Angola: A Potência Militar em Segunda Mão
Fonte: Maka Angola
Divulgação: www.planaltodemalanjeriocapopa.blogspot.com
29 de Outubro, 2013
Angola tornou-se, recentemente, no principal comprador de armamento russo em África. Apesar do seu arsenal bélico, as FAA continuam depauperadas, com falta crónica de bens básicos na maioria das unidades do exército nacional. Os contratos militares com a Rússia estão avaliados em um bilião de dólares.
Segundo o jornal Vedomosti, os contratos incluem o fornecimento de 18 aviões caça Sukhoi-30, assim como helicópteros de transporte Mi-17, armamento ligeiro, munições, tanques, peças de artilharia e a construção de uma fábrica de armamento em Angola.
“Os caça Su-30 serão a base do poder de combate da Força Aérea Angolana”, indica o jornal.
Mas os aviões contemplados no contrato são caças fabricados na década de 1990, entregues à Força Aérea Indiana enquanto aguardava o fabrico dos modelos mais avançados Su-30MKI. As aeronaves foram devolvidas à Rússia em 2007 e têm, desde então, estado confinadas numa fábrica de reparação na Bielorrússia. Inicialmente, a Rosoboronexport, empresa responsável pelas exportações de equipamentos militares russos, propôs a compra dos mesmos aviões ao Sudão e ao Vietname, que não se mostraram interessados.
A compra dos caças em segunda mão, inoperantes há vários anos, levou vários críticos a questionar as vantagens do negócio para Angola. “O governo russo e os seus líderes estão sempre dispostos a despachar os seus equipamentos obsoletos para África e, de forma surpreendente, o governo angolano aceitou este negócio”, disse Shaabani Nzori, um analista político em Moscovo.
O Estado da Força Aérea
Numa breve investigação, Maka Angola apurou que o estado actual da Força Aérea Nacional FANA requer, antes, intervenções básicas e estruturais para resgatá-la da disfuncionalidade em que se encontra.
Em Janeiro passado, o helicóptero MI-25-35 que deveria participar no desfile do 37º aniversário da FANA, teve uma avaria ao levantar voo. A aeronave encontrava-se avariada há cerca de quatro anos e foi reparada em menos de 48 horas apenas para a comemoração do dia 21 de Janeiro, data da fundação da Força Aérea. O alto comando da FANA colocou, desse modo, em risco a vida da tripulação de forma irresponsável.
Grande parte dos acidentes com aviões e helicópteros da FANA, conforme investigações internas, têm invariavelmente como causa o estado obsoleto das aeronaves, assim como a falta de manutenção.
Em Fevereiro passado, a única viatura de transporte de oxigénio do Regimento Aéreo de caça-bombardeiros na Catumbela, em Benguela, avariou. Sem oxigênio para os caças, a base não pôde realizar voos de rotina durante algum tempo.
Todavia, o governo comprou agora mais 18 de caça-bombardeiros quando tem manifestado falta de vontade em ter duas viaturas de abastecimento de oxigênio para manter a operacionalidade dos voos na sua principal base aérea militar.
Além disso, a compra de equipamento obsoleto para a FANA, envolvendo armamento russo, tem sido um processo recorrente.
Em 2012, durante um julgamento em Londres sobre negociatas com diamantes em Angola, o traficante de armas Arkady Gaydamak, revelou como vendeu vários helicópteros em estado de sucata a Angola, no valor de US $70 milhões.
“Eu estava para desembaraçar-me deles como sucata, mas uns meses depois o Falcone disse-me que tinha conseguido um novo cliente em Angola, como resultado do seu encontro com o filho do antigo Presidente Mitterrand”.
Gaydamak explicou também que entregou os helicópteros a crédito. “Depois deste presente, o acesso ao presidente passou a ser bastante fácil tanto para mim como para o Falcone”, disse o traficante de armas.
A relação privilegiada da dupla Gaydamak-Falcone com o presidente José Eduardo dos Santos resultou no famoso escândalo Angolagate que, durante anos, esteve sob alçada da justiça francesa.
Mais Dinheiro para o Vácuo
Como tem sido norma, a maior fatia do Orçamento Geral do Estado continua a ser atribuída ao Ministério da Defesa, incluindo o de 2013. Os contratos agora assinados representam cerca de 16.5 porcento do orçamento para a defesa, que tem um valor total de US $ 5.7 mil milhões.
Apesar de Angola ter o terceiro maior orçamento, em África, para a defesa, a situação real das FAA é alarmante.
Maka Angola tem conhecimento sobre os constantes apelos que chegam ao presidente José Eduardo dos Santos sobre questões básicas como a falta crónica de bens alimentares, uniformes, botas e capas de chuva para as tropas, um pouco por todo o país.
O estado deplorável da maioria das unidades militares, com condições sub-humanas de alojamento, em contraste com o enriquecimento e a luxúria aviltante de um grupo restrito de generais, também tem chegado aos ouvidos do presidente.
Até ao momento, o governo angolano não se pronunciou a sobre as notícias dos acordos militares com a Rússia. Membros do MPLA, citados pela Voz da América, dizem não ter qualquer conhecimento sobre os contratos.
Segundo o jornal Vedomosti, os contratos incluem o fornecimento de 18 aviões caça Sukhoi-30, assim como helicópteros de transporte Mi-17, armamento ligeiro, munições, tanques, peças de artilharia e a construção de uma fábrica de armamento em Angola.
“Os caça Su-30 serão a base do poder de combate da Força Aérea Angolana”, indica o jornal.
Mas os aviões contemplados no contrato são caças fabricados na década de 1990, entregues à Força Aérea Indiana enquanto aguardava o fabrico dos modelos mais avançados Su-30MKI. As aeronaves foram devolvidas à Rússia em 2007 e têm, desde então, estado confinadas numa fábrica de reparação na Bielorrússia. Inicialmente, a Rosoboronexport, empresa responsável pelas exportações de equipamentos militares russos, propôs a compra dos mesmos aviões ao Sudão e ao Vietname, que não se mostraram interessados.
A compra dos caças em segunda mão, inoperantes há vários anos, levou vários críticos a questionar as vantagens do negócio para Angola. “O governo russo e os seus líderes estão sempre dispostos a despachar os seus equipamentos obsoletos para África e, de forma surpreendente, o governo angolano aceitou este negócio”, disse Shaabani Nzori, um analista político em Moscovo.
O Estado da Força Aérea
Numa breve investigação, Maka Angola apurou que o estado actual da Força Aérea Nacional FANA requer, antes, intervenções básicas e estruturais para resgatá-la da disfuncionalidade em que se encontra.
Em Janeiro passado, o helicóptero MI-25-35 que deveria participar no desfile do 37º aniversário da FANA, teve uma avaria ao levantar voo. A aeronave encontrava-se avariada há cerca de quatro anos e foi reparada em menos de 48 horas apenas para a comemoração do dia 21 de Janeiro, data da fundação da Força Aérea. O alto comando da FANA colocou, desse modo, em risco a vida da tripulação de forma irresponsável.
Grande parte dos acidentes com aviões e helicópteros da FANA, conforme investigações internas, têm invariavelmente como causa o estado obsoleto das aeronaves, assim como a falta de manutenção.
Em Fevereiro passado, a única viatura de transporte de oxigénio do Regimento Aéreo de caça-bombardeiros na Catumbela, em Benguela, avariou. Sem oxigênio para os caças, a base não pôde realizar voos de rotina durante algum tempo.
Todavia, o governo comprou agora mais 18 de caça-bombardeiros quando tem manifestado falta de vontade em ter duas viaturas de abastecimento de oxigênio para manter a operacionalidade dos voos na sua principal base aérea militar.
Além disso, a compra de equipamento obsoleto para a FANA, envolvendo armamento russo, tem sido um processo recorrente.
Em 2012, durante um julgamento em Londres sobre negociatas com diamantes em Angola, o traficante de armas Arkady Gaydamak, revelou como vendeu vários helicópteros em estado de sucata a Angola, no valor de US $70 milhões.
“Eu estava para desembaraçar-me deles como sucata, mas uns meses depois o Falcone disse-me que tinha conseguido um novo cliente em Angola, como resultado do seu encontro com o filho do antigo Presidente Mitterrand”.
Gaydamak explicou também que entregou os helicópteros a crédito. “Depois deste presente, o acesso ao presidente passou a ser bastante fácil tanto para mim como para o Falcone”, disse o traficante de armas.
A relação privilegiada da dupla Gaydamak-Falcone com o presidente José Eduardo dos Santos resultou no famoso escândalo Angolagate que, durante anos, esteve sob alçada da justiça francesa.
Mais Dinheiro para o Vácuo
Como tem sido norma, a maior fatia do Orçamento Geral do Estado continua a ser atribuída ao Ministério da Defesa, incluindo o de 2013. Os contratos agora assinados representam cerca de 16.5 porcento do orçamento para a defesa, que tem um valor total de US $ 5.7 mil milhões.
Apesar de Angola ter o terceiro maior orçamento, em África, para a defesa, a situação real das FAA é alarmante.
Maka Angola tem conhecimento sobre os constantes apelos que chegam ao presidente José Eduardo dos Santos sobre questões básicas como a falta crónica de bens alimentares, uniformes, botas e capas de chuva para as tropas, um pouco por todo o país.
O estado deplorável da maioria das unidades militares, com condições sub-humanas de alojamento, em contraste com o enriquecimento e a luxúria aviltante de um grupo restrito de generais, também tem chegado aos ouvidos do presidente.
Até ao momento, o governo angolano não se pronunciou a sobre as notícias dos acordos militares com a Rússia. Membros do MPLA, citados pela Voz da América, dizem não ter qualquer conhecimento sobre os contratos.