sábado, 25 de maio de 2013

BERLIN: Ainda o 27 de Maio de 1977 - A Recepção Inesquecível, uma coronhada & dois socos na cara - Por Fernando Vumby


AINDA O " 27 DE MAIO DE 1977 "

A RECEPÇÃO INESQUECÍVEL ,  UMA  CORONHADA  & DOIS SOCOS  NA CARA
 !




Se há  factos  e situações  que permanecem inesqueciveis em nossa
memória  a recepção  que os meus ex colegas da " Contra Inteligencia
Militar " me tinham reservado no dia 30 de Maio quando fui preso ,
para mim é uma delas .

São das tais coisas que nunca nos passa  pela cabeça , porque  se tem
a ideia de que  nossos próprios camaradas , colegas de cursos amigos e
amigas  de algumas andanças  nunca nos  tratariam assim de forma tão
cruel e brutal.

Estava eu enganado afinal !

Com pontapés , coronhada e arrastões pelo chão duro de betão de uma
sala tão estreita  perante os olhares de uma mulher  furiosa que
poucos dias antes tinha  sido  até minha noiva  e se sentia
vigarizada.

Essa foi  a recepção que os meus ex colegas  da " Contra Inteligencia
Militar " me tinham reservado na cadeia   do S.Paulo no dia 30 de Maio
de 1977 quando me roubaram a liberdade pela  primeira vez com apenas
22 anos de idade  sem nenhum mandato de captura .

Mas mesmo sangrando e rebolando pelo chão  , de principio não estava
acreditar e nem a levar a coisa muito á sério , convencido que depois
da surra seria posto em liberdade.

Foram momentos  e situações  tão  únicas que transformam para sempre a
minha vida , e todo o seu percurso  que suscitam divagações  de como
teria sido aquele  27 de maio se tivesse o azar em  ter caído  para as
mãos de um Carlos Jorge  por exemplo ?

Quem viveu os dias que se seguiram ao 21 de Maio  com grande
intensidade como nós os da  " Contra Inteligencia Militar " na altura
presenciou  com certeza dias de grande efervescência , porque  foi a
partir deste dia que foram presos os primeiros elementos da Disa.

Lembro-me do Manuelito Sambila irmão do kota França como se fosse hoje
, preso antes do 27 de Maio , liberto no dia 27 de Maio pelos
assaltantes  da   cadeia  de S.Paulo e quase nem tempo teve para  se
despedir dos seus amigos porque a morte já lhe estava reservada.

Nunca me tinha passado pela cabeça um  dia presenciar tanta morte
cruel e mudanças tão bruscas de comportamento  de certas pessoas com
quem ainda antes tinha trabalhado na Contra - Inteligencia ou  me
cruzei no cir Belice antes de Angola ainda ser um país independente..

Simplesmente incrível e inexplicável  quando se  está entre  a vida e a morte  !

Me comove até hoje ter sabido que muitos de nós fomos  obrigados a
engolir os escarro de  nossos  próprios  carrascos e  saber que o
sangue que corria pelas pernas daquela activista da comissão popular
do bairro Sambizanga era mesmo  real.

Meus manos , me perdoem quem sabe um dia  vos falo  só de flores ,
amor , pão , paz , luz , água  ou da Maria das Escrequenha e Joana
Maluca ? !

Mas hoje , é bom lembrar-vos o quanto foi cruel aquele dia 27 de maio
de 1977 , na esperança que não se cometam os mesmos erros e a mesma
excessiva brutalidade num futuro.

Infelizmente é  a nossa Angola , onde muitos dos nossos irmãos foram
tão cruéis e continuam á se-lo causando morte de todas as maneiras e
feitio aos seus próprios irmãos e fazendo coisas que até o diabo
quando não se ri de nós fica pasmado .

Uma coisa é falar-se do dia 27 de Maio de 1977 e outra coisa é ter
sofrido na carne e no espírito todo aquele sofrimento , incrível o que
o homem angolano  hoje  já é capaz  de fazer em termos de tortura .

Precisamos pesar toda aquela brutalidade , que hoje já começa a ter
repercussões maléficas no espírito dos  filhos que perderam seus pais
, dos netos que perderam seus avós e das viúvas que perderam seus
maridos.


Simplesmente doloroso o  pânico e traumas indeléveis que ainda  estão
como fantasmas na mente e no subconscientes de dezenas de pessoas hoje
já   idosas , e  mães procurando as ossadas de seus filhos.

Velha Lemba , que morava junto ao Kabuite no bairro Sambizanga dos
três   filhos  que tinha lá foram todos  de uma só vez , e a mãe do
Adelino Xavieir  " Adé " o que é feito daquela senhora que tantas
vezes  nos deu broa e ovos estrelados ao matabicho ?

Os manos Isaías e Simiao do bairro da Precol , de uma sentada dois
jovens com tanta vontade de viver , planos e família constituída ,
deixaram apenas o seu sangue espalhado nas paredes da cela ( G ) .

Vi com os meus próprios da uma única noite que estive com eles ,
enquanto o man palhas " Palhaço " já  estava com um dos  olho furado
por beatas de cigarros e com a promessa de morte garantida.

E a Vitória que perdeu o seu Zeca Makalé , meu amigo desde os tempos
de criança  o que é feito dela ?

Minhas lágrimas neste dia 27 de Maio de 2013 pela lembrança de pessoas
 que conheci de perto e com partilhei aqueles momentos mais dificeis
da história da minha vida .

Eles foram mortos por falta de um julgamento que talvez os socorresse
, se a Agostinho Neto aceitasse perder muito  tempo fazendo justiça ,
do que em pouco tempo ter dizimado uma geração de jovens tão pujantes
e na sua maioria inocentes.

Deu para perceber que a dada altura eles já nem se quer estavam
interessados em sacar a verdade dos presos , queriam apenas  praticar
o mais puro sadismo , pois a maioria de nós já estava condenado á
morte pelas ordens de Agostinho Neto.


PERDÃO  SÓ DEPOIS  DAS  CONFISSÕES  E ARREPENDIMENTO



Passados 36 anos que são  ainda persistem muitas duvidas  sobre  as
verdadeiras intenções do MPLA em ter morto tanta gente naquele dia e
pela forma como  fez as execuções , porque o país  ainda  é
prisioneiro de um regime  cruel e brutal que está sempre pronto para
matar.

Muita coisa ainda não foi dita e muitas vozes continuarão  silenciadas
 enquanto o pais estiver nas mãos de  um psicopata , assassino ,
ladrão  e perverso presidente que meteu o país de joelho  para fazer
valer as suas ambições.

Enquanto as mentiras inventadas pelos  autores daquele massacre não
forem devidamente desmascaradas , enquanto o nosso povo não saber toda
verdade do que se passou naqueles dias terríveis a mentira continuará
governando Angola.


 Mas  apesar dos pesares ,    " Bem aventurados  os que têm fome e
sede de justiça ( Mt5,6)

Pertenço aos que partilham  da ideia  de que enquanto não haver
confissões e julgamento  dos assassinos do 27 de Maio de 1977 , o
nosso perdão para com eles  continuará a ser fingido.

Mas antes de me alongar importa realçar aqui neste texto , duas
citações  emprestadas por autores  que muito se debateram  com o tema
" justiça "

"É belo ser-se justo. Mas a verdadeira justiça não permanece sentada
diante da sua balança, a ver os pratos a oscilar.

Ela julga e executa a sentença." Autor - Rolland , Romain

"Uma coisa essencial à justiça que se deve aos outros é fazê-la,
prontamente e sem adiamentos; demorá-la é injustiça." Autor - Jean de
la Bruyère .

Repito meus manos , falar-se do 27 de Maio partindo daquilo que se lê
nos tantos livros  que já se escreveram  para a contribuição histórica
de Angola é uma coisa , e a outra é ter-se vivido nas cadeias todo
aquele terror , e crueldade como consequência daquele  acontecimento.

Mas  nem mesmo nós os que passamos pelas cadeias sofrendo física e
psicologicamente toda aquela inclemência dos nossos carrascos  temos o
direito de deturpar ou falsear os factos históricos do 27 de Maio de
1977.


Nem o de  excluirmos do perdão nenhum daqueles tantos nossos irmãos "
carrascos " que foram longe de mais com o seu sadismo , a menos que
eles próprios  se excluam pela sua falta de confissão e sinais de
arrependimento por tudo quanto nos fizeram.



Precisamos  acabar  com o perdão  fingido , mas para isto  Angola
precisa de ouvir as confissões dos mentores dos assassinatos do 27de
Maio de !977 de ambas as partes , e julgá-los  muito embora a maioria
de uma das partes já tenham sido executados sem  qualquer julgamento.


Angola precisa de ouvir as suas próprias vozes reconhecendo   todo o
seu sadismo , apetência pelo sangue dos outros , e  pedirem perdão
pelos crimes cometidos  porque sem  essa  atitude  de arrependimento
acredito ser impossível  haver um verdadeiro perdão.

Se até mesmo quando se comete uma ofensa " contra Deus inclusive "
para se obter o perdão é preciso a confissão o arrependimento e o
desejar  nunca mais repetir as mesmas ofensas.


E aliás quem se sente  verdadeiramente arrependido não deveria  ter
problemas em  confessar os seus crimes  e nem em  humilhar-se
reconhecendo de que é pecador e aceitar a mão do perdão .

Podemos tomar o exemplo de William Tonet , que se confessou e se
arrependeu perante Holden Roberto , pelo montão de sangue , fígados  e
outros órgãos humanos roubados dos hospitais por ordens do MPLA , para
vender a imagem de que a FNLA era um movimento de canibais.

Que grande kizango
!

Mas WT mostrou toda sua verticalidade como homem de bom coração , "
rei dos indígenas " e consciente por aquilo que  era  errado  e certo.


Mas atenção , não quero com este texto  forçar aqueles que  já  se
mentalizarem ,  e estão firmes  com a intenção de não reconhecerem os
seus erros  preferindo levá-los para  caixão  quando um dia morrerem
, como tem sido hábito.

Até porque  por uma questão de princípios sou contra todo tipo de
confissões forçadas  sejam  elas á catanada , ponta-pés , socos ,
paulada , kapanga  ou outros meios quaisquer  de agressão física..

Ainda me lembro como fosse  se hoje na cadeia do S.Paulo aqueles
interrogatório  que  eram piores que pena de morte , onde  tudo valia
para  forçar confissões de presos .

Amarrados ,  escarrados na cara  e obrigados  a engolir a urina dos
agentes   mais  sádicos  que já  conheci na minha vida " Osvaldo
Inácio , Carlos Jorge , Pereira e outros tantos " apenas para nos
obrigar dizer verdades que não existiam.

Quando os mais fracos  vendo seus corpos salpicados de sangue e como
medo de morrer diziam o que sabiam  e o que não sabiam , acabando
desta forma por assinar forçadamente  a sua própria declaração de
morte e de outros tantos consofredores.

E se Deus trata com mais benevolência aqueles que têm  muitos pecados
e se arrependam amargamente dos mesmos , do que  aqueles   que têm
menos mas se recusam a reconhecê-los segundo as escrituras , porque
razão os nossos carrascos se recusam á confessá-los ?

Esse amontoado de assassinos que anda por ai , alguns promovidos com
altas patentes , generais , ministros , secretários , chefes de
esquadrões da morte dos serviços secretos e da policia  como
recompensa das ordens que cumpriam com todo o rigor .

Confessem ou não os seus crimes hoje , deveriam pelo menos examinar as
suas consciências e as memórias de tanta gente que mataram algumas das
quais seus amigos de infância , companheiros de farda  e até mesmo
irmãos de sangue , para verificarem se os actos que cometeram eram
certos ou errados.

Se eles fizerem uma retrospectiva com seriedade  de tudo aquilo que
aconteceu  desde o dia 21  de Maio de 1977   facilmente perceberão que
foram cruéis demais.

Esses nossos carrascos de ontem e que  hoje alguns continuam sendo
ainda piores porque o crime compensa , dá lucro e os  torna famoso .

Cometem um grande erro ao deixarem  adormecer as suas consciências ,
buscando esquecer os crimes cometidos na esperança de que  nós suas
vitimas também nos vamos esquecer  de todo aquele martírio.

Já dizia e bem dito , o compatriota - (  Makuta Nkondo ) -  : Nunca um
filho se esquece do carrasco de seu pai  !

Mesmo assim , sou pelo perdão depois da confissão e arrependimento e
por mais cruéis que eles tenham sido contra nós que até hoje dormimos
e acordamos  com aquelas imagens flutuando em nossa memória.

Para melhor  honrarmos  os nomes dos nossos amigos , conhecidos e
todos aqueles compatriotas no geral , precisamos não excluir do perdão
nenhum dos nossos carrascos mesmo que o façamos com lágrimas no rosto
pela lembrança desses e outro amigos  que hoje já não estão connosco.

O kota Lito Breganha , o Vigário , o Mingo da comissão popular do
bairro Sambizanga , o Xadú , O Chana , Ady Narciso , o Ilídio , Juka
Valentim , a Luisa Fontes , os manos Santos das B ,  o Avelino Mateus
Colombo , o Adelino Xavier , " Adé "o man Kaiffy " Kiferro "  o Feio ,
a Nandy, Verinha , Perré  ,  Zeca Makalé , Xadu , Teresa do Lobito  ,
a miùda Susana do Sumba Futa , Maria Bartolomeu , Nandy , Verinha ,
Perré , Pai k , o Zé Valles , o kota Conceição  e tantos outros que
ainda guardo suas imagens  bem vivas em  minha memória  memorias.

Claro que não será fácil concedermos este perdão sem cultivarmos por
algum tempo e compreendermos a necessidade deste perdão e
reconciliação com os assassinos .

Sem coragem em analisarmos certas ocorrências , o nosso pensamento e
sentimentos  vamos continuar agarrados á nossa condição de vitimas de
ontem e isto nos dificultará á dar um passo enfrente.

Manos , este tipo de gente cruel  vamos ter sempre pela frente se as
coisas não mudarem em Angola , basta olhar á nossa volta e somarmos
os nossos mortos de cada dia , vitimas de todo tipo de  armadilhas e
não só.

Mais mesmo  sendo o perdão a força forte  que dissolve a raiva  e o
ódio  que sentimos contra  eles só depois das confissões  e
arrependimento  vamos perdoá-los  sim .




Forúm Livre Opinião & Justiça


Fernando Vumby

LUANDA: Portugal esta á venda? Quem Compra?

Portugal está à venda? Quem Compra?
Reedição: Radz Balumuka
www.planaltodemalangeriocapopa.blogspot.com

portugal a vendaSerá Angola a tábua de salvação para a actual crise portuguesa? Serão os angolanos os grandes investidores em Portugal? É o que parece à primeira vista. Mas será realmente assim?
Nos últimos meses de 2012 e no início de 2013 muitos são os comentários que se têm ouvido, quer em Angola, quer em Portugal, principalmente nas ruas e nas redes sociais sobre a “nova colónia da ex-colónia”.
Paira no ar um sentimento de insegurança e incerteza por parte do povo português no sentido de perceber o que se passa. Será que Portugal vai beber do próprio veneno que espalhou noutros tempos? Quem pode garantir que assim será? Ou não?
A actual crise financeira, sobretudo enraizada na Europa, e pela qual Portugal atravessa como um dos piores momentos da sua história está a provocar profundas oscilações e mudanças políticas, organizacionais e, principalmente, empresarias.
As grandes empresas e os grandes impérios económicos portugueses, nomeadamente no sector bancário, da construção civil e das telecomunicações têm sofrido um forte abalo devido à sua incapacidade de fazer frente à falta de liquidez.
Com o desemprego a aumentar a um ritmo frenético, as empresas e grupos económicos têm procurado nos empresários angolanos, brasileiros, chineses, e não só, uma fuga à insolvência ou à banca rota.
A encabeçar a lista de maiores accionistas na criação de parcerias e na compra de empresas, está a engenheira Isabel dos Santos. Esta mulher de negócios, de apenas 40 anos, é filha do Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos e é vista por uns como uma solução para os problemas financeiros em Portugal e por outros como um perigo eminente que, em representação da sua família, tenta “colonizar” a antiga colónia.
Exemplos disso são as mais recentes aquisições de acções, em grande parte, da maioridade da ZON TV Cabo, Banco Espirito Santo e marca Sonae, com o Continente e a Optimus.
Para além das “compras”, Angola tem apostado nas parcerias e na tomada de decisão de levar para Angola as grandes empresas portuguesas, principalmente na área da construção civil, banca, indústria alimentar, tais como a Caixa Geral de Depósitos, Banco Santander Totta, BFA, em representação do BPI, Millennium Angola, Mota-Engil, Teixeira Duarte, Soares da Costa, a Portugal Telecom, a Zon (Tv Cabo), a Galp, o Jornal Sol e, mais recentemente, os supermercados Continente.
Este é o reverso da medalha com o total aproveitamento das capacidades económicas que Angola apresenta neste momento, face ao período conturbado para as empresas portuguesas que sobrevivem, dia a dia aos aumentos de impostos e de imposições por parte do governo português, condicionados pelas exigências da Troika.
Portugal está à venda? Esta é uma das perguntas que paira no ar. Vão respondendo alguns países em ascensão económica. Um deles é Angola. Curiosamente, Angola, uma ex-colónia portuguesa que conquistou a sua independência em 1975. Desde essa altura e, principalmente a partir do momento em que estabilizou, após a assinatura da paz em 2002, este país da África Sub-Sahariana está a crescer, a procurar a sua reconstrução nacional, baseada no desenvolvimento político e económico em que os investimentos fora de portas conferem-lhe, cada vez mais, um estatuto de novos patrões africanos e atentos aos grandes e milionários negócios um pouco por todo o Mundo.
NEGÓCIOS AO PREÇO DA UVA - Para além de Angola, também o Brasil e a China são duas potências em franco desenvolvimento e crescimento económico. As suas apostas não se observam apenas em Portugal, mas sim um pouco por toda a Europa. No entanto, a afinidade com o país à beira mar plantado tem cativado a sua atenção.
À parte do comércio e do turismo, Portugal representa para estas novas potências emergentes economicamente uma “apetecível” ocasião para fechar bons negócios, a preços bastante convidativos.
A crise em Portugal não é desejável pelos países ditos irmãos mas tem sido muito “agradável” adquirir acções de várias empresas em diferentes sectores. Empresas com história no mundo dos negócios, com credibilidade e mercado a nível internacional.
Casos gritantes como os da privatização da EDP, RTP, TAP ou, mesmo, a CIMPOR suscitaram o interesse a estes países que estão a atravessar uma fase economicamente positiva e que têm poder de compra. Para Portugal é favorável, na medida em que precisa de capital que possa fazer face à dívida ao FMI.
Economicamente, esta movimentação pode ser muito interessante; no entanto, em praça pública, a população lusa teme não só que Portugal perca as suas grandes empresas e que a privatização das mesmas seja um “mau negócio”, como teme por uma “vingançazinha” do passado, ainda muito recente. As opiniões dividem-se. Muitos questionam: de onde vem tanto dinheiro? Quem nunca jogou ao Monopólio. É isso mesmo! O mercado e os grandes accionistas angolanos observam as oportunidades. Vão comprando pequenas percentagens. Sempre que têm uma oportunidade avançam. Porque dinheiro abunda. Fruto da indústria diamantífera e do petróleo, os empresários vão conseguindo aos poucos ganhar terreno no capital das empresas que procuram soluções rápidas e a todo o custo.
Os negócios mais sonantes e que têm o “dedo e os dólares angolanos” já existem no mercado, quer português, quer angolano com bastante expressividade.
Os números são variáveis e sempre mantidos debaixo de grande secretismo. Para os portugueses, valores aceites, muito abaixo do mercado real, para os angolanos com mais um excelente investimento para proporcionar ao seu país o acesso a melhores serviços.
Investimento esse que se estima já ultrapassar os 200 milhões de Euros, com participações da Sonangol no BCP, na Galp, na compra da ESCOM ao grupo Espírito Santo, na participação das acções na Amorim Energia, Banco BIC, o BPI que representa o BFA e a Zon TV Cabo que deu origem à ZAP, tal como a Portugal Telecom deu origem à Unitel e agora mais recentemente a entrada da Sonae em Angola, não só pelos hipermercados Continente como também pela compra (ainda em negociação) da Operadora móvel Optimus.
Este sucesso nos mercados internacionais deve-se a uma frescura que Angola consegue manter desde o início desta crise financeira global. O PIB angolano continua a crescer anualmente três vezes mais do que o resto do mundo. Algo que continua a surpreender e a tornar este país cada vez mais atrativo para investir e emigrar.
Para além de todo este investimento, reconhecido a nível internacional e que vai sendo publicado pela comunicação social, há um outro tipo de investimentos que chama à atenção e atrai as mais variadas opiniões. As compras. O comércio. As visitas, cada vez mais frequentes, o luxo procurado nos hotéis, nos restaurantes, nas lojas, nas discotecas.
Um mundo verdadeiramente à parte e invejado por quem anda a contar os trocos para poder comer.
“É um pouco estranho ver esta nova sociedade angolana que vem para Lisboa e que gasta numa loja de roupa ou numa discoteca cerca de 1000 Euros numa única peça de roupa ou numa garrafa de champanhe. Para quem está a passar por apertos para poder colocar comida no prato, acho que nós, os portugueses, nunca estivemos habituados a ver um luxo destes vindo de um país que sempre foi falado pela guerra e pelo que se ouve. Mas alguém tem que investir em Portugal, se tiverem que ser os angolanos, pois que seja”, disse Vanessa Soares.
É notório, entre as conversas que se ouvem nos cafés, nas lojas e até falando com alguns empresários, é percetível o gosto e a procura dos angolanos pelos produtos portugueses.
“Como luso-angolano, prefiro que as empresas portuguesas sejam vendidas a empresários Angolanos do que a chineses ou outro qualquer país, não só pela ligação umbilical que os dois países têm, como por ser neste momento de grande importância para a exportação de mão-de-obra e bens de consumo. As grandes empresas portuguesas sempre foram geridas na base do compadrio e chulagem, com cargos importantes para familiares e amigos. Trabalhei numa grande empresa durante 13 anos e constatei esse facto. Actualmente uma das maiores empresas portuguesas foi adquirida na sua totalidade por capital brasileiro e em poucos dias alteraram tudo o que tinha a ver com comportamentos burgueses e mordomias de parte das chefias. Por estes e outros motivos, sou a favor de mudança de mentalidades e claro, a entrada de dinheiro fresco”, contou à Figuras & Negócios, Wilson Lima, angolano naturalizado português que vive entre Angola e Portugal à procura de melhores oportunidades de vida.
“Este é daqueles tópicos que vão dar que falar...do que me tenho apercebido, o principal objetivo é conseguir implementar o negócio dessas empresas em Angola ao mais baixo custo possível. É mais barato comprar a empresa e assim trazer a tecnologia know-how e profissionais para cá (Luanda) do que pagar pelos serviços e patentes. Penso que não será por uma questão de investimento em Portugal... não trás grande lucro, pelo menos atualmente”, expressou Tito Martins, mais um português que encontrou em Angola a escapatória para a crise e para o desemprego.
PORTUGUESES EM ANGOLA NÃO PARAM DE CRESCER
A crise, o desemprego e a sombra da Troika têm “empurrado” os portugueses, cada vez mais para a saída do país e Angola, como um novo mundo de oportunidades, tem sido um dos destinos mais procurados.
Desde 2003, os serviços de emigração estimam que de 21 mil tenham passado a residir e trabalhar em Angola, mais de 100 mil portugueses. Já a circulação de angolanos passou a fazer-se no sentido contrário. Desde 2009, o número de angolanos ou com dupla nacionalidade a chegar ou a regressar a Angola aproximou-se dos 30 mil.
Portugal está em crise. À beira da banca rota. Já partiram para Angola quatro vezes mais portugueses do que angolanos chegaram a Portugal.
As oportunidades crescem e quem está com a corda no pescoço tem que pensar rápido e partir. Na mala vão as esperanças e o desejo de que a crise acabe rapidamente. O que parece ainda estar apenas sob uma miragem. Especialmente numa fase de reconstrução nacional e ascensão que vão permitindo abertura ao mercado internacional de trabalho.

LISBOA: Portugal está entre as maiores lavandarias dos recursos financeiros roubados de Angola, essa afirmação pertence ao causidico David Mendes proferidas a parte do Meeting que decorre sob o lema, a corrupção em Angola realizado em Lisboa Portugal, pela euro deputada Ana gomes do partido socialista português.


David Mendes: Portugal deve devolver investimentos angolanos ilícitos
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david mendes  85224533Portugal está entre «as maiores lavandarias dos recursos roubados de Angola»
O advogado angolano David Mendes disse esta sexta-feira, em Lisboa, que Portugal compactua com a corrupção em Angola ao aceitar investimentos com origem ilícita deste país, instando o Estado português a investigar e devolver estes recursos à Angola.
«Facilmente pode-se chegar à conclusão que Portugal tem interesse em que este grupo que sustenta a corrupção em Angola continue (a atuar), porque entram em Portugal, semanalmente, quase 40 milhões de dólares» (30,9 milhões de euros), disse Mendes, que integra também a Associação Mãos Livres.
O advogado angolano fez estas declarações à margem de uma audiência pública, organizada pela eurodeputada socialista Ana Gomes, em que se discutiu um relatório sobre corrupção em Angola.
O documento, da Corruption Watch e da Associação Mãos Livres, aponta o alegado envolvimento de figuras do regime angolano, incluindo o Presidente angolano José Eduardo dos Santos, e intermediários num contrato que terá lesado Angola em mais de 700 milhões de dólares (541 milhões de euros), num acordo para restruturar a dívida de Angola à Rússia que data dos anos de 1990.
«O fluxo de dinheiro de Angola para Portugal é superior aos investimentos feitos em Angola», afirmou Mendes.
De acordo com o advogado, «esse grupo (angolano) de pessoas ligadas ao poder tem uma relação umbilical também com políticos portugueses que estão no poder».
«Portugal poderia saber de uma forma fácil como estas pessoas obtém o dinheiro e chegar à conclusão que este dinheiro é ilícito», referiu ainda, citado pela Lusa.
«Sendo dinheiro ilícito, ainda que os investimentos em Portugal sejam lícitos, o Estado português tem a obrigação de cancelar estes investimentos e devolver o dinheiro para Angola», acrescentou.
Portugal, segundo o ativista, tem a obrigação de saber se os capitais que entram no seu território pagam os seus impostos em Angola, um país que tem tantas limitações no que se refere ao bem-estar da população, que passa por carências extremas.
«A par da China e do Brasil», Portugal está entre «as maiores lavandarias dos recursos roubados de Angola», referiu ainda o ativista político angolano Rafael Marques.
Marques, entretanto, já vê «sinais na sociedade portuguesa, sobretudo dos magistrados, de prestar a atenção a esta situação e este é um sinal positivo que deve ser reconhecido, porque a magistratura portuguesa acaba por conferir alguma respeitabilidade ao Estado português».
«Há uma certa resistência por parte da sociedade angolana a tudo isso que se passa, mas tem mais a ver com o discurso de Portugal, do que com os cidadãos portugueses», indicou ainda Rafael Marques.
«O governo português é visto como um acessório de propaganda do governo angolano, pelas declarações que os dirigentes portugueses fazem a favor da elite angolana, desta elite corrupta», sublinhou o ativista angolano.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

LISBOA: A Euro Deputada socialista Portuguesa Ana Gomes promove em Portugal Lisboa, um audição publica sobre a corrupção desenfreada do regime corrupto ditatorial angolano.

A eurodeputada Ana Gomes, irá promover amanhã, 24 de Maio, uma audição pública sobre o tema “Corrupção e Direitos Humanos: Os Desafios de Angola e o Papel de Portugal”.
No encontro, Ana Gomes apresentará o seu relatório sobre o impacto da corrupção sobre os direitos humanos.
A sessão contará com a presença de Rafael Marques de Morais, jornalista e autor do livro Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola, uma denúncia contundente sobre as violações sistemáticas de direitos humanos nas regiões diamantíferas das Lundas, no nordeste de Angola. Participará também no debate Andrew Feinstein, ex-deputado sul-africano e director da Corruption Watch UK, autor do relatório Fraude em Altos Cargos: O Contrato Corrupto da Dívida de Angola à Rússia.
A audição pública de amanhã realiza-se no seguimento de vários debates sobre o mesmo tema, promovidos pela eurodeputada portuguesa no Parlamento Europeu em Bruxelas nos últimos meses, que contaram também com a presença de Rafael Marques de Morais.
A sessão pública terá lugar às 10:30 no Gabinete do Parlamento Europeu, no Largo Jean Monet, n.º 1-6, em Lisboa.

LUANDA: Salvador Freire Diz que não há explicação convincente sobre os ativistas cívicos Kamulingue e Cassule, raptados pelas autoridades do regime ditatorial angolano. Não se consegue perceber como a policia dita Nacional cidadãos e depois da-lhe sumiço inexplicavelmente.


 Salvador Freire afima: "Não há explicação convicente sobre Kamulingue e Cassule"

AFS
AFSReedição: Radz Balumukawww.planaltodemalangeriocapopa.blogspot.com       
O presidente da organização de direitos humanos “Mãos Livres” Salvador Freire disse hoje não ter recebido uma “explicação convincente”  das autoridades sobre o desaparecimento dos activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule.
Os dois desapareceram há quase um ano quando participavam em preparativos para manifestações de desmobilizados das forças armadas.
Falando no programa “Angola Fala Só” Salvador Freire disse que o desaparecimento dos dois activistas eram mais dois nomes de uma lista de vários nomes de pessoas que desapareceram ou foram assassinadas ao longo dos anos.
O advogado disse que o desaparecimento de pessoas é uma situação “perigosa” para Angola  acrescentando “suspeitar da existência de uma milícia que tem recebido ordens” de pessoas nos círculos de poder.
Interrogado sobre a reacção das autoridades aos seus pedidos de esclarecimento  disse “não haver respeito das autoridades” pelo cidadão comum.
O advogado disse que intensão da “Mãos Livres” continuar a fazer pressão sobre as autoridades.
“o governo vai ter que nos dar uma explicação,” disse.
Interrogado pelo ouvinte Mateus Katuvaki   de Benguela sobre se os dosi activistas poderiam ter sido assassinado, Salvador Freire, disse não ter qualquer informação nesse sentido.
“Temos a ideia que estão vivos,” disse acrescentando contudo se os dois activistas foram mortos  há que apurar responsabilidades para que os criminosos sejam levados á justiça.
Interrogado por diversos ouvintes sobre a corrupção no sistema de justiça, o dirigente da “Mãos Livres” disse continuar a acreditar no sistema de justiça angolano apesar de todas as insuficiências que possam existir.
“Se um dia houver corrupção no sistema de justiça ao nível que existe nooutras instituições então Angola não tem futuro,” disse.
“Pode existir corrupção em alguns tribunais ou de alguns magistrados mas não é como noutros sectores,” disse.
Salvador Freire fez notar as enormes dificuldades com que lutam juízes e advogados através do país mas disse acreditar que os juízes continuam a lutar pela sua independência.
Elogiou por outro lado os planos do governo para estender tribunais e instituições de justiça a todo o país
O advogado disse não ter confiança na polícia nacional mas frisou que mesmo a nível de instituições como o ministério do interior há Uma elevação da consciência.
“A actuação é agora diferente do passado,” disse o jurista.
Salvador Freire disse que a “Mãos Livres” não recebe qualquer dinheiro do estado apesar de ter pedido nesse sentido escrevendo mesmo ao Presidente José Eduardo dos Santos para apoio financeiro como instituição jurídica independente.
A organização luta com falta de meios e só pode operar em nove províncias.

LUANDA: Regresso vitorioso de Abel Chivukuvuku pelo exterior, Seja bem vindo camarada.


SECRETARIADO EXECUTIVO
PRESS RELEASE
Informa-se que o presidente da CASA-CE Dr. Abel Epalanga Chivukuvuku regressou hoje ao país eram setes horas, ao fim de dezanove dias de intenso trabalho de visita às comunidades angolanas no exterior em Portugal, França, Inglaterra e Estados Unidos de América  e de contactos com as autoridades politicas e civis daqueles países.
O presidente foi calorosamente recebido, no aeroporto internacional 4 de Fevereiro, pelos membros do Conselho Presidencial, do Secretariado Executivo Provincial de Luanda e distintos quadros e militantes   da CASA-CE que  o aguardavam desde as primeiras horas.
Depois da recepção protocolar o presidente dirigiu algumas palavras aos militantes e quadros da CASA-CE que o aguardavam na parte externa, pedindo-lhes um maior engajamento nas acções e actividades politicas para que a CASA-CE seja de facto o factor de mudança política pacífica em 2017.
LUANDA, AOS 24 DE MAIO DE 2013. -


quarta-feira, 22 de maio de 2013

USA: Abel Chivukuvuku diz que mudança dentro de cinco a dez anos é inivitavel


Mudança em Angola é inevitável - Abel Chivukuvuku

Equilíbirio do poder vai mudar entre cinco a dez anos, diz presidente da CASA CE
Abel Chivukuvuku no estúdio da Voz da América
Abel Chivukuvuku no estúdio da Voz da América

TAMANHO DAS LETRAS
 
João Santa Rita
Reedição: Radz Balumuka
www.planaltodemalangeriocapopa.blogspot.com
A mudança política em Angola é inevitável e vai ocorrer nos próximos cinco a  dez anos, disse o presidente da CASA CE Abel Chivukuvuku.
Numa entrevista á Voz da América aqui em Washington Chivukuvuku recordou que nos próximos dez anos haverá diversas eleições e que elas serão os promotores das mudanças.

O líder da CASA CE falava após uma visita a Washington durante a qual se avistou com entidades do Departamento de estado, da casa branca, do Congresso e de centros de estudo sediados aqui em Washington.

Albe Chivukuvuku disse que a introdução da CASA CE como uma nova força política em Angola foi recebida na capital americana com “expectativa”.

“Encontramos expectativa e entusiasmo quanto à perspectiva da evolução futura em angola e quanto ás relações entre os dois países,” disse.

Chivukuvuku disse que o facto de no passado a UNITA ter contado com grande apoio por parte dos Estados Unidos não significa que tenha havido dúvidas quanto à CASA CE.

“Estamos longe da guerra fria e o contexto mudou,” disse

“O contexto hoje é o desafio de apresentar uma visão nova sobre a Angola que se quer construir, o contexto é a credibilidade e a incorruptibilidade dos actores que querem construir essa angola nova e por isso encontramos muito entusiasmo,”acrescentou.

Interrogado sobre a realização das eleições autárquicas, o líder da CASA CE  disse que “nada está formalmente determinado” porque  “quem determina tudo em Angola é o presidente”.

“Enquanto  ele não se pronunciar fica tudo no mundo da incerteza,” disse Chivukuvuku para quem há contudo meios de se pressionar para que as eleições autárquicas sejam realizadas até 2015 como previsto.

“Temos o tribunal constitucional, temos uma série de mecanismos para forçar as autárquicas até ao prazo de 2015,” disse ainda o presidente da CASA CE.

Abel Chivukuvuku disse que “o partido no poder, o MPLA, está habituado a ter o controlo hegemónico da administração local e o MPLA sabe que com as autárquicas vai perder esse controlo hegemónico”.

“O MPLA tem que saber que não pode ter esse controlo hegemónico a todo o tempo e vai perder parte desse controlo. É assim que se constrói um estado democrático,” acrescentou.