sábado, 9 de novembro de 2013

LUANDA: Elites portuguesas acusadas de tentarem intimidar Angola

Elites portuguesas acusadas de tentarem intimidar Angola

Divulgação: www.planaltodemalanjeriocapopa.com
Elites portuguesas acusadas de tentarem intimidar Angola
De novo ao ataque. O Jornal de Angola vira-se novamente para "as elites portuguesas ignorantes e corruptas" que acusa de tentarem "intimidar os angolanos para estes deixarem de gerir com toda a soberania e independência o seu país". O pretexto são as recentes notícias sobre o alegado arquivamento pelo Ministério Público português de um inquérito judicial que, segundo a comunicação social, visava o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente.
Na passada quarta-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR) dava a conhecer uma nota intitulada "Vice-presidente de Angola - Manuel Vicente", em que veio esclarecer que o inquérito, para apurar "eventuais crimes de fraude fiscal, falsificação e branqueamento de capitais, relativo a diversas operações" visava afinal a empresa Edimo e que Manuel Vicente não é arguido nem foi suspeito no inquérito.
Hoje, o Jornal de Angola no seu editorial vem lamentar o título da nota da PGR quando, afinal, a mesma nota serve para esclarecer que o mesmo Manuel Vicente "não é arguido nem suspeito".
Cumprimentando os magistrados do Ministério Público português por, na nota, se referirem apenas aos enteados de Manuel Vicente, sem os identificarem, o jornal lamenta que não tenha havido "o mesmo cuidado com altas figuras do Estado Angolano".
"Pelo contrário, julgaram-nas e condenaram-nas na praça pública de uma forma infame. É contra isso que os angolanos decentes estão. É isso que consideramos inaceitável", pode ler-se no editorial.
Estimando que o mesmo não aconteceria se em causa estivesse um inquérito ao vice-presidente de um país da União Europeia ou dos EUA, o jornal acusa as "elites portuguesas ignorantes e corruptas" de "estacionarem no colonialismo mais retrógrado".
"Continuam a achar que os negros são seres inferiores e se têm uma camisa lavada é porque a roubaram. Quem tem amigos assim, o melhor é virar-lhes as costas e negociar até com o diabo ou dialogar com os inimigos".
Para o editorialista "é muito difícil dialogar com um país em que parece que ninguém se entende e estão todos virados para o tornar ingovernável".
"Dizem que o investimento é bem-vindo, mas atacam os investidores angolanos. O mesmo fizeram com Ângela Merkel e a Alemanha que meteram rios de dinheiro para salvar Portugal da bancarrota".
O jornal no seu editorial acusa ainda os magistrados do Ministério Público de, embora "ciosos da sua independência", serem "irmãos siameses dos que mais se distinguem nas calúnias e ataques à honra de cidadãos angolanos que nenhum Tribunal julgou ou condenou".
Diz que os patrões dos órgãos de comunicação social, que apelida de "barões da droga", "esfregam as mãos de contentes quando os seus empregados disparam sobre os angolanos" por esperarem que isso "lhes dê vantagens nos negócios".
Jornalistas não são poupados
Neste editorial nem os jornalistas portugueses são poupados ao serem acusados de usarem a carteira profissional "como licença para assassinar o caráter das suas vítimas angolanas na praça pública".
O editorial do Jornal de Angola acusa ainda as ditas elites portuguesas de tentarem intimidar os angolanos para estes deixarem de gerir com toda a soberania e independência o seu país.
"Se não soubessem o que fazem, eram perdoados. O que fazem é tentar intimidar os angolanos para estes deixarem de gerir com toda a soberania e independência o seu país. Mas compreendemos muito bem porque fazem tantos ataques a Angola, quando nos chamam seus irmãos. Ainda que lhes custe têm de compreender que jamais nos deixaremos intimidar", refere o editorial.
E termina com um aviso: "Antes a morte que tal sorte! Assim falava Camões."
Recorde-se que a atual tensão diplomática entre Portugal e Angola, que levou o Presidente José Eduardo dos Santos a anunciar a suspensão da parceria estratégica que pretendia criar com Portugal, começou em novembro do ano passado quando o semanário Expresso noticiou a existência de um inquérito-crime no Ministério Público português contra altos dirigentes angolanos.
Refira-se que o mesmo jornal falava em indícios de fraude fiscal e branqueamento com os nomes em destaque do vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, do general Hélder Vieira Dias "Kopelipa", do chefe da Casa Militar da Presidência da República e do general Leopoldino Nascimento "Dino", consultor do ministro de Estado e ex-chefe de Comunicações da Presidência da República.
LUSA

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