção, o seu pai ditador.
A idiossincrasia dedutiva da Isabel é destrutiva e perversa, aliás, ela sofre de uma obsessiva mania da perseguição adquirida na longa convivência com seu progenitor. A visão que a Isabel tem dos angolanos em nada difere da que o seu pai tem dos angolanos. Ela é de facto a eficaz versão vazia do seu próprio pai.
Porém, a pergunta que não quer calar é a seguinte: não existe no MPLA alguém com coragem suficiente para calar a matraca afiada dessa mulherzinha atrevida?
Aos senhores donos da nossa Angola faço a seguinte pergunta, até quando continuaremos a engolir sapos? Vão mesmo continuar todos acobardados, com medo de perder as repetitivas mordomias e/ou as benesses de sempre? Até quando a desfaçatez dessa rapariga aluada vai manter-se?
Por outro lado, se a Isabel dos Ovos Santos ainda não percebeu o cerne da situação em que o pai dela e toda sua família nos colocaram nessa situação deveras penosa; eu explico de maneira mais fácil para que ela entenda em definitivo, que a morte do seu pai não é o mal pior para os angolanos, pois trata-se de um assunto isolado, para nós que adoramos o Deus vivo e verdadeiro, aquele Deus que não é humano, não embarcamos em sistémicas adorações nem idolatramos ditadores nem tememos qualquer filha ou filho bocudas do ditador. Muito menos somos adoradores de mamom o deus do dinheiro.
Acredite Isabel, a maioria absoluta dos angolanos tem José Eduardo dos Santos como defunto faz tempo. E por habito, o angolano não gosta nem nunca se predispõe chutar ou pontapear cachorro morto.
Teimosamente a filha do ditador pensa que nós, o povo humilde, estamos aqui para brincar de ser e/ou não angolanos, mas ao contrario do que ela pensa, nós não aceitamos esse tipo de brincadeira. Quero dizer que nós não brincamos com a nossa expressiva angolanidade pelo simples facto de só termos essa terra dilacerado como país para morar.
Não somos de maneira alguma contra os nossos irmãos que possuem uma ou mais nacionalidades. Porém, a maioria de nós, dos quais faço parte, temos apenas um país e uma única nacionalidade.
Isso é o que nos fortalece e nos ajuda a nunca desistir de continuar a lutar por uma Angola justa, livre democratizada e indestrutível, no futuro pós JES. Uma Angola que seja em pleno uma pátria una e indivisível, onde todas tribos e nações bantu e/ou autóctone convivam em paz sem ditaduras e sem ditadores.
Em Angola nenhum cidadão civilizado minimamente atento aceita engolir as profanadas inverdades preenchidas de ódio ardentemente disseminados pela eximia mentirosa compulsiva da espécie da Isabel dos Santos. Aliás, a Isabel conhece muito bem quem são os profissionalizados fazedores de mentiras, constantemente difundidas pelos meios da comunicação do estado controlados pelo MPLA, partido controlado amiúde pelo pai ditador.
Por outro lado, a Isabel tem completa noção do desprezo que a maioria dos angolanos nutre por ela, e, por assim ser, não ela nunca foi levada a sério. Igualmente ela tem consciência que é considerada como uma rapariga especializada em enganar, sobretudo sabe-se que ela é especialista em divulgar dados falseados acerca do seu repentino enriquecimento ilícito, além de ser uma refinadíssima adultera confessa, quando se trata da retratação da repugnante imagem biográfica do seu velho pai ditador corrupto.
Caso subsista alguma verdade acerca da morte do ditador, que fique de uma vez bem claro, que a culpa não deve de maneira nenhuma ser caucionada ao povo de si já elevadamente sofrido. Posso assim afirmar sem medo nenhum de errar, que, caso essa situação venha a acontecer, com toda certeza os angolanos espoliados vão manter-se em nossas suas casas, indiferentes ao que venha a acontecer.
Ninguém vai sair de casa para ir à rua proferir indesejáveis maldições, mesmo que esse alguém seja de todo odiado. Também não haverá certamente nenhum chinfrim me, qualquer choradeira colectiva, ainda que esse morto seja o ilustre carrasco dos angolanos.
A Isabel dos santos terá que se compadecer que todo mortal que entra no palco da vida terrena, automaticamente recebe da parte do Criador o seu respectivo visto de partida! Essa é uma verdade incontornável.
Não fomos nós que fizemos de JES o intolerável ditador que ele é, foi ele quem escolheu seguir por essa estrada sozinho, e a Isabel sabe que seu ilustre pai construiu em torno da sua pessoa uma imagem de deus, igualzinha a do seu confrade, o antigo ditador zairense, Mobutu Sese Seko. Essa irrefletida atitude megalómana levou JES a fazer inúmeras vezes o papel que apenas cabe ao Criador.
 José Eduardo dos Santos mandou matar e assim despachou para o além muita gente sem a legitima permissão do poderoso Deus. Eu mesmo, por várias vezes provei desse cálice o elixir amargo da morte sofrida de familiares diretos. A último assassinato politico ocorrido na minha família foi a morte de um sobrinho, o engenheiro Ganga, fuzilado despudoradamente por um soldado da guarda pretoriana pertencente ao comandante em chefe da matança de angolanos inocentes.
É verdade que todos vamos partir um dia desse mundo desconte, o importante na realidade não é partir ou desejar não partir, o importante mesmo é saber como deixar esse plano de vida. Se iremos dessa para melhor ou se para pior. Sabemos que existe o mal e o bem, assim sendo, temos a certeza da existência de Deus e do diabo. E aí, qual dos dois quererá levar para o seu território a alma do infame ditador sanguinário? A escolha está nas mãos de JES

Há que convir e a Isabel sabe-o muito bem que não somos nós quem dissemina mentiras e/ou boatos acerca do estado de saúde do sem velho pai batoteiro de eleições. Sinceramente seria estúpido demais que JES partisse assim de uma maneira fácil, sem assistir ao derrube da sua aparatosa ditadura.
Culpar terceiros de difundir mentiras serve somente como diversão para esconder as dificuldades de uma eventual derrota eleitoral, caso o pleito seja limpo e justo. O regime levou 38 anos a construir o culto de personalidade em torno da figura do presidente da república cinicamente endeusado. Somente se esqueceram que o ditador é humano e por isso sujeito as leis do tempo.
Está claro que no ar paira um previsível passamento do deus do (JESSEANISMO). Mas não se pôde depositar a culpa ao povo do que possa vir a acontecer com JES. Daí acusar os opositores e responsabiliza-los da confusão que reina no reino JESSIANO não colhe.
Nenhum angolano no seu perfeito juízo sente qualquer alegria com a morte de outro ser humano! A Isabel dos Santos sabe muito bem que ninguém mais em Angola tem medo do ditador por isso pôde ladrar a sua vontade.
 Quem teme a futura ascensão do povo ao poder não é o povo e sim a escumalha alojada na oligarquia controlada pelo MPLA partido-estado. Quem tem medo do novo são todos que enriqueceram à custa dos milhares de crianças, jovens e velhos angolanos que sucumbem diariamente indefesos, nos hospitais sem remédios, nas ruas da amargura, e nos seus casebres humanamente indefesos e sem direitos nenhuns.
É óbvio que o medo bateu a porta dos iluminados do poder, foi tarde, porém, finalmente deram conta que José Eduardo dos Santos a adulado deus do (JESSEANISMO) é tão frágil e ruim como deus, como qualquer outro mortal, enviado por ele para as calendas da eternidade medonha do desconhecido.
Porra sinceramente cansei de ouvir essa mulher insultar a inteligências das gentes de Angola, façam um Favor ao MPLA e ao povo e mandem fechar a matraca da Belita dos Ovos Santos de uma vez por todas.

 Todos sabemos que o velho carrasco um dia vai ter que morrer, mas, por amor de Deus, que não seja agora. Peço a Deus que pela sua piedosa e infinita misericórdia, permita que o ditador se converta dos seus maus caminhos, seja perdoado, e aceite a Jesus como seu único e suficiente Salvador. Essa é a minha oração.

LUANDA: José Eduardo dos Santos em Estado (MUITO) Grave

JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS 

EM ESTADO (MUITO) GRAVE


zedu-barcelona

A Televisão Pública de Angola apresentou, no dia 6 de Maio de 2017, uma imagem do Presidente Da República, José Eduardo dos Santos, em boa forma, no que – segundo a TPA – seria uma normal deslocação, de carácter privado, a Espanha. Nada de mais falso, pois tratou-se de manipulação informativa dado o real motivo da saída para Barcelona. O Presidente estava gravemente doente. E piorou.

Aliás, esta deslocação confirma no essencial o que o Folha 8 escreveu no dia 30 de Novembro de 2016 quando disse que José Eduardo dos Santos fora internado, de urgência, numa clínica em Barcelona.
“O Presidente de Angola, depois de já este mês (Novembro) ter sido consultado no mesmo estabelecimento de saúde, regressou ao país para assistir ao funeral do irmão, teve de regressar de urgência a Espanha”, referia a nossa notícia de então. 
Nessa informação, que mereceu uma violenta reacção por parte de elementos do núcleo duro do regime, a começar por Isabel dos Santos, o F8 escreveu que José Eduardo dos Santos estava gravemente doente, “admitindo-se nos círculos que lhe são próximos que possa não resistir ao evoluir da doença, do foro oncológico”.  
“Na prática, José Eduardo dos Santos já não governa o país”, admitiu na altura ao Folha 8 uma fonte próxima, acrescentando que “mesmo que consiga ultrapassar esta penosa fase da doença, dificilmente terá condições físicas e psicológicas para desempenhar o cargo”. 
De facto, tem sido normal esconder-se o estado de saúde do Presidente da República, fazendo-nos recordar a altura em que o Presidente  Agostinho Neto passou por situação idêntica. 
O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, entrou no sábado, dia 6, na clínica Girassol para fazer exames médicos de acompanhamento da sua doença. Perante a sua evolução, após alta no dia 08, terá antes de se deslocar ao Palácio passado pela Clínica Multiperfil, onde terá confidenciado e sido avaliado durante horas por médicos da sua extrema confiança. Estes é que o terão aconselhado a partir no mesmo dia para Barcelona, Reino de Espanha, onde tem sido acompanhado.
Da doença
Em função desta observação, o presidente teria sido evacuado em maca, já em avião hospital. Face a esta situação começaram a circular vários rumores, sobre a gravidade do estado de saúde.
Entretanto, os boatos sobre a gravidade ou não, só surgem precisamente, por se fazer segredo de um assunto público. Nada custava à Presidência da República emitir um comunicado dando a conhecer a necessidade do Presidente José Eduardo dos Santos ir para o estrangeiro fazer consultas de controlo, sobre o seu estado de saúde. Ele é humano e está sujeito, como qualquer um, à necessidade de cuidar da sua saúde, o problema ocorre por estar a ser tratado como um ser diferente, que não tem dores, nem sentires, como o comum dos mortais.  
Entretanto, um médico espanhol ligado ao dossier, disse ao F8, pelo conhecimento que tem de o quadro do paciente angolano indicar que o mesmo, face ao problema avançado na próstata, terá neoplasia maligna (tumor) com metástases ósseas e cerebrais, podendo mesmo ter já afectado também o pâncreas. As sequelas desta proliferação de metástases poderão ter provocado ainda um a AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou um Acidente Isquémico Transitório (alteração temporária da função cerebral causada por um bloqueio temporário do fornecimento de sangue ao cérebro). 
Esconder para criar leis protectoras
Em qualquer dos casos, o prognóstico é muito sério e grave, a tal ponto que toda a sociedade angolana se interroga como é possível que apenas meia dúzia de pessoas tenham conhecimento desta gravidade e, mais grave, queiram esconder ao país o estado de saúde do seu Presidente, goste-se ou não dele. 
Admitem fontes contactadas pelo F8 que, de facto, o poder efectivo de Angola já não esteja nas mãos de José Eduardo dos Santos mas, antes, na de alguns generais do seu núcleo duro que, inclusive, preparam a promulgação de leis excepcionais que lhes permitam, durante cinco anos, que nada seja alterado nos seus privilégios (sobretudo financeiros e patrimoniais), mantendo total imunidade perante os poderes judicias nacionais e internacionais. 
Inclusivamente poderá estar em efectivação a manutenção artificial da vida de Eduardo dos Santos até que essas alterações legislativas sejam concretizadas e supostamente promulgadas por ele.
Antecedentes recentes
Recorde-se, entretanto, que no funeral do seu irmão, mais velho, Avelino dos Santos, o Presidente José Eduardo dos Santos terá desmaiado, obrigando uma retirada de urgência. Mais recentemente, uma fonte bem colocada garantiu ao F8, ter-se repetido o mesmo cenário, na véspera de uma reunião do Conselho de Ministro também por aquilo que os órgãos públicos de informação chamam de indisposição. 
Nesta viagem a Barcelona, o presidente viajou acompanhado pela esposa, pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, e do chefe adjunto da Unidade de Segurança Presidencial (USP), brigadeiro Kubanza.
Esperemos que tudo não passe de mera especulação e que o Presidente possa melhorar de saúde e recuperar as suas plenas faculdades para completar o seu mandato. Finalmente uma última questão, a engenheira Isabel dos Santos, neste momento a serenidade é a melhor conselheira, pois lançar na sua página da internet, uma grosseira inverdade de o F8 ter noticiado a morte do seu pai, não abona a seu favor, porquanto nunca anunciamos ou publicamos tal notícia.

LUANDA/BRASÍLIA: Odebrechet Pagou a Vitória do MPLA e de Dos Santos nas Eleições de 2012. Mas, que Irresponsáveis Sacanas Batoteiros

ODEBRECHT PAGOU A VITÓRIA DO MPLA E DE DOS SANTOS NAS ELEIÇÕES DE 2012


A pouco mais de três meses das eleições em Angola, surge a revelação de que a multinacional brasileira Odebrecht financiou, com 20 milhões de dólares, parte da campanha eleitoral do MPLA em 2012. A mesma campanha que, só em propaganda, teve um injustificável custo de 50 milhões de dólares.
O Maka Angola teve acesso ao documento referente ao esquema após o Supremo Tribunal Federal no Brasil ter levantado, ontem (12 de Maio), o sigilo acerca da colaboração remunerada do casal de publicitários eleitorais brasileiros João Santana e Mónica Moura, que realizaram a campanha do MPLA e, curiosamente, foram condenados no processo Lava-Jato, no Brasil.
De acordo com o documento judicial, em 2011, o ex-presidente brasileiro Lula da Silva deslocou-se a Luanda na companhia do então presidente da Odebrecht, Emílio Odebrecht. O presidente José Eduardo dos Santos manifestou-lhes o seu interesse em contratar o publicitário eleitoral João Santana e a dificuldade que estava a ter em contactá-lo.
Tanto Lula quanto Emílio Odebrecht prontificaram-se a contactar e persuadir o publicitário a fazer a campanha do MPLA. João Santana tinha realizado a campanha de reeleição de Lula, em 2006, e da eleição de Dilma Roussef para a presidência do Brasil, em 2010.
O então presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Manuel Vicente, dirigiu a primeira reunião, em nome do MPLA, com o publicitário, na Pousada do Carmo, em Salvador da Baía. No segundo encontro com dirigentes do MPLA, no famoso Hotel Fasano, no Rio de Janeiro, a empresa Polis, de João Santana, aceitou formalmente conduzir a campanha.
Mónica Moura, mulher de João Santana, acertou então o custo do serviço com o então secretário para a Informação do Bureau Político do MPLA e actual governador do Namibe, Rui Falcão Pinto de Andrade: 50 milhões de dólares.
“Rui Falcão foi claro em dizer que poderiam pagar a referida quantia, desde que Mónica Moura e João Santana aceitassem receber da Odebrecht ao menos parte do valor”, lê-se na declaração. O referido dirigente do MPLA “frisou que, apesar de José Eduardo dos Santos querer que a campanha fosse feita por João Santana, a contratação somente seria possível se o casal aceitasse receber o dinheiro da Odebrecht”.
Celebraram-se, então, dois contratos. O primeiro entre a Polis Propaganda e Marketing Lda. e o MPLA, no valor de 30 milhões de dólares. O segundo, a que os brasileiros chamam de “contrato gaveta”, foi acertado entre Mónica Moura e o responsável da Odebrecht em Angola, Ernesto Bayard, no valor de 20 milhões de dólares. Desse valor, 15 milhões de dólares foram pagos através de uma conta offshore e cinco milhões de dólares foram entregues em espécie (dinheiro vivo) em Angola.
O objecto do contrato consubstanciava-se “na concepção, planejamento estratégico e todo o trabalho relativo à campanha publicitária do MPLA, de Fevereiro de 2012 a Setembro de 2012”. O contrato incluía também a criação, produção e gravação de programas e comerciais avulsos de televisão e rádio exibidos durante os tempos de antena do MPLA. A “criação e gestão de plataformas de comunicação (material para a internet) nas diferentes redes e concepção de peças gráficas em geral e materiais promocionais”, constava também do contrato.
Analistas em campanhas eleitorais consideram o valor do contrato um absurdo.
Que multinacionais ou entidades estrangeiras, mais uma vez, financiarão e ao arrepio da lei a campanha eleitoral do MPLA e de João Lourenço? Saberemos dentro de cinco anos.
A Vitória Eleitoral Ilícita
O jurista Rui Verde explica abaixo, do ponto de vista do direito, as leis angolanas violadas quer pelo MPLA quer pela Odebrecht.
  1. À data da execução dos factos, 2012, já estava em vigor a Lei n.º 36/11, de 26-12-2001, Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais, que nos termos do seu artigo 214.º entrou em vigor na data da sua publicação.
  2. Essa Lei Orgânica, no seu Capítulo III, artigos 80.º e seguintes dispõe sobre o financiamento das campanhas eleitorais. O artigo 80.º, n.º 2 proíbe expressamente o financiamento das campanhas eleitorais a organizações estrangeiras, ainda que registadas em Angola (alínea a), e a pessoas singulares ou colectivas não nacionais.
  3. A Odebrecht é uma pessoa colectiva não nacional. Mas, mais do que isso, a decisão de financiamento foi tomada em conluio com um governo estrangeiro (do Brasil). Portanto, temos uma decisão de financiamento da campanha do MPLA tomada em conjunto por um governo estrangeiro e uma empresa estrangeira, violando expressamente o artigo 80.º, n.º 2 da Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais.
  4. Acresce que esta despesa não foi contabilizada nos termos do artigo 83.º, n.º 1 da mesma Lei, como devia ter acontecido, como também as contas apresentadas nos termos do artigo 84.º, n.º 1 para apreciação da Comissão Nacional Eleitoral terão sido falsas, uma vez que não incluem os 20 milhões de dólares.
  5. Refira-se também que a Lei do Financiamento aos Partidos Políticos, Lei n.º 10/12, de 22 de Março, proíbe no seu artigo 6.º que governos e organizações não-governamentais estrangeiras contribuam por qualquer forma para os partidos políticos.
  6. A legislação prevê várias sanções para o incumprimento destas disposições, na parte referente às infracções eleitorais, quer a Lei do Financiamento, a partir do artigo 11.º, quer a Lei das Eleições Gerais, a partir do artigo 162.º.
  7. Obviamente que tal também é fundamento para impeachment do presidente da república, que foi eleito com desrespeito manifesto das regras de financiamento, sobretudo vindas do exterior. Eventualmente, poder-se-ia conceber que eleições financiadas em tão elevados montantes por empresas estrangeiras e em clara violação da lei são nulas, devendo o Tribunal Constitucional declarar a sua inexistência.
  8. Note-se que, mesmo alegando que a Odebrecht operou através de alguma subsidiária angolana, tal é irrelevante, tendo em conta a relação de domínio puro da Odebrecht Brasil.