Jornalista Interrogado por Espionagem
por Maka Angola - 18 de Setembro, 2013
Um dos correspondentes da Voz da Alemanha (Deutsche Welle) em Angola, Nelson Sul D’Angola, 28 anos, foi interrogado hoje, nas instalações do Hospital Militar Central de Luanda, sobre supostas actividades de espionagem contra o país.
Em declarações ao Maka Angola, Nelson Sul D’Angola disse que ontem, 18 de Setembro, sargentos do Hospital Militar confiscaram a sua câmara fotográfica quanto fazia retratos do mural do hospital. Pediram-no para apagar as fotos e apreenderam a sua câmara, alegando que as restantes imagens teriam de ser estudadas por especialistas da contra-inteligência militar dos Serviços de Inteligência e Segurança Militar (SISM).
Hoje, às 6h00 da manhã, o jornalista apresentou-se no local para reaver a sua câmara e dois coronéis, que identificou apenas como sendo dos serviços de contra-inteligência militar do SISM, conduziram-no a uma sala onde realizaram um interrogatório de duas horas.
“Perguntaram-me se, para além das minhas actividades jornalísticas, eu prestava colaboração aos serviços secretos alemães”, explicou Nelson Sul D’Angola sobre o teor do interrogatório.
O correspondente da Voz da Alemanha disse que os coronéis também ”queriam saber sobre as actividades de outros colegas da imprensa estrangeira, mas não dei nenhuma informação a propósito”.
Nelson Sul D’Angola revelou como um dos interrogadores lhe disse que as Forças Armadas Angolanas têm operativos “a executar serviços de espionagem, na República do Congo Democrático, com a capa de jornalistas. Disse-me que poderia ser o meu caso ou de outros correspondentes”.
“Depois queriam saber porquê tirei fotos do mural do hospital. Eu expliquei que o mural é um património cultural. Eu tirei as fotos abertamente”, acrescentou.
O presidente da Associação Mãos Livres, Salvador Freire, considerou o interrogatório do jornalista “uma aberração”. Segundo o advogado, “tirar fotos à fachada de um hospital, mesmo militar, não constitui crime algum. Interrogar um cidadão dentro do Hospital Militar, por suposto assunto de inteligência, é uma aberração”.
Salvador Freire afirmou ainda que “não compete aos serviços de contra-inteligência militar interrogar cidadãos civis. É ilegal. Caso houvesse alguma suspeita, o jornalista teria de ser interrogado pela Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC)”.
A Sombra do Jornalista
Nelson Sul D’Angola explicou que, no dia anterior, estava a ser seguido por um suposto agente da Polícia Nacional, desde o Largo da Independência, a poucas centenas de metros do hospital, onde tirou as primeiras fotos.
De acordo com relato de Nelson Sul D’Angola, o agente que o seguia desde o Largo da Independência, trajado com uniforme da Polícia Nacional, desceu da sua viatura e apresentou-se aos militares que abordaram o jornalista. “O suposto polícia identificou-se como sendo dos serviços de inteligência e deu ordens para que os soldados me detivessem e confiscassem a máquina fotográfica”, disse.
O visado indicou como os sargentos, assim como o oficial de inteligência fardado à polícia “insinuaram que eu estava a fazer serviço de espionagem e que tirar imagens do Hospital Militar constituía atentado à soberania nacional”.
Desde 1976, o Hospital Militar mantém, ao longo do seu muro, frescos que retratam a propaganda do MPLA sobre o seu tempo de partido único, de ideologia marxista-leninista. “O MPLA é o povo e o povo é o MPLA”, é uma das famosas inscrições dos cerca de 60 painéis. O Ministério da Cultura promoveu a restauração das pinturas em 2009.
Em declarações ao Maka Angola, Nelson Sul D’Angola disse que ontem, 18 de Setembro, sargentos do Hospital Militar confiscaram a sua câmara fotográfica quanto fazia retratos do mural do hospital. Pediram-no para apagar as fotos e apreenderam a sua câmara, alegando que as restantes imagens teriam de ser estudadas por especialistas da contra-inteligência militar dos Serviços de Inteligência e Segurança Militar (SISM).
Hoje, às 6h00 da manhã, o jornalista apresentou-se no local para reaver a sua câmara e dois coronéis, que identificou apenas como sendo dos serviços de contra-inteligência militar do SISM, conduziram-no a uma sala onde realizaram um interrogatório de duas horas.
“Perguntaram-me se, para além das minhas actividades jornalísticas, eu prestava colaboração aos serviços secretos alemães”, explicou Nelson Sul D’Angola sobre o teor do interrogatório.
O correspondente da Voz da Alemanha disse que os coronéis também ”queriam saber sobre as actividades de outros colegas da imprensa estrangeira, mas não dei nenhuma informação a propósito”.
Nelson Sul D’Angola revelou como um dos interrogadores lhe disse que as Forças Armadas Angolanas têm operativos “a executar serviços de espionagem, na República do Congo Democrático, com a capa de jornalistas. Disse-me que poderia ser o meu caso ou de outros correspondentes”.
“Depois queriam saber porquê tirei fotos do mural do hospital. Eu expliquei que o mural é um património cultural. Eu tirei as fotos abertamente”, acrescentou.
O presidente da Associação Mãos Livres, Salvador Freire, considerou o interrogatório do jornalista “uma aberração”. Segundo o advogado, “tirar fotos à fachada de um hospital, mesmo militar, não constitui crime algum. Interrogar um cidadão dentro do Hospital Militar, por suposto assunto de inteligência, é uma aberração”.
Salvador Freire afirmou ainda que “não compete aos serviços de contra-inteligência militar interrogar cidadãos civis. É ilegal. Caso houvesse alguma suspeita, o jornalista teria de ser interrogado pela Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC)”.
A Sombra do Jornalista
Nelson Sul D’Angola explicou que, no dia anterior, estava a ser seguido por um suposto agente da Polícia Nacional, desde o Largo da Independência, a poucas centenas de metros do hospital, onde tirou as primeiras fotos.
De acordo com relato de Nelson Sul D’Angola, o agente que o seguia desde o Largo da Independência, trajado com uniforme da Polícia Nacional, desceu da sua viatura e apresentou-se aos militares que abordaram o jornalista. “O suposto polícia identificou-se como sendo dos serviços de inteligência e deu ordens para que os soldados me detivessem e confiscassem a máquina fotográfica”, disse.
O visado indicou como os sargentos, assim como o oficial de inteligência fardado à polícia “insinuaram que eu estava a fazer serviço de espionagem e que tirar imagens do Hospital Militar constituía atentado à soberania nacional”.
Desde 1976, o Hospital Militar mantém, ao longo do seu muro, frescos que retratam a propaganda do MPLA sobre o seu tempo de partido único, de ideologia marxista-leninista. “O MPLA é o povo e o povo é o MPLA”, é uma das famosas inscrições dos cerca de 60 painéis. O Ministério da Cultura promoveu a restauração das pinturas em 2009.