sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

LUANDA: Manuel Augusto Convocado Pela Comissão de Disciplina do MPLA

Manuel Augusto convocado pela comissão de disciplina do MPLA

Lisboa – O ministro das relações exteriores, Manuel Augusto foi recentemente convocado a comparecer na sede do MPLA para ser ouvido pela comissão de disciplina e auditoria (CDA) do partido.
Fonte: Club-k.net
Reedição: Planalto de Malanje Rio Capopa - Blog Cidadania
02/02/2018
Em causa, estão declarações publicas feitas à margem dos preparativos da Cimeira da União Africana, no passado dia 25 de Janeiro, em que o diplomata anunciou, em entrevista ao “Jeune Afrique”, a realização de uma reunião partidária em que José Eduardo dos Santos poderia anunciar, a sua saída da liderança do partido.

O MPLA entende que o chefe da diplomacia não deve tecer pronunciamentos a cerca do partido nem tão pouco anunciar pontos que não consta na agencia de trabalho. Por esta razão, a CDA pretende ouvir Manuel Augusto para perceber as razões que o levaram a anunciar a saída de JES, da presidência do partido no poder.

LUANDA: Manuel Vicente Vendeu os Bens em Portugal para Evitar "Chatices"

Manuel Vicente vendeu os bens em Portugal para evitar “chatices”

Luanda - Paulo Blanco, que já foi advogado de Manuel Vicente e é arguido no julgamento da Operação Fizz, defende que a “decisão de arquivamento” de um processo em que o ex-vice-Presidente de Angola era investigado pela compra de casas no empreendimento Estoril Sol Residence “foi tomada pela diretora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP)”.
01/02/2018
Fonte: Observador
Reedição: Planalto de Malanje Rio Capopa - Blog Cidadania
Na sessão de julgamento da Operação Fizz desta quinta-feira, Blanco revelou ainda que o ex-dirigente angolano vendeu os seus bens em Portugal porque estava “intranquilo” e queria evitar “chatices”. Ao longo do dia, o arguido — um dos quatro em julgamento — denunciou “crimes” praticados pelo DCIAP, reforçou a teia que liga este processo ao advogado Proença de Carvalho e pôs o tribunal à procura de uma testemunha: estaria viva ou morta?

Paulo Blanco continuou a desenvolver a sua defesa, tentando contestar, ponto por ponto, a acusação do Ministério Público num processo que fragilizou as relações diplomáticas entre Portugal e Angola. O advogado – que responde por um crime de corrupção ativa e de falsificação de documento e outro de violação do segredo de justiça – sublinhou a ideia de que, no processo em que Manuel Vicente era visado pela compra do apartamento (e que foi tornado independente por proposta do procurador Orlando Figueira), não encontrou “qualquer discordância da doutora Teresa Sanchez quanto à extração de certidão de processos”, ao contrário da tese da acusação.

Para o Ministério Público, Orlando Figueira teria sugerido a separação dos processos na parte que dizia respeito a Manuel Vicente por ter sido corrompido pelo antigo vice-Presidente angolano, com vista ao seu arquivamento. Para o Ministério Público, essa decisão, como outras que visaram Manuel Vicente, tiveram como contrapartida o pagamento de mais de 700 mil euros ao procurador Orlando Figueira.
Blanco tentou desmontar alguns dos argumentos da acusação. Por um lado, recusou que haja no processo contra Manuel Vicente “qualquer discordância” de Teresa Sanchez quanto à decisão de extrair certidões do inquérito principal. Por outro lado, aponta responsabilidades diretas a Cândida Almeida, então diretora do DCIAP, pelo rápido arquivamento desse novo processo.
“Esta decisão de arquivamento foi tomada pela diretora do DCIAP”, disse Paulo Blanco, notando que é “a própria acusação que diz que quem decidia era a diretora do DCIAP”, acrescentou o advogado, para assinalar a “contradição” do Ministério Público, que também imputa a Orlando Figueira essa decisão. “Não existe nos autos nenhuma evidência dessa discordância, mas, ao contrário, existe concordância prévia e posterior da doutora Cândida Almeida” com o arquivamento. A versão de Paulo Blanco surge, assim, alinhada com a posição já assumida por Orlando Figueira na contestação que fez à acusação.

O procurador é acusado de um crime de corrupção passiva e de um crime de branqueamento de capitais, neste caso em co-autoria com Manuel Vicente, Paulo Blanco e Armindo Pires. Também responde pelos crimes de violação de segredo de justiça e de falsificação de documento. O MP acredita que recebeu um total de 763.429,88 euros para arquivar os processos-crime que tinha em mãos e que envolviam Manuel Vicente.
Manuel Vicente vendeu bens para evitar “chatices”
Na sua longa exposição – foi o único arguido a intervir durante a manhã e ainda não respondeu às questões do Ministério Público ou da sua defesa –, Paulo Blanco explicou por que razão Manuel Vicente decidiu vender os bens que tinha em Portugal. O ex-vice-Presidente angolano quis evitar mais “chatices”, num momento em que o seu nome já estava nos jornais associado à Portmill (empresa por onde passou o pagamento de vários apartamentos naquele empreendimento do Estoril).
Quando vendeu o apartamento, Manuel Vicente também passou a participação que detinha no Banco BIC. Seguiu os “conselhos” que “algumas almas” lhe deram de que era incompatível estar ligado ao banco angolano quando era membro do conselho de supervisão do BCP, diz Paulo Blanco. Vendeu, mas manteve essas ligações na sua “órbita familiar”, ao constituir a Edimo.


Decisões importantes
O coletivo de juízes esclareceu que uma das testemunhas arroladas, Paulo Tavares, morreu e não já pode explicar em tribunal a sua intenção de regressar a Lisboa, deixando vago um lugar no BPA em Angola que seria ocupado pelo procurador Orlando Figueirs.
Quem foi ouvido
O advogado Paulo Blanco continuou a contestar a acusação, ponto por ponto.
Quando é a próxima sessão
Quinta-feira, 5 de fevereiro, da parte da tarde.
Já em relação aos apartamentos, o destinatário escolhido foi Armindo Pires. “Dada a relação de amizade [entre Manuel Vicente e Armindo Pires], é natural que tenha preferido vender a uma pessoa amiga e que tenha permitido o pagamento a prestações, que não permitiria a outra pessoa”, disse Paulo Blanco ao tribunal.
Filho de Proença de Carvalho na Coba. “Mais uma coincidência”, ironiza advogado
Na segunda metade da sessão, já da parte da tarde, Paulo Blanco manteve a sua linha de defesa, procurando separar Manuel Vicente do processo em que o ex-dirigente angolano terá, alegadamente, corrompido o procurador Orlando Figueira para arquivar processos em que Vicente era visado. Um pormenor que liga uma das sociedades centrais em todo o alegado esquema defendido pelo MP a Carlos Silva e não a Manuel Vicente. É que, segundo soltou o advogado, João Proença de Carvalho, filho do advogado Daniel Proença de Carvalho – que representa o bancário Carlos Silva – colabora com a Coba em Angola. “Não sei se é uma coincidência”, ironizou o advogado.
A Coba seria, segundo o Ministério Público, uma empresa “instrumento” da petrolífera Sonangol. Paulo Blanco tentou desmontar a tese da procuradora Leonor Machado, ao explicar que o “consórcio” integrado pelas duas empresas (e que a acusação vê como uma ligação clara entre as duas empresas) teve um único propósito garantir que “os bancos não retirassem crédito à Coba”.
“Foi esta a finalidade da ligação que, em termos públicos, aparece na imprensa, à qual Miguel Vicente é alheio”, garantiu Paulo Blanco ao coletivo de juízes. Nesta prática – que terá sido usada por outras empresas em Angola –, a Sonangol seria uma “um guarda-sol” para a garantia de crédito.
Paulo Blanco denuncia “crime do DCIAP”
Foi já numa fase adiantada da sessão que Paulo Blanco defendeu a importância de saber-se quem, em Portugal, faz ou fez parte da lista de pagamentos da Primagest. “Seria importante percebermos essas ligações”, disse o advogado, referindo-se várias vezes a eventuais “processos secretos” a correr no DCIAP que impedem o acesso a essa informação. Numa dessas referências, o presidente do coletivo reagiu: “Está a referir-se a quê?”, perguntou o juiz Alfredo Costa.
Blanco avançou para a sua denúncia, em direto. Depois de defender o seu “direito”, enquanto arguido, a “saber a quem a Primagest pagou”, o advogado disse que “aquilo que Ministério Público faz ilegalmente é manter nos processos crimes os dados da vida das pessoas” depois de os inquéritos estarem terminados. Incentivado pelo juiz a levar essa denúncia aos locais próprios, Blanco concretizou mesmo ali a sua posição:
“Eu estou a participar neste momento ao tribunal um crime praticado pelo DCIAP que é manter informação bancária [nos processos, depois de arquivados], é feito um uso ilegal” desses dados defendeu.
A dúvida sanável: testemunha morreu ou não morreu?
“Posso fazer uma pergunta?”, interrogou Paulo Blanco. “A mim? Quer fazer-me uma pergunta a mim? Essa interrogação vai ficar consigo”, respondeu o presidente do coletivo. Mas não só não ficou como ainda gerou alguma inquietação entre os juízes, o oficial de justiça e os advogados de defesa. Era preciso perceber se uma das testemunhas de Orlando Figueira tinha ou não morrido.
Blanco referia-se a Paulo Tavares, um antigo funcionário do banco BPA, relevante para o processo por ser ele o elemento que o procurador português deveria substituir em Angola, na sequência da contratação de Carlos Silva.
“Da informação que me chega do processo, se não morreu, não estará em condições de testemunhar”, disse Alfredo Costa. Blanco tinha uma versão diferente da história. “No dia do debate instrutório, o engenheiro Armindo Pires falou com ele ao telefone e um amigo meu viu-o a almoçar nas amoreiras”, contou ao tribunal o advogado que esteve todo o dia a prestar depoimento e que na próxima segunda-feira continuará essa maratona.
A dúvida obrigou o oficial de justiça a fazer uma pesquisa rápida no registo civil. “Eliminado por motivo de óbito”, sentenciou alguns segundos depois. Blanco explicou então que foi a vontade de Paulo Tavares regressar a Lisboa o motivo para que Orlando Figueira tivesse sido considerado para o departamento de compliance do BPA em Angola. “Resultava da necessidade do banco de alguém substituí-lo”, explicou o advogado e arguido, fechando o episódio mais caricato da sessão de julgamento desta quinta-feira, no Campus de Justiça.
Arquivamento relâmpago “não foi tratamento de privilégio” a Manuel Vicente
Dias depois de ter sido extraído do processo principal, o inquérito em que era investigado o ex-dirigente angolano foi arquivado. O tribunal quis saber porque teve esse processo uma “tramitação tão rápida” comparativamente com o original. Paulo Blanco garante que não foi um “privilégio” concedido a Manuel Vicente.
O presidente do coletivo, Alfredo Costa, questionou diretamente Paulo Blanco. O tribunal queria perceber “porque é que o processo que dá origem ao 5/12 teve esta tramitação tão rápida relativamente ao originário”, uma vez que a investigação era nos mesmos moldes” da original.
Na resposta, o advogado explicou que Manuel Vicente – que Paulo Blanco representava em Portugal, através de Armindo Pires – “veio voluntariamente” ao processo esclarecer as dúvidas que o procurador Orlando Figueira teria. “Não houve aqui nenhum tratamento de privilégio que não fosse o facto de o engenheiro Manuel Vicente ter vindo voluntariamente ao processo”, justificou o advogado.

LUANDA: Já Há 63 Propostas para Construir Refinarias

JÁ HÁ 63 PROPOSTAS PARA CONSTRUIR REFINARIAS


O grupo criado pelo Presidente da República, João Lourenço, para analisar as propostas técnicas, económicas e financeiras capazes de viabilizar a construção de refinarias em Angola, esteve reunido na sede da Sonangol E.P., com os representantes das empresas nacionais e estrangeiras interessadas em investir no Sector da Refinação no país.

Segundo um comunicado da Sonangol, “o objectivo central do encontro foi a definição de um alinhamento e a apresentação do conjunto de procedimentos a observar, por parte daquelas entidades”.
Eis o comunicado da empresa:
“A orientação presidencial que levou ao lançamento do concurso para a construção de refinarias em Cabinda e no Lobito teve em consideração: o facto de a actual produção de refinados no país, pela Refinaria de Luanda, representar apenas 20% das necessidades do mercado; os altos custos para o país com a importação de 80% dos referidos produtos; e a existência de iniciativas, já em fase de materialização, de construção de uma refinaria no Lobito, pela Sonangol.
A efectivação dos projectos levará à construção de uma refinaria de alta conversão no Lobito, até 2022, com a capacidade de processar até 200 mil barris de petróleo/dia e outra em Cabinda com capacidade por definir, mediante estudos.
Por outro lado, a Sonangol firmou já um acordo com a petrolífera Italiana, a ENI, para a optimização da refinaria de Luanda, no prazo de 24 meses, que lhe permitirá um processamento de crude superior à sua actual capacidade nominal de 65 mil barris/dia.
Estas realizações visam tornar Angola auto-suficiente em matéria de produção de refinados, estancar a exportação de divisas com a importação destes produtos, agregar valor às ramas angolanas, criar condições para o desenvolvimento da indústria petroquímica, com potencial de se tornar ancora para o desenvolvimento de um vasto leque da actividade industrial nacional, arrecadar divisas através da exportação de excedentes para os mercados regionais e não só, promover o conteúdo local em matérias-primas e geração de emprego, entre outros.
Estiveram presentes no encontro o secretário de estado dos Petróleos, Paulino Jerónimo, o Presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Carlos Saturnino, o Director Nacional dos Petróleos, Amadeu Azevedo, membros executivos e não executivos do Conselho de Administração, a Vogal da Sonangol Refinação, Ana Fançony, e mais de centena e meia de figuras afectas às entidades interessadas neste processo concursal para o aumento da refinação em Angola.
As empresas interessadas poderão apresentar melhorias às suas propostas, de acordo com as informações e critérios que foram apresentados pela comissão, até ao próximo dia 10 de Fevereiro, e deverão evidenciar:
Experiência no sector de refinação, capacidade financeira, referência de instituições bancárias que abonam a sua capacidade financeira, relatório e contas dos últimos 3 anos das actividades desenvolvidas e auditadas por uma sociedade de auditoria independente e de experiência comprovada.
CV do pessoal qualificado a nível operacional e de gestão. Empresa/denominação social e estrutura patrimonial (filiais, empresa associadas); Competência e experiência na gestão de refinarias, implementação/construção e fornecimento de equipamentos; indicação de actividades (trabalho desenvolvidos), informação sobre os subcontratados (caso se pretendam), indicação de possíveis litígios judiciais e arbitrais.”

LUANDA: Morreu Gene Sharp, o Inimigo dos Ditadores

MORREU GENE SHARP, O INIMIGO DOS DITADORES


O autor norte-americano Gene Sharp, cuja leitura adaptada da sua obra levou à condenação de 17 activistas angolanos por rebelião, morreu no domingo, aos 90 anos, divulgou a instituição The Right Livelihood Awards.

Gene Sharp, de acordo com a organização The Right Livelihood Awards – que o galardoou em 2012 com o chamado ‘Nobel alternativo’ -, “desenvolveu e articulou princípios e estratégias de resistência pacífica e apoiou a sua implementação prática em áreas de conflito ao redor do mundo”.
O escritor norte-americano, nascido a 21 de Janeiro de 1928 em North Baltimore, Ohio, é o autor de cerca de 30 obras sobre os princípios teóricos do pacifismo e da promoção da democracia.
Sharp graduou-se em Ciências Sociais (1949) e obteve um mestrado em Sociologia (1951) pela Universidade Estadual de Ohio, tendo posteriormente completou o seu doutorado em Teoria Política na Universidade de Oxford, em 1968.
O autor norte-americano, cuja leitura adaptada levou à condenação de 17 activistas angolanos por rebelião, disse em Maio de 2016, que o então regime angolano, liderado na altura por José Eduardo dos Santos (que hoje se mantém como presidente do MPLA, partido no poder desde 1975 e que viu o seu candidato, João Lourenço, ser “eleito” presidente da República), estava enfraquecido, como indiciava a “prisão de adolescentes”.
“Quando um Governo prende adolescentes por estarem a ler livros isso mostra que estão nervosos, porque sabem melhor do que ninguém que o seu sistema está enfraquecido”, declarou Sharp.
“Prender um jovem de 19 anos é um sinal de que o regime está muito fraco”, acrescenta o escritor, autor da obra “From dictatorship to Democracy: A Conceptual Framework for Liberation”, que foi adaptada para português pelo docente universitário e colaborador do Folha 8 Domingos da Cruz (um dos 17 arguidos).
Os activistas, com idades entre os 19 e os 37 anos, entre os quais o luso-angolano Luaty Beirão, foram condenados a 28 de Março a penas de prisão efectiva entre dois anos e três meses e oito anos e seis meses, por supostos actos preparatórios para uma rebelião e associação de malfeitores.
Gene Sharp foi professor na Universidade de Massachusetts Dartmouth desde 1972, foi várias vezes nomeado para o Prémio Nobel da Paz e fundou a “The Albert Einstein Institution”, uma organização sem fins lucrativos que estuda o uso da acção política não-violenta em todo o mundo.
O autor salientou, na entrevista dada em 2016 à Lusa, que o seu trabalho, uma das fontes de inspiração da resistência civil que levou às Primaveras Árabes, “não se centra em determinar até que ponto um governo é ditatorial ou democrático”, mas na análise do sistema político.
Porque, além do modo de eleição, um sistema político ditatorial é também definido por um ambiente em que “liberdades cívicas básicas não existem e a oposição enfrenta repressão”.
“Não sou especialista em Angola. No entanto, muitos governos, particularmente aqueles que são autoritários e ditatoriais, acreditam que todo o conhecimento sobre acção não-violenta é subversivo porque articula como um governo não pode governar as pessoas se estas pessoas decidirem não ser governadas por ele”, explicou.
O Tribunal de Luanda, cumprindo ordens superiores, deu como provado que os acusados formaram uma associação criminosa que pretendia destituir os órgãos de soberania legitimamente eleitos, colocando no poder elementos da sua “conveniência” e que integravam a lista para um “governo de salvação nacional”.
Gene Sharp assegurou na altura que o seu livro não dá instruções de como derrubar um Governo, até porque “cada luta não violenta ocorre no contexto de um ambiente doméstico único”.
“Seria irresponsável e presunçoso tentarmos aplicar uma mesma fórmula para todos. Não é esse o nosso papel. O nosso papel é disseminar informação, dar ferramentas, e tornar esses recursos tão disponíveis quanto possível. Como usar essas ferramentas é determinado pelos indivíduos e grupos”, explicou.
Sharp referiu que “qualquer ditador ou regime opressivo considera” este conhecimento “ameaçador porque cria a percepção de quão fraco e sem poder é realmente.”

O nanismo do regime do MPLA

Na altura do julgamento dos nossos jovens activistas, o Ministério Público do regime de Eduardo dos Santos especificou que, no caso da detenção dos jovens, há “factos que evidenciam claramente que os arguidos participavam em reuniões com vista a traçar estratégias e acções conducentes à destituição do Governo e do Presidente da República”.
A ter consistência esta tese daquele órgão do regime, todos os principais dirigentes dos partidos da Oposição, nomeadamente da UNITA e da CASA-CE deveriam ser presos. Isto porque, pelo menos nas democracias, é normal a oposição “traçar estratégias e acções conducentes à destituição do Governo e do Presidente da República”. É para isso que a oposição existe… ou deve existir.
O despacho da ala radical do MPLA, eufemisticamente apelidada de Ministério Público, afirmou então que os 15 activistas foram detidos – nem mais, nem menos – “em flagrante delito” quando se preparavam para uma actividade criminosa, cuja etílica matéria de facto recolhida pelos peritos revela “actos preparatórios para a prática de rebelião e atentado contra o Presidente da República”.
Nesse flagrante delito, foi descoberto em poder dos jovens diverso material bélico, altamente letal, a saber: 12 esferográficas BIC (azuis), um lápis de carvão (vermelho), três blocos de papel (brancos) e um livro sobre como derrubar as ditaduras.
Sabe-se, igualmente, que a Polícia Nacional do regime descobriu que os jovens activistas tinham mísseis escondidos nas lapiseiras, Kalashnikovs camufladas nos telemóveis e outro armamento pesado e letal disfarçado nos blocos de apontamentos. Eram, reconheça-se, provas mais do que suficientes para provar que estavam a preparar um golpe de Estado.
Os jovens estavam no seu quartel-general, por sinal uma residência em Luanda, numa reunião dos seus estrategas militares que planeavam o golpe a partir da leitura do livro “Da ditadura à democracia — Uma estrutura conceptual para a libertação”, do norte-americano Gene Sharp.
No quintal, debaixo de uma mangueira, o exército mobilizado por esses jovens (talvez uns milhões de guerrilheiros) afinava os códigos para lançamento dos mísseis e, talvez, até de ogivas nucleares contra a residência de Eduardo dos Santos…
Perante este manancial de provas, o Ministério Público do regime provou que os jovens activistas estavam envolvidos numa conspiração para a “destituição do Presidente da República e de outros órgãos de soberania”, plano que estava a ser congeminado há muito, muito tempo. Cerca de três meses.
“Os factos descritos evidenciam claramente que os arguidos participaram em reuniões com vista a traçar estratégias e acções, tais como manifestações, greves e desobediência civil generalizada, conducentes à destituição do Governo e do Presidente da República”, considerou – com uma antológica perspicácia – aquele órgão do regime.
Os procuradores do regime entenderam, baseados nos dados recolhidos, que as sessões de formação realizadas na livraria Kiazele, na Vila Alice, em Luanda, visavam “mobilizar as massas populares ideais para desacreditar a governação do executivo angolano”. Coisa difícil dada a credibilidade de que gozava, há 40 anos, o regime, e há 36 anos o Presidente Eduardo dos Santos.
Ainda com a perspicácia investigativa dos melhores peritos do país, foi possível concluir que nesses “encontros de concertação” se preparava a máquina de guerra para “destituir o poder político em Angola”. Poder esse legitimado democraticamente e que, inclusive, faz com que José Eduardo dos Santos nunca tenha sido nominalmente eleito.
O Ministério Público do regime abordou igualmente a análise conspirativa dos frustrados (como chamou aos jovens o próprio Eduardo dos Santos) baseada numa “suposta obra de Domingos da Cruz [um dos arguidos] com o título “Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura: Filosofia para a libertação de Angola”, uma adaptação do livro de Gene Sharp “Da Ditadura à Democracia”.
Pedagogicamente, ou não fossemos todos matumbos – o Ministério Público do regime explicava que essa obra “inspirou as chamadas revoluções nos países da Europa de Leste, países nórdicos, africanos, como a Tunísia, o Burkina Faso, Egipto e Líbia, cujas consequências de tão nefastas deixaram os países atingidos completamente na desgraça, destruídos pelo vandalismo e pelas guerras que se seguiram”.
Mostrando que (até) sabem ler, os instrutores do processo explicaram que naquele obra o autor “ensina como desencadear acções de raiva, revolta e revolução para o fim da tirania através de manifestações generalizadas, greves e desobediência civil”.
Mais. Concluem que os jovens, ao “importar os ensinamentos de Gene Sharp”, pretendiam impulsionar um descontentamento generalizado da população “com o objectivo de destituir” José Eduardo dos Santos.
O Ministério Público do regime pormenorizava, o que só comprova a eficiência dos seus serviços secretos, as fases das reuniões subversivas. Ou seja, “explicações sobre a metodologia e objectivos a perseguir e preparação de acções para a destituição do Presidente da República, ao que seguiria a criação de um governo de transição”.
Acrescentaram as autoridades do regime que os activistas foram apanhados com a boca no botija, ou seja (quase) com o dedo na gatilho. Por outras palavras, no exacto momento em que aprovavam “greves, manifestações generalizadas, violência e o incêndio de pneus em todas as artérias da cidade de Luanda”. E não iam fazer por menos. Eram toneladas de pneus para encher “todas as artérias” de Luanda.
“Os arguidos planeavam formar um governo de salvação nacional e elaborar uma nova Constituição”, disseram os rapazolas do Ministério Público do regime, mostrando contudo que os activistas, inimigos ou terroristas até já tinham gente a trabalhar num novo governo e numa nova constituição. É obra, reconheça-se.
Perante este amontado de crimes, o Ministério Público do regime voltou à pedagogia dizendo que “o poder político é exercido por quem obtém legitimidade mediante processo eleitoral livre e democraticamente exercido, sendo ilegítimos e criminalmente puníveis a tomada e o exercício do poder político com base em meios violentos ou por outras formas não previstas nem conformes com a Constituição”.
“Os arguidos, que se auto-denominam também de jovens revolucionários e se dizem defensores dos direitos humanos e lutadores pela democracia, não respeitaram (nem respeitam), voluntária e conscientemente, os órgãos de soberania, a Constituição da República de Angola e as leis do país, nomeadamente a lei de reunião e de manifestação”, disse o Ministério Público do regime.
Só mesmo a benevolência divina de Eduardo dos Santos impediu que este frustrados energúmenos não fossem condenados a entrar – como outros – na cadeia alimentar dos jacarés do Bengo.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

LUANDA: Homicídio de Sobrinho de José Eduardo dos Santos "belisca Sentimento de Segurança! -MPLA

Homicídio de sobrinho de José Eduardo dos Santos "belisca sentimento de segurança" -- MPLA

Fonte: AO24-Horas
Reedição: Planalto de Malanje Rio Capopa-Blog Cidadania
Homicídio de sobrinho de José Eduardo dos Santos "belisca sentimento de segurança" -- MPLA
O rapto seguido de homicídio de um angolano de 35 anos, sobrinho por afinidade do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, é classificado pelo MPLA como um crime que "belisca sentimento de segurança coletiva".
Osvaldo Manuel Pacavira Narciso, enteado de Marta dos Santos, irmã de José Eduardo dos Santos (Presidente angolano entre 1979 e 2017), foi raptado em Luanda, em 21 de janeiro, quando seguia na sua viatura.
O corpo, vítima de um traumatismo, foi encontrado três dias depois, nos arredores da capital.
"Rapto e morte belisca sentimento de segurança coletiva", lê-se no título de numa nota publicada entretanto pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder em Angola desde 1975 e presidido por José Eduardo dos Santos.
O funeral do jovem realizou-se hoje, em Luanda, tendo o Ministério do Interior vindo a público transmitir a "garantia para a família e para a sociedade de que tudo está a ser feito para o esclarecimento do crime", o qual estará relacionado, segundo informações preliminares da investigação, com uma tentativa de roubo de uma viatura.
Embora sem se referir diretamente a este caso, o último de uma recente onda de raptos seguidos de homicídio em Luanda, o comandante-geral da Polícia Nacional, comissário-geral Alfredo Mingas "Panda", orientou os órgãos policiais a adotarem medidas mais eficazes à prevenção e combate aos crimes violentos.
"A missão da polícia não é apenas combater o crime, é também, e acima de tudo, combater o medo do crime, garantindo tranquilidade aos cidadãos", disse, na sexta-feira, o comandante-geral.
Apesar de a estatística revelar uma ligeira diminuição dos crimes violentos, o comandante da polícia chamou à atenção para a necessidade de não se olhar apenas para os números e que seja prestada atenção às preocupações dos cidadãos.

LUANDA: O Álcool Rende Impostos e Acalma Almas Famintas

O ÁLCOOL RENDE IMPOSTOS 
E ACALMA ALMAS FAMINTAS



O imposto sobre o consumo de cerveja em Angola deverá crescer acima dos 70% em 2018, face ao ano anterior, rendendo globalmente, na previsão do Governo, mais de 54.119 milhões de kwanzas (215 milhões de euros).

Os dados resultam da proposta de lei do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018, em discussão no Parlamento, e contrastam com o valor orçamentado pelo Governo para o ano anterior, que foi de 31.732 milhões de kwanzas (126 milhões de euros).
Este encaixe divide-se entre a aplicação do imposto ao consumo de cerveja nacional, cuja receita sobe este ano 78%, rendendo mais de 53,5 mil milhões de kwanzas (212 milhões de euros) e sobre o consumo de cerveja importada, que neste caso cai quase 70%, passando para pouco mais de 547 milhões de kwanzas (2,2 milhões de euros).
Uma informação da International Wine & Spirit Research (IWSR) referente a 2014 colocava Angola como terceiro maior mercado de álcool no continente africano, com um consumo de 12,8 milhões de hectolitros, atrás da África do Sul e da Nigéria.
Entretanto, a “Luandina”, lançada em Dezembro pela empresária Isabel dos Santos, é a mais recente cerveja produzida em Angola, depois de a portuguesa Sagres ter iniciado, um ano antes, a produção local, na mesma fábrica.
Outras marcas históricas, como a “Cuca” ou a “Nocal” dominam o mercado cervejeiro nacional, aos quais se juntaram ainda os chineses da Lowenda Brewery Company, que instalaram em Luanda, em 2014, a fábrica de cerveja “Bela”, seguindo-se o grupo Refriango, que colocou no mercado a marca “Tigra”.
A produção nacional, segundo o Governo, é suficiente para o consumo de cerveja em Angola.
Além da cerveja, o Governo prevê arrecadar este ano 11.529 milhões de kwanzas (45,5 milhões de euros) com o imposto sobre as restantes bebidas alcoólicas, menos quase 15% face ao orçamentado para 2017.
O incremento nas receitas com estes impostos está associado à intenção do Governo, conhecida no final de 2017, de aumentar as taxas de imposto aplicadas ao consumo de bebidas alcoólicas, jogos e lotarias, pretendendo alocar parte da receita gerada ao financiamento das despesas de saúde pública.
Essas medidas fazem parte do Plano Intercalar do executivo a seis meses (Outubro a Março), para melhorar a situação económica e social do país, aprovado a 10 de Outubro, na primeira reunião do Conselho de Ministros presidida pelo novo chefe de Estado, João Lourenço.
O documento reconhece que “algumas medidas de política necessárias e inadiáveis podem ser impopulares” e por isso “politicamente sensíveis”.
Uma dessas medidas, para aumentar a “robustez das receitas tributárias”, passa por “aumentar as taxas de imposto sobre o consumo de bebidas alcoólicas, casas nocturnas, jogos e lotarias, produtos de luxo e serviços prestados pelas entidades externas”.
O documento não quantifica os aumentos a introduzir, mas sugere a possibilidade de “alocação de parte das receitas geradas” com o aumento dessas taxas “para financiar as despesas de saúde pública”.

Quem incentiva o consumo de álcool?

Será justo dizer-se que o MPLA incentiva o alcoolismo e, consequentemente, atira a juventude para o insucesso escolar, associado à falta de qualidade do ensino, e outros problemas que o consumo exacerbado do álcool causa?
Recordemos, ipsis verbis, um trabalho do nosso colega Sedrick de Carvalho, aqui publicado em 15 de Novembro de 2016:
“Para percebemos como o MPLA “embebeda a juventude”, o F8 prestou atenção aos eventos festivos que se realizam na capital, quase sempre ao fim-de-semana.
Sob o alto patrocínio do partido dos camaradas, uma organização denominada Tudilu Eventos contratou o músico Ferre Gola para cantar durante seis dias em Luanda, Dondo e Lucapa. Não sabemos quanto custou a sua vinda. Contactamos a organização mas não aceitou divulgar o valor. O certo é que não deve ser barato, pois o cantor é referência no seu país, Congo-Kinshasa.
Conforme se vê no cartaz do espectáculo, uma empresa cervejeira – a NOCAL – faz parte dos patrocinadores do evento, e, como é regra, os participantes no “show wumela” bebem sem pudor pois a bebedeira é “apadrinhada” pelo partido governante. Em algum dos eventos do género, como também é sabido, o preço da cerveja é até inferior ao preço do pão pequeno. E quem não tem dinheiro para comprar, pode beber as cervejas gratuitamente, pois o patrocínio serve para isso e ninguém pode manter-se sóbrio na governação de José Eduardo dos Santos.
Lembremos uma “conversa de bairro” na TV Zimbo – que intitulam Debate Zimbo – onde estavam presentes os secretários-gerais da juventude do MPLA e da CASA-CE, e também Adriano Sapiñala, em representação dos jovens da UNITA. Nesse encontro, Sérgio Rescova, do MPLA, negou a acusação de Adriano Sapiñala e Rafael Aguiar, da juventude da CASA-CE, quando afirmavam que “os camaradas” promovem bebedeiras.
Rescova mentia descaradamente, assinalou um jovem que já participou em alguns Campos de Férias dos Estudantes Universitários (CANFEU) da JMPLA. Os CANFEUs são normalmente realizados no princípio do ano, pouco antes do arranque do ano lectivo universitário. Segundo a propaganda, e como se nota na denominação, o retiro colectivo é inclusivo, mas na prática é apenas para os estudantes-militantes do MPLA. A adesão dos militantes é gratuita. O partido cobre todas as despesas.
Segundo outro participante no CANFEU – todos falaram sob anonimato por serem da JMPLA -, as “ditas férias são mais uma excursão de tchilo e sexo longe de Luanda”. O secretário-geral da JMPLA é apontado como um dos frequentadores assíduos, ainda mais sendo o chefe dos jovens militantes. Muitos professores das escolas de ensino superior também participam nos CANFEUs.
“Os professores aproveitam as alunas nesses retiros, e é ali onde se vê qual o professor que mais bebe. Se querem conhecer os professores bêbados de verdade é só irem num CANFEU”, contou um estudante que esteve na edição que decorreu no Kuando Kubango.

Os ébrios órgãos do estado

Oincentivo ao alcoolismo pelo MPLA é grave, mas não tão grave assim comparativamente ao uso inapropriado das instituições estatais na promoção do alcoolismo. São decisões do MPLA e, com certeza, reflexo do mesmo partido.
Talvez o leitor já tenha percebido que nos cartazes consta também a imagem-logotipo do governo de Angola. A organização Tudilu Eventos, cuja página no Facebook apresenta os eventos escritos em francês e a outra é secreta, demonstra não ser um clube qualquer, à igualdade da LS que tem o patrocínio permanente do tal “empresário da juventude” Bento Kangamba, o “exemplo consumado da sociedade civil do presidente”, conforme Ricardo Soares de Oliveira no livro “Magnífica e Miserável – Angola desde a guerra civil”.
Não se compreende qual o patrocínio dado ao espectáculo musical pelo Executivo. Um congolês residente no centro de Luanda avança apenas que “nesses shows não há problemas com as autoridades”. E o não ter problemas com as autoridades pode significar organizar os espectáculos no recinto das instituições estatais. É só prestarmos atenção ao cartaz que aponta o campo da administração municipal do Kilamba Kiaxi como um dos locais do “show”.
Quanto aos CANFEUs da juventude do MPLA, são tantos órgãos públicos envolvidos na organização do “campo de bebedeira e bacanais”. Nos destinos dos acampamentos, acrescentaram os contactados, os governos provinciais e delegações provinciais do ministério da juventude e desportos locais disponibilizam sempre tendas e outros bens para acomodação dos “desbundeiros”.
Os retiros realizam-se geralmente em províncias distantes de Luanda, conforme a estratégia do secretariado nacional da JMPLA que organiza as “férias”. Para a deslocação ao Kuando-Kubango, por exemplo, aviões IL da Força Aérea Militar foram utilizados para transportar os participantes. Estas aeronaves, oficialmente, são para uso exclusivo de militares. Para se fazerem transportar nelas, os soldados têm de apresentar guias de marchas emitidas pelas unidades onde estão destacados. Porém, aos jovens do MPLA basta o cartão de militante, a camisola e o chapéu com o rosto de José Eduardo devidamente envergados.
Gonçalves Muandumba, antigo ministro da Juventude e Desportos, ou melhor, dos jovens do partido, fazia questão de estar no local da bebedeira colectiva e, de lá, fazia discursos propagandísticos a elogiar a “clarividência de Sua Excelência Camarada Presidente José Eduardo dos Santos” no processo de embebedamento dos angolanos.
Lembremos que José Eduardo dos Santos não esqueceu a orientação de Agostinho Neto dada aquando do seu discurso de proclamação da independência de Angola, segundo a qual “os órgãos do Estado na República Popular de Angola guiar-se-ão pelas directrizes superior do MPLA mantendo-se assegurada a primazia das estruturas do Movimento sobre as do Estado”. As estruturas do Estado continuam subordinadas ao partido, desde 11 de Novembro de 1975.
A Televisão Pública de Angola (TPA) e a Rádio Nacional de Angola (RNA), empresas estatais, apoiam com bastante entusiasmo os inúmeros eventos particulares, com realce as festas onde até morrem pessoas, cujos organizadores não são sequer responsabilizados. O caro leitor pode confirmar o patrocínio da imprensa estatal ao pesquisar os cartazes dos espectáculos musicais de, por exemplo, Yuri da Cunha, Matias Damásio, Nagrelha e Coreon Du, o agente dos kuduristas e principal promotor das bebedeiras através dos vulgares programas televisivos Flash, Tchilar e Layfar.”

LUANDA: Descontando ser Mentira, estamos Entre os Melhores

DESCONTANDO SER MENTIRA, ESTAMOS ENTRE OS MELHORES



Entre os países da Comunidade de Países de Língua (+ ou -) Portuguesa, CPLP, Moçambique é classificado como um regime “híbrido”. Na classificação da The Economist, Angola, Guiné-Bissau e Guiné Equatorial surgem como países “autoritários”.

Cabo Verde manteve este ano a liderança dos países lusófonos no elaborado anualmente pela The Economist, ocupando o 23º lugar entre os 167 Estados analisados, três posições à frente de Portugal e 26 do Brasil.
Num índice em que não figura São Tomé e Príncipe, a The Economist Intelligence Unit, subordinado ao tema “Liberdade de Expressão Sob Ataque”, considera Cabo Verde, Portugal, Timor-Leste e Brasil “democracias com falhas”, enquanto Moçambique se situa no limiar inferior dos “regimes híbridos” e Angola, Guiné-Bissau e Guiné Equatorial surgem como “autoritários”.
O índice tem em conta cinco principais indicadores – processo eleitoral e pluralismo, funcionamento do Governo, participação politica, cultura política e liberdades civis.
Num máximo de 10 pontos, que nenhum dos Estados analisados conseguiu obter – Noruega (9,87), Islândia (9,58) e Suécia (9,39) são os três mais bem classificados -, Cabo Verde foi creditado com 7,88 pontos (23º lugar global), Portugal com 7,84 (26º), Timor-Leste com 7,19 (43º) e Brasil com 6,86 (49º).
Moçambique surge com 4,02 pontos (115º posição) e é o último dos considerados “regimes híbridos” (acima dos 4,00), à frente dos “autoritários” Angola (3,62 pontos – 125º lugar), Guiné-Bissau (1,98 – 157º) e Guiné Equatorial (1,81 – 161º).
Atrás da Guiné Equatorial, e até ao fim do índice, só figuram outros seis Estados – Turquemenistão (1,72 pontos), República Democrática do Congo (1,61), República Centro Africana (1,52), Chade (1,50), Síria (1,43) e Coreia do Norte (1,08).
Entre os países lusófonos, e dividindo por indicadores, Cabo Verde têm índices que variam entre os 9,17 pontos (processo eleitoral e pluralismo) e os 6,67 (participação política).
Portugal tem como melhor índice 9,58 pontos (processo eleitoral e pluralismo) e 6,11 (participação política), Timor-Leste entre 9,08 (processo eleitoral e pluralismo) e 5,56 (participação política) e Brasil entre 9,58 (participação eleitoral e pluralismo) e 5,00 (cultura política).
Moçambique, por seu lado, tem como melhores resultados os 5,00 pontos, quer na participação política, quer na cultura política, e 2,14 no item funcionamento do Governo.
Angola varia entre os 5,56 pontos na participação política e 1,75 no processo eleitoral e pluralismo, enquanto a Guiné-Bissau tem como máximo 3,13 na cultura política e 0,00 atribuídos no funcionamento do Governo.
A Guiné Equatorial também teve um 0,00, mas no processo eleitoral e pluralismo, tendo o valor mais elevado sido 4,38, a nível de cultura política.
Certamente, dirão os assessores de João Lourenço, a The Economist Intelligence Unit não sabe o que diz e não auscultou as fontes mais correctas e conhecedoras. No caso, o MPLA.
E têm razão. Vejamos. Juridicamente já não há pena de morte na Guiné Equatorial. E se não há juridicamente ninguém pode acusar (embora seja verdade) Teodoro Obiang Nguema Mbasogo de mandar matar os seus adversários. E se assim é, juridicamente também não há corrupção, nem falta de liberdade, nem fraudes eleitorais em Angola, se bem que o reino de José Eduardo dos Santos (enquanto presidente do MPLA) e de João Lourenço (enquanto presidente da República) seja o oposto de tudo isso.
Angola é um dos países mais corruptos do mundo? Juridicamente não. É um dos países com piores práticas democráticas? Juridicamente não. É um país com enormes assimetrias sociais? Juridicamente não. É o país com o maior índice de mortalidade infantil do mundo? Juridicamente não.