Angolanos lotam aviões para tratamentos estéticos ou de reprodução assistida no Rio
Que beleza é a natureza das viagens que estão movimentando a ponte aérea Luanda-Rio de Janeiro. Se, nos anos 70 e 80, os angolanos buscavam refúgio contra a guerra civil, hoje vêm atrás de lipoaspiração, terapia capilar, laser contra estrias e, é claro, botox. Como a infraestrutura de serviços ainda é precária no país, pacificado desde 2002, o avião virou a melhor saída para a emergente classe média angolana que quer ter acesso a aparelhos e cosméticos que não existem do lado de lá do Atlântico.
Um cálculo informal do consulado de Angola estima que, dos 25 mil visitantes anuais, pelo menos 30% vêm procurar algum tratamento estético. Nesse vai e vem, outro nicho cresce a olhos vistos: o da reprodução assistida.
"De 2006 para cá, ajudamos no nascimento de 112 bebês angolanos", conta o médico Luiz Fernando Dale, que, no consultório, tem uma prateleira repleta de estatuetas africanas presenteadas pelos clientes. "As mulheres fazem o tratamento e ficam até o parto. E muitas querem gêmeos", acrescenta Dale, que recebe em média três novos pacientes de Angola por semana.
Os três voos semanais da TAAG para o Rio estão sempre lotados. A razão para essa preferência é histórica: entre 1975 e 2002, quando a guerra civil devastou Angola, levas de refugiados foram acolhidos no Rio. Agora os angolanos continuam dando preferência à cidade que os recebeu nos tempos mais difíceis.
Na cirurgia plástica, outro ramo em que o Brasil tem fama mundial, a presença de angolanas (e angolanos) também remete, não raras vezes, à precariedade do atendimento médico: muitos querem corrigir cicatrizes resultantes de operações malfeitas.
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